**Pensei que estava entrando na minha casa. Em vez disso, entrei em um pesadelo.**
Minhas roupas e meus pertences foram jogados na rua como lixo. Quando olhei para cima, não foi meu marido quem me expulsou de nossa casa. Foi a amante dele, achando que tinha vencido. Mas o karma nunca deixa dívidas sem pagamento.
Quinze anos. Esse foi o tempo que fiquei casada com Josh. Quinze anos construindo um lar juntos, criando nossos dois filhos e acreditando que éramos uma equipe. E então, um dia, voltei para casa e encontrei TUDO o que me pertencia jogado na rua, dentro de caixas.
Fiquei parada, congelada, enquanto estranhos passavam e olhavam para minha vida como se fosse um monte de lixo descartado. Minhas roupas, meus sapatos, os cartões artesanais dos meus filhos, meu vestido de noiva — tudo despejado na calçada como se eu nunca tivesse importado.
Um transeunte diminuiu o passo, lançando-me um olhar de pena.
— A senhora está bem?
Não consegui responder. Fiquei paralisada, encarando os restos do que um dia foi minha vida espalhados pelo gramado. Entre os objetos, os cartões de Dia das Mães feitos pelos meus filhos caíram de uma caixa de sapatos rasgada.
Então, a porta da frente se abriu. E lá estava ela. **Victoria.** A amante de Josh. Jovem, convencida, bonita e parada na entrada como se pertencesse ali.
Ela cruzou os braços, inclinando a cabeça.
— Você não mora mais aqui, Samantha. Pegue suas coisas e vá embora.
Engoli em seco, sentindo meu coração disparar.
— O que quer dizer com isso? Onde está Josh?
Josh apareceu, completamente indiferente. Sua expressão era fria e distante… como se eu fosse uma estranha e não a mulher que passou mais de uma década amando-o.
— Que diabos é isso? — exigi, gesticulando para meus pertences.
Josh suspirou, esfregando as têmporas como se eu fosse a causadora do problema.
— Acabou, Sam. Segui em frente. Você deveria fazer o mesmo.
As palavras me atingiram como um soco no estômago. **Seguiu em frente? Assim, do nada?**
— Quinze anos — sussurrei, minha voz tremendo. — Quinze anos, Josh. Alguma vez isso foi real? Eu fui algo além de descartável para você?
Seus olhos vacilaram por um instante antes de endurecerem novamente.
— Foi real… até deixar de ser.
— Josh, nós temos dois filhos! — soltei, sentindo a raiva e a dor se misturarem.
Victoria riu e se aconchegou ao lado de Josh, como se tivesse algum direito de estar ali.
— E eles ficarão aqui… **com a gente.**
Me virei para Josh, desesperada, furiosa e completamente de coração partido.
— Você não vai nem me deixar levá-los?
Ele deu de ombros.
— Você não tem onde morar. Que tipo de mãe isso faria de você?
— **Que tipo de pai destrói a vida da mãe dos próprios filhos?** — sibilei, tremendo de raiva. — Que tipo de homem joga fora 15 anos como se não significassem nada? Eles vão ver quem você realmente é um dia.
— **Vá embora!** — ele sussurrou, enquanto Victoria soltava uma risadinha irritante.
Não conseguia respirar. Minhas mãos tremiam enquanto eu me abaixava para enfiar minhas roupas na caixa mais próxima. **Eu não tinha casa. Não tinha emprego. E não tinha para onde ir.**
Uma vozinha chamou atrás de Josh.
— Mamãe?
O rosto choroso da minha filha apareceu na porta, ao lado do irmão.
— Está tudo bem, meus amores — eu disse, forçando firmeza na voz. — A mamãe só… vai fazer uma pequena viagem.
— Quando você volta? — meu filho perguntou, com o lábio inferior tremendo.
Olhei para Josh, implorando em silêncio. Mas sua expressão permaneceu impassível.
— Logo — prometi, mesmo sem saber como cumpriria essa promessa. — Amo vocês dois mais do que tudo. Nunca se esqueçam disso.
**Não lutei. Não podia.** Porque no momento em que me virei para olhar meus filhos chorando na porta, soube que se eu desmoronasse agora, nunca mais conseguiria me recompor.
Então, chamei um caminhão pequeno, carreguei minhas caixas e fui embora. **Não olhei para trás.**
—
Fiquei com minha irmã pelo mês seguinte, sentindo-me um fantasma de mim mesma. **Quase não dormia. Quase não comia.** Apenas ficava deitada à noite, encarando o teto e me perguntando como me tornei tão descartável para o homem a quem dei tudo.
— Sam, você precisa comer alguma coisa — minha irmã insistiu, colocando um prato ao meu lado.
— Eu continuo vendo os rostos deles — sussurrei. — Meus bebês… chorando na porta. Como ele pôde fazer isso com eles? Comigo?
Minha irmã sentou-se ao meu lado e segurou minha mão.
— Ele é um covarde, Sam. Um covarde patético que não consegue encarar as consequências de suas escolhas.
**Mas o karma tinha outros planos.**
Porque exatamente um mês depois, a mãe de Josh, **Jeanne**, apareceu na porta da minha irmã.
Ela sentou-se na sala, os olhos cheios de arrependimento.
— Eu criei meu filho melhor do que isso — ela disse, retorcendo as mãos. — Eu não reconheço o homem que ele se tornou.
Então, ela me entregou o telefone. E foi aí que **tudo mudou.**
Na tela, estava o avô de Josh, **Theo**. Um homem de poucas palavras, mas cuja aprovação Josh passou a vida inteira tentando conquistar.
Seus olhos afiados se fixaram em mim.
— **Sinto muito, querida** — ele disse. — Ele não tinha direito de te expulsar. Essa casa é minha. Mas decidi mudar isso.
Fiquei boquiaberta.
— Quando estive doente, foi você quem ficou ao meu lado. **Não meu neto. Não a amante dele.** E nunca esquecerei disso. Para mim, você é minha neta… talvez até mais do que ele é meu neto.
— A casa agora é sua — ele finalizou. — Para você e seus filhos.
—
No dia seguinte, **voltei para a minha casa.**
Victoria estava na cozinha, vestindo **meu** roupão e bebendo café **na minha** caneca favorita.
— O que você está fazendo aqui? — ela perguntou, assustada.
Eu sorri, lenta e afiada.
— Ah, você vai descobrir em breve.
Josh apareceu furioso.
— Você não pode simplesmente aparecer aqui, Samantha!
— **Não posso?** — perguntei, sentindo uma força nova em minha voz.
Jeanne ergueu os documentos legais.
— Na verdade, ela pode. Porque essa casa **não pertence mais a você.**
Josh empalideceu. **Ele perdeu tudo.**
E então, eu disse as palavras que esperava dizer desde o dia em que fui jogada na rua:
**“Façam as malas e SUMAM. Ou eu jogarei suas coisas fora, assim como fizeram comigo.”**
E, naquela noite, eu finalmente pude **colocar meus filhos na cama, na nossa casa, e sentir que tudo ficaria bem.**
Porque o karma guarda recibos. E, dessa vez, foi pago com juros.