Ouvi a minha filha a dizer ‘a minha mãe não tem vida de qualquer forma, ela não terá escolha a não ser tomar conta do Dia Dos Namorados’

Como mãe solteira, abri mão do meu tempo, dos meus sonhos e de tudo pela minha filha. Mas meu coração se partiu quando a ouvi rindo:
“Minha mãe não tem vida mesmo. Ela não terá escolha a não ser cuidar da minha filha no Dia dos Namorados.”

Foi então que decidi — se ela achava que eu não tinha vida, eu estava prestes a mostrar o contrário.

Será que não mereço ter uma vida só porque tenho 45 anos, sou mãe solteira e avó?
Nunca pensei que seria avó tão jovem. Tive Miranda aos 26 anos. Trabalhei duro e a criei da maneira certa. Mas quando ela engravidou aos 18 e o namorado dela desapareceu no ar, eu assumi a responsabilidade. O que mais eu poderia fazer? Deixar minha filha afundar?

Ainda me lembro da noite em que ela me contou que estava grávida. Segurei-a enquanto ela chorava no meu ombro.

“Estou com tanto medo, mãe,” ela sussurrou. “Não sei o que fazer.”

“Vamos descobrir juntas,” prometi, acariciando seu cabelo. “Você não está sozinha.”

E eu realmente quis dizer isso.

Trabalhei até tarde para que ela pudesse ir à faculdade. Abri mão dos meus fins de semana para que ela ainda pudesse se sentir como uma adolescente normal, saindo com as amigas. Dizia a mim mesma: “Ela é jovem. Ela merece um pouco de liberdade. Vou ajudar até que ela consiga se estabilizar.”

Mas então ouvi algo que me destruiu… algo que me fez perceber que minha filha confundiu meu amor com obrigação. As palavras que me partiram o coração… Meu Deus, espero que nenhuma mãe jamais tenha que ouvi-las.

Era a segunda-feira antes do Dia dos Namorados. Eu tinha acabado de chegar do trabalho, exausta, com os pés latejando e as costas doendo. Estava prestes a ir para o meu quarto quando ouvi a voz de Miranda vindo do corredor.

Eu não estava escutando de propósito. Até que ouvi meu próprio nome.

“Ah, não se preocupe,” ela riu ao telefone. “Minha mãe não tem vida mesmo. Ela não terá escolha a não ser cuidar do bebê no Dia dos Namorados.”

Eu congelei.

Ela continuou.

“Ela me contou uma história boba sobre ter um encontro com um colega de trabalho, mas, por favor… a prioridade dela é MINHA FILHA. Ela não vai realmente sair. Vou simplesmente fazê-la cancelar, como sempre.”

Então ela RIU. Como se meus planos cancelados, meus sacrifícios e toda a minha existência fossem apenas uma PIADA para ela.

Pressionei minha mão contra a parede para me firmar, lembranças invadindo minha mente. A promoção que recusei porque significaria menos flexibilidade para cuidar da neta. As incontáveis noites que passei ninando Kelly enquanto Miranda estava “estudando”. Os perfis de namoro que deletei porque nunca tinha tempo para conhecer ninguém.

Algo dentro de mim se partiu.

Ela precisava aprender que ser mãe não significava que ela tinha um passe livre para jogar suas responsabilidades sobre mim. Se ela achava que eu continuaria assumindo tudo para sempre, ela estava prestes a ter uma grande surpresa.

Naquela noite, ela entrou no meu quarto, toda doce e inocente.

“Mãe, eu sei que você tinha aquele encontro, mas eu planejei uma noite muito especial no Dia dos Namorados com meu namorado, Matt. Você vai cuidar da Kelly, né?”

Ela piscou os cílios. Sorriu. Como se eu fosse uma funcionária não paga que ela poderia convencer a assumir mais um turno.

Minhas mãos tremiam enquanto eu dobrava a roupa, pensando no David, do setor de contabilidade. Ele tinha sido tão genuíno ao me convidar para sair, seus olhos se enrugando nos cantos. “Todo mundo merece uma segunda chance para ser feliz,” ele disse.

Sorri para Miranda. “Claro, querida. Qualquer coisa por você.”

