Adotamos uma menina de 4 anos — apenas um mês depois, minha esposa exigiu: ‘devemos devolvê-la’

Histórias interessantes

Simon e Claire finalmente têm a família com a qual sonhavam… até que Claire exige que devolvam sua filha recém-adotada. À medida que o amor de Claire se transforma em ressentimento, Simon se vê diante de uma escolha impossível. Mas, para ele, não há dúvida. Sophie é sua filha agora. E ele lutará por ela, não importa o custo.

A primeira vez que vi Sophie, ela correu direto para os meus braços. Ela era pequena, com grandes olhos castanhos e cachos selvagens, e cheirava a xampu de bebê e grama fresca. Ela se agarrou a mim como se já soubesse, como se já tivesse decidido que eu era dela.

Claire e eu lutamos por esse momento. Anos de gravidezes frustradas. Anos de desgosto. Quando decidimos pela adoção, a espera parecia insuportável, meses de papéis, visitas domiciliares, entrevistas.

E agora, estávamos aqui.

“Tem certeza disso?” a assistente social, Karen, perguntou.

Ela nos observava atentamente do outro lado da mesa, com um grande arquivo à sua frente. Sophie estava no meu colo, brincando com minha aliança de casamento, cantando suavemente para si mesma.

“Claro,” a voz de Claire era firme e confiante. “Ela é nossa.”

Karen acenou com a cabeça, mas não parecia muito convencida. Tentei não levar isso tão a sério, porque Karen provavelmente estava acostumada a ver famílias prometendo o mundo a essas crianças e depois falharem.

“Eu acredito que você realmente sinta isso,” ela disse. “Mas a adoção não é apenas sobre amor. É sobre compromisso. Isso é para sempre. Você está trazendo uma criança para sua casa que teve um começo difícil na vida. Sophie vai testar vocês. Vai desafiar limites e talvez até quebrar coisas. Não será por mal, claro, mas ela é apenas uma criança. Vocês precisam estar preparados para tudo isso.”

Claire estendeu a mão por cima da mesa e apertou a minha.

“Nós sabemos,” disse Claire.

Ela sorriu para Sophie, que sorriu de volta.

“Ela é um anjo perfeito.”

“Certo,” Karen hesitou. “Então, parabéns, Claire e Simon! Vocês são oficialmente pais.”

Algo se moveu no meu coração. Este era o começo de para sempre.

Eu soube que algo estava errado no momento em que pisei na porta da frente.

Estava quieto, quieto demais, como se a casa estivesse segurando a respiração. Então, do nada, Sophie se jogou em mim, envolvendo seus bracinhos ao redor das minhas pernas.

Sua voz pequenina tremia.

“Eu não quero ir embora, papai,” ela disse.

Eu franzi a testa, me ajoelhando para ficarmos ao nível dos olhos.

“Ir embora para onde, meu anjo?” eu perguntei.

O lábio inferior dela tremeu. Lágrimas se acumularam em seus grandes olhos castanhos.

“Eu não quero ir embora de novo. Quero ficar com você e com a mamãe.”

Um calafrio percorreu minha espinha. Onde ela tinha ouvido isso? E por quê? Sophie era muito pequena para a escola e passava os dias com Claire em casa. Enquanto Claire trabalhava, Sophie brincava. Quando Claire tinha reuniões, qualquer uma das nossas mães ficava com Sophie.

Quem tinha dito o quê para minha filha?

“Isso não vai acontecer,” eu prometi. “Você está em casa agora, minha querida.”

Então Claire apareceu no corredor.

Ela não estava olhando para mim, seus olhos fixos em algum ponto além do meu ombro, braços cruzados tão firmemente que pareciam doloridos. Seu rosto estava pálido, vazio até. Mas seus olhos? Não estavam vazios. Estavam distantes.

Como se algo já tivesse se quebrado dentro dela.

“Simon, precisamos conversar,” ela disse.

“Por que a Sophie está dizendo que precisa ir embora?” eu rebati.

A mandíbula de Claire se contraiu.

“Leve-a para o quarto dela. Agora, Simon!”

Os dedinhos de Sophie se agarraram à minha camisa como se tentasse se ancorar em mim. Eu passei a mão nas costas dela.

