Um órfão decidiu visitar sua família adotiva dez anos depois de sair de casa para agradecê-los por tudo o que fizeram por ele. Quando chegou em frente à casa deteriorada, perguntou o que havia acontecido e como ela acabou daquele jeito.
Ele se lembrou de como sua mãe adotiva cantava parabéns para ele batendo palmas, e como seu pai tinha um braço no ombro dela enquanto cantava junto. Então olhou para seu irmão adotivo, Ivan, que parecia entediado além da conta, com a cabeça apoiada na mesa, recusando-se a cantar.
Chuck amava profundamente sua família porque nunca o trataram como um estranho. Embora ele e Ivan não se dessem bem, ele sabia que seus pais o amavam porque gastaram seu próprio dinheiro para criá-lo.
“Vou sentir tanta saudade de vocês. Obrigado por esta comemoração de aniversário,” ele disse antes de assoprar as velas do bolo.
“Nós também vamos sentir sua falta, filho. Espero que volte para nos visitar quando terminar a universidade,” disse seu pai adotivo, Chase.
Chuck assoprou as velas e fez um pedido. Eles aproveitaram uma última refeição juntos antes de ele partir para a faculdade.
“Ah, querido,” suspirou sua mãe. “Ainda me lembro do dia em que te buscamos e te levamos para casa. Não consigo acreditar que você já está crescido e indo para a faculdade,” disse ela, com lágrimas nos olhos.
“Eu sei, mãe. Sou o garoto mais sortudo. Sou tão grato por vocês terem me acolhido. Sem vocês, eu não seria nada,” disse Chuck, segurando a mão dela. “Obrigado por todo amor e cuidado que me deram.”
Nesse momento, Ivan perdeu a paciência. “Ah, por favor,” revirou os olhos. “Podemos comer em silêncio? Esse sentimentalismo está me dando enjoo!”
Em vez de retrucar, Chuck sorriu. “Eu sei que você vai adorar não ter mais que conviver comigo, Ivan, mas eu também vou sentir sua falta.”
Naquela noite, Chuck não conseguiu dormir de tanta empolgação. Suas malas já estavam prontas e ele estava preparado para pegar o ônibus rumo à universidade no dia seguinte.
“Está na hora, querido,” sua mãe o chamou na manhã seguinte.
Chuck olhou para seu quarto uma última vez, sabendo que não o veria de novo por muito tempo. Abraçou os pais uma última vez antes de sair pela porta.
“Agora estou por minha conta,” disse ele. “Vocês me deram tudo de que precisei, e me desculpem se fui um peso extra por causa disso. Prometo que vou me esforçar para me tornar uma pessoa bem-sucedida. Vou voltar e retribuir tudo o que fizeram por mim!”
Foi uma decisão pessoal de Chuck deixar o sistema de adoção assim que pôde. Embora amasse profundamente seus pais, escolheu não ser legalmente adotado para poupar-lhes os custos. Afinal, saber que era amado por eles já era mais do que suficiente.
Chuck realmente se dedicou nos estudos, cumprindo sua promessa. Estudou Direito e estava motivado a se tornar um bom advogado após se formar.
Depois de passar no exame da ordem, começou a trabalhar em um dos melhores escritórios de advocacia. De associado, foi subindo até se tornar sócio do escritório. Com o tempo, acabou perdendo o contato com os pais. Embora trocassem cartas no início, o trabalho o impediu cada vez mais, até que a comunicação cessou por completo.
Fazia dez anos desde a última vez que viu seus pais adotivos. Chuck tinha um cliente na cidade onde cresceu, então decidiu visitar sua antiga casa. Achou que já era hora de ver seus pais novamente e tirou um dia de folga para isso. Mas o que encontrou lá foi totalmente inesperado.
Além do gramado malcuidado, mal dava para ver a pintura branca nas paredes, agora cobertas por trepadeiras. Ao caminhar até a porta da frente, até se perguntou se ainda havia alguém morando ali.
Chuck tocou a campainha, mas ela não funcionava mais. Estava prestes a ir embora, achando que ninguém morava mais lá, até ouvir uma voz vindo de dentro. Então decidiu bater.
Depois de alguns segundos, seu pai adotivo abriu a porta. “Chuck?” perguntou. “É você?”
“Pai,” disse ele, abraçando-o com força. “O que aconteceu aqui?! Vocês estão bem? Onde estão a mãe e o Ivan?” perguntou. Tinha tantas perguntas e queria respostas.
“Entre, filho. Não acredito que voltou para casa. Quanto tempo já se passou? Dez anos?” disse, levando seu filho adotivo para dentro. “Querida, é o Chuck! O Chuck voltou pra casa!” chamou sua esposa.
Assim que sua mãe saiu da cozinha, o coração de Chuck afundou. Ela já não era mais a mulher saudável que ele conhecia. Estava frágil, como se não comesse direito há semanas. “Mãe!” gritou ele. “O que aconteceu?”
“Ivan disse que começaria um negócio há uns cinco anos. Ficamos tão felizes, porque, embora ele não quisesse fazer faculdade, achamos que tinha encontrado um rumo na vida. Mas no fim, ele só queria nosso dinheiro para fazer o que quisesse,” contou seu pai.
“Ele prometeu que nos daria uma parte dos lucros, mas isso nunca aconteceu. Por causa dele, estamos endividados,” acrescentou sua mãe, com lágrimas nos olhos. “Achávamos que nunca mais te veríamos, querido. Estou tão feliz que nos visitou,” disse, abraçando Chuck de novo.
Chuck não conseguia acreditar no que seus pais tinham passado por causa do irmão. Levou-os para jantar e, ao voltarem para casa, prometeu voltar no dia seguinte.
No dia seguinte, voltou e disse que eles não precisavam mais se preocupar com nada. “Paguei o empréstimo e qualquer dano legal que ele tenha causado. Também contratei alguém para reformar a casa. E quero dar isto a vocês,” disse, entregando um talão de poupança.
“Chuck!” chorou sua mãe. “Você não precisava fazer nada disso. É demais. Nunca te criamos pensando que um dia você teria que nos retribuir,” disse ela.
“Nunca vi diferença entre você e o Ivan,” acrescentou seu pai. “Para mim, vocês sempre foram meus filhos. Mas agora, não consigo acreditar que é você quem realmente nos ama e se preocupa conosco. E o Ivan nos deixou para morrer.”
Chuck balançou a cabeça. “Eu devo a vocês muito mais do que dinheiro,” respondeu. “Vocês me deram um lar – uma família. Dinheiro não é nada pra mim. Família é tudo! Eu amo vocês e vou cuidar de vocês pelo resto da minha vida,” prometeu.
