«Eu me separei do meu primeiro marido há muitos anos. Ah, como ele me esgotou!
Depois desse casamento, levou muito tempo para eu me recuperar.
Ele não trabalhava, gastava meu dinheiro com álcool e pegava coisas da casa.
E eu suportava tudo isso, porque tinha um filho crescendo.
Mas um dia, quando Gabriel tinha 12 anos, ele se aproximou de mim, olhou nos meus olhos e disse:
— Mãe, por que você tolera isso?
Tire-o de lá!
Naquele momento, como se um véu tivesse caído dos meus olhos, sem hesitar, tirei meu marido de casa.
Que alegria foi essa — não consigo expressar com palavras.
Depois, tive pretendentes, mas nunca planejei ter um relacionamento sério.
Tinha medo de cair novamente na armadilha.
Os últimos quatro anos foram especialmente difíceis.
Meu filho foi trabalhar no Canadá e decidiu ficar lá para sempre.
E eu não quero sair — é tarde demais para me acostumar com outro país.
O período da pandemia foi especialmente difícil para mim — ninguém vinha me visitar.
E com o tempo, a solidão se tornou insuportável.
— Encontre pelo menos um amigo com quem você possa conversar! — me incentivava minha amiga.
— Entende, olho para os homens da minha idade e todos parecem envelhecidos e fracos.
Tenho vergonha de aparecer com eles na frente dos outros.
Por que eu faria isso?
Para cuidar de alguém na velhice?
Eles não estão procurando por um parceiro — estão procurando por uma enfermeira.
— Então, conheça alguém mais jovem.
Você está maravilhosa!
Essas palavras me fizeram pensar.
E foi assim que comecei a conversar com um homem que morava na casa ao lado.
Todo dia ele passeava com o cachorro dele no parque ao lado das nossas casas.
Ele se chamava Ion.
Era divorciado, sua ex-mulher tinha ido para a Itália e ele tinha uma filha adulta.
Ele parecia muito bem — um homem alto e charmoso de 49 anos.
Eu, como disse, tinha 62 anos.
Começamos a conversar, e ele me tratava tão bem — quase todos os dias me trazia flores.
Não entendi como, mas ele já tinha se mudado para minha casa.
Todos ao redor se perguntavam como um homem tão atraente e interessante se interessava por mim.
Confesso — gostei dessa atenção.
Todos os dias preparava comidas gostosas para ele, lavava e passava suas roupas com prazer.
Mas um dia ele me disse:
— Você poderia passear com o meu cachorro.
Seria bom para você passar mais tempo ao ar livre!
— Vamos juntos.
— Talvez não devêssemos aparecer com frequência juntos em público.
«Será que ele tem vergonha de mim?» pensei.
E então percebi que eu me tinha transformado na empregada da casa dele.
Decidi falar sério com ele.
— Acho que as tarefas domésticas devem ser divididas igualmente.
Você pode passar suas roupas sozinho.
E pode passear com seu cachorro sozinho.
— Olha, se você queria um homem novo e bonito, deve agradá-lo.
Caso contrário, por que tudo isso?
— Você tem 30 minutos para pegar suas coisas e sair!
— O quê?
Não posso — minha filha já trouxe o namorado dela para a minha casa.
— Então, vivam juntos!
Não hesitei em mandá-lo embora de casa.
Mas confesso, me senti triste.
Será que uma mulher da minha idade não tem mais chance de encontrar o verdadeiro amor?
Ainda sinto falta da ternura…»
