Acabei sentado ao lado do ex do meu marido em um voo—e quando pousamos, nosso casamento havia chegado ao fim

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Enquanto Grace voltava para casa depois de visitar a mãe, ela descobriu que a ex-esposa do marido estava sentada ao seu lado no voo. Uma coisa levou à outra, e Clara acabou contando a Grace tudo sobre seu contato recente com Oscar. No fim do voo, Grace precisa decidir o que fazer com seu casamento…

Eu nunca imaginei que algo tão simples quanto a escolha de um assento no avião poderia destruir todo o meu casamento. Mas aqui estou eu, sentada em uma cafeteria no aeroporto, tentando entender como pude ser tão cega.

Tudo começou quando embarquei em um voo para visitar minha família. Sentei, afivelei o cinto e estava pronta para passar as próximas horas em ignorância tranquila do mundo. Tinha baixado um livro só para o voo e esperava saborear um gim-tônica enquanto lia.

Mas esse sonho foi destruído logo no início, quando uma mulher deslizou para o assento ao meu lado. Ela sorriu educadamente e trocamos aquele olhar constrangido de “acho que somos vizinhas de assento”. Nada demais.

Mas então vi o nome no cartão de embarque dela, que ela colocou no bolsinho à sua frente. Era um nome que eu já ouvira muitas vezes sempre que Oscar falava sobre o passado.

Eu estava sentada ao lado da ex-esposa do meu marido, Clara. Com alguns olhares disfarçados, tive certeza de que era ela. Eu me lembrava de ver as fotos do casamento deles quando me mudei para a casa de Oscar.

“Você pode olhar antes que eu guarde tudo no porão,” ele disse. “Já separei umas caixas. Só estou esperando Clara decidir se quer alguma coisa antes de eu destruir tudo, sabe?”

Eu assenti.

“Entendo,” eu disse. “Apesar de o casamento ter terminado, isso é uma memória importante na vida de vocês.”

Lembro como Oscar me olhou quando disse isso, como se quisesse dizer algo mais, mas não disse. Apenas sorriu e foi para a cozinha.

Agora, sentada ao lado de Clara, eu tinha certeza de que era ela. Tentei manter a calma, sem querer demonstrar que sabia exatamente quem ela era. Mas então ela se virou para mim e disse meu nome, timidamente, como se estivesse testando.

“Grace, você é a nova esposa do Oscar, né?” ela disse lentamente.

Assenti, atônita.

Uma coisa era eu saber quem ela era por ser casada com Oscar, mas como ela podia saber quem eu era?

Ela me observou por um momento, como se tentasse entender o que Oscar via em mim.

“Eu te reconheci pelas redes sociais,” explicou. “O Oscar posta várias fotos suas. Isso ele nunca fez comigo. Mas você é muito bonita, Grace.”

“Obrigada,” respondi, nervosa.

Eu não podia acreditar que estava sentada ao lado da ex-esposa do meu marido num voo. Aquela era a mulher ao lado da qual ele jurou passar o resto da vida em um altar. E agora, eu era a terceira parte daquela promessa feita a Deus.

Foi uma sensação estranha. Era o fantasma do passado do meu marido, e estávamos presas juntas pelas próximas três horas.

Para minha surpresa, Clara manteve a conversa. Parecia querer me conhecer e não demonstrava nada de estranho. Pelo contrário, era calorosa e simpática, falando animadamente sobre o voo.

“Normalmente fico nervosa para voar,” disse. “Mas é bom ter alguém para conversar. Fui comemorar o noivado da minha prima. O casamento dela está chegando e fizemos um chá de panela surpresa.”

“Que legal,” eu disse, começando a simpatizar com Clara. “Estou voltando de uma visita à minha mãe. Ela não estava bem e passei a semana cuidando dela.”

Então, quase como quem comenta sobre o tempo, Clara jogou a primeira bomba.

“Sabia que a casa onde você mora agora,” ela começou, “era para ser a minha casa? Minha casa dos sonhos, na verdade.”

“Desculpa?” perguntei, pega de surpresa.

