Quando meu pai precisou de ajuda extra em casa na velhice, encontrei alguém para cuidar dele, mas essa pessoa só nos trouxe problemas. Um dia, cheguei em casa e vi medo nos olhos do meu pai ao falar sobre a cuidadora, o que me levou a decidir demiti-la.
Achei que contratar uma cuidadora para meu pai, Frank, facilitaria a vida. Era para trazer tranquilidade, não paranoia. Mas foi exatamente isso que aconteceu quando nossos pertences começaram a desaparecer.
Meu pai era um homem orgulhoso—teimoso e independente, do tipo que se recusava a pedir direções, mesmo quando estava completamente perdido! Mas, depois de uma pequena queda que o deixou ferido e incapaz de cuidar de si mesmo, ele não teve escolha.
O médico insistiu que ele precisava de ajuda, e, pela primeira vez, impus minha decisão.
“Pai, eu não posso estar aqui o tempo todo”, eu disse. “Você precisa de alguém.”
Meu trabalho era exigente e eu nem sempre podia estar lá para ele. Precisávamos de alguém confiável, alguém que se importasse. Ele odiou a ideia, mas acabou cedendo quando viu a lógica da situação. Foi assim que Tessa entrou em nossas vidas…
Ela veio altamente recomendada, indicada por um amigo. Na casa dos trinta e poucos anos, tinha uma presença calorosa que deixava as pessoas à vontade. Era paciente, doce, gentil, atenciosa e profissional!
Ela era o pacote completo. Surpreendentemente, também conhecia os assuntos favoritos do meu pai—histórias de guerra, música jazz e carros clássicos! Ele acabou gostando dela mais rápido do que eu esperava!
Tessa se certificava de que ele comesse, ajudava com os remédios e até se sentava com ele na varanda por horas, ouvindo suas intermináveis histórias. Em poucos dias, ela o fez rir—algo que eu não via há meses!
Ela era… perfeita. Quase perfeita demais.
A princípio, fiquei aliviada com a ajuda extra. Senti que finalmente poderia respirar novamente. Pela primeira vez em meses, não precisei escolher entre minha carreira e cuidar dele. Mas esse alívio, infelizmente, não durou.
Certa noite, enquanto recolhia os pratos do jantar depois que Tessa já havia ido embora, meu pai, de repente, agarrou meu pulso com uma urgência que me arrepiou! Ele tinha uma expressão que eu não via desde criança—medo…
“Querida, ela não é quem diz ser”, ele sussurrou, mesmo sendo apenas nós dois na casa. Sua voz estava rouca e suas mãos tremiam levemente. “E ela pega coisas.”
Franzi a testa, confusa com a afirmação dele. “Pega coisas? O que você quer dizer?”
Ele olhou para o corredor, como se ela ainda pudesse estar por perto, ouvindo. Hesitou antes de falar. “Coisas pequenas. Minha velha camisa de flanela. Um livro que tenho desde a faculdade. O relógio de bolso que sua mãe me deu antes de falecer.”
Sua voz vacilou. “Não sei por quê. Mas não confio nela.”
Suspirei, tentando manter a calma. “Pai, talvez você tenha perdido essas coisas. Você anda meio esquecido ultimamente.”
Ele pressionou os lábios, como se estivesse considerando o que eu disse, mas discordava. No entanto, não falou mais nada. Ignorei, achando que era apenas paranoia ou talvez ressentimento por precisar de ajuda.
Mas algo me incomodava. Meu pai nunca foi de acusar as pessoas levianamente. E por que ele estava tão assustado?
Tentei tirar isso da cabeça, mas então algo aconteceu que me deixou alerta.
Ultimamente, apesar de gostar de Tessa, ele ficava mais distante quando ela estava por perto. Então, quando ouvi uma ligação estranha, soube que algo estava errado. Cheguei tarde do trabalho, exausta, entrando pela porta dos fundos para não acordá-lo.
