Cuidar da mamãe já era difícil o suficiente sem a tensão com minha irmã. Acusações começaram a surgir quando objetos preciosos começaram a desaparecer. Eu achava que sabia quem era o culpado, mas a verdade destruiu meu mundo. A traição veio de onde menos esperava, deixando-me a questionar tudo—e todos—em quem confiava.
Eu estava esfregando o balcão da cozinha após mais um dia exaustivo de trabalho, o leve cheiro de água sanitária pairando no ar.
Quanto mais tempo eu passava limpando a casa da minha mãe, mais irritada eu ficava com minha irmã mais nova, Jane. Parecia que ela tinha se esquecido completamente de que também era filha da mamãe.
Isso não era incomum para Jane. Na escola, ela era irresponsável—fugia de casa, pegava dinheiro da carteira da mamãe, faltava às aulas. Ainda assim, não importava o que acontecesse, ela sempre era perdoada. A genialidade de Jane parecia justificar suas falhas. Ela se formou com honras, ganhou uma bolsa de estudos e se tornou a queridinha da família.
Agora, Jane só visitava a mamãe quando queria algo—ou talvez para lembrar à mamãe de sua presença, para garantir seu lugar no testamento. Enquanto isso, eu enfrentava a realidade da doença da mamãe.
Eu tinha contratado uma cuidadora, Nancy, mas não podia pagar por ela em período integral. Depois de longos turnos no trabalho, cuidava da mamãe sozinha.
Pedi ajuda à Jane, mas ela sempre me dava desculpas. “Estou ocupada com o trabalho”, dizia ela.
Mas eu sabia que ela estava desempregada há meses. Eu tinha um emprego, um marido e um filho que também precisavam de mim.
“Violet!” Mamãe chamou do quarto. Sua voz soou aguda, quase em pânico. “Violet, venha aqui!”
“Já vou, mamãe!” Respondi, enxugando as mãos no pano de prato. Caminhei até o quarto dela e a vi parada ao lado da cômoda. Ela estava segurando sua caixa de joias.
“Meus brincos de ouro sumiram,” ela disse, com a voz trêmula.
“Tem certeza de que não os colocou em outro lugar?” Perguntei, me aproximando.
“Não. Não mexo nessa caixa há muito tempo,” mamãe respondeu. “Eu queria te dar algo especial, mas, quando abri, os brincos não estavam lá.”
“Alguém veio aqui hoje?” Perguntei, franzindo a testa.
“Não. Nancy teve o dia de folga,” mamãe respondeu. “Só a Jane veio de manhã. Disse que queria ver como eu estava.”
“Vou perguntar à Jane sobre isso,” eu disse.
“Não,” mamãe disse firmemente. “Jane não roubaria. Não quero que vocês briguem de novo.”
“Eu serei cuidadosa,” prometi. “Só preciso perguntar.”
Depois que mamãe foi para a cama, dirigi até a casa de Jane. Minha frustração havia transbordado. Bati na porta dela e esperei. Demorou um pouco, mas, finalmente, ela abriu.
“Oi, mana,” Jane disse. Ela deu um passo para o lado, me deixando entrar.
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“Oi,” respondi, minha voz fria. Olhei ao redor da sala de estar dela. Caixas de entrega vazias e ferramentas estavam espalhadas por toda parte.
“Está trabalhando em algo?” perguntei, apontando para a bagunça.
“Só umas coisas para o trabalho,” Jane respondeu. “Mas você não veio aqui para falar sobre isso, veio?”
“As argolas de ouro da mãe sumiram,” disse de forma direta.
Jane cruzou os braços. “E você acha que fui eu quem as pegou? Claro.”
“Você foi a única que a visitou hoje,” disse.
“Por que eu pegaria as argolas dela?” Jane perguntou, com o tom afiado.
“Talvez porque você está sem dinheiro. Talvez porque precise de grana para umas coisas loucas. Escolha o motivo,” retruquei.
“Eu agora tenho um trabalho! Você sabe o quanto eu fiz por essa família?” Jane rebateu.
“Você não fez nada! Sou eu quem está cuidando de tudo!” gritei.
“Eu te falei para contratar alguém em tempo integral para a mãe, mas você não fez!” Jane gritou.
