Meu pai teve um caso enquanto minha mãe estava morrendo no hospital-ele acreditava que havia escapado de quaisquer consequências até que eu me certifiquei de que ele enfrentasse uma lição que nunca esqueceria

Histórias interessantes

Quando Blair perde a mãe para o câncer, o luto não é a única coisa que ela é forçada a carregar. Por trás do silêncio, existe traição… e uma promessa que ela pretende cumprir. Em uma história de raiva silenciosa, vingança lenta e justiça poética, Blair prova que algumas filhas não esquecem. E o carma? Ele apenas espera.

Eu costumava achar que era o tipo de pessoa que perdoava facilmente. Perdoava, mas não esquecia. Eu achava mesmo.

Mas então minha mãe morreu enquanto meu pai segurava a mão de outra mulher em um restaurante italiano caro, e algo dentro de mim se partiu: limpo e afiado.

Isso não é só sobre luto. É sobre traição. É sobre o silêncio que se senta ao seu lado como uma segunda sombra. E é sobre o que você faz quando percebe que as pessoas que você mais ama podem ser as mesmas que te esvaziam por dentro.

Meu nome é Blair. Tenho 25 anos e, até um ano atrás, minha mãe, Rachel, era o meu mundo inteiro. Ela era minha bússola moral. Inteligente, calorosa e um pouco generosa demais com lembretes de aniversário. Ela me incentivava, me forçava a sair da minha concha.

“Blair, vamos lá, garota,” ela dizia. “Quando é que você vai sair da sua bolha? Saia, adote um gato e aprenda a amar algo além de você mesma… aí você vai aprender a se amar também.”

Acontece que ela tinha razão. Quando a pequena Gem entrou na minha vida, aprendi a amar incondicionalmente, exatamente como minha mãe sempre planejou.

Se existe um céu, espero que deixem minha mãe ensinar lá. Ela fazia até divisão celular parecer uma história de amor.

Meu pai, Greg, por outro lado, é uma história completamente diferente. Quer dizer, ele é charmoso, no estilo «boomer que faz piadas estranhas em funerais». Usava sarcasmo como se fosse colônia. E era do tipo que precisava que a sala girasse em torno dele.

Quando mamãe ficou doente, tudo mudou. Câncer pancreático em estágio 4. Avançou rápido, tão rápido que, em alguns dias, eu achava que se piscasse mais devagar, poderia comprar mais tempo pra ela.

“Está tudo bem, querida,” ela dizia com olheiras e lábios secos. “Estou lutando. Por mim e por você… e pelo seu pai também. Eu vou ficar bem.”

Mas ela não ficou. Cada dia era mais difícil que o anterior.

Eventualmente, ela foi internada para cuidados de longo prazo numa ala iluminada do hospital. Foi aí que decidi voltar para casa.

“Nem pense nisso, Blair,” ela disse. “Não quero que você mude toda a sua vida por minha causa! E a Gem? Ela não precisa do lar dela?”

“O lar da Gem é onde eu estiver, mãe,” argumentei. “E o meu lar é onde você precisar que eu esteja.”

Os olhos da minha mãe se encheram de lágrimas que já ameaçavam cair havia dias. Ela assentiu lentamente.

“Ok. Porque por mais que eu fosse te impedir, eu só queria mesmo que você estivesse aqui.”

Segurei a mão da minha mãe quando ela perdeu o cabelo. Segurei seu corpo quando ela começou a esquecer como andar direito.

E o papai? Ah, essa é outra história.

“Muito estéril lá dentro, Blair,” ele dizia. “Hospitais me deixam ansioso.”

Ele visitava uma vez por semana. Quinze minutos, no máximo. Depois beijava a bochecha dela e murmurava algo sobre o trânsito. Eu o odiava por isso. Mas ela sempre sorria, sempre o perdoava.

