Meus pais ricos exigiram que eu me casasse para herdar os negócios da família, então escolhi uma “garota do interior” para provocá-los. Mas logo descobri que ela escondia um segredo poderoso.
Vou admitir. Não me orgulho de como comecei tudo isso. Eu não estava procurando amor, nem de longe. Só queria me vingar dos meus pais.
Veja bem, sempre vivi do jeito que quis, sem amarras. Festas, carros velozes, férias caras. E por que não? Minha família era rica, e eu sabia que herdaria os negócios do meu pai um dia.
Mas então, meus pais me chamaram para “a conversa.”
“Escute, Alex,” meu pai disse, inclinando-se para frente como se estivesse discutindo um acordo comercial. “Sua mãe e eu achamos que está na hora de você sossegar.”
“Sossegar?” Zombei, recostando-me com um sorriso irônico. “Quer dizer, casar?”
“Exatamente,” ele disse com um aceno, sem desviar o olhar. “Você está quase com 30 anos. Se quiser a empresa, precisamos ver um compromisso. Isso significa uma esposa, uma família. Você não pode administrar um negócio assim sozinho.”
Minha mãe interveio, balançando a cabeça. “Seu pai trabalhou a vida toda para isso, Alex. Não podemos confiar o futuro da empresa a alguém que trata a vida como uma festa.”
Eu estava furioso. Eles queriam um casamento, então eu daria um a eles. Se achavam que podiam me manipular, eu provaria o contrário. Encontraria alguém que os fizesse questionar suas próprias exigências.
E foi assim que conheci Mary.
Mary não era do tipo de lugar onde eu costumava conhecer mulheres. Encontrei-a como voluntária em um evento beneficente discreto. Ela parecia modesta, talvez até tímida, com um vestido simples e o cabelo preso. Nada chamativo, sem roupas de grife, apenas calma e… real.
Quando me apresentei, ela apenas assentiu e disse: “Prazer em conhecê-lo, Alex.” Mal olhou para mim, como se não estivesse nem um pouco impressionada.
“Então, uh, de onde você é, Mary?” Perguntei, tentando entender sua história.
“Oh, sou só de uma cidade pequena,” respondeu com um sorriso educado. “Nada sofisticado.” Sua voz era suave, e seus olhos pareciam cautelosos.
Perfeito. Simplesmente perfeito.
“Então, Mary,” comecei, indo direto ao ponto. “O que você acha do casamento?”
Ela arqueou a sobrancelha, parecendo surpresa. “Desculpe?”
“Eu sei que parece estranho,” disse, forçando um sorriso confiante. “Mas estou procurando alguém para casar. Eu… tenho meus motivos. Mas você precisará passar por alguns ‘testes’ antes.”
Mary me encarou com uma expressão indecifrável. Então, para minha surpresa, riu. “Bem, que engraçado,” disse ela, os olhos brilhando com algo que eu não conseguia identificar. “Eu estava pensando que um ‘casamento’ cairia bem para mim também.”
“Sério?” Perguntei, surpreso. “Então, temos um acordo?”
Mary me estudou por um momento e deu de ombros. “Tudo bem, Alex. Mas você tem que prometer uma coisa.”
“O que seria?”
“Nenhuma pergunta sobre meu passado, e manteremos tudo simples. Só uma garota do interior, é isso que eles precisam saber. Tudo bem para você?”
Eu sorri, mal acreditando na minha sorte. “Perfeito.”
Quando apresentei Mary aos meus pais, eles ficaram horrorizados. Minha mãe ergueu as sobrancelhas ao ver o vestido simples de Mary e sua postura discreta.
“Oh… Mary, não é?” Mamãe disse, tentando esconder a desaprovação com um sorriso forçado.
A expressão do meu pai ficou ainda mais fechada. “Alex, isso… isso não é exatamente o que tínhamos em mente.”
“Bem, vocês queriam que eu me estabelecesse,” respondi, sem esconder meu sorriso. “E Mary é perfeita para mim. Ela é calma, humilde e não liga para essas coisas extravagantes.”
