O dia do casamento de Hazel é perfeito até que uma mulher misteriosa interrompe a cerimônia, alegando ser a esposa de Sam. À medida que a verdade se desvela, Hazel enfrenta um momento que poderia destruir tudo. Mas o amor nem sempre é o que parece, e, às vezes, o inesperado leva a algo ainda mais bonito… Eu me sentei em frente ao espelho, meus dedos roçando o rendado do meu vestido de noiva, traçando os delicados padrões florais bordados no tecido. Uma respiração lenta preencheu meus pulmões, densa com o cheiro de peônias e rosas do meu buquê, que estava repousando perto de mim.
Eu estava me casando com Sam.
O amor da minha vida.
O jovem que um dia me entregou uma margarida no meio de uma tempestade de verão, sorrindo como se tivesse arrancado o próprio sol só para mim. O homem que memorizou o meu café, até o extra de baunilha, antes mesmo de eu perceber que tinha um pedido regular.
A pessoa que, sem falta, beijava minha testa todas as noites, fosse envoltos em risadas ou embaraçados em uma discussão.
Eu o conhecia. Conhecia suas mãos firmes, sua força silenciosa, a maneira como seus olhos se suavizavam quando encontravam os meus em uma sala cheia.
Sam era o meu lugar seguro.
Uma lágrima surgiu no canto do meu olho, e eu ri de mim mesma, enxugando-a antes que caísse.
“Cuidado,” brincou minha madrinha, Lauren, na porta, estendendo uma taça de champanhe. “Passamos tempo demais no seu maquiagem para você estragar agora.”
Peguei a taça, balançando a cabeça.
“Eu só…” Minha voz vacilou. “Eu não consigo acreditar que isso é real.”
“Você está prestes a ser uma esposa,” Lauren sorriu de forma travessa.
Uma esposa.
A palavra causou um arrepio em mim. Porque isso não era apenas um casamento.
Era o nosso casamento. O nosso começo.
E em apenas trinta minutos, eu estaria caminhando até o altar, em direção ao homem que eu amei por aquilo que parecia uma vida inteira.
Tudo estava perfeito. As flores, a música, o zumbido suave dos nossos convidados. Eu estava em pé no altar, meu coração batendo forte, meus dedos entrelaçados ao redor do meu buquê enquanto meus olhos se encontravam com os de Sam, meu noivo de cinco anos.
Estávamos a segundos da eternidade.
Eu tinha imaginado esse momento mil vezes, imaginei a expressão dele quando eu dissesse “sim”, a forma como a voz dele soaria quando ele prometesse me amar pelo resto de sua vida.
Então, a porta rangeu.
O som cortou o silêncio como uma faca, e todas as cabeças na sala se viraram.
Uma mulher entrou.
Os saltos dela faziam um som seco no piso, com passos lentos e deliberados. Ela era deslumbrante. Tinha cabelos longos e escuros caindo sobre um ombro, os lábios pintados de um vermelho forte e ousado.
Mas não foi a beleza dela que me gelou.
Foi o jeito como ela olhou para Sam.
Meu Sam.
“Você não vai contar a eles?” ela perguntou, a voz suave e confiante.
Meus dedos se contraíram ao redor do meu buquê.
“Contar o quê?” Engoli em seco.
Ela não olhou para mim. Seu olhar ficou fixo em Sam.
“Que você já é casado, Sam,” ela disse.
A sala deu um suspiro coletivo, e murmúrios e suspiros se espalharam por todo lugar. Minha respiração ficou presa na minha garganta. As flores nas minhas mãos pareciam mais pesadas, como se eu estivesse afundando sob seu peso. Meu anel de noivado parecia que estava marcando minha pele.
Olhei para Sam, esperando que ele risse, que balançasse a cabeça, que fizesse algo… qualquer coisa! Algo que provasse que isso era uma piada de mau gosto.
Mas ele não fez.
Em vez disso, ele deu um passo à frente.
Meu coração bateu forte contra as minhas costelas.
Os sussurros começaram ao nosso redor. Eu senti minha mãe se tencionar ao meu lado, a mão indo automaticamente à boca. Minhas damas de honra se moveram, com os olhos arregalados, seus buquês caindo.
Eu podia ouvir meu coração batendo forte, cada batida ensurdecedora no silêncio.
