Minha irmã me expulsou de casa após a morte de nosso Pai — mas ela não sabia que ele havia previsto isso.

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Quando o pai de Dawn morre, ela perde tudo: sua casa, sua família e a irmã que nunca realmente se importou com ela. Expulsa com nada além de seus pertences e um relógio velho, ela pensa que tudo acabou. Mas seu pai previu tudo. E, escondido em seu último presente, há um segredo que mudará tudo… incluindo quem realmente vence no final.

Sempre soube que minha irmã, Charlotte, não se importava comigo. Mas nunca pensei que ela me jogaria na rua duas semanas depois do funeral do nosso pai.

Desde que me lembro, éramos apenas nós três: papai, Charlotte e eu.

Bem, na maior parte do tempo, apenas papai e eu.

Charlotte, aos 35 anos, nunca fez realmente parte dessa família. Ela morava na casa do nosso pai, mas nunca foi seu lar. Estava sempre fora. Às vezes, em festas, com amigos ou apenas perseguindo o próximo “grande acontecimento”, como ela sempre dizia.

— Eu vou ser incrível, Dawn — ela dizia. — Eu nasci para uma vida maior. Não para uma vidinha onde ninguém sabe quem eu sou. Um dia, talvez você entenda.

Ela tratava nossa casa como um ponto de passagem, aparecendo apenas quando precisava de algo, especialmente quando estava sem dinheiro.

Eu, por outro lado, tinha 17 anos e nunca conheci nada além dessas paredes. Eu era a sombra do meu pai, seguindo-o pela casa, ajudando-o com os consertos, cozinhando o jantar para nós quando ele chegava do trabalho.

— Comida caseira é sempre o melhor caminho, Dawn — ele dizia. — Não importa o quão cansada você esteja, sempre faça algo para você mesma.

— Macarrão instantâneo conta? — perguntei.

Tudo o que lembro daquela conversa foi o jeito como ele olhou para mim e riu.

Crescendo, sempre me perguntei se Charlotte guardava ressentimento contra mim. Ela já tinha dezoito anos quando nasci. Uma adulta com toda a vida pela frente. Enquanto isso, eu era apenas o bebê que veio depois.

Eu fui a surpresa pela qual minha mãe nem se deu ao trabalho de ficar. Mas meu pai? Ele me adorava.

— Dawn, você foi o amanhecer de um novo começo, meu amor — ele dizia. — Você foi a maior surpresa da minha vida, e eu a acolhi com tudo que tinha.

Talvez isso fizesse parte da questão. Talvez fosse por isso que Charlotte agia da forma como agia.

Quando eu já era velha o suficiente para conhecê-la de verdade, Charlotte já estava se afastando. Ela não me via como uma irmã, não de verdade. Mais como um incômodo em sua vida. Uma criança que ficava por perto onde não era bem-vinda.

Ela nunca me contou histórias para dormir nem brincou comigo. Quando papai nos levava para tomar sorvete, ela mal levantava os olhos do celular.

Mas, mesmo assim, eu pensei que, de alguma forma, ela se importava.

Que estaria aqui quando importasse.

Mas eu estava tão errada.

Então papai morreu. E tudo na minha vida desmoronou.

Duas semanas após o funeral, estávamos no escritório do advogado. Charlotte estava bem arrumada, mas parecia entediada, não triste. Se algo, parecia que aquilo era uma perda de tempo. Ela checava as unhas enquanto esperávamos a leitura do testamento do nosso pai.

E eu?

Eu estava sentada rigidamente ao lado dela, minhas mãos apertadas no colo. Eu não sabia como me sentir ou o que pensar, exceto que estava me afogando no luto.

O advogado pigarreou.

— Desculpem por isso, senhoras — disse. — Tive que atender uma ligação. Agora, vamos ao que interessa.

Charlotte finalmente olhou para ele.

— A casa vai para Charlotte — ele disse.

Senti meu estômago se revirar. Eu não ia discutir… mas por quê?

Por que meu pai faria isso comigo?

— E para você — o advogado virou-se para mim — seu pai deixou isto.

Ele me entregou uma pequena caixa. Eu sabia o que havia dentro antes mesmo de abrir.

Era o relógio do meu pai.

Era velho, arranhado e mal funcionava. Mas, desde que me lembro, sempre o vi no pulso do meu pai.

Engoli em seco.

Charlotte deu uma risada debochada.

— Sério? O relógio dele? — ela riu. — Meu Deus, mesmo morto, papai continua favorecendo você.

Eu a ignorei. Meus dedos passaram pela pulseira de couro desgastada do relógio. Tinha o cheiro dele. Eu não me importava com a casa. Não me importava com os pertences. Eu só queria meu pai de volta.

Como eu iria para a faculdade sem ele?

Nos dias seguintes, ainda moramos sob o mesmo teto. Mal falávamos. Eu ia para a escola. Trabalhava na cafeteria depois das aulas. Voltava para casa.

Era uma rotina, e eu a seguia como se minha vida dependesse disso.

Porque, sem ela, eu me afogaria no luto.

Então, uma noite, voltei para casa depois do turno e encontrei todas as minhas coisas embaladas perto da porta, incluindo meu violão.

Charlotte estava no corredor, braços cruzados, um sorriso presunçoso no rosto.

— É isso! — disse alegremente. — Nossos caminhos se separam aqui, Dawn. Preciso que você saia.

— O quê? — pisquei devagar, como se estivesse num sonho tentando acordar.

— Você ouviu, irmãzinha — disse, gesticulando para minhas malas. — Esta casa é minha. Você ouviu o advogado. E eu não estou mais disposta a cuidar de você.

Mal conseguia respirar. Era como se cada órgão do meu corpo estivesse falhando.

— Charlotte — disse — eu não tenho para onde ir.

— E isso não é problema meu! — disse alegremente. — Você tem que se virar sozinha.

Meus olhos arderam, mas me recusei a chorar diante dela.

— Você realmente está fazendo isso comigo? — sussurrei.

Ela sorriu.

— Você deveria ter sido mais legal comigo enquanto crescia, maninha — disse. — Talvez então eu sentisse pena.

Peguei meu telefone com as mãos trêmulas e liguei para o advogado. Quando ele atendeu, despejei tudo para ele.

Ele riu.

— Não acredito! — disse. — Tudo está acontecendo exatamente como seu pai previu. Venha ao meu escritório amanhã. Tenho algo para você.

— O quê?

— Você vai ver — disse ele.

E foi assim que descobri a verdade.

Meu pai me deixou uma fortuna, mas com uma condição: Charlotte tinha que dividir a casa comigo. Se não o fizesse, não receberia nada.

Quando ela descobriu, me ligou em pânico.

— Você tem que me ajudar! — ela implorou.

— Eu teria ajudado, Charlotte — respondi. — Se você tivesse sido mais gentil comigo. Talvez então eu sentisse pena.

E desliguei.

Agora, tenho minha própria vida. Meu apartamento. Meus estudos. E meu pai? Ele ainda cuida de mim, mesmo depois de partir.

E Charlotte? Bom, ela colheu o que plantou.

O que você teria feito?

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