Peguei uma cartomante com um recém-nascido—fiquei atordoado de manhã quando olhei para o quarto da minha filha doente

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Quando acolhi uma cartomante abandonada e a sua recém-nascida, pensei que estava apenas a oferecer abrigo. Mas, na manhã seguinte, a minha própria filha desapareceu do quarto.

Já era tarde quando saí da autoestrada, com os olhos pesados após um longo turno. À frente, havia algo no acostamento. Quando os faróis iluminaram, vi uma mulher, acenando fracamente.

Desacelerei, o meu instinto de médico entrando em ação. Ela parecia jovem e usava um lenço brilhante enrolado na cabeça. O vestido fluía, com padrões e cores que quase brilhavam sob as luzes do carro. Parecia uma cartomante de um parque de diversões, ou talvez de um espetáculo itinerante.

«Ajude-me,» murmurou, enquanto eu saía do carro e me aproximava.

«Está ferida?» perguntei, chegando mais perto.

Ela balançou a cabeça, fazendo uma careta. «Não… não estou ferida. Eu…,» apertou o estômago com uma expressão de dor. «É a minha bebé… ela está a chegar…»

Demorei um segundo a processar, mas depois vi os sinais inconfundíveis. Ela estava em trabalho de parto, e as contrações pareciam próximas.

«Está bem, mantenha a calma,» disse, ajoelhando-me ao seu lado. «Sou médico. Vamos passar por isto, certo?»

Olhei à volta, mas estávamos sozinhos. Já fazia anos que não fazia um parto, desde a minha residência. Ainda assim, tinha que fazer algo. Não havia tempo para a levar a outro lugar.

«Qual é o seu nome?» perguntei, tentando acalmá-la.

«Miranda,» sussurrou, soltando um gemido quando uma nova onda de dor a atingiu.

As contrações vieram mais rápidas, e ela apertou a minha mão com força. Guiava-a em cada uma, incentivando-a a manter o foco. Logo, vi a cabeça do bebé a coroar.

«Quase lá, Miranda,» disse. «Mais um grande esforço. Consegues.»

Ela respirou fundo, fez força, e momentos depois, segurava uma pequena e frágil recém-nascida nas mãos. A bebé soltou um choro fraco, e senti um alívio imenso. Envolvendo a pequena numa toalha, entreguei-a a Miranda.

Respirei fundo, olhando para a estrada deserta. «Precisas de ir ao hospital?»

«Não,» respondeu rapidamente, desviando o olhar. «Quero dizer… não posso ir ao hospital. Eu… deixei o meu marido.» Hesitou, como se escolhesse bem as palavras. «Ele… não era bom para mim. Fugi. Tenho medo que o hospital avise-o.»

Assenti, percebendo que estava a omitir detalhes. «Certo. Tens algum lugar para ir?»

Ela balançou a cabeça devagar, olhando para a sua bebé, com uma expressão de medo e amor. «Não. Só… pensei que iria resolver. Mas depois… o bebé veio antes.»

Por um momento, hesitei. Vivia sozinho com a minha filha de seis anos, desde que a minha mulher faleceu de cancro. Só nós e a nossa babá. Mas esta mulher… ela precisava de ajuda.

«Tenho um quarto de hóspedes,» disse, ouvindo as palavras sair da minha boca antes de realmente pensar no assunto. «Tu e a tua filha podem ficar alguns dias. Só até te recuperares. Mas depois, vais ter que ir ao hospital.»

Os olhos de Miranda encheram-se de lágrimas, e ela esboçou um pequeno sorriso. «A sério? Eu… não sei o que dizer.»

«Um ‘obrigado’ já serve,» respondi, dando-lhe um aceno tranquilizador. «Anda, vamos tirar-vos do frio.»

Já em minha casa, instalei Miranda no quarto de hóspedes, mostrando-lhe onde ela e a bebé podiam descansar. Ela parecia grata, embora claramente exausta, embalando a recém-nascida enquanto observava o amplo quarto.

«Trabalhava em feiras,» explicou. «Cartomancia, leitura de mãos… essas coisas. Não era muito, mas dava para pôr comida na mesa.»

Assenti, ouvindo enquanto ela partilhava pequenos pedaços da sua vida. Tinha uma voz suave e calma, com um toque de tristeza. Não disse muito sobre o seu passado, mas o suficiente para entender que a situação era complicada.

Por fim, ela acabou o seu sanduíche, e vi que os seus olhos se fechavam de sono.

«Deves descansar,» disse, com um tom suave. «Passaste por muito esta noite.»

Na manhã seguinte, acordei cedo para ver a minha filha, que ainda estava a recuperar de uma perna partida. Mas quando abri a porta do quarto, a sua cama estava vazia. Um rápido aperto de pânico atravessou-me.

«Sarah?» chamei, procurando pelo quarto.

Sem resposta.

