Meu nome é Sarah, e minha história começou com uma tragédia. Quando eu tinha dois anos, minha mãe morreu em um acidente de carro, e meu pai nos abandonou. Meus avós me acolheram. Eles se tornaram o meu mundo inteiro. Me amaram e me apoiaram em tudo. Graças a eles, acabei de me formar no ensino médio e fui aceita em uma ótima faculdade.
O dia da formatura deveria ser perfeito. Mal podia esperar para que meus avós me vissem receber meu diploma. Eu estava tão animada.
“Isso é para vocês, vovó e vovô”, pensei enquanto colocava meu capelo e beca. Não via a hora de ver seus rostos cheios de orgulho quando eu atravessasse o palco. Eles me deram tudo.
De repente, ouvi alguém chamar meu nome.
— Sarah?
Virei-me e vi um homem que não reconheci. Ele tinha um rosto gentil, mas parecia um pouco desgastado.
— Sim, sou eu — respondi com cautela.
Ele sorriu, mas seus olhos estavam tristes.
— Sou eu, seu pai.
Senti minha respiração falhar.
— Meu pai? Não, meu pai me abandonou quando eu tinha dois anos.
Seu rosto entristeceu.
— Não, isso não é verdade. Eu estive procurando por você todos esses anos. Seus avós esconderam você de mim.
O homem abriu a carteira e me mostrou uma foto da minha infância com um jovem que eu reconhecia como meu pai. Essa era a única foto que eu tinha dele.
Minha mente girou.
— O quê? Eles disseram que você me abandonou.
Ele pegou o celular e me mostrou mensagens de texto. Palavras raivosas e dolorosas enviadas pela minha avó.
— Eles me disseram para ficar longe, Sarah. Eles nunca me quiseram por perto.
Lágrimas encheram meus olhos. Isso poderia ser verdade? Meus avós mentiram para mim?
— Por que fariam isso? — sussurrei, sentindo uma mistura de raiva e confusão.
— Eu não sei, Sarah. Mas estou aqui agora. Sempre quis fazer parte da sua vida — disse ele suavemente.
Olhei para meus avós sentados na plateia, sorrindo e acenando para mim. Minhas emoções estavam em turbulência. Eu não podia acreditar que tinham mentido para mim por tanto tempo. Caminhei até eles, com a raiva fervendo dentro de mim.
— Vão embora — disse em voz alta, minha voz tremendo de fúria.
O sorriso da vovó desapareceu.
— Sarah, o que houve? — ela perguntou, seus olhos cheios de lágrimas.
— Saiam agora! — gritei, minha voz ecoando no salão. As pessoas começaram a olhar.
O vovô se levantou lentamente, seu rosto pálido.
— Sarah, por favor, fale conosco. O que está acontecendo?
— Vocês mentiram para mim! Mantiveram meu pai longe de mim todos esses anos. Apenas vão embora! — insisti.
Meu pai se aproximou e colocou a mão no meu ombro.
— Obrigado, Sarah. Sei que isso é difícil.
— Por que eles mentiram? — perguntei, com lágrimas escorrendo pelo rosto.
— Eu não sei, mas podemos conversar sobre isso — ele disse gentilmente. — Vamos passar por este dia primeiro.
Mais tarde, sentei-me com meu pai em um canto tranquilo do café, meu café esfriando à minha frente. Observei-o, tentando conciliar o homem à minha frente com as histórias que meus avós haviam me contado.
— Então — comecei, minha voz tremendo ligeiramente — me conte tudo. Comece do começo.
Ele suspirou e tomou um gole do café.
— É uma longa história, Sarah. Mas você merece saber a verdade.
Ele fez uma pausa, reunindo seus pensamentos.
— Quando sua mãe e eu ficamos juntos, tudo era maravilhoso. Éramos jovens e apaixonados. Mas seus avós nunca gostaram de mim. Achavam que eu não era bom o suficiente para ela.
— O que quer dizer? — perguntei, buscando sinceridade em seu olhar.
— Eles sempre me julgavam — continuou, balançando a cabeça. — Seu avô achava que eu era um fracassado porque não tinha um emprego de prestígio. Queriam que sua mãe se casasse com outra pessoa. Quando você nasceu, ficou ainda pior.
Meu coração doía.
— Por que você não voltou? Por que não tentou me encontrar antes?
Silenciosamente, ele pegou o celular e me mostrou mensagens antigas da minha avó. Eram cheias de raiva e ordens para ele ficar longe.
Minhas mãos tremiam enquanto eu lia.
— Não acredito que eles fariam isso.
— Eles achavam que estavam te protegendo — disse suavemente, apertando minha mão. — Não confiavam em mim, e não posso culpá-los por estarem zangados, mas eles mentiram para você. Eu tentei voltar para sua vida desde então.
Lágrimas encheram meus olhos.
— Por que veio na minha formatura?
— Soube disso através de um velho amigo — explicou. — Queria te ver, te parabenizar. Achei que talvez, depois de tanto tempo, você estaria pronta para me conhecer.
Assenti lentamente, absorvendo suas palavras.
— Passamos por tempos difíceis — ele disse. — Meu filho, seu meio-irmão, está muito doente. Preciso de muito dinheiro para o tratamento dele e pensei que poderia pedir pelo menos 1000 dólares para você.
Olhei para ele, dividida entre raiva e pena.
— Por que não me contou isso antes?
— Não queria estragar seu grande dia — disse com um sorriso triste. — Queria esperar até podermos conversar direito.
Suspirei, sentindo uma mistura de emoções.
— Isso é muita coisa para processar.
— Eu sei — disse gentilmente. — Leve o tempo que precisar. Eu não vou a lugar nenhum.
Olhei pela janela, observando o mundo passar.
— Preciso falar com meus avós. Há muita coisa que preciso entender.
— Claro — disse ele, estendendo a mão para segurar a minha. — Estarei aqui quando você estiver pronta.
Apertei sua mão e me levantei.
— Preciso ir. Mas obrigada por ser honesto comigo.
— Obrigado por me ouvir — ele disse, com esperança nos olhos.
Quando saí do café, senti um peso enorme sobre meus ombros. Eu tinha muito em que pensar e ainda mais para conversar com meus avós.
(…)
No dia seguinte, meu pai apareceu em casa, esperançoso.
— Você conseguiu o dinheiro? — perguntou.
Balancei a cabeça.
— Não, pai, não posso te dar dinheiro.
Ele franziu a testa.
— Mas é para o tratamento do seu irmão.
— Eu sei que você mentiu sobre isso — disse firmemente. — Vi as fotos. Ele não está doente. Você só queria o dinheiro.
Seu rosto ficou vermelho de raiva.
— Você é igualzinha aos seus avós — resmungou. — Eu devia ter ficado longe.
— Talvez devesse mesmo — respondi, com a voz firme. — Estou farta das suas mentiras.