Rolando pelo Facebook, notei uma mulher curtindo todas as postagens do meu marido — comentários muito familiares para serem ignorados. Não reconheci o nome dela, mas algo parecia estranhamente familiar. Então minha filha passou correndo, viu a foto e disse:
“Essa é a Ella! Eu a vejo toda semana com o papai.”
Meu coração parou.
Eu não queria bisbilhotar. Tudo o que eu queria era aquela foto da festa de aniversário de casamento minha e do Sam no mês passado, onde Lily estava com o rosto todo sujo de glacê.
Mas, enquanto rolava pelo feed do Sam no Facebook, algo chamou minha atenção. A mesma mulher continuava comentando em suas postagens. Seu nome aparecia repetidamente: Ella.
E não eram apenas comentários casuais e amigáveis. As mensagens que ela deixava e a forma como as escrevia sugeriam uma familiaridade profunda, embora eu nunca tivesse conhecido essa mulher.
“Como sempre, lindo!” ela comentou na foto que ele compartilhou de nós dois vestidos elegantemente para um jantar chique, dois meses atrás.
O pior foi o comentário que ela deixou em uma foto da festa de aniversário da Lily. Na imagem, Lily usava um par de asas de fada brilhantes e uma coroa de plástico prateada.
Ella comentou: “Ah, que bom que você seguiu minha sugestão sobre as asas! Fico feliz que Lily tenha gostado ❤️.”
Imediatamente cliquei no perfil dela. Eu precisava saber como essa tal de Ella conhecia Sam e por que ele nunca a mencionou.
A primeira coisa que notei foi o quão bonita ela era. Seus olhos brilhavam com malícia, e seu sorriso parecia iluminar a tela inteira.
Algo nela era vagamente familiar, mas eu tinha certeza de que nunca a tinha visto antes. Não havia muitas informações no perfil, então comecei a vasculhar suas postagens.
Sam havia curtido e comentado praticamente todas as fotos dela.
Lily entrou na sala naquele momento, suas maria-chiquinhas balançando. Ela olhou para a tela e seu rosto se iluminou como uma árvore de Natal.
“Ella!” ela gritou, apontando para a foto com os dedos grudando de doce.
“Você a conhece?” Minha voz saiu mais aguda do que o normal, forçadamente casual.
“Claro, bobinha! Você não conhece? Nós a vemos o tempo todo.” Lily começou a pular de um pé para o outro, incapaz de conter a empolgação.
Meu estômago se retorceu em um nó tão apertado que achei que fosse vomitar. “O tempo todo? Como assim?”
“Todas as quartas-feiras depois da escola. O papai me pega e nós encontramos a Ella.” Lily girou ao redor, completamente alheia ao meu crescente desconforto. “Ela é tão divertida! Tomamos sorvete e, às vezes, alimentamos os patos no lago, mas usamos comida especial para patos porque a Ella disse que pão não faz bem para eles.”
Ela parou de girar abruptamente, levando as mãos à boca, seus olhos arregalados em súbita realização.
“Oh, não. Eu não deveria contar. O papai disse que era nosso segredo especial. Ele disse que às vezes os adultos precisam guardar segredos para não magoar os sentimentos de outros adultos.”
A palavra “segredo” bateu em mim como um soco no estômago. Segredos especiais com outra mulher? Ensinando minha filha sobre patos?
Minha mente disparou, relembrando todas as quartas-feiras em que trabalhei até tarde, achando que Sam e Lily estavam tendo um tempo de pai e filha. Aparentemente, esse tempo especial incluía um terceiro membro.
Forcei um sorriso, sem querer alarmar Lily. “Está tudo bem, querida. Por que você não vai brincar com suas bonecas? Acho que a Princesa Brilhante precisa de uma festa do chá.”
Depois que ela saiu saltitando, cantarolando a música do seu desenho favorito, fiquei ali, olhando para o telefone até a tela escurecer. Meu reflexo me encarava, e eu mal reconhecia a mulher preocupada que via.
Meu marido estava se encontrando com outra mulher pelas minhas costas. Pior ainda, ele envolveu nossa filha nisso. Eu não conseguia imaginar o meu doce e carinhoso Sam tendo um caso, mas o que mais poderia ser?
Havia apenas uma maneira de ter certeza.
Amanhã era quarta-feira. Em vez de confrontar Sam em casa, onde ele poderia facilmente desviar ou inventar desculpas, eu iria pegá-lo no flagra.
No dia seguinte, liguei para o trabalho dizendo que estava doente pela primeira vez em três anos. Minutos antes do fim das aulas, estacionei do outro lado da rua da escola de Lily e esperei.
Meu coração batia tão forte que eu o sentia na garganta enquanto via o carro branco de Sam se aproximar. Através do para-brisa, vi-o verificando o celular, provavelmente mandando mensagens para ela.
Minha filha saiu saltitando do prédio da escola com seus tênis de luzinha, e Sam a ajudou a entrar no carro, verificando duas vezes se o cinto de segurança estava bem preso.
Segui-os a uma distância segura, apertando o volante com tanta força que meus nós dos dedos ficaram brancos. Após uma curta viagem, Sam estacionou em um parque perto da escola.
Eles se sentaram em um banco perto do parquinho, Lily balançando as pernas enquanto Sam olhava o relógio a cada poucos minutos. Dez minutos depois, um carro parou, e a mulher das fotos do Facebook saiu.
E foi aí que percebi quem ela era: a ex de Sam, seu amor do ensino médio. Aquela das fotos do baile. Meu peito apertou quando Lily correu para ela de braços abertos, gritando: “Ella! Ella!”
Ella a pegou no colo, girando-a no ar enquanto Sam observava, sorrindo como um adolescente. Quando ele se aproximou, deu um abraço caloroso em Ella e um beijo em sua bochecha.
Me senti enjoada. Imagens de nossas fotos em família passaram pela minha mente. Tudo tinha sido uma mentira?
Eles atravessaram a rua até um café. O mesmo onde Sam e eu sempre levávamos Lily em dias especiais.
Dei-lhes alguns minutos antes de segui-los.
Quando entrei no café, Ella estava sozinha, mexendo no celular. Parecia completamente em casa.
Perfeito.
Ela só olhou para cima quando fiquei diante dela, minha sombra cobrindo sua tela.
“Oi,” eu disse, minha voz surpreendentemente firme. “Sou a esposa do Sam.”
A cor sumiu do rosto dela.
“Eu sei,” ela sussurrou.
O que veio depois mudou tudo. Ela não era uma amante. Ela estava apenas tentando aprender a ser mãe.
E, naquele momento, entendi.
