Eu tinha confiado em uma nova babá para cuidar dos meus filhos, e ela parecia perfeita. Achei que tudo estava indo bem até que minha filha de quatro anos puxou minha manga e sussurrou algo que me deixou arrepiada. Nesse momento, eu soube que precisava descobrir a verdade, mesmo que isso significasse destruir meus relacionamentos mais próximos.
A maternidade nos muda de maneiras que você nunca pode imaginar. Ensina a colocar os outros em primeiro lugar e a dar sem pensar em si mesma.
E foi exatamente isso que eu fiz.
Eu derramei meu amor em minha família, minha casa e meus filhos.
Então, quando chegou o momento de voltar ao trabalho após a licença maternidade, eu queria alguém que pudesse cuidar dos meus filhos tão bem quanto eu. E foi quando encontrei a babá perfeita para eles.
Mal sabia eu que a pessoa que parecia ser a melhor para o trabalho logo viraria meu mundo de cabeça para baixo.
Liam nasceu há apenas seis meses, e antes disso, meus dias estavam cheios de risos e caos de criar minha filha de quatro anos, Lily.
Ela era minha menininha curiosa que estava sempre pronta para fazer cem perguntas sobre o mundo. Quando Liam chegou, ela ficou fascinada por ele. Ela se inclinava sobre o berço dele e ria toda vez que ele bocejava.
Mas, por mais que eu amasse o tempo que passei em casa com eles, a realidade estava batendo à porta. Minha licença maternidade estava chegando ao fim, e eu precisava voltar ao trabalho logo. O pensamento de deixar meus filhos fez meu peito apertar, mas eu não tinha escolha.
Foi aí que Janice entrou.
Tínhamos contratado ela meses antes do fim da minha licença, apenas para ver como ela se dava com Lily e Liam. Desde o primeiro dia, eu percebi que ela tinha uma conexão natural com as crianças.
“Oi, minha linda,” ela cumprimentou Lily com um sorriso largo naquela primeira manhã. “Ouvi dizer que você adora desenhar. Quer me mostrar suas obras-primas?”
Lily hesitou por meio segundo antes de assentir com entusiasmo e puxar Janice pela mão em direção à sua mesinha de arte.
E Liam? Ele se acalmou quase instantaneamente quando Janice o pegou e começou a cantarolar suavemente. Eu nunca tinha visto ninguém além de mim ou do Paul acalmá-lo tão rápido.
Mesmo nas primeiras semanas, eu sabia que ela era especial. Ela cuidava das crianças como se fossem dela.
“Ela é um presente de Deus,” eu disse ao Paul uma noite, assistindo da cozinha enquanto Janice ajudava Lily com os quebra-cabeças enquanto balançava Liam no colo.
“Ela realmente é,” Paul concordou. “Nós tivemos sorte com ela. Hoje em dia, é difícil encontrar alguém em quem realmente podemos confiar.”
A melhor parte era que Janice não cuidava apenas das crianças. Ela me mantinha informada durante o dia e me enviava mensagens e fotos enquanto eu estava no trabalho.
“Liam acabou de terminar a mamadeira e já está cochilando. Que garotinho sonolento! ☺️”
“Lily queria te mostrar o desenho dela! Ela disse que é uma ‘princesa unicórnio astronauta.’ Eu acho que é uma obra-prima.”
Ela até ajudava com pequenas coisas ao redor da casa, como preparar os ingredientes do jantar para que eu não precisasse correr depois do trabalho.
“Não sei como tivemos tanta sorte,” Paul disse uma noite enquanto mexia no molho de macarrão que Janice havia preparado mais cedo. “Ela é, honestamente, a melhor coisa que aconteceu nesta casa em muito tempo.”
Naquela época, eu sorri, concordando completamente com ele. Não sabia que algumas semanas depois, eu estaria replays dessas conversas na minha mente.
Porque, por mais perfeita que Janice parecia, havia algo que ela não nos contou.
E eu só descobriria no dia em que Lily puxou minha manga e sussurrou um segredo gelado no meu ouvido.
Era um domingo comum. Aquele tipo de dia em que tudo parece confortavelmente previsível.
Liam estava tirando uma soneca no berço, Paul estava consertando algo no pátio, e eu estava na cozinha. Foi quando senti um pequeno puxão na minha manga.
Olhei para baixo e vi Lily ali.
“Mamãe…” ela disse em um sussurro. “Janice tem um segredo.”
Um arrepio estranho percorreu minha espinha.
Me agachei até o nível dela, afastando um cachinho de seu rosto. “Um segredo? Que tipo de segredo, minha filha?”
Lily se mexeu nos pés. “É o que ela faz quando me coloca para tirar minha soneca.”
Franzi a testa. “O que ela faz?”
A voz dela ficou mais baixa, como se tivesse medo de que alguém ouvisse. “Eu segui ela uma vez. Bem… algumas vezes. Eu fingi que estava dormindo, mas não estava.”
Eu a olhei fixamente, meu coração batendo mais rápido. “E depois o que aconteceu?”
“Quando ela pensou que eu estava dormindo…” Lily engoliu em seco. “Ela foi para o seu quarto. E tirou as roupas.”
Meu estômago afundou.
“O quê?” Minha voz mal saiu.
Lily assentiu solenemente. “E depois eu ouvi sons estranhos.”
Sons estranhos? Pensei, enquanto uma sensação nauseante se espalhava pelo meu corpo.
“Que tipo de sons?” Perguntei.
Lily pensou por um momento. “Não sei. Só… sons estranhos. Eu não olhei por muito tempo. Mas ela sempre faz isso quando eu tiro minha soneca.”
Eu não conseguia respirar.
Janice. No meu quarto. Tirando as roupas. Sons estranhos.
