Costumo trocar de lugar nos voos como um gesto gentil—mas desta vez, lamentei quando o piloto se aproximou de mim

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**Pensei que estava apenas sendo gentil, trocando de assento. Mas quando o copiloto e uma comissária de bordo me acordaram, segurando uma bolsa misteriosa encontrada sob meu novo assento, meu estômago despencou. No que eu tinha acabado de me meter? Momentos depois, eu estava sendo escoltada para fora do avião—acusada de algo que não fiz.**

Eu estava perto do portão de embarque, mudando meu peso de um pé para o outro enquanto a voz automatizada ecoava pelo terminal, anunciando os próximos voos.

Minha mala descansava ao meu lado, a alça ligeiramente desgastada de tanto viajar.

Hannah estava de braços cruzados, sua expressão uma mistura de curiosidade e desaprovação. Ela sempre tinha uma opinião.

— Ainda não entendo por que você comprou uma passagem tão cara — disse ela, balançando a cabeça. — Você poderia ter voado na próxima semana por metade do preço.

Suspirei, ajustando a alça da minha bolsa.

— Porque não vejo Adam há três meses — respondi simplesmente.

— O trabalho me manteve longe, e ele sente minha falta.

Hannah bufou, jogando o cabelo para trás.

— Ah, o amor — zombou, revirando os olhos. — Deve ser bom.

Ri e a cutuquei de leve.

— Um dia, você vai encontrar também — eu disse. — Só precisa parar de correr atrás.

Ela arqueou a sobrancelha.

— E como exatamente se para de correr atrás do amor?

Sorri, encostando-me na mala.

— O amor é como uma borboleta—você não o pega. Você cria um belo jardim, e ele vem até você.

Ela riu com desdém.

— Bom, meu jardim deve estar cheio de ervas daninhas, porque nenhuma borboleta aparece.

Eu ri, mas antes que pudesse responder, o alto-falante chiou.

— Voo 268 iniciando embarque.

Meu estômago revirou de empolgação. Eu estava indo para casa.

Pegamos nossas malas e caminhamos para o portão. A fila andou rápido e logo estávamos dentro do avião, encontrando nossos assentos na fileira do meio.

Ao me acomodar, soltei um longo suspiro, já imaginando os braços de Adam ao meu redor quando eu pousasse. Três meses tinham parecido uma eternidade.

A distância, as ligações tarde da noite, o aperto silencioso no peito quando eu sentia saudades—tudo isso estava prestes a acabar.

Então, uma voz interrompeu meus pensamentos.

— Com licença, senhorita?

Olhei para cima e vi um homem parado no corredor. Ele parecia ter uns quarenta e poucos anos, com olhos cansados e uma expressão educada, mas ligeiramente nervosa. Ele apontou para o assento ao meu lado.

— Minha filha está sentada aqui — disse ele. — Você se importaria de trocar de assento para que eu possa ficar ao lado dela?

Virei-me para Hannah, que imediatamente me lançou um olhar zombeteiro, cobrindo a boca enquanto sussurrava:

— Por que isso sempre acontece com você?

Ela não estava errada. Isso sempre acontecia comigo. Talvez eu tivesse uma cara de boazinha. Ou talvez as pessoas apenas soubessem que eu diria sim.

Suspirei e sorri para o homem.

— Claro.

Peguei minha bolsa e o segui pelo corredor até meu novo assento, deslizando para a fileira desconhecida e prendendo o cinto de segurança.

Eu não fazia ideia de que acabara de tomar a pior decisão da minha vida.

Eu prendi o cinto de segurança, puxando a correia com firmeza sobre o meu colo.

O suave zumbido dos passageiros se acomodando preencheu a cabine—cintos de segurança se clicando, compartimentos superiores fechando, vozes baixas trocando as últimas conversas.

Estiquei as pernas o máximo que o espaço apertado permitia, ajustando o pequeno travesseiro atrás do pescoço.

Ia ser um voo longo, e o cansaço já começava a se infiltrar nos meus ossos. Fechei os olhos, deixando-os pesarem.

Justo quando o avião estava prestes a começar a se mover—

Toque. Toque.

A leve pressão no meu ombro me despertou.

Pisquei contra as luzes brilhantes da cabine, meu coração batendo forte pela intrusão repentina.

Uma comissária de bordo estava ao meu lado, sua expressão composta, mas séria. Ao lado dela, um homem uniformizado—o copiloto—segurava uma bolsa transparente.

— Senhora — disse o copiloto, sua voz calma, mas firme. — Isso é seu?

Franzi a testa, meu cérebro ainda nublado pela sonolência, lutando para processar a pergunta. Meu olhar caiu na bolsa.

Dentro, havia frascos de perfume, tubos de cosméticos e estranhos dispositivos metálicos que eu não conseguia nem identificar. Meu estômago se apertou.

Neguei com a cabeça.

— Não — disse lentamente. — Nunca vi isso antes.