E então, bem ali, no meio do nosso casamento, ele caminhou em direção a ela.
Acho que todo o ar saiu dos meus pulmões.
Os movimentos de Sam não eram hesitantes. Ele não estava correndo para corrigir a situação, não estava negando nada.
E então, Deus me ajude, ele a envolveu com os braços.
Um silêncio atordoante caiu sobre a sala.
O mundo se inclinou. Minhas mãos tremeram. Eu queria me mover, dizer algo, gritar, mas não consegui.
Os lábios de Sam se moveram, sussurrando algo no ouvido dela. Algo que apenas ela poderia ouvir.
Ela deu uma risadinha suave.
Parece que o chão se abriu abaixo de mim, e eu estava caindo no vazio.
Quando ele finalmente voltou para mim, seu rosto estava preenchido com algo que eu não conseguia identificar.
Arrependimento?
Dor?
Traição?
“Eu…” Ele exalou de forma brusca, passando a mão pelo rosto. “Hazel, eu preciso explicar isso.”
“Você…” Minha voz quebrou. “Você é casado?”
“Não.” A voz dele estava cuidadosa, muito cuidadosa. Era como se ele estivesse calculando quantas palavras seriam necessárias para explicar.
“Não exatamente, Hazel,” ele continuou.
A mulher, essa estranha que havia acabado de destruir o meu casamento, deu uma risadinha suave, balançando a cabeça.
“Uau,” ela murmurou. “Essa é uma maneira de colocar isso.”
Eu me virei para ela, minha voz trêmula.
“Quem é você?”
Os olhos dela se encontraram com os meus pela primeira vez, e algo neles suavizou.
“Meu nome é Anna,” ela disse, simples.
Anna.
O nome ecoou nos meus ouvidos, as peças se encaixando lentamente, com muita dor.
Sam já havia mencionado ela antes.
Ela era uma amiga de infância. Alguém com quem ele fora próximo por anos. Mas nunca… nem uma vez ele mencionou um casamento.
Eu me senti enjoada, o ânimo subindo até a minha garganta.
“Sam,” eu disse, forçando as palavras a saírem. “Diga a verdade. Agora. Na frente de toda nossa família e amigos.”
Ele engoliu em seco, olhando entre nós duas antes de se virar totalmente para mim.
“Quando éramos crianças, fizemos um casamento de brincadeira,” ele admitiu. “Anéis de bala, alguns votos rabiscados e Anna tentando tocar uma música no ukulele. Achávamos que era real na época. Tínhamos doze anos.”
Ele deu uma risadinha nervosa, passando a mão pelo cabelo.
“Mas a Anna é a minha melhor amiga, só isso.”
A sala parecia prender a respiração.
“Então, por que…” Minha voz quebrou.
Eu limpei a garganta e tentei novamente.
“Então, por que você a abraçou assim? Por que ela entrou aqui e disse isso?”
A expressão de Sam se escureceu. Ele hesitou por um longo momento e depois suspirou.
“Alguns anos atrás,” ele disse, “a Anna sofreu um terrível acidente de carro.”
Silêncio.
“Os médicos disseram que ela talvez nunca voltasse a andar.”
Um silêncio se espalhou pela sala, e ouvi minha mãe ofegar. Minhas mãos apertaram o buquê novamente.
“E então?” eu perguntei.
“A Anna passou anos em reabilitação, lutando para ter a vida de volta,” Sam continuou. “Eu a convidei para o casamento porque como eu poderia não tê-la aqui? Mas ela me disse que não conseguiria vir.”
A voz de Sam se tornou mais densa. Ele olhou para Anna e, pela primeira vez, eu vi a emoção nos olhos dele.
Não era amor.
Era algo diferente.
Mas era igualmente profundo.
“Ela não queria que eu soubesse que ela viria…” ele disse suavemente.
“Eu queria atravessar essas portas sozinha,” Anna disse, igualmente suave. “Estive praticando com os saltos por muito tempo agora. Literalmente estive me ensinando a andar com eles para o seu dia.”
Meu coração apertou.
Anna deu uma respiração lenta e se virou para mim.
