Meu marido me surpreendeu com um buquê que ele resgatou de uma lixeira—então decidi retribuir o gesto

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Sandra achava que o Dia dos Namorados seria diferente este ano. Talvez Jeffrey finalmente se esforçasse. Mas quando ela viu o que ele havia deixado para ela na mesa de jantar, seu coração afundou. O que Jeffrey comprou para ela? E por que ela ficou tão chateada com isso?

Eu costumava acreditar que o amor era sobre compromisso, aceitar imperfeições e fazer as coisas funcionarem. Achei que se eu diminuísse minhas expectativas, nunca me decepcionaria.

Mas enquanto eu estava no meu apartamento, olhando para o buquê murcho que meu marido havia me “presenteado”, percebi que estive errada esse tempo todo.

«Vamos fazer algo para o Dia dos Namorados?», perguntei, observando-o enquanto ele rolava a tela do celular.

Ele mal levantou os olhos. «É um feriado idiota. Só um golpe de marketing para fazer as pessoas gastarem dinheiro à toa.»

«Não estou pedindo nada grandioso, Jeff», eu disse. «Só algumas flores, talvez?»

Ele soltou um riso debochado, pegando sua cerveja. «Flores? Que desperdício. Elas morrem em dois dias.»

Forcei um sorriso, fingindo que suas palavras não me machucaram, e assenti como se entendesse. Mas, no fundo, eu não entendia.

O que era tão difícil em comprar um pequeno buquê? Em me fazer sentir especial por apenas um dia?

Eu deveria ter encarado sua resposta como um aviso. Deveria ter parado de criar expectativas ali mesmo.

Mas eu não parei. E isso tornou o que aconteceu depois ainda pior.

Na manhã do Dia dos Namorados, como esperado, Jeffrey não mencionou a data. Não houve um «Feliz Dia dos Namorados», nem um abraço caloroso, nem sequer uma xícara de café me esperando no balcão.

Ele estava sentado no sofá, rolando o celular, quando lhe dei bom dia. Sua resposta foi um grunhido abafado. A única coisa que lhe interessava era reclamar do café da manhã.

Logo saí para o trabalho, me sentindo tola por ter esperado algo diferente.

Ao longo do dia, tentei não pensar nisso, mas a decepção pesava no meu peito.

Quando cheguei em casa, tudo o que eu queria era um banho quente e uma noite de sono antecipada.

Caminhei até nosso prédio, procurando minhas chaves na bolsa, quando algo perto da entrada chamou minha atenção.

Um buquê de rosas estava em cima da lixeira.

Elas não estavam completamente mortas. Apenas um pouco murchas, com algumas pétalas começando a enrolar nas bordas.

Alguém deve tê-las jogado fora, pensei. Talvez um casal que terminou? Ou um florista que não conseguiu vendê-las?

Não era da minha conta, disse a mim mesma, e segui para dentro de casa.

Ainda estava pensando naquelas flores quando entrei no chuveiro, deixando a água quente levar embora o peso do dia.

Jeffrey chegou enquanto eu ainda estava no banho, mas não me apressei. Não havia nada me esperando. Nenhuma surpresa, nenhum jantar especial, nada.

Ou pelo menos foi o que pensei.

Quando finalmente saí do banheiro, com a toalha enrolada no cabelo, parei no meio do corredor.

Sobre a mesa de jantar, havia um buquê de rosas em um vaso.

Por um momento, meu coração se encheu de esperança. Será que ele tinha mudado de ideia? Será que percebeu o quanto isso significava para mim? Talvez ele tenha saído e comprado as flores, afinal. Talvez ele se importasse.

Enquanto eu me aproximava, um sorriso começou a se formar em meus lábios. Até que notei algo.

Um dos caules estava dobrado em um ângulo estranho. E algumas pétalas já haviam começado a enrolar.

Eu conhecia essas flores. Eu já as tinha visto antes.

Eram as mesmas que estavam lá fora.

As que eu tinha visto em cima da lixeira apenas uma hora atrás.

Jeffrey saiu da sala, esfregando a barriga como se tivesse acabado de fazer uma grande refeição, em vez de me dar um buquê de lixo.

«Ah, você viu?», disse casualmente. «Achei que você fosse gostar.»

«De onde você pegou essas flores?», perguntei com a voz firme.

Eu não sorria. Minhas sobrancelhas não estavam franzidas.

Apenas o encarei, sem expressão alguma.

«Encontrei lá fora», disse ele, como se tropeçar em buquês na rua fosse a coisa mais normal do mundo. «Algum idiota jogou fora antes mesmo de elas murcharem. Dá pra acreditar?»

Ele balançou a cabeça, indignado com o desperdício dos outros, ignorando completamente o fato de que tinha acabado de pegar um buquê descartado e me dado como se fosse um grande gesto romântico.

«Então, só para entender», eu disse. «Você não conseguiu comprar flores para mim, mas conseguiu pegar um buquê do lixo e agir como se fosse a mesma coisa?»

Jeffrey gemeu, esfregando as têmporas, como se eu fosse a difícil da história. «Ah, vamos lá, Sandra. Elas não estavam no lixo. Estavam em cima dele. Tem uma diferença.»

Uma risada curta escapou dos meus lábios, mas não havia nada de engraçado nisso. «Uau. Essa é a sua defesa? Que estavam em cima do lixo e não dentro dele? Esse é o nível agora?»

Ele revirou os olhos e se recostou no sofá, apoiando os pés na mesa de centro. «Não entendo por que você está fazendo tanto drama. Flor é flor. Que diferença faz de onde vieram?»

Eu abri a boca para gritar e perguntar por que ele achava que eu merecia tão pouco esforço. Mas, então, a raiva simplesmente se dissipou, e percebi algo.

Não se tratava apenas das flores.

Tratava-se de tudo.

O jeito como ele nunca fazia esforço, como descartava meus sentimentos e como me fazia sentir que esperar o mínimo era pedir demais.

Engoli em seco, fechando os punhos. Eu não estava apenas com raiva.

Eu estava cansada.

E, dessa vez, eu não ia deixar passar.

Naquela noite, fiquei deitada na cama, olhando para o teto enquanto Jeffrey roncava ao meu lado. Minha mente revisitou cada momento do nosso relacionamento que me trouxe até ali.

Cada vez que eu aceitei menos do que merecia, e cada vez que me convenci de que tudo ia ficar bem.

Nada vai ficar bem se eu não fizer algo a respeito, pensei. Já chega.

Por sorte, o aniversário de Jeffrey era dali a três dias.

Nos dias seguintes, desempenhei meu papel perfeitamente.

Sorri quando ele falava. Concordei com suas conversas vazias. Até agradeci pelas flores, fingindo deixar o assunto para trás. E, como Jeffrey era Jeffrey – um homem que nunca se preocupou em olhar além da superfície – ele acreditou em mim.

Na manhã do seu aniversário, dei um beijo em sua bochecha antes que ele saísse para o trabalho.

«Tenho uma surpresa para você hoje à noite», sussurrei.

Seus olhos brilharam. «É mesmo?»

«Oh, sim», eu disse docemente.

Passei anos diminuindo minhas expectativas para Jeffrey. Mas para o aniversário dele?

Eu estava prestes a devolver o favor.

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