Todas as noites, minha neta desaparecia no estábulo, acreditando que eu estava dormindo. Eu ouvia a porta rangendo e passos suaves no escuro. Depois de isso acontecer várias vezes, decidi segui-la e descobrir a verdade. Mas quando finalmente descobri o seu segredo, desejei nunca ter feito isso.
Vivi nesta terra por muitos anos, e tenho que dizer—verdadeira felicidade é simples. É a mesma que foi para nossos ancestrais: terra, natureza e animais.
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Buzz Day
Trabalho árduo, ar fresco e a satisfação de ver algo crescer com as próprias mãos.
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Você pode achar que estou dizendo isso só porque sou dona de uma fazenda, porque tenho interesse em fazer as pessoas acreditarem nesse tipo de vida.
Talvez haja alguma verdade nisso. Mas acredite em mim, nada no mundo se compara a passar um longo dia plantando mudas.
E então sentar na varanda à noite com uma xícara de chá de ervas caseiro, sabendo que, com o tempo, meu trabalho dará frutos.
No entanto, minha fazenda não é minha única felicidade, nem é o meu maior orgulho. Essa honra pertence à minha neta, Emilia.
Ela foi deixada sob meus cuidados quando tinha apenas três anos, uma coisinha pequena com grandes olhos curiosos e cachos macios que balançavam quando ela corria.
Seus pais, minha filha e seu marido, tinham sonhos grandes demais para uma criança.
Eles queriam aventura, carreiras, viagens. Uma menina não se encaixava em seus planos. Então a deixaram comigo e nunca mais olharam para trás.
Mas eu estive lá. Fui lá para os seus primeiros passos, seu primeiro dia de escola, seu primeiro amor. Ela era o meu mundo, o coração da minha casa.
E então apareceu George. O namorado de Emilia—desculpe, noivo. O rapaz estava por perto há anos, desde que ele e Emilia tinham quatorze anos.
Eles eram namorados de infância, inseparáveis, sempre caminhando pelos campos juntos, sussurrando sobre seus sonhos e planos.
Quando completaram vinte anos, George fez o pedido de casamento. Eu não poderia estar mais feliz.
Na noite do noivado, ambas as famílias se reuniram. Fizemos um brinde ao futuro deles, falamos sobre o casamento, até discutimos a possibilidade de unirmos nossas fazendas algum dia. Tudo parecia perfeito.
Mas então, as coisas começaram a mudar. Primeiro, foi algo pequeno—uma mudança no ar. Depois, comecei a ouvir barulhos tarde da noite.
Cheguei a pensar em instalar um sistema de alarme. Imagine só—uma velha como eu, preocupada com intrusos em uma casa que sempre foi segura.
Então, uma noite, não consegui dormir. O ar parecia pesado, pressionando-me. Decidi que uma xícara de leite quente poderia ajudar.
Enquanto voltava silenciosamente para o meu quarto, com a xícara na mão, ouvi novamente—a porta da frente se abrindo e fechando, suavemente.
Franzi a testa e parei na grade do segundo andar, espiando para baixo. Então a vi. Emilia.
Ela se movia silenciosamente, cuidando de cada passo, olhando ao redor como se tivesse certeza de que ninguém a via. Meu coração apertou. O que ela estava fazendo?
Praticamente não respirava enquanto voltava para o meu quarto antes que ela pudesse me notar.
O que quer que fosse, minha doce neta estava escondendo algo. E eu ia descobrir o quê.
Na manhã seguinte, sentei-me à mesa da cozinha, observando Emilia mexer o açúcar no chá. O vapor enrolava-se ao redor do seu rosto, mas ela evitava meus olhos.
«Emilia, há algo que você queira me contar?» perguntei, mantendo a voz calma.
Ela levantou a xícara e deu um gole devagar. «Não, vovó.»
Me recostei na cadeira. «Hmm. Deve ter camundongos na casa. Continuo ouvindo barulhos à noite.»
«Camundongos?» ela disse, forçando uma risada. «Isso é ruim. Eles vão roer tudo.» Emilia disse, brincando com o cabelo—o primeiro sinal de que ela estava mentindo.
Cruzei as mãos no colo. «Sim. E por algum motivo, as portas abrem e fecham sozinhas. Estranho, não acha?»
