Depois de cinco anos de desilusões, Carol finalmente engravida — mas mantém segredo até ter certeza. No ultrassom, sua alegria se transforma em gelo ao avistar seu marido, Ronald, abraçando ternamente uma mulher grávida. Quem é ela? Carol os segue… e descobre uma verdade que nunca esperava.
Minhas mãos tremiam enquanto eu colocava o teste de gravidez no balcão do banheiro. O último meio século havia sido um ciclo interminável de decepção, mas esta manhã parecia diferente. Observei, quase sem respirar, enquanto duas linhas cor-de-rosa apareciam.
Eu queria contar para Ronald imediatamente. Ele tinha sido meu porto seguro em tudo: os tratamentos, as lágrimas, os colapsos à meia-noite quando minha menstruação chegava mais uma vez.
Mas depois de tantos falsos começos e corações partidos, eu precisava ter certeza. Mais uma decepção poderia nos quebrar de vez.
Então, marquei um ultrassom e disse a ele que tinha uma consulta no dentista. A mentira tinha um gosto amargo na minha boca, mas me convenci de que valeria a pena quando pudesse dar a ele uma notícia real e concreta.
No hospital, a técnica deslizou o aparelho sobre minha barriga.
«Aqui», disse ela, apontando. «Está vendo essa pulsação?»
Eu estreitei os olhos para a tela e então vi. Um pequeno e rápido pulso. Um batimento cardíaco.
«Meu Deus», sussurrei.
A alegria floresceu no meu peito, pura e perfeita. Depois de cinco anos tentando, eu finalmente ia ser mãe!
Saí flutuando da sala de exames, minha mão pousada na minha barriga ainda lisa. Já estava planejando como contar para Ronald. Talvez eu embrulhasse a foto do ultrassom como um presente, ou—
O pensamento se despedaçou quando virei a esquina. No corredor, perto da sala de espera da obstetrícia, estava Ronald. O meu Ronald. Mas ele não estava sozinho.
Seus braços envolviam uma jovem, muito grávida. Suas mãos repousavam protetoramente sobre a barriga inchada dela, e sua expressão… Eu conhecia aquela expressão. Era o mesmo olhar terno que ele me dava quando eu estava triste ou com medo.
Isso não era apenas um abraço casual entre conhecidos. Era íntimo. Familiar.
Me escondi atrás de uma máquina de refrigerantes antes que pudessem me ver, meu coração martelando tão forte que mal conseguia ouvir qualquer outra coisa. Quem era ela? Por que Ronald estava aqui em vez de no escritório, como disse que estaria?
A mulher disse algo que não consegui ouvir, e Ronald riu. Era sua risada verdadeira, não a educada que ele usava com clientes. Meu estômago se revirou.
Eles começaram a caminhar em direção à saída. Eu precisava saber o que estava acontecendo, então fiz algo que nunca pensei que faria.
Peguei meu telefone e pedi um Uber enquanto os seguia pelo corredor. Eu estava determinada a descobrir para onde estavam indo.
No estacionamento, Ronald ajudou a mulher a entrar no carro com tanta delicadeza que me senti fisicamente mal. Quando meu Uber chegou, deslizei para o banco de trás, minhas mãos tremendo enquanto agarrava minha bolsa.
«Siga aquele sedã azul», disse ao motorista, sentindo-me como se tivesse entrado em um filme bizarro. «Por favor.»
O motorista assentiu, e seguimos caminho.
Meu estômago revirava enquanto Ronald estacionava na entrada de uma pequena casa desconhecida. A luz da manhã iluminava o perfil da mulher enquanto ela sorria para ele, e minha náusea aumentou.
«Pare aqui», pedi ao motorista, meus dedos trêmulos enquanto pegava minha bolsa. «Eu posso caminhar daqui.»
Saí do carro e observei Ronald ajudar a mulher a sair, sua mão permanecendo na parte inferior das costas dela enquanto caminhavam até a porta da frente. O gesto era tão íntimo, tão familiar, que meu peito doeu.
Respirei fundo, sem sucesso em acalmar meu coração disparado, e caminhei até a entrada. Antes que pudesse perder a coragem, bati na porta.
Ela se abriu, e lá estava Ronald, seu rosto empalidecendo mais rápido do que eu já tinha visto.
«Carol?» Sua voz falhou. «O que você está fazendo aqui?»
«Acho que essa pergunta deveria ser minha», disse, empurrando a porta e entrando na casa.
A mulher grávida estava na sala de estar, uma mão protegendo sua barriga. Ela era jovem, talvez no início dos vinte anos, com pele clara e olhos brilhantes que se arregalaram ao me ver.
Ela era linda, daquele jeito natural que fazia meus quarenta anos parecerem uma eternidade.
«Acabei de sair do meu ultrassom», anunciei, minha voz trêmula. «Sabe, porque também estou grávida.»
A boca de Ronald abriu e fechou como um peixe fora d’água. Mas a jovem? Ela fez algo completamente inesperado.
Ela riu. «Você é a Carol!?»
Antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, ela cruzou a sala e me puxou para um abraço. Fiquei ali, rígida como uma tábua, minha mente incapaz de compreender essa reação.
«O que diabos você está fazendo?» exigi, recuando. A sala de repente parecia pequena demais, quente demais.
Ronald passou a mão pelo rosto, um gesto tão familiar que fez meu coração doer. «Carol, por favor. Deixe-me explicar.»
«Você está grávida?» a jovem perguntou, seus olhos brilhando de empolgação. Ela pulou levemente nos pés, me lembrando um filhote animado.
Assenti, ainda completamente perdida nessa situação bizarra.
«Isso é incrível!» ela exclamou. «Isso significa que nossos bebês vão crescer juntos como irmãos de verdade!»
Minha respiração falhou. «O quê?»
«Não irmãos, mas ainda assim família.» A voz de Ronald estava carregada de emoção. «Ela é minha filha, Carol.»
Olhei para a jovem novamente, realmente olhei para ela desta vez. Os mesmos olhos castanhos quentes de Ronald. A mesma covinha leve na bochecha esquerda ao sorrir. Como eu não tinha visto antes?
«Sou Anna», disse ela suavemente, estendendo a mão para mim. Seus dedos eram quentes e levemente calejados.
«Nunca te contei porque não sabia até recentemente», explicou Ronald, se aproximando. Seus ombros estavam tensos, mas seus olhos misturavam alívio e medo. «A mãe de Anna e eu namoramos antes de eu te conhecer. Ela nunca me contou que estava grávida.»
A voz de Anna era gentil quando acrescentou: «Mamãe faleceu há alguns meses. Câncer de mama.» Ela engoliu em seco. «Encontrei o nome do meu pai na certidão de nascimento enquanto organizava as coisas dela. Eu não tinha mais ninguém.»
Eu me sentei, minhas pernas subitamente fracas. O dia poderia ter terminado de maneira completamente diferente. Mas, em vez de descobrir uma traição, descobri uma família.
E, naquele momento, percebi que a família sempre encontra um jeito. Às vezes, só precisamos de um mal-entendido e muita coragem para encontrá-la.