“Porque sou eu quem pagaria por isso!” gritei.
“Você não sabe o que está realmente acontecendo,” disse Jane.
“Então me conta!” exigi.
“Por que eu deveria? Você vai continuar me culpando por tudo!” Jane disse. Ela virou-se. “Vai embora. Já terminei com isso.”
“Tudo bem,” disse, batendo a porta enquanto saia.
Quando cheguei em casa, Kaden estava colocando o casaco.
“Para onde você vai?” perguntei.
“Só vou dar uma volta,” meu marido disse, me beijando na bochecha. “Milo está dormindo. O jantar está na geladeira.” Então ele saiu, me deixando em silêncio.
Kaden era pai em tempo integral. Havíamos concordado que essa era a melhor escolha para nossa família. Eu passava a maior parte do meu tempo no trabalho ou cuidando da mãe, deixando pouco tempo para qualquer outra coisa.
Milo precisava de estabilidade, e ter Kaden em casa dava isso a ele. Mesmo com as mãos cheias, Kaden frequentemente ajudava com a mãe. Ele nunca reclamou, e por isso, eu era profundamente grata.
Nas semanas seguintes, a mãe continuava reclamando que coisas estavam sumindo.
A princípio, pensei que ela estivesse apenas confusa, mas depois comecei a perceber também. Pequenos itens—joias, lembranças—sumiam.
Sempre acontecia nos dias em que Jane a visitava. Minha frustração se transformou em raiva. Como ela podia ser tão egoísta?
Eu não podia mais ignorar isso. Dirigi até a casa de Jane, determinada a confrontá-la pessoalmente.
Jane abriu a porta e deu um passo para o lado, cruzando os braços. “Veio me acusar de roubo de novo?” ela perguntou, com a voz afiada.
“A mãe perdeu mais coisas,” disse, tentando manter a voz firme.
Jane levantou uma sobrancelha. “E você acha que fui eu quem as pegou? Por que eu faria isso?”
“Porque é assim que você sempre foi! Já fez isso antes, e eu sei que você precisa de dinheiro!” retruquei.
O rosto de Jane se endureceu. “Por que você não pergunta para o seu marido como é precisar de dinheiro?”
“Não envolva o Kaden nisso!” gritei. “Ele é o único que realmente me ajuda!”
Jane zombou. “Se você tem tanta certeza, chame a polícia. Vai em frente. Faça isso.”
“Talvez eu faça!” gritei. Sem esperar resposta, saí furiosa, batendo a porta atrás de mim.
Em vez de chamar a polícia, decidi instalar câmeras de segurança na casa da mãe.
Fui até a loja, comprei um conjunto de câmeras e voltei, determinada a pegar quem estava pegando as coisas dela.
Quando entrei em casa, fiquei surpresa ao ver Nancy. O turno dela já tinha acabado há horas.
“O que você está fazendo aqui?” perguntei, colocando a caixa de câmeras na mesa.
“A Jane disse que ia me pagar para eu trabalhar mais horas para você poder descansar,” Nancy respondeu, enxugando as mãos em um pano de prato.
“Isso não soa como ela,” disse, estreitando os olhos.
“Por que não? Ela já fez isso antes,” Nancy disse, parecendo confusa. “Ela só pediu para eu não te contar.”
Fiquei olhando para ela, sem saber o que dizer. Não parecia condizer com a imagem que eu tinha de Jane, mas eu não podia contradizer as palavras de Nancy.
Peguei as câmeras e comecei a instalá-las na sala e no quarto da mãe.
Quando terminei, notei uma pilha de novas contas médicas na bancada da cozinha. Folheei-as e senti um nó na garganta. Os valores eram enormes.
“Nancy!” chamei. “Você sabe algo sobre essas contas? Elas não estavam aqui antes.”
Nancy se aproximou e deu uma olhada nos papéis. “Ah, elas chegam todo mês. A Jane geralmente paga.”
Suas palavras me deixaram atônita. Eu estava começando a achar que isso tudo era algum tipo de brincadeira.
Alguns dias depois, a mãe me ligou do quarto, com a voz ansiosa. “Meu anel de ouro sumiu,” disse ela.