“Deixe ele lidar com isso do jeito dele,” minha mãe sussurrou uma vez, com a voz embargada pela morfina. “Não deve ser fácil ver isso, querida. Você é feita de coisa mais forte… seu pai não é.”

Ela ainda o protegia. Mesmo assim.

Então, uma noite, ela disse:

“Você reparou como seu pai fica esquisito perto da Lisa?” perguntou, deixando a tigela de sopa de lado.

Lisa era colega de trabalho da mamãe. Professora de Química da escola. Animada. Loira. Tentava fingir que os cupcakes de padaria eram feitos por ela. Do tipo que borrifa todos os perfumes da loja e vai embora, deixando todo mundo com dor de cabeça.

Lisa era… interessante.

Eu não tinha notado nada entre meu pai e Lisa, mas depois que minha mãe disse, eu não consegui mais desver.

De repente, eu estava hiperconsciente dele. Tentava ouvir suas ligações. Perguntava sobre seus planos da noite pelo menos uma dúzia de vezes. Eu não sabia o que estava fazendo ou por quê, mas se minha mãe tinha um pressentimento, eu precisava entender.

Uma noite, meu pai disse que ia à academia em vez de visitar a mamãe.

“Desculpa, Blair, mas minhas costas estão me matando. Preciso alongar. Vejo sua mãe amanhã. Vou levar aqueles doces chiques que ela gosta. Você devia dormir, está com uma cara exausta.”

Mas, ao sair de casa, a bolsa de academia ainda estava na porta.

Então, eu o segui. Não me orgulho disso, mas faria de novo.

Ele foi a um lugar com luzes de fada penduradas no pátio e velinhas na mesa. Era uma cena bonita e romântica.

Até eu ver a Lisa.

Lá estava ela, com o cabelo ondulado descendo pelas costas, vestindo um vestido vermelho elegante e sorrindo. Sorrindo como se não tivesse estado ao lado da cama da minha mãe no hospital uma semana antes, segurando uma embalagem daqueles cupcakes idiotas.

Vi ele estender a mão. A mão sobre a dela. A luz da vela dançando na aliança de casamento.

Senti ânsia.

Mas tirei fotos. O suficiente. Minhas mãos tremiam tanto que achei que ia derrubar o celular. Mas consegui.

Aquela noite, esperei na cozinha, tomando café para me manter acordada. Luzes apagadas. Quando ele entrou, cantarolando feliz, eu só falei quando ele acendeu a luz.

“Você estava com a Lisa,” disse, simplesmente.

Ele congelou. Ainda de costas para mim.

“Você me seguiu?” perguntou, como se isso fosse a grande traição.

“Ela é colega da mamãe, Greg.”

Ele suspirou como se eu fosse exaustiva.

“Sou seu pai, Blair, não seu amigo. É ‘pai’ ou nada.”

Não respondi.

“Olha, sua mãe não é mais esposa pra mim há meses. Eu estou sozinho, Blair. Preciso de consolo.”

Quis arrancar os cabelos dele. Mas não gritei. Quis, mas não gritei.

Em vez disso, fui direto para o hospital e me enrosquei na cama com a mamãe. Não mostrei as fotos. Só contei a verdade.

O corpo dela tremia enquanto chorava em silêncio. Como tudo que ela fazia, até na dor, foi graciosa.

“Promete uma coisa pra mim,” ela disse depois de um tempo.

“Qualquer coisa, mamãe,” prometi.

“Não deixe ele sair impune.”

Jurei que não deixaria.

Três meses depois, minha mãe parou de lutar. Ela se foi.

O funeral foi simples. Família. Amigos próximos. Lisa estava lá, vestindo preto, secando olhos secos com lenço como se fosse encenação. Segurava o braço do meu pai como se pertencesse ali.

Não falei nada. Ainda não. O luto é um ladrão, aprendi. Rouba sua voz antes da respiração.

Semanas depois, ao empacotar as coisas da mamãe, encontrei o diário dela. Dentro, havia uma carta endereçada a mim.