“Sinto muito pelo drama, Hazel,” ela disse, sua voz cheia de algo entre culpa e diversão. “Sam e eu sempre fizemos pegadinhas um no outro, e eu pensei… por que não uma última vez?”
Ela soltou uma pequena risada, balançando a cabeça.
“Mas, principalmente, eu só queria ver a cara dele quando me visse entrar. Quando eu recebi o diagnóstico depois do acidente, eu me afastei de todo mundo. Não podia acreditar que iria viver o resto da minha vida em uma cadeira de rodas.”
Anna fez uma pausa, deixando a realidade de sua situação se assentar sobre todos nós.
“Mas Sam me arrumou um lugar na clínica, e eu entrei sabendo que talvez a realidade da cadeira de rodas ainda me encontrasse depois disso. Mas quando cheguei lá, me fechei de novo, incluindo o Sam. E eu trabalhei duro. Agora, aqui estamos.”
Lágrimas queimaram meus olhos. Eu não podia acreditar nisso. Essa mulher havia lutado para voltar, se certificando de que encontraria seu equilíbrio novamente.
“Eu fiz stalker Sam nas redes sociais, porém,” Anna continuou, rindo. “E eu nunca vi ele tão feliz. Nem uma vez em todos os anos que o conheço. Quando ele postou sobre o seu noivado, eu entrei em contato para dizer o quanto estava feliz por ele. Foi quando começamos a conversar novamente…”
Eu olhei para Sam e sorri.
“E eu estou tão feliz por vocês dois. De verdade,” disse Anna.
A sala ficou quieta. Então, houve uma risada.
Começou suave, apenas uma respiração contra os meus lábios. Mas depois cresceu mais forte. Subiu de dentro de mim, me surpreendendo.
Porque isso não era traição. Isso não era decepção. Isso era um milagre.
Olhei de volta para Sam. Seus lábios se abriram, o alívio invadindo suas feições. E quando olhei para ele, ali parado, coração aberto e olhos cheios de tudo o que construímos juntos, eu soube.
Isso estava certo.
“Venha, sente aqui, Anna,” minha mãe disse, movendo sua bolsa para Anna se sentar.
A tensão na sala se dissipou, a energia mudou com os convidados murmurando e rindo suavemente.
“Libere a música,” Sam disse. “Está na hora de nos casarmos.”
Eu estendi minha mão para Sam enquanto a playlist instrumental romântica começava a tocar.
“Agora, vamos seguir com o show,” o pastor disse, sorrindo.
Tudo estava de volta aos trilhos. Mas, mais importante que tudo?
Eu encontrei paz na forma como Sam me olhava. E isso era tudo o que eu precisava.
O suave zumbido de risadas e conversas enchia o ar na nossa recepção de casamento, se misturando com o tilintar das colheres.
O cheiro de alecrim, alho e manteiga permanecia, quente e rico, percorrendo o ar. O jantar tinha sido perfeito.
Os pratos estavam limpos de frango com limão e ervas e risoto cremoso de trufa.
“Muito bem, Hazel,” eu disse a mim mesma. “Você fez um ótimo trabalho com o menu.”
Meu casamento tinha sido um sonho.
E enquanto me sentava lá, com minha taça de champanhe fria nos dedos, deixei-me respirar aquilo.
O amor. A alegria. O calor de tudo.
Uma risada suave saiu de mim. Depois da forma como a cerimônia começou, era um milagre que eu estivesse aqui, saboreando o brilho do nosso para sempre.
“Já me perdoou?”
Me virei para ver Anna deslizando na cadeira vazia ao meu lado, seus olhos brilhando com algo entre culpa e diversão.
“Bem, você quase me deu um ataque cardíaco,” disse, assistindo Sam dançar com minha mãe.
“Ok, justo,” Anna fez careta. “Mas… você está feliz?”
Eu exalei, mantendo meu olhar em Sam. E quando ele virou, como se sentindo me observando, sorriu.
Era aquele sorriso suave. Aquele que sempre sentiu como casa.
Senti meu peito apertar.
“Sim, realmente estou.”
Anna sorriu.
“Então, me considerarei quase perdoada.”
Revirei os olhos, mas meus lábios se curvaram em um sorriso. E enquanto a música aumentava, e Sam se dirigia até mim, senti-me contente.
“Venha,” ele disse. “Vamos dançar.”