Senti meu estômago se apertar. Era hora de verificar as câmeras de segurança. Eu não tinha contado a ninguém sobre elas—nem à mãe—então quem estivesse pegando as coisas não saberia que precisaria esconder.
Sentei à mesa da cozinha com meu laptop, abrindo as gravações. Meu coração disparou enquanto eu avançava horas de gravação.
Então, vi Jane. Ela estava no quarto da mãe, em pé ao lado da cômoda. Me inclinei mais perto, certa de que a tinha pego.
Ela abriu a caixa de joias e olhou dentro. Minha raiva se acendeu. Mas então, ela fechou a caixa e saiu sem pegar nada.
O alívio se transformou em apreensão quando o próximo clipe começou. Algumas horas depois, Kaden apareceu.
Fiquei em silêncio, assustada, enquanto ele caminhava até a caixa de joias, pegava o anel de ouro da mãe e o colocava no bolso antes de sair.
Fiquei paralisada, incapaz de processar o que estava vendo. Passei semanas culpando Jane, para descobrir que estava errada o tempo todo. Meu marido—meu parceiro—era o ladrão.
Peguei as gravações e dirigi para casa, minha mente girando. Quando cheguei, Kaden estava colocando o casaco, pronto para sair de novo. Coloquei-me à frente dele, bloqueando a porta.
“Eu sei de tudo,” disse, minha voz tremendo.
Ele parecia confuso. “Do que você está falando?”
“Eu sei que você tem roubado da minha mãe,” disse, levantando o pen drive.
O rosto dele empalideceu. “A Jane te contou?” perguntou, sua voz trêmula.
“O quê? Não! Por que a Jane me contaria?” perguntei, raiva e confusão misturando-se.
Kaden suspirou pesadamente e passou a mão pelos cabelos. “Porque eu pedi dinheiro emprestado a ela. Quando ela descobriu o motivo, parou de me emprestar mais. Ela até ofereceu pagar uma reabilitação, mas eu recusei. Aí, ela me pegou pegando as joias da sua mãe.”
Eu senti como se tivesse levado um soco no estômago. “Eu não acredito nisso!” gritei. “Por quê? Por que você mentiu para mim e roubou da minha família?”
“Eu comecei a jogar. Achei que poderia ganhar de volta, mas continuei perdendo. As dívidas cresceram mais rápido do que eu conseguia lidar. Peguei mais dinheiro emprestado para cobrir as antigas,” ele confessou, a voz falhando.
“Como você pôde?!?” gritei. “Eu pensei que você estivesse passando tempo com o Milo, sendo o pai que ele precisa. Em vez disso, desperdiçou o meu dinheiro, o dinheiro da Jane, e as coisas da minha mãe!”
“Eu não queria magoar ninguém,” Kaden disse em voz baixa.
“E ainda assim, você não me impediu de culpar a Jane,” disse, minha raiva explodindo. “Você deixou que eu a atacasse enquanto você se escondia.”
“Eu sei. Eu me odeio por isso,” Kaden disse, os olhos baixos. “Eu estou envergonhado.”
“Eu quero que você vá embora,” disse, firme.
“Você quer o divórcio?” ele perguntou, a voz quase inaudível.
“Eu não sei. O que eu sei é que não posso olhar para você agora. Faça as malas amanhã enquanto eu estiver no trabalho. Eu te mando uma mensagem quando estiver pronta para conversar.”
Ele acenou lentamente, lágrimas nos olhos. “Desculpe muito, Violet. Eu amo você e o Milo tanto,” ele sussurrou antes de sair.
Assim que a porta se fechou, eu desabei, lágrimas escorrendo pelo rosto. Depois de verificar o Milo, que estava dormindo profundamente, dirigi até a casa de Jane.
Quando ela abriu a porta, eu mal consegui falar. “Desculpa,” consegui dizer, com as lágrimas rolando pelo rosto.
Jane me puxou para um abraço sem hesitar.
“E obrigada,” disse entre soluços. “Por tudo. Até por ajudar o Kaden.”
“Eu não fiz isso por ele,” Jane disse suavemente. “Eu fiz isso por você, Violet.”
“Por favor, me perdoe, por favor,” implorei.
“Está tudo bem. Eu sempre estarei aqui para você,” Jane disse, me abraçando forte.