Uma mulher ouviu um bebê chorando na varanda de sua vizinha e o adotou. Anos depois, ela lhe contou a verdade sobre a adoção e decidiu encontrar seus pais biológicos. Foi então que uma verdade inesperada veio à tona.
Eu estava voltando para casa do meu turno quando os choros de um bebê ecoaram na noite, e eu franzi a testa. Olhei para a casa da minha vizinha Ellie e vi um carrinho de bebê na varanda. De olhos arregalados, me aproximei e vi um bebê com o rosto coberto de lágrimas e os braços agitados dentro do carrinho. Toquei a campainha da Ellie várias vezes, preocupada, enquanto tentava acalmar o bebê.
— Ei, Judy. O que…? — Ellie abriu a porta e também arregalou os olhos ao ver o bebê.
— Ellie, o que está acontecendo? Por que tem um bebê na sua varanda? — perguntei, chocada.
— Eu não faço ideia — ela balançou a cabeça.
— Você não ouviu ele gritando a plenos pulmões?
— Não, eu estava assistindo TV no meu quarto. Só ouvi a campainha — Ellie continuou. — Devemos ligar para a polícia? O que devemos fazer?
— Acho que sim — dei de ombros. Nunca estive em uma situação assim, parecia cena de filme, então a única solução era chamar a polícia.
Os policiais levaram o bebê para um abrigo, mas disseram que investigariam o caso para tentar encontrar os pais.
Alguns dias depois, meu marido, Justin, e eu decidimos ir ao abrigo. Descobrimos que os pais ainda não tinham sido encontrados e discutimos a possibilidade de adotá-lo. No final, decidimos que seria uma boa ideia. Felizmente, fomos aprovados como pais adotivos e levamos o menino para casa. Demos a ele o nome de Tom.
Nossas vidas ficaram complicadas, e ser pais de primeira viagem não foi fácil, mas conseguimos lidar com tudo. Infelizmente, Justin faleceu quando Tom tinha oito anos, e ele sofreu muito com isso. Os dois eram melhores amigos. Mas, graças à terapia e ao nosso vínculo, conseguimos superar juntos.
Eu estava tão orgulhosa do meu filho e feliz por ter ouvido seus choros na varanda da Ellie naquela noite.
Depois da festa de aniversário de 13 anos do Tom, que foi um sucesso, eu estava arrumando a casa. Ter um grupo de adolescentes barulhentos foi cansativo. Eles comiam muito e tinham energia de sobra. Também tive que entreter as mães, então estava exausta. Mas o que importava era que meu filho estava feliz.
Até que entrei no meu quarto e o vi mexendo em uma pilha de documentos.
— O que é isso, mãe? — Tom perguntou, me olhando com os maiores olhos de desenho animado que já vi. — Eu sou adotado?
Não era assim que eu queria que ele descobrisse, mas já estava feito. Então, sentei-me com ele no chão e contei tudo: desde o momento em que ouvi seu choro na casa da Ellie até a decisão de Justin e eu de adotá-lo.
— Quero que você saiba que isso não muda nada. Você é meu filho, e Justin foi seu pai. Nós te amamos mais do que tudo no mundo. Você acredita em mim? — perguntei, preocupada.
Tom chorou um pouco, dizendo que sentia falta do pai. Mas parecia bem… até alguns dias depois, quando se aproximou de mim com cautela.
— Mãe, posso falar com você sobre uma coisa? — perguntou, olhando para baixo.
— Claro. Sente-se e me diga — sorri para ele e nos sentamos à mesa da cozinha.
— Eu quero encontrar meus pais biológicos — soltou rapidamente. Ele me disse que me amava e que amava Justin também. Mas queria saber mais sobre seus pais biológicos, ter algum tipo de relação com eles, se possível.
Eu não poderia dizer não, apesar da minha preocupação.
— Existe a possibilidade de não conseguirmos encontrá-los, porque temos pouquíssimas informações sobre eles. A polícia não os encontrou há 13 anos. Mas farei o meu melhor. No entanto, também pode ser que eles não queiram te conhecer. Você acha que consegue lidar com isso? — perguntei cuidadosamente.
Tom pensou por alguns minutos e finalmente assentiu.
— Acho que sim. Se não, podemos trabalhar isso com a Dra. Bernstein — respondeu, sorrindo levemente.
— Ok. Estou orgulhosa de você, filho. Vamos pegar o laptop e ver como podemos encontrá-los — eu disse, e fomos para o quarto dele.
Começamos a pesquisar sobre reunificação e até liguei para o abrigo para ver se tinham alguma informação útil. Também fiz uma publicação no Facebook e compartilhei no Twitter, contando a história de como encontrei Tom e como ele queria conhecer seus pais. Pedi aos vizinhos que compartilhassem a postagem.
Por muito tempo, não tivemos respostas.
Um dia, estava na casa da Ellie, desabafando.
— Tom está tão triste com isso. Acho que nunca encontraremos pistas — suspirei, tomando chá.
— Por que ele quer encontrar os pais biológicos? — ela perguntou, com um olhar preocupado.
— Acho que é porque Justin morreu. Ele quer ter uma figura paterna de novo — expliquei.
— Pobre Jack — ela comentou de repente, tomando um gole do chá.
— Jack? — perguntei, franzindo a testa ao ver seus olhos se arregalarem.
— Ah… bem… eu…
— Ellie, você sabe de algo, não sabe? — Minha voz ficou mais alta. Sempre desconfiei disso, mas Ellie nunca deu sinais. Ainda assim, sempre achei estranho que ela tenha ouvido a campainha, mas não os choros do bebê.
— Ellie! — gritei quando ela não respondeu, e ela estremeceu.
— Tá bom! Por favor, me deixa explicar. Eu… não sabia o que fazer. Estava com medo e não queria que ninguém se metesse em problemas — ela começou, com lágrimas nos olhos.
— O que está acontecendo?
— Eu sei de quem é o bebê Tom… e o nome dele é Jack — Ellie disse.
Ela me entregou um pingente e uma carta.
— Minha amiga, Alana, engravidou, mas havia acabado de terminar com o namorado, um cara adorável chamado Alex. Ela o deixou por outro, que depois a abandonou quando descobriu a gravidez. Mas ela não queria que Alex soubesse do bebê — Ellie explicou.
— Continue.
— Ela disse que daria o bebê para adoção, mas, de repente, ele apareceu na minha porta com esse pingente, que tinha a data de nascimento e o nome ‘Jack’. Na carta, ela pedia para eu cuidar dele até que pudesse voltar.
No final, conseguimos entrar em contato com Alex, e ele ficou chocado ao saber que tinha um filho. Quando conheceu Tom, eles se conectaram imediatamente.
Com o tempo, Alex e eu também nos aproximamos e, anos depois, nos casamos. Tom ficou feliz por eu não ficar sozinha quando ele foi para a faculdade.
Apesar dos segredos e reviravoltas, eu não mudaria nada da minha jornada como mãe. Tenho um filho feliz e uma família maravilhosa.