M filhinha Ans Ans Telefone Do Marido e esquecido de desligar-h

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Crianças pequenas não sabem mentir. Então, quando Lisa, de cinco anos, atendeu o telefone do pai e sussurrou: “Eu não consigo guardar segredos da mamãe”, sua mãe, Laura, congelou. Ela pegou o telefone — e o que ouviu depois foi o começo da busca pela verdade devastadora.

Ainda sinto como se estivesse sonhando. Ou tendo um ataque de pânico. Talvez os dois. Se eu não botar isso pra fora, acho que vou explodir.

Sou a Laura. Tenho 35 anos, sou casada com o Mark há seis anos, e temos uma filha de cinco anos, a Lisa. Ela é o meu mundo inteiro. É esperta, curiosa e adora imitar tudo o que eu faço — como fingir que está atendendo ligações, fazer listas de compras no meu celular antigo e até mandar mensagens de mentira como se estivesse comandando um império. É fofo. Sempre foi.

Até a noite da última sexta-feira.

Mark tinha deixado o celular dele no balcão da cozinha enquanto tomava banho no nosso banheiro no andar de cima. Eu estava na lavanderia, no meio de uma montanha de meias e pijamas infantis, quando Lisa entrou correndo, segurando o telefone dele nas mãozinhas.

— Mamãe! O celular do papai tá tocando!

Eu mal olhei. — Deixa cair na caixa postal, querida.

Tarde demais. Ela já tinha atendido.

— Alô? — ela respondeu brincando, balançando os pés contra os armários. Depois, deu uma risadinha. — O papai não tá aqui. Quem é?

Continuei dobrando roupas, sem prestar muita atenção.

Até que ela ficou quieta. Lisa nunca fica quieta.

Olhei para cima. A cabeça dela estava inclinada, as sobrancelhas franzidas e os lábios apertados, como se estivesse “pensando”.

Então, ela sussurrou: — Tá bom… mas eu não consigo guardar segredos da mamãe.

Meu estômago DESABOU.

— Lisa? — dei um passo na direção dela e sussurrei. — Quem está no telefone, querida?

Ela piscou pra mim, confusa. Então, sem desligar, simplesmente largou o telefone e saiu correndo.

Peguei o aparelho e, no momento em que encostei no ouvido, congelei.

A voz de uma mulher — baixa, calma e divertida — falou:

— Tudo bem, querida — ela ronronou. — O papai e eu temos muitos segredos. Seja uma boa menina e mantenha isso só entre nós, tá?

Agarrei o telefone com tanta força que meus nós dos dedos ficaram brancos.

— Alô? — minha voz saiu afiada, urgente. — Quem diabos é você?

Silêncio.

E então — *clique*. A linha caiu.

Fiquei ali parada, com o coração disparado. Lisa voltou correndo e puxou minha manga, mas eu mal senti.

Porque minha mente gritava — Quem era ela? Por que estava ligando para o meu marido? E por que estava falando com minha filha como se a conhecesse?

Virei-me para minha filha. — Querida, o que a moça disse pra você?

Lisa franziu a testa, as sobrancelhas juntinhas. — Ela só perguntou se o papai estava. Eu disse que não. — Hesitou, depois completou: — Aí ela disse que ia ver ele hoje à noite.

Meu aperto no telefone afrouxou, quase deixei cair. E então ouvi os passos de Mark descendo as escadas.

— Lisa, onde você foi? — a voz dele era casual, como se NADA tivesse acontecido.

Lisa se virou pra ele, totalmente tranquila. — Papai, uma moça te ligou.

Mark entrou na cozinha, sacudindo o cabelo molhado. Mal olhou pra mim antes de pegar o celular.

— Ah é?

Observei atentamente. — É. Chamador desconhecido.

Ele nem piscou. — Deve ser spam.

Forcei um sorriso. — É. Provavelmente.

Mas meu instinto dizia o contrário.

Mark pegou o telefone, mexendo na tela. Os olhos passaram por uma mensagem — rápido demais, como se nem estivesse lendo.

— Tenho uma reunião hoje à noite — disse, limpando a garganta. — Coisa de trabalho.

Minha voz tremia. — Uma reunião? Numa sexta-feira à noite?

E foi aí que aconteceu.

A pausa.

Foi rápida — tão rápida que quase não percebi. Meio segundo de hesitação. Um brilho nos olhos. Um pequeno travar na respiração.

E então, rápido, se recompôs, evitando meu olhar. — Cliente importante. Não dá pra remarcar.

Forcei um sorriso. — Você tem trabalhado até tarde com frequência, hein? — brinquei como se acreditasse. Como se não estivesse analisando cada movimento.

Mark deu uma risada tensa, guardando o telefone no bolso. — É. Temporada puxada.

Assenti devagar. — Reuniões à noite. Horas longas. Deve ser exaustivo.

O maxilar dele se contraiu por meio segundo… o suficiente para confirmar o que eu já sabia.

Então, como se percebesse, se aproximou e beijou minha bochecha. — Não vou demorar.

Sorri, cheia de confiança e carinho. — Claro.

E dez minutos depois, peguei as chaves do carro e o segui.

Mal lembro da direção. Meu coração batia tão forte que era como se estivesse nos meus ouvidos. As mãos escorregavam no volante.

Mark atravessou a cidade. Não foi para o escritório. Nem perto.

Parou em frente a um café pequeno — daqueles com luzes de neon piscando e cadeiras de pátio descombinadas. Não era uma reunião de trabalho. Claro que não.