«Talvez seja o vento? As janelas são velhas. Você sempre diz que precisam ser consertadas,» ela disse, coçando o nariz—o segundo sinal.
«Bom, tudo bem, vovó. Eu preciso ir trabalhar,» disse Emilia, levantando-se rápido demais. Sua cadeira arranhou o chão. «Muita coisa para fazer hoje.» Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ela correu para fora.
Naquela tarde, trabalhamos no campo. Emilia se movia rápido, suas mãos trabalhando na terra. Eu a observei de perto.
«Emilia, como estão as coisas com o George?» perguntei, jogando sementes em uma fileira.
«Bem,» ela disse, com os olhos no chão.
«Só bem?» insisti.
Ela enxugou a testa. «Tudo ótimo, vovó.»
Balancei a cabeça. «Já marcaram a data do casamento?»
O corpo dela se tendeu. «Ainda não!» Sua voz subiu. «Por que você continua perguntando?!»
Levantei uma sobrancelha. «É normal perguntar. Você está noiva.»
Ela virou-se. «Vou para o jardim,» murmurou. E então saiu.
Por que ela reagiu assim? Eu não perguntei nada de estranho. Sua voz estava áspera, seus movimentos rápidos, como se quisesse fugir. Isso não era normal nela. Não pude ignorar.
Naquela noite, tomei uma decisão. Não iria dormir até saber a verdade. Sentei-me na cadeira, ouvindo a casa silenciosa, esperando por qualquer som. Então, finalmente, o suave ranger da porta da frente.
Me movi rápido, indo para a varanda bem na hora em que vi Emilia correndo em direção ao estábulo. Meu coração disparou enquanto eu a seguia, tomando cuidado para ficar nas sombras.
Dentro, vozes baixas chegaram aos meus ouvidos. A de Emilia e a de um homem. Fui me aproximando, prendendo a respiração.
Então vi. Minha neta estava perto de David, nosso caseiro. As mãos deles se tocaram, e então—ele a beijou.
«O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?!» Minha voz ecoou pelo estábulo, fazendo os cavalos se mexerem nas baias.
Emilia e David pularam para longe um do outro. Ela apertou o peito, com a face pálida. David deu um passo para trás, as mãos levantadas como se fosse pego roubando.
«Vovó?!» Emilia ofegou. Ela passou a mão trêmula pelos cabelos, tentando alisá-los. «O que você está fazendo aqui?!»
Diante dela, tomei um passo à frente, meus olhos fixos nela. «O que eu estou fazendo aqui?!» repeti, minha voz tremendo de raiva.
«Eu deveria te perguntar isso! Minha neta se esconde toda noite, e eu venho descobrir que ela está traindo o noivo com esse… esse…» Minhas mãos tremiam enquanto apontava para David.
«Ele se chama David!» Emilia gritou. O queixo levantado, seus olhos desafiadores. «E eu o amo!»
Minha respiração falhou. «E o George?» perguntei.
Os lábios dela se apertaram. «Eu estou com o George desde os quatorze anos,» ela disse. «Eu era uma criança! Como alguém pode esperar que eu queira ainda a mesma coisa?!»
«Emilia!» Minha voz se elevou. «Como você pode dizer isso? Ele é seu noivo!»
«Então o quê?!» ela retrucou. «Isso quer dizer que eu não tenho escolha? Não posso cometer erros?!»
«Você pode,» eu disse. «E você está cometendo um erro agora! Mas não se preocupe, a vovó vai ajudar.» Olhei para David. «Você está despedido!»
«O quê?!» Os olhos de Emilia se arregalaram. Ela se colocou na frente dele, como se pudesse protegê-lo de minhas palavras.
«Sim,» eu disse, minha voz firme. «Nada de mais distrações. Você vai se concentrar no seu noivo.»
«Margaret, por favor,» disse David, com a voz firme mas desesperada. «Eu amo Emilia. Nunca quis machucar ninguém.»
Olhei para ele com desprezo. «Ninguém te perguntou!» Então virei-me novamente para Emilia. «Vamos. Agora.»
«Eu não vou ver o David de novo,» disse Emilia, a voz quebrando. «Só por favor, não o demita.»