Mas ao passar pelo corredor, ouvi a voz de Tessa, baixa e urgente.
“Ainda não é hora”, ela murmurou. “Ele está fraco. Acho que preciso de mais uma ou duas semanas.”
Parei no mesmo instante.
Ela estava falando sobre meu pai? Minhas mãos se fecharam em punhos. Fraco? Mais uma ou duas semanas para o quê? Meu coração disparou. Quis entrar lá e exigir respostas, mas algo me disse para não fazer isso.
Afastei-me sem ser notada e tranquei-me no meu quarto, com o coração disparado.
De repente, as palavras do meu pai ecoaram na minha mente. *Ela não é quem diz ser.*
Mal dormi aquela noite. Ela estava esperando algo acontecer com ele? Estava planejando alguma coisa? Ela era… perigosa?
Na manhã seguinte, fiquei de olho nela. Notei coisas que antes não percebia—como se movia pela casa com tanta facilidade, como sabia exatamente onde estavam as coisas, mesmo que eu nunca as tivesse mostrado a ela, como olhava para meu pai quando achava que ninguém estava vendo.
Tomei minha decisão: eu a demitiria naquela noite. Sem discussão.
Mas não tive a chance—porque o destino tinha outros planos.
Quando cheguei em casa, senti que algo estava errado. As luzes estavam fracas, a casa assustadoramente silenciosa. Meu pai não estava na poltrona onde sempre ficava. Meu estômago se revirou.
Então ouvi—choro.
Mas não qualquer choro—o dele!
Entrei em pânico e corri em direção ao som, meu coração martelando no peito!
Na sala, encontrei meu pai encolhido no sofá, o rosto enterrado nas mãos. Do outro lado, Tessa estava ajoelhada, tremendo, segurando uma pilha de papéis.
Fiquei parada, confusa.
“Monica”, Tessa disse ao notar minha presença. Sua voz estava carregada de emoção. “Eu posso explicar. Por favor, só me escute.”
Eu estava pronta para protegê-lo, para chamar a polícia, mas então vi—na mesa de centro, estavam a camisa de flanela do meu pai, minha blusa desaparecida e, nas mãos de Tessa—meu coração quase parou—um teste de DNA!
O silêncio se estendeu, pesado.
“Eu precisava saber”, ela sussurrou, quebrando o silêncio. “Eu não queria machucar ninguém. Não roubei nada, nem dinheiro. Só… precisava de provas.”
Tessa continuou: “Só peguei a camisa e sua blusa para conseguir amostras de cabelo para o teste de DNA.”
Então meu pai ergueu o rosto, os olhos vermelhos, a respiração instável. Ele olhou para mim, depois para ela, e engoliu em seco. “Ela é minha filha. Sua irmã mais velha, Monica.”
O ar sumiu dos meus pulmões.
“O quê?”
A voz dele tremeu. “Eu… eu a deixei. Anos atrás. Não sabia onde ela estava. Mas agora ela me encontrou.”
Tudo fez sentido. Os itens desaparecidos—não foram roubados, foram coletados. E o medo do meu pai?
Não era dela.
Era do passado. Da verdade. Do que ele fez.
Tessa respirou fundo e disse: “Passei minha vida me perguntando sobre ele. Quem ele era. Por que me deixou. Quando descobri o nome dele, precisei saber.”
“Eu só queria conhecê-lo, estar perto, mesmo que ele não soubesse quem eu era.”
Meu pai tremeu ao estender a mão para ela. “Eu nunca quis te deixar. Fui um jovem tolo que cometeu erros. Mas se você deixar, quero consertar isso.”
Ela hesitou e depois segurou sua mão. “Eu não quero nada. Só queria te conhecer.”
E então, ele fez algo inesperado.
A abraçou.
Uma lágrima escorreu pelo meu rosto.
Não éramos mais estranhos. Éramos família.
E, pela primeira vez, soube que ficaríamos bem.