O sorriso educado da comissária não alcançou seus olhos.

— Foi encontrado sob o seu assento.

Uma sensação fria subiu pela minha espinha.

— Isso não é meu — insisti, minha voz mais afiada agora. — Eu troquei de assento antes da decolagem. Não estava sentada aqui originalmente.

A expressão do copiloto não mudou. Ele desviou o olhar para o homem com quem eu havia trocado de lugar—o pai que me pediu para sentar ao lado da filha.

— Senhor — perguntou o copiloto, — essa bolsa é sua?

O homem deu uma olhada, deu de ombros e negou com a cabeça.

— Nunca vi isso antes.

Meu pulso acelerou.

Voltei a olhar para a tripulação.

— Eu juro, não sei nada sobre isso.

A comissária de bordo manteve a expressão neutra, seu treinamento mantendo seu rosto imperturbável.

— Temos protocolos para situações como essa, senhora.

— Protocolos? — Minha garganta estava seca. — Você realmente acha que—

— Precisamos removê-la do voo até podermos investigar — ela interrompeu suavemente, embora seu tom não deixasse espaço para discussão.

As palavras me atingiram como um soco.

Meu estômago afundou.

— O quê? Não! Isso é um erro! Eu—

— Por favor, senhorita, não temos tempo, o voo vai seguir em alguns minutos — cortou o copiloto, sua voz firme.

Eu me senti encurralada, minha mente buscando por algo—qualquer coisa—que fizesse com que acreditassem em mim.

Mas antes que eu pudesse protestar mais, antes que pudesse defender meu caso, a decisão já estava tomada.

Mal tive tempo de pegar minha bolsa antes de a comissária e um oficial de segurança uniformizado me conduzirem para a saída.

Cabeças se viraram. Passageiros sussurravam. Minha pele queimava de vergonha.

As portas da cabine hissaram ao abrir, e fui escoltada para fora do avião.

As portas se fecharam atrás de mim.

A ponte de embarque estava estranhamente silenciosa, os sons do avião desaparecendo atrás das grossas paredes. A realidade do que acabara de acontecer se instalou sobre mim como um peso esmagador.

Eu não estava indo para casa.

Sentei-me na cadeira de plástico rígida do aeroporto, meu pé batendo ansiosamente contra o piso de cerâmica frio.

As luzes fluorescentes zumbiam acima, tornando tudo muito claro, muito estéril.

Minhas mãos estavam cerradas no meu colo, meu coração ainda batendo forte pela humilhação de ter sido escoltada para fora do avião.

O escritório de segurança cheirava a café velho e carpete gasto. Um relógio na parede marcava o tempo lentamente, cada segundo demorando mais que o anterior.

Parece que se passaram horas até que a porta finalmente se abriu.

Um oficial uniformizado entrou, uma prancheta na mão, sua expressão imperturbável. Eu segurei a respiração.

— Verificamos o conteúdo da bolsa — disse ele, folheando algumas páginas.

— Nada ilegal, mas continha itens restritos que não são permitidos na bagagem de mão.

Uma onda de ar deixou meus pulmões. Meus dedos relaxaram, a tensão nos meus ombros diminuindo—um pouco.

— Então… eu posso ir? — perguntei, minha voz rouca.

O oficial assentiu.

— Você precisará remarcar o seu voo no balcão da companhia aérea.

Lágrimas queimaram as bordas dos meus olhos, mas me recusei a deixá-las cair. Eu não tinha feito nada de errado.

Ainda assim, fui tirada do avião como uma criminosa, olhares fixos em mim, sussurros me seguindo.

Peguei minha bolsa e saí do escritório de segurança, cabeça erguida, embora meu peito estivesse vazio.

Corri até o balcão da companhia aérea, mexendo no meu celular para checar o próximo voo disponível. Um dia de atraso era melhor que nunca.

Mal sabia eu, meus problemas ainda não haviam acabado.

Quando pousei, Adam não estava lá.

**Quando pousei, Adam não estava lá.**

Olhei ao redor do aeroporto, meu coração afundando mais a cada segundo.

Eu esperava encontrá-lo esperando por mim, talvez olhando para o celular ou andando impacientemente pela esteira de bagagens.

Mas as únicas pessoas ao meu redor eram estranhos, se movendo em direções diferentes, perdidos em seus próprios reencontros.

Puxei meu celular e liguei para ele. Sem resposta.

Franzi a testa e tentei de novo. A chamada tocou e tocou até ir para a caixa postal.

Algo estava estranho.

Talvez ele estivesse atrasado. Talvez tivesse adormecido. Talvez o celular dele tivesse acabado a bateria.

Mas nenhuma dessas desculpas afastava a inquietação que estava crescendo dentro de mim.

Chamei um táxi e passei o endereço para o motorista, apertando minha bolsa com força enquanto seguíamos pelas ruas familiares em direção a casa.

As luzes da cidade borravam lá fora, mas eu mal percebia.