«Como você vai provar isso?» perguntei.
Ela engoliu em seco. «Vamos nos casar na próxima semana. Eu e o George.»
Cruzei os braços. «Tudo bem. David, você pode ficar. Mas se eu te ver perto dela de novo, você está fora.»
David se virou para Emilia, a mão estendida em direção à dela. «Emilia…» ele sussurrou.
Os dedos dela tremeram enquanto tocavam os dele. Vi a dor nos olhos dela. Meu coração apertou, mas sabia que estava fazendo o certo.
«Até logo, David,» ela disse, a voz mal acima de um sussurro.
Enquanto saíamos do estábulo, eu queria alcançar ela, dar um tapinha nas costas, confortá-la de algum jeito. Mas ela se afastou e seguiu em frente.
Os preparativos do casamento avançaram rápido. Rápido demais. Não havia animação, nem risos. Só planejamento, correria e silêncio.
Emilia andava pela casa como uma sombra. Seguia as instruções, acenava quando falavam com ela, mas a luz em seus olhos havia sumido.
Uma noite, eu a vi montando seu cavalo no pasto. O sol estava se pondo, pintando o céu com suaves tons de rosa e laranja. Caminhei até ela.
«David está de folga hoje. Não se preocupe,» ela disse antes que eu pudesse falar.
«Eu sei,» respondi. Observei as mãos dela apertando as rédeas. «Quero que fiquemos próximas novamente.»
Ela virou um pouco a cabeça, mas não olhou para mim. «Você arruinou minha vida,» ela disse.
Suspirei. «Você ama o George. Você está só confusa.»
Ela deu uma risada amarga. «Eu amava o George. Mas não amo mais.»
«Então por que não terminou com ele? Por que aceitou o pedido de casamento dele?»
Ela se virou para mim, o rosto cheio de raiva. «Por sua causa! Por causa dos pais do George! Vocês todos nos empurraram para isso! Eu tinha medo de dizer não!»
Balancei a cabeça. «Eu me casei com seu avô sem amá-lo. Mas ele foi o meu melhor amigo. Eu tive uma boa vida.»
«Mas eu não quero isso!» ela gritou. «Eu quero amor! Amor de verdade! E essa pessoa é o David!»
«Emilia…» eu sussurrei.
Os olhos dela buscaram os meus. «Você consegue me entender?» ela perguntou, a voz crua.
Hesitei. «Eu posso tentar,» disse. «O que você quer que eu faça?»
Ela engoliu em seco. «Só fique fora do meu caminho.»
Então ela desceu do cavalo e o conduziu de volta ao estábulo, deixando-me sozinha na luz que se desvanecia.
Depois daquela conversa, Emilia parecia mais feliz. Ela sorria mais, trabalhava com energia, até cantarolava enquanto ajudava a preparar a decoração do casamento.
Mas eu sabia que não era alegria. Era um alívio. Ela havia feito as pazes com algo, mas eu não sabia o quê.
Chegou o dia do casamento. O sol mal havia nascido quando bati na porta de Emilia.
Sem resposta. Abri a porta, esperando encontrá-la se arrumando. Mas o quarto estava vazio.
A cama estava arrumada, o vestido de noiva ainda pendurado na janela. Então eu vi—uma carta dobrada no travesseiro com ‘Vovó’ escrito na frente. Minhas mãos tremiam enquanto eu a pegava e abria.
Querida Vovó, obrigada por todos os anos em que me criou e me amou. Mas eu não posso te dar o que você quer.
Eu não posso me casar com o George quando meu coração pertence a outra pessoa. Eu e David estamos indo embora.
Eu não vou te dizer onde ainda, mas quando estiver pronta, vou escrever. Só saiba que estamos felizes. Eu te amo. Sua neta, Emilia.
Sentei-me na cama, pressionando a carta contra o peito. O quarto estava silencioso demais, quieto demais. Minha doce menina tinha partido.
Se eu não tivesse ido ao estábulo naquela noite, talvez ela ainda estivesse aqui. Talvez ela tivesse ficado.
Meu coração doía, sabendo que a afastei. Mas tudo o que eu podia fazer agora era esperar. Esperar o dia em que ela escreveria. Esperar pela chance de ainda fazer parte de sua vida.