E então, ela saiu de um carro chique.

Uma mulher. Trinta e poucos anos. Cabelos escuros. Alta. Confiante. Daquelas que não só ficam sob os postes de luz — elas dominam a rua.

Ela se aproximou de Mark como se o CONHECESSE.

E então, o abraçou.

Não foi um abraço casual. Nem rápido ou educado.

Foi um abraço demorado, íntimo, com os corpos colados.

Meu estômago virou.

Abri a porta do carro e fui direto até eles, minha voz cortando o ar da noite como um chicote.

— Que diabos está acontecendo?

Mark se virou num pulo. Olhos arregalados. Rosto pálido. — LAURA?

A mulher? Só… sorriu de lado.

— Ah — disse ela, com calma. — Você deve ser a esposa dele.

Ignorei-a e encarei Mark. — QUEM É ELA??

Ele passou a mão no rosto. — Laura, escuta —

— Não, você escuta — interrompi. — Há quanto tempo está se encontrando com ela? Mentindo pra mim?

A mulher riu. Riu MESMO.

— Ah, querida — disse, balançando a cabeça. — Você acha que sou a amante dele?

Ela olhou para Mark. — Conta pra ela. Ou eu conto.

Mark suspirou, esfregando as têmporas. — Laura, eu não sabia como te contar —

— Contar o QUÊ? — minhas mãos se fecharam em punhos.

A mulher cruzou os braços. — Eu sou a irmã dele.

As palavras não fizeram sentido. Meu cérebro se recusava a aceitar.

— O QUÊ?

Ela inclinou a cabeça. — Surpresa. Eu sou o grande segredo da família.

Pisquei. Uma vez. Duas. A respiração presa, tentando entender.

Porque Mark não tinha irmã. Ela tinha morrido há quase vinte anos. Pelo menos, foi o que ele me disse.

Mark passou a mão no rosto. — Laura… eu ia te contar.

Eu mal o ouvia. A cabeça girava. — Isso não faz sentido. Sua irmã — Emily — morreu num acidente de carro. Você mesmo me disse.

A mulher deu uma risadinha. — É. Essa é a história, né?

Virei-me pra ela, em um sussurro: — Você é… a Emily?

Ela assentiu. E naquele instante, meu coração se partiu.

Mark engoliu em seco. — Laura… minha irmã… ela não morreu. Fugiu.

Encarei-o. — Você mentiu pra mim?

— Eu tive que mentir — a voz dele era crua. — Nosso pai… era abusivo. Emily não aguentava mais. Um dia, simplesmente sumiu. Deixou uma carta pra mim, dizendo que precisava fugir antes que ele a quebrasse de vez.

— Eu quis ir com ela, mas tive medo. Era muito novo. Quando nossos pais souberam, disseram pra todo mundo que ela tinha morrido. Enterraram ela à maneira deles. E eu… deixei-me acreditar nisso.

Meu peito apertou. — Então por que agora? Por que ela voltou?

Emily deu de ombros. — Procurei ele há alguns meses. Demorei, mas encontrei nas redes sociais. Não sabia se ele me reconheceria, mas procurei pelo sobrenome. Achei uma foto antiga da faculdade. No segundo em que vi o rosto dele, soube.

Mark assentiu. — Ela me mandou uma mensagem. Uma frase só: “Não sei se você quer ouvir da sua irmã mais velha, mas eu precisava tentar.”

Emily sorriu com tristeza. — Achei que ele nem ia responder. Quando respondeu… chorei por uma hora.

Pressionei os dedos nas têmporas. — Mark. Você estava se encontrando com ela pelas minhas costas… mentindo —

— Tinha medo de você não me perdoar. Por mentir. Por esconder ela de você.

As lágrimas vieram. — Você sabe o que eu estava pensando? As coisas que passaram pela minha cabeça? Eu achei… — minha voz falhou. — Achei que nosso casamento era uma mentira.

Mark deu um passo à frente, pegando minhas mãos. — Laura, por favor. Você é tudo pra mim. Você e a Lisa são meu mundo. Só… eu não sabia como trazer meu passado pro nosso presente.

Emily pigarreou. — Se serve de consolo… ele fala de vocês o tempo todo. Cada vez que nos encontramos é “A Lisa fez isso” e “A Laura ia adorar aquilo”. É até meio irritante.

Uma risada escapou entre minhas lágrimas. — Ele realmente adora falar da gente.

Mark apertou minhas mãos. — Porque vocês são minha família. Vocês duas. Todos nós.

Olhei para Emily, de verdade. E pela primeira vez, vi o Mark nela — o mesmo maxilar determinado, os mesmos olhos gentis, o mesmo sorriso.

— Por que não me contou antes? — perguntei baixinho.

— Porque contar significava encarar tudo o que eu vinha fugindo. As mentiras. A dor. A culpa de tê-la deixado.

Emily se aproximou. — Ei, nada disso. Você era só um garoto, Mark. Nós dois fizemos o que precisávamos pra sobreviver.

Soltei o ar. As emoções estavam por toda parte. Porque eu não perdi meu marido. Não perdi meu casamento.

Pelo contrário… ganhei uma cunhada.

E a Lisa? Ganhou uma tia.

Segui meu marido esperando o pior.

Mas o que encontrei? Foi a verdade… como a última peça de um quebra-cabeça se encaixando.

Mais tarde, naquela noite, depois de horas conversando, depois que as lágrimas secaram