O que piorava tudo era que eu sabia que Paul estava chegando em casa mais cedo do que o normal nas últimas semanas. Eu até comentei sobre isso.
“Nossa, você chegou cedo,” eu disse, arrumando a mesa na terça-feira passada.
Paul apenas deu de ombros, soltando a gravata. “Sim, as coisas estavam lentas no escritório. Achei que iria para casa e relaxaria.”
Relaxar.
Meus dedos se fecharam em um punho.
Seria possível…?
Afastei o pensamento, forçando-me a ser lógica. Eu não podia tirar conclusões precipitadas. Não ainda.
Mas, naquela noite, minha suspeita só cresceu.
Estávamos sentados no sofá, assistindo TV. Paul estava ao meu lado, mexendo no celular. Eu continuei olhando para ele e notei o jeito como o olhar dele acompanhava Janice quando ela se movia pela casa.
Não era óbvio. Não do jeito que alguns homens olham.
Mas havia algo. Uma certa consciência. Aquele tipo de olhar que fazia minha pele arrepiar.
Respirei lentamente e me virei para ele. “Então… o que você acha da Janice?”
“O que você quer dizer?” Ele perguntou.
“Eu quero dizer…” Forcei um sorriso. “Você sempre diz que ela é ótima com as crianças. Mas o que você realmente acha dela?”
“Eu acho ela incrível. Quero dizer, nós realmente tivemos sorte, né? Ela cuida das crianças e até ajuda em casa. Eu não sei como conseguimos sem ela.”
Eu assenti lentamente, meu coração batendo mais rápido.
Era exatamente o que ele tinha dito antes. As mesmas palavras. Como se tivessem sido ensaiadas.
Algo não estava certo.
E eu ia descobrir a verdade.
No dia seguinte, saí do trabalho mais cedo. Não contei para Paul. Não contei para Janice. Eu queria pegá-la em flagrante.
Estacionei na rua, o suficiente para que meu carro não fosse visto pelas janelas da frente. Meu coração batia forte enquanto eu caminhava em direção à casa.
Destravei a porta e entrei silenciosamente. Enquanto eu andava de ponta de pés em direção à sala, ouvi a respiração suave de Lily. Era hora da soneca dela. E isso significava que Janice estava no meu quarto.
Meu coração batia forte contra meu peito enquanto subia as escadas.
Caminhei lentamente em direção ao meu quarto, imaginando o que eu veria lá dentro. Quando cheguei à porta, percebi que estava ligeiramente entreaberta. Eu podia ouvir algo lá dentro.
Um leve zumbido. Um som rítmico.
Segurei a respiração e empurrei a porta.
E lá estava Janice.
Ela estava na frente do meu espelho, ajustando um vestido deslumbrante. Não era o meu. Eu nunca o tinha visto antes.
Ao redor dela estavam roupas dobradas e empilhadas.
E os sons estranhos? Era o suave zumbido de uma máquina de costura.
Janice se assustou quando me viu. “Oh! Você não era para ver isso ainda!”
“O que está acontecendo aqui?” Eu perguntei com os olhos arregalados. “O que você está fazendo aqui?”
Ela suspirou enquanto olhava para os vestidos.
“Eu… eu queria te surpreender.”
“Me surpreender?” Perguntei. “Com o quê?”
Janice hesitou, então fez um gesto para as roupas. “Você sempre gasta dinheiro com sua casa, com a Lily e até comigo. Mas nunca vi você gastar dinheiro para si mesma. Eu vejo você usando as mesmas roupas o tempo todo. Então, pensei… talvez eu pudesse fazer algo para você.”
Eu a olhei enquanto tentava processar o que estava acontecendo.
“Eu sou costureira, sabia?” Ela continuou. “Eu percebi que somos do mesmo tamanho, então comecei a costurar nas minhas horas livres. Eu só estava conferindo se estavam servindo antes de te dar.”
Minha babá estava secretamente fazendo roupas para mim? Eu pensei. E eu estava achando que ela e meu marido… Oh, Deus!
“Eu—” Minha garganta se apertou. “Eu pensei—”
“Eu sei que você deve estar pensando que eu estava fazendo algo suspeito aqui,” ela interrompeu e pegou um vestido maravilhoso. “Mas eu só quero que você experimente esse. Você pode fazer isso por mim, por favor?”
Eu estendi a mão e peguei o vestido dela. Ele parecia lindo.
“Muito obrigada, Janice,” eu finalmente disse enquanto as lágrimas embaçavam minha visão. “Agora eu sei porque o Paul diz que tivemos sorte. Porque realmente tivemos! Não tenho palavras para agradecer por tudo o que você faz.”
Então, experimentei o vestido.
Quando me virei para olhar no espelho, mal me reconheci. Ele me serviu perfeitamente.
Naquele momento, senti que não era apenas uma mãe, uma esposa ou alguém que colocava os outros em primeiro lugar.
Eu era simplesmente eu.
Janice sorriu enquanto apertava o último botão.
“Te falei,” ela disse orgulhosa. “Você ficou incrível!”
Eu soltei uma risadinha, enxugando a umidade dos meus olhos. “Ok, ok… você ganhou. Esse vestido é maravilhoso. E todos os outros também.”
Naquela noite, usei cada vestido e desfilei pela sala para Lily. Ela aplaudiu e riu enquanto eu rodopiava como uma princesa.
Paul entrou justo quando eu estava ajustando a barra de um vestido azul elegante.
“Uau,” ele disse, com as sobrancelhas levantadas. “Você está… incrível.”
Eu sorri. “Graças à nossa babá incrível.”
Eu nunca lhe disse o que estava pensando. Algumas coisas é melhor não dizer.