Ela sorriu. Me abraçou. Disse que eu era “a melhor mãe do mundo.”

Ela não fazia ideia do que a esperava.

O Jogo Mudou
O Dia dos Namorados chegou, e Miranda praticamente saiu saltitando pela porta. Estava radiante, o vestidinho vermelho abraçando sua silhueta, o cabelo perfeitamente liso. Mal olhou para mim ao pegar a bolsa.

“Kelly já está dormindo,” disse despreocupada. “Vai ser uma noite tranquila. Te amo, mãe!”

Ela não esperou uma resposta. Nem sequer verificou se eu estava bem. Porque, na cabeça dela, eu estava exatamente onde ela esperava que eu estivesse — em casa, de pijama, cuidando do bebê como sempre.

Olhei para mim mesma no espelho, tocando as rugas suaves ao redor dos olhos. Quando foi que comecei a parecer tão cansada? E tão… resignada? A mulher olhando para mim não era apenas uma avó ou uma mãe… era alguém que merecia mais.

Trinta minutos depois, entrei no restaurante à luz de velas com Kelly no colo.

Miranda tinha falado tanto desse restaurante chique a semana inteira, mencionando o nome como se fosse um evento VIP exclusivo. Ela nunca imaginou que eu realmente apareceria.

A hostess mal teve tempo de me cumprimentar antes de eu avistá-los — Miranda, toda produzida, e à sua frente, um cara de vinte e poucos anos, com cabelo arrumado e uma camisa impecável.

Fui direto até a mesa deles. Os olhos de Miranda se arregalaram.

“Mãe?! O que você—”

Coloquei Kelly no colo dela.

“No começo, eu ia ficar de babá,” disse docemente. “Mas então pensei… que melhor maneira de testar o seu relacionamento do que ver como Matt lida com a realidade? Afinal, se ele quer namorar uma mãe solteira, deve estar preparado para passar a noite com vocês duas.”

O rosto de Miranda ficou vermelho como um tomate.

Matt piscou. “Ahm… o quê?”

Virei-me para ele com um sorriso simpático.

“Ah, ela não te contou que tem um bebê? Que estranho. Considerando que ela me disse que ia me fazer cancelar meus planos para o encontro romântico dela.”

Silêncio total.

Kelly soltou um pequeno resmungo, alheia ao caos em que tinha acabado de ser jogada.

Dei um tapinha no ombro de Miranda. “Aproveitem a noite, querida. Não me esperem acordada.”

E com isso, saí, com o coração acelerado, mas a cabeça erguida.

Aprendendo da Maneira Difícil
Quando cheguei em casa, mal tive tempo de tirar os sapatos antes da porta da frente bater.

“MÃE!” A voz de Miranda era um grito. “COMO VOCÊ PÔDE FAZER ISSO? VOCÊ ARRUINOU TUDO!”

Cruzei os braços, virando-me lentamente. “Você quer dizer QUE VOCÊ arruinou tudo.”

O resto da conversa mudou tudo. Pela primeira vez, minha filha viu o que significava assumir responsabilidade. E pela primeira vez, eu coloquei meus limites.

Na semana seguinte, vi Miranda lutando para colocar o carrinho de Kelly no carro. No passado, eu teria corrido para ajudar.

Dessa vez, permaneci onde estava.

“Mãe?” Ela chamou, hesitante. “Você poderia… por favor… me ajudar?”

Eu esperei.

Ela respirou fundo. “Eu sei que é de última hora, mas tenho uma entrevista de emprego e Kelly está impossível.”

Eu considerei meu próprio dia. Meus planos. Meus limites.

“A que horas é a entrevista?” perguntei.

“Onze. Dura no máximo duas horas.”

“Posso cuidar dela das onze à uma. Mas tenho planos às duas. Você precisa estar de volta.”

Ela sorriu, aliviada. “Obrigada, mãe. De verdade.”

E, finalmente, minha filha entendeu.

Eu sou mais do que o que os outros precisam de mim. Eu sou uma mulher, com sonhos, desejos e uma vida própria. E isso não me faz menos mãe. Me faz mais eu mesma.

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