“Ah, o Oscar não te contou? Pois é, a gente a projetou quando ainda morávamos no apartamento. Acho que ele se mudou logo antes de você. Mas cada detalhe daquela casa? Fui eu quem escolhi tudo. O Oscar deve ter gostado tanto que não quis mudar nada.”

Meu coração começou a bater mais rápido.

Nosso lar, onde construímos tantas memórias, não era nosso de verdade? Era de Oscar e Clara…

Senti um enjoo subir.

“O Oscar nunca mencionou isso,” respondi. “Só sabia que ele se mudou dois meses antes do nosso casamento. E eu me mudei depois da lua de mel. Já estamos lá há três anos, e fizemos algumas mudanças.”

Clara deu uma risadinha suave.

“Não me surpreende, Grace. Ele sempre gostou de guardar uns segredinhos,” ela disse.

Ela se virou, olhando pela janela, pensativa.

Quis mudar de assunto, voltar a águas mais calmas, mas ela ainda não tinha terminado.

“E as flores, Grace,” continuou, com a voz mais suave agora. “O Oscar ainda me manda as flores mais lindas todos os anos. No nosso aniversário de casamento e no meu aniversário. Tulipas, nos dois dias. Ele sempre lembrava que eram minhas favoritas. Até no dia em que o divórcio foi finalizado, ele me mandou um buquê.”

Minha boca ficou seca.

“Flores? Sério?” perguntei antes de conseguir me conter.

Clara assentiu, um sorriso se formando lentamente no rosto.

“Este ano, chegaram pontualmente. O entregador bateu na porta de manhã cedo, com um bolinho de aniversário também. É quase engraçado, né? Um homem que mal lembrava de tirar o lixo, mas nunca esqueceu de mandar flores para a ex-esposa.”

Meu peito apertou, e por um momento, achei que não conseguiria respirar. Era demais para lidar. Quis me levantar, fugir, mas não havia para onde ir.

Estava presa, a milhares de metros de altitude, com a mulher que desmontava minha vida peça por peça.

Clara ficou em silêncio por um tempo, e pensei que tivesse terminado. Mas, é claro, não tinha.

“E só para você saber,” acrescentou, inclinando-se na minha direção, com os olhos cravados nos meus, “o Oscar me liga sempre que as coisas ficam difíceis. Tipo alguns meses atrás, quando vocês brigaram porque ele ficava muitas noites no escritório. E na semana passada… quando ele disse que vocês brigaram e você foi para casa da sua mãe.”

Fiquei sem palavras.

“Ele sempre me liga quando precisa conversar. Quando se sente meio perdido.”

Minha cabeça girava. Isso não podia estar acontecendo. Como o homem que eu pensei conhecer, com quem me casei, ainda estava tão preso ao passado a ponto de eu ser apenas uma substituta?

“Por que você está me contando tudo isso?” perguntei.

Ela deu de ombros, com uma expressão quase triste.

“Não sei, Grace-y,” disse. “Você parece uma boa garota, e achei que merecia saber a verdade.”

Quis gritar, chorar, exigir respostas daquela mulher, mas fiquei ali, completamente entorpecida.

Quando Oscar e eu começamos, ele era todo atencioso. Mandava flores toda semana, me mimava com comida. Estávamos construindo algo juntos. Por que ele fazia isso por alguém que deveria fazer parte do passado?

Clara e eu não falamos mais depois disso. Fiquei olhando fixamente para o assento à minha frente, com a mente a mil. Cada detalhe da minha vida com Oscar passou pela minha cabeça, agora manchado pelas revelações dela.

Tudo parecia contaminado.

Quando o avião pousou e todos começaram a desembarcar, Clara se virou para mim.

“Desculpa,” ela disse, e acho que acreditei nela. Do jeito dela, ela também estava presa na teia do Oscar.

Não respondi. Apenas fui embora.

Agora estou aqui, sentada nesta cafeteria, tentando entender como vou voltar para casa e encarar meu marido. Sem pensar muito, peguei o celular para mandar uma mensagem para Oscar:

*Acabou, Oscar. Fala com a Clara.*

Apertei “enviar” antes que pudesse me arrepender. Não foi o que ele fez. Foi a confiança por trás disso.

O que você teria feito?

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