“Querida, vai brincar um pouco, ok? Vai para o seu quarto. Eu vou te chamar em breve e a gente vai jantar!”

Ela hesitou. Eu podia sentir o coração dela batendo rápido contra o meu.

Então, relutante, ela assentiu e caminhou para o corredor, lançando olhares nervosos entre nós antes de desaparecer no seu quarto.

Assim que a porta dela se fechou, Claire falou.

“Precisamos devolver ela.”

“O quê?” eu gaspei. “O que você acabou de dizer?”

Os braços de Claire se apertaram sobre o peito.

“Eu não quero mais isso, Simon,” ela sussurrou. “Ela está… ela está destruindo tudo! Meus livros, meus arquivos… minhas roupas… ela até estragou meu vestido de casamento!”

“O que você quer dizer?” eu franzi a testa.

Claire exalou profundamente, passando a mão pelo rosto como se mal conseguisse se controlar.

“Eu o tirei mais cedo. Eu estava me sentindo nostálgica, acho… Sophie entrou quando eu estava segurando ele, e ela se iluminou, Simon. Ela chamou de vestido de princesa e perguntou se podia tocá-lo!”

Meu peito doía com a imagem de uma menina, cheia de fascinação, olhando para algo bonito…

“Isso é—”

“Isso não é o problema,” Claire interrompeu, com um tom ríspido. “O problema é que ela estava com tinta nas mãos. Eu nem sei como não vi isso. Mas no momento em que ela tocou o tecido…”

A voz dela se quebrou em uma risada, aguda e sem humor.

“Impressões de mãos azul brilhante. O maldito vestido inteiro!”

“Claire, ela não fez isso para te machucar,” eu suspirei.

“Você não sabe disso, Simon!” A voz de Claire quebrou. “Você não vê! Ela é manipuladora. Ela quer que eu saia para poder ficar com você só para ela.”

Eu fiquei olhando para ela.

“Você se ouve agora?”

“Você sempre quis isso mais do que eu.”

As palavras me atingiram como um tapa.

Eu queria isso? Só eu?

Como se não fosse ela quem havia insistido pela adoção, jurando que era o que ela também queria? Como se ela não tivesse chorado de alegria no dia em que conhecemos Sophie, prometendo a ela um lar para sempre?

Eu dei um passo à frente, procurando seu rosto para encontrar a mulher que eu conhecia. A mulher que um dia havia segurado Sophie.

“Você está segura agora. Nós te amamos tanto,” ela disse.

Mas agora? Tudo o que eu via era outra pessoa. Alguém que não amava nossa filha.

“Você não está falando sério,” eu disse em voz baixa. “Você está só sobrecarregada, e isso é só um ajuste. Como Karen disse. Sophie está apenas testando limites, sim… mas ela não é…”

“Para com isso, Simon,” a voz de Claire cortou a minha como uma faca. “Ou ela vai, ou eu vou.”

Eu congelei.

Eu não esperava um ultimato. Minha esposa ou minha filha?

Olhei para Claire, e ela não estava brincando. Sua expressão estava muito calma, muito certa, como se já tivesse feito as pazes com isso. Ela entrou nessa conversa sabendo que me deixaria sem muitas opções.

Ela havia assumido que venceria.

A mulher que eu amava, a Claire que havia lutado por essa adoção, que chorou quando trouxemos Sophie para casa, se foi. E em seu lugar estava alguém que via uma menina assustada como uma ameaça.

“Eu não vou destruir a vida dessa menina,” eu disse, com a voz firme. Final. “Ela é minha filha agora.”

“Você está escolhendo uma estranha sobre mim?” A boca de Claire se abriu.

“Estranha? Você está fora de si?! Eu estou escolhendo o que é certo.”

Uma risada amarga e incrédula explodiu dela.

“Você acha que é algum tipo de herói? Que eu sou a vilã por não querer uma criança que… que…” ela soltou um som abafado, passando as mãos pelos cabelos.

Eu não respondi. Porque não havia mais nada a dizer.

Claire passou por mim, pegou suas chaves e bateu a porta atrás de si. O som do carro dela saindo da garagem ecoou pela noite.

E assim, ela se foi.