Eu só queria ver Adam, queria estar em casa.

Quando o táxi parou em nossa casa, eu praticamente joguei o dinheiro no motorista antes de sair.

A casa estava escura.

Respirei profundamente e destranquei a porta da frente. No momento em que entrei, um silêncio pesado me envolveu, espesso e sufocante.

Algo estava errado.

A casa deveria parecer acolhedora, convidativa. Mas estava vazia.

Coloquei minha bolsa lentamente no chão, tentando ouvir algum som. O leve zumbido da geladeira. O tique-taque distante do relógio. E então—

Um sussurro.

Do quarto.

Meu estômago se revirou.

Caminhei em direção ao quarto, meus passos quase silenciosos contra o piso de madeira. Quando cheguei na porta, congelei.

Adam estava sentado na beirada da cama, suas mãos cerradas em punhos. Seu corpo todo estava rígido, sua cabeça ligeiramente inclinada para baixo.

E ao lado dele—

Hannah.

A mão dela estava sobre o ombro dele, inclinando-se para perto, sussurrando algo em seu ouvido.

Por um segundo, eu não consegui respirar.

— Adam? — minha voz falhou ao dizer o nome dele.

Ele levantou a cabeça lentamente, seus olhos frios e distantes de uma forma que eu nunca tinha visto antes.

— Você veio pegar suas coisas? — perguntou, a voz dele sem emoção.

Uma faca no peito.

Eu o encarei, confusão invadindo-me.

— O quê? Não. O que você está falando?

A mandíbula de Adam se apertou. Ele desviou o olhar, exalando pelo nariz, como se tentasse segurar algo.

— Hannah me contou tudo — disse ele.

— Que você se recusou a voltar porque conheceu outra pessoa. Que você está me deixando.

Meu pulso pulsava nos meus ouvidos.

Olhei para Hannah. Ela me observava, sua expressão sem remorso, os lábios curvados em um pequeno sorriso satisfeito.

— Você mentiu para ele? — eu exigi.

Ela inclinou a cabeça, uma falsa inocência pintada no rosto.

— Eu só falei a verdade, que você não o ama como eu amo — disse ela, docemente.

A raiva me atingiu como uma tempestade.

Virei-me para Adam, minha respiração irregular.

— Eu fiquei presa no aeroporto porque alguém colocou uma bolsa sob o meu assento, e eu fui retirada do meu voo!

Adam hesitou. A raiva no rosto dele vacilou, substituída por algo mais próximo da confusão.

— Mas a Hannah disse—

E então, meus olhos caíram sobre a bolsa dela, que estava casualmente na mesa de cabeceira.

Um frasco de perfume espiava para fora, idêntico ao que eu tinha visto na bolsa sob meu assento.

Meu mundo parou.

Tudo se encaixou.

Hannah me armou.

Ela plantou a bolsa, provavelmente trabalhando com o estranho que me pediu para trocar de lugar.

Ela sabia que eu aceitaria. E quando eu fui retirada do avião, ela encheu Adam de mentiras, esperando ocupar meu lugar como se eu nunca tivesse existido.

A traição queimava em mim como fogo.

Caminhei até a mesa de cabeceira, peguei o frasco de perfume e levantei-o. Minha mão tremia de fúria.

— Foi você que fez isso comigo, não foi? — sussurrei com raiva.

O sorriso de Hannah finalmente desapareceu.

— Você está sendo ridícula — zombou. Mas seus olhos brilharam, só por um segundo.

Adam olhou para o frasco de perfume.

Depois olhou para mim.

Depois olhou para ela.

A compreensão se acendeu nos olhos dele.

— Você tentou arruinar minha vida — disse eu, minha voz tremendo de raiva e dor. — Mas falhou.

O sorriso de Hannah se despedaçou, seus olhos se movendo entre mim e Adam, procurando uma saída, uma defesa—algo para manter a mentira viva.

Adam se levantou, seu rosto imperturbável, mas sua voz era firme.

— Você precisa ir embora, Hannah.

A boca dela se abriu.

— Mas—

— Agora. — O tom dele não deixava espaço para discussão.

O rosto de Hannah se contorceu de raiva, mas ela não discutiu. Pegou a bolsa, seus movimentos rígidos, e saiu, batendo a porta atrás de si.

O silêncio caiu sobre nós, denso e pesado.

Eu me virei para Adam, meus olhos queimando com lágrimas. Minha voz saiu mal acima de um sussurro.

— Eu só queria voltar para casa com você.

Ele me puxou para seus braços, me abraçando forte, sua respiração quente contra meu cabelo.

— Sinto muito — ele murmurou. — Eu deveria ter sabido que você nunca faria isso comigo.

Suspirei, pressionando o rosto contra o peito dele, sentindo o peso de tudo começar a se levantar.

Ficamos ali por um longo tempo, abraçados, sabendo que quase perdemos tudo.

Mas, no final, o amor era mais forte que as mentiras.

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