O meu coração acelerou enquanto verificava o corredor, a cozinha, até a sala de estar, mas ela não estava em lado nenhum. Finalmente, fui até ao quarto de Miranda, com uma sensação estranha a crescer no fundo do estômago.

Bati suavemente antes de abrir a porta. Dentro, o quarto estava escuro, com as cortinas fechadas. Na luz suave, vi Miranda sentada na beira da cama.

A minha filha estava encolhida ao lado dela, a dormir profundamente, com a recém-nascida de Miranda ao seu lado. Miranda cantava suavemente, com a mão pousada na cabeça de Sarah.

«Por que fizeste isto?» perguntei, a voz a tremer um pouco ao falar.

Miranda levou um dedo aos lábios, os olhos suaves, fazendo sinal para eu ficar em silêncio. Inclinou-se para afastar uma mecha de cabelo da testa da minha filha, sussurrando, «Não queria preocupá-lo.»

Respirei fundo, tentando acalmar-me. «O que… aconteceu? Por que está a Sarah aqui?»

Miranda deu um pequeno sorriso tranquilizador. «Estava acordada com a minha filha, a tentar fazê-la dormir, quando ouvi a sua menina a chorar.» Olhou para Sarah, ainda a dormir profundamente ao seu lado. «Ela parecia tão perturbada. Não consegui ignorá-la, então fui silenciosamente ver como ela estava.»

Assenti, deixando-a continuar.

«Estava a falar enquanto dormia,» explicou Miranda, a voz suave. «Algo sobre ‘mamã’. Parecia tão perdida.»

Engoli em seco, ao ouvir a palavra “mamã” bater num lugar sensível que tentava não pensar muito. Sarah chamava frequentemente pela mãe durante o sono, uma ferida que ainda tentávamos sarar.

«Ela segurou a minha mão, mesmo a dormir,» continuou Miranda. «Contei-lhe uma história que a minha avó costumava contar-me. Uma história boba sobre um guardião que vigia os sonhos das crianças e afasta todos os pesadelos. Ela parecia acalmar-se com isso.»

Miranda olhou para Sarah, a mão pousada suavemente no ombro da minha filha. «Depois de um tempo, não quis deixá-la sozinha, então trouxe-a para cá comigo.»

Relaxei, a tensão inicial a dar lugar a algo mais suave, algo que não conseguia nomear. «Obrigado,» disse, com a voz um pouco mais áspera do que pretendia. «Ela… tem passado por momentos difíceis desde o acidente. E, bem, desde que a mãe morreu.»

Miranda olhou para mim, com compreensão nos olhos. «Sei o que é perder a família. Sentir que ninguém está lá quando temos medo.» Ela tocou na mão de Sarah. «Ela é uma menina doce. Só precisa de alguém por perto agora.»

Demorei um momento, observando-a com a minha filha, e percebi que ela conseguira confortar Sarah de uma maneira que eu não conseguira há muito tempo. «Ela sente falta disso,» disse em voz baixa, mais para mim do que para Miranda. «O toque de uma mãe.»

Miranda assentiu gentilmente, compreendendo sem precisar de mais palavras. Senti uma mistura de gratidão e alívio. Ela ofereceu à minha filha algo que eu não conseguia, uma presença suave de que ambos precisávamos.

«Olha, Miranda,» comecei, dando um passo mais perto. «Sei que planeavas ir embora em breve, mas… talvez pudesses ficar um pouco mais. Só até estares pronta. Acho que faria bem à Sarah.»

Os olhos de Miranda suavizaram, como se as minhas palavras fossem tanto uma surpresa quanto um alívio. «Se tens a certeza… eu gostaria. A Sarah é uma menina especial.»

Nesse momento, Sarah mexeu-se ao lado dela, os olhos a abrir lentamente. Olhou para mim, piscando, depois para Miranda. «Papai?» murmurou, com a voz ainda sonolenta.

Ajoelhei-me ao lado dela. «Bom dia, querida. Tiveste uma pequena aventura ontem à noite.»

O olhar de Sarah passou de mim para Miranda, e um pequeno sorriso surgiu no rosto dela. «A Miranda contou-me uma história,» murmurou, com um brilho de alegria nos olhos sonolentos. «Sobre um guardião que afasta os pesadelos.»

Miranda riu suavemente. «Foste muito corajosa, sabes?»

O sorriso de Sarah aumentou, a sua antiga timidez a dar lugar a uma alegria tímida. «Podes contar-me mais histórias?»

Miranda olhou para mim, e eu

assenti, sentindo uma alegria que não sentia há muito tempo. «Claro,» disse Miranda, com uma voz calorosa. «Terei o maior prazer em contar-te quantas quiseres.»

Naquele pequeno momento, o ambiente parecia mais leve, como se as memórias escuras que enchiam a nossa casa estivessem a dar lugar a algo novo.

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