**Três semanas depois**

O quarto cheirava a café velho e a um ambientador barato.

Um relógio redondo fazia tic-tac na parede, cada segundo se esticando entre nós como um cânion. Sophie estava com minha mãe, empolgada para fazer biscoitos e decorá-los também.

“Não se preocupe, Simon,” minha mãe disse. “Eu vou manter minha neta amada e entretida. Você vai lá e resolve seu casamento, filho.”

Agora, Claire estava sentada na minha frente. Suas mãos estavam rigidamente dobradas no colo e seus olhos ficavam se movendo entre mim e a mediadora.

Eu mal reconhecia Claire como minha esposa.

Ela não estava pálida e frenética como na noite em que foi embora. Ela estava composta, com os lábios pintados de rosa suave, usando os mesmos brincos de pérola que eu lhe dei no nosso aniversário.

Mas havia algo errado, algo forçado, como se ela tivesse ensaiado olhar arrependida no espelho antes de vir aqui.

“Eu cometi um erro,” ela disse, finalmente quebrando o silêncio. “Eu não estava no meu juízo perfeito.”

Eu exalei lentamente, olhando para a mediadora, uma mulher chamada Ellen, que nos observava atentamente, com uma caneta pronta sobre um bloco de notas.

Claire se virou para mim, a voz dela agora mais suave, mais doce.

“Simon, eu… eu deixei o medo tomar conta de mim. Eu não estava pronta. Mas eu tive tempo para pensar, e eu quero voltar para casa. Eu quero consertar as coisas.”

Eu fiquei em silêncio.

Porque o que havia para consertar?

Ela tinha ficado na nossa casa, olhado para nossa filha e chamado ela de manipuladora. Uma criança de quatro anos era manipuladora aos olhos de Claire?

Ela me deu um ultimato, como se Sophie fosse um objeto para ser descartado.

E agora, porque um ano tinha se passado, porque ela estava sozinha, porque a realidade de suas escolhas havia se instalado, ela queria voltar no tempo?

Desfazer tudo?

“Você não me deixou só, Claire,” eu disse. “Você a deixou também.”

“Eu estava sobrecarregada…” Ela se encolheu.

“Nós dois estávamos,” eu interrompi. “Mas eu não fui embora.”

Os lábios de Claire se abriram, mas eu não terminei.

“Você sabe o que ela fez depois que você se foi?” Minha voz vacilou, mas eu continuei. “Ela chorou até dormir por semanas. Acordava no meio da noite, chamando por você. Ela achava que tinha feito algo de errado.”

“Simon…” Os olhos de Claire estavam agora vidrados.

Eu balancei a cabeça.

“Você a quebrou,” eu engoli em seco. “E eu não vou deixar você fazer isso de novo.”

Silêncio.

Ellen pigarreou.

“Simon, só para esclarecer, você está dizendo que a reconciliação não é uma opção?”

Eu olhei para a mediadora.

“É exatamente isso que estou dizendo.”

“Eu ainda te amo, Simon,” Claire disse.

“Eu não te amo mais,” eu a encarei, firme.

A verdade se estabeleceu entre nós, fria e final. Claire soltou um soluço quieto e quebrado. Mas eu não fui até ela. Não a consolarei.

Porque a mulher que eu um dia amei escolheu ser uma estranha.

E eu já escolhi Sophie.

**Um ano depois**

Sophie ainda se encolhe com vozes altas.

Ela ainda hesita antes de me chamar de “Papai,” como se tivesse medo de que a palavra faça com que eu desapareça.

Ela ainda se agarra a mim quando está assustada, quando os pesadelos a perseguem até o meu quarto, quando me perde de vista na loja, quando está segurando minha mão e alguém a solta.

Mas ela está rindo mais agora. Ela está mais leve. Ela está aprendendo a confiar no tipo de amor que não vai embora.

Esta noite, quando a coloquei na cama, ela se aconchegou no meu peito, seus dedinhos se entrelaçando com os meus.

“Você não vai me deixar, papai?”

“Nunca,” eu disse, beijando sua testa.

Ela suspirou, seu corpo se relaxando contra o meu.

Finalmente segura. Finalmente em casa.

Visited 646 times, 1 visit(s) today
Rate the article
( Пока оценок нет )