Mary estava desempenhando o papel perfeitamente. Cada vez que respondia educadamente, cada vez que demonstrava insegurança com nossa “conversa social”, eu sabia que meus pais estavam morrendo por dentro.
Mas então… algo nela permanecia um mistério. Ela era perfeita para meu plano, mas, de vez em quando, eu percebia um brilho diferente em seus olhos, algo quase… divertido.
“Tem certeza de que é isso que você quer, Alex?” ela me perguntou uma vez, depois de um jantar com meus pais.
“Mais do que nunca,” respondi, rindo. “Eles estão horrorizados, Mary. Está funcionando.”
“Bom,” ela disse, sua voz suave, quase demais. “Fico feliz em ajudar.”
Eu estava tão ocupado observando as reações dos meus pais que ainda não tinha prestado atenção suficiente em Mary.
A noite do baile beneficente finalmente chegou. Meus pais não pouparam despesas: um grande salão brilhava com lustres, mesas forradas com toalhas de seda branca e talheres de prata que poderiam alimentar um pequeno país.
Mary entrou ao meu lado, seu vestido simples e sua elegância discreta a fazendo parecer deslocada entre os brilhos e saltos altos ao redor. Exatamente como eu queria.
“Apenas lembre-se,” sussurrei, inclinando-me para perto dela. “Esta noite é o teste final.”
Ela me olhou, sua expressão indecifrável. “Eu sei o que fazer.”
Mas então, do nada, o próprio prefeito se aproximou de nós, seu rosto se iluminando com um sorriso largo.
“Mary! Que prazer vê-la aqui!” Ele exclamou, estendendo a mão para cumprimentá-la.
Meus pais ficaram boquiabertos. Eu pisquei, tentando entender. O prefeito conhecia Mary?
O sorriso de Mary era educado, mas percebi seu desconforto. “Bom vê-lo também, prefeito,” respondeu ela, um pouco rígida.
“Sabe, todos ainda falam sobre aquele projeto do hospital infantil que você financiou,” o prefeito continuou. “As contribuições da sua família ainda fazem a diferença.”
Mary apenas assentiu. “Fico feliz em saber. Só queremos ajudar onde pudermos.”
Quando o prefeito se afastou, meus pais me olharam espantados.
“Alex… o que foi isso?” minha mãe perguntou.
Antes que eu pudesse responder, Jack, um velho amigo da família, se aproximou com uma expressão de surpresa. “Mary! Quanto tempo! Eu não sabia que você tinha voltado para a cidade.”
Mary riu sem jeito. “Eu, uh, não anunciei. Voltei para o meu… casamento.”
Jack virou-se para mim, meio divertido, meio incrédulo. “Alex, você vai se casar com a ‘Princesa da Caridade’? A família dela é uma das maiores filantropas do estado!”
Minha boca ficou seca. Princesa da Caridade. Eu já tinha ouvido esse nome, claro. Todo mundo já tinha. Mas nunca me preocupei em conhecê-la ou sequer pesquisá-la.
Quando finalmente conseguimos nos afastar, puxei Mary para um canto. “Então… Princesa da Caridade?”
Ela suspirou. “Sim. Minha família administra o maior fundo de caridade. Eles circulam nesse meio, mas eu não. Venho evitando isso há anos.”
Respirei fundo. “Por que não me contou?”
“Pelo mesmo motivo que você não me contou que queria um ‘casamento falso’ para provocar seus pais. Eu também tenho meus motivos, Alex.”
Naquele momento, percebi que meus sentimentos haviam mudado. O que começou como um plano infantil tinha se tornado algo muito maior.
“Mary,” eu disse devagar, “talvez seja hora de contarmos a verdade.”
Ela assentiu, entendendo perfeitamente. Não estávamos mais jogando.No dia seguinte, pedimos para nossos pais se sentarem conosco. Enquanto nos preparávamos para revelar tudo, senti uma calma estranha. Não estava preocupado com o que eles diriam. Eu simplesmente sabia que, pela primeira vez, estava pronto para fazer as coisas de maneira honesta e com Mary ao meu lado.