Lucy assentiu. «Ela me disse que cuidar de crianças deveria me ensinar o valor do trabalho duro, e que isso já era pagamento suficiente. Então, ela bateu a porta na minha cara.» Eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo. «Então, ela não te deu nada por todo esse trabalho?» «Não,» Lucy sussurrou, olhando para as mãos. Quanto mais ela falava, mais eu ficava com raiva. Lucy esteve lá todos os dias, pontualmente, cuidando dos filhos indisciplinados da Sra. Carpenter. Eles jogavam brinquedos nela, ignoravam suas tentativas de fazê-los fazer a leitura de verão, e agora, a mãe deles tinha a audácia de se recusar a pagar?
Eu puxei Lucy para um abraço. «Quanto ela te devia?» «Quatro horas por dia, durante cinco dias… $220,» ela disse suavemente. «Eu estava economizando para aquele curso de arte que eu queria.» Sem hesitação, peguei minha bolsa e entreguei a quantia completa para Lucy. «Aqui, querida. Você merece isso.» Os olhos de Lucy se arregalaram. «Mãe, você não precisa—» «Sim, eu preciso,» insisti. «Você trabalhou duro, e o que a Sra. Carpenter fez foi errado.» «Mas é ela que me deve, não você,» Lucy protestou. «Não se preocupe com isso. Vou ter uma conversinha com a Sra. Carpenter,» eu disse com um sorriso determinado. «Eu cuido disso.»
Lucy me deu um aceno hesitante e foi assistir TV enquanto eu fervia silenciosamente na cozinha. A Sra. Carpenter e eu nunca fomos muito próximas, mas sempre fomos vizinhas cordiais. No entanto, isso ia além de uma simples disputa de vizinhos. Ela havia trapaceado minha filha, e eu não ia deixar isso passar. Eu não podia simplesmente ir até lá e exigir o dinheiro — isso não funcionaria com alguém como a Sra. Carpenter. Não, eu precisava de uma abordagem mais inteligente. Algo que a fizesse perceber exatamente o que tinha feito.
Naquela noite, fiquei acordada pensando na empolgação de Lucy quando ela conseguiu o emprego de babá. Ela estava tão ansiosa para provar que era responsável, e a Sra. Carpenter esmagou esse entusiasmo sem pensar duas vezes. Pela manhã, eu tinha um plano. Às 10h em ponto, toquei a campainha da Sra. Carpenter, mascarando minha raiva com um sorriso agradável. Quando ela abriu a porta, parecia surpresa em me ver. «Rebecca! O que te traz aqui?» «Ah, eu só queria te agradecer por ensinar uma lição tão valiosa para a Lucy ontem,» disse docemente. As sobrancelhas da Sra. Carpenter se levantaram. «Agradecer-me?» «Sim, sobre contratos e confiança,» continuei. «É tão importante que as crianças aprendam sobre isso.» A expressão dela se transformou em um sorriso presunçoso.
«Bem, fico feliz que você entenda. Alguns pais não entenderiam—» «Ah, absolutamente,» interrompi. «Na verdade, eu tenho contado para todo mundo sobre isso.» O sorriso dela vacilou. «Todo mundo?» Assenti, pegando meu celular. «Ah, sim, o grupo de mães ficou bem interessado. Sabe, a Sarah, que mora na mesma rua, ficou realmente chocada por você ter colocado uma adolescente para trabalhar uma semana inteira e depois se recusado a pagá-la.» O rosto da Sra. Carpenter ficou pálido. «O que você quer dizer?» Toquei na tela do meu celular. «Eu postei sobre isso no grupo de Facebook do bairro. Todo mundo tem comentado. Você não viu ainda?» Os olhos dela se arregalaram enquanto eu rolava os comentários.
«Aqui, dê uma olhada. A Melissa disse que é uma vergonha, e a Janet, da PTA? Ela está pensando em trazer isso à tona na próxima reunião. Aparentemente, isso não reflete bem na nossa comunidade.» O rosto da Sra. Carpenter passou de presunçoso para horrorizado enquanto eu lia em voz alta. «As pessoas parecem bem chateadas, não é?» A voz dela tremia. «Rebecca, por favor — deve haver um mal-entendido—» Sorri docemente. «Ah não, fui bem clara. Você quis ensinar uma lição à Lucy, e agora todo o bairro sabe disso.» Ela gaguejou, «Por favor, tire a postagem! Eu vou pagar a Lucy, eu prometo.» Fiz uma pausa, aproveitando o desespero dela por um momento. «Bem, talvez da próxima vez você pense duas vezes antes de ensinar a ‘lição de vida’ a uma criança. Porque algumas mães revidam.»
Naquela noite, Lucy voltou para casa radiante, balançando um envelope na mão. «Mãe! A Sra. Carpenter me deu o dinheiro! Ela disse que houve um ‘mal-entendido’.» Eu a abracei apertado, sorrindo para mim mesma. «Estou tão feliz que ela corrigiu o erro, querida.» Alguns podem dizer que minha resposta foi mesquinha, mas enquanto ouvia Lucy falar animadamente sobre o curso de arte que agora poderia fazer, eu sabia que faria tudo de novo num piscar de olhos. Às vezes, a lição mais importante que podemos ensinar aos nossos filhos não é sobre ser gentil ou seguir o caminho mais elevado. É sobre mostrar a eles que seu trabalho tem valor e que há consequências para aqueles que tentam se aproveitar deles.