“Querida, se você está lendo isso, então eu já fui.

Não por escolha. Nunca por escolha. Se seu pai ainda estiver com Lisa, saiba que eu te perdoo por fazer o que precisar para se proteger. Você sempre foi a mais forte de nós.

Com amor, Mamãe.”

Era só isso. Era tudo que eu precisava.

O que meu pai não sabia: a casa não era totalmente dele. Mamãe manteve o nome no registro. Então, quando faleceu, a parte dela ficou comigo. Em silêncio, sem drama, fui até um advogado. E esperei.

Três passos. Bem simples.

Passo 1: Sorria. Concordei quando papai disse que Lisa ia “se mudar pra ajudá-lo a se adaptar.” Ajudei a carregar caixas. Pendurei as cortinas azul-marinho dela na sala. Fiz o papel da filha enlutada que só queria paz e seguir em frente.

Passo 2: Fui simpática. Ajudei no jantar de domingo. Fui junto às compras. Ri das frases da Lisa sobre “como o luto é difícil, né?”

Eles achavam que tinham vencido.

Passo 3: Sábado de panquecas. Entreguei os papéis da venda da casa sobre pilhas de panquecas deliciosas, com a receita da mamãe.

“Vou vender minha metade da casa,” disse enquanto servia suco.

“Você não pode fazer isso, Blair!” ele disse. “E a casa é minha!”

“Posso sim. E vou. Mamãe deixou tudo pra mim, inclusive a parte dela.”

“Não temos pra onde ir…” Lisa piscou.

Gem miou aos meus pés como se me encorajasse a continuar firme. Por mim e por mamãe.

“Não é problema meu,” dei de ombros.

“Blair, eu nunca quis…” ela abaixou a voz, tentando usar empatia.

“Você levou cupcakes pro velório da minha mãe, Lisa. Cupcakes de padaria. Seus olhos estavam secos quando fez aquele discurso supostamente emocionante. Por favor, poupe a performance.”

Meu pai nem tentou me impedir depois disso. Vendemos a casa.

Um casal de aposentados adorável comprou. Dei 30 dias para meu pai sair. Deixei os documentos no balcão da cozinha, do mesmo jeito que ele deixou a aliança da mamãe lá no dia em que ela morreu.

Me mudei para outra cidade, levei a Gem e as coisas da mamãe. Achei que tinha acabado. Achei que tudo tinha terminado.

Mas descobri que meu pai tinha pedido Lisa em casamento. Recebi o convite por e-mail, numa manhã, enquanto me sentava para trabalhar. Iam fazer algo pequeno no quintal novo. Íntimo e de bom gosto.

Respondi – recusando, claro. Mas mandei algo no meu lugar.

Naquela manhã, minha prima Jenna, a fotógrafa do casamento, recebeu um envelope. Dentro, as fotos que tirei naquela noite. Com data e horário.

“Foram tiradas enquanto minha mãe estava morrendo no hospital. Espero que tragam alegria no seu dia especial.”

Jenna, abençoada com seu coração dramático, leu em voz alta antes de tirar a primeira foto.

Lisa correu. Literalmente. De salto.

“Ela jogou o buquê no chão e correu, Blair!” Jenna me contou depois. “E o tio Greg… ele só ficou parado, atônito. Por um momento achei que ia chorar, mas aí só… sentou e ficou olhando pro céu. Minha mãe cuidou dele depois. Eu fui embora.”

Não me arrependo de nada.

Perdoar é sagrado, dizia mamãe. Mas honrar a verdade também é. E minha mãe merecia muito mais do que ele.

Pobre pai. Achou que tinha se safado. Mas esqueceu que eu sou filha da minha mãe. E ela sempre dizia que o carma é paciente.

Acho que ela estava certa.

O que **você** teria feito?

Visited 78 times, 1 visit(s) today
Rate the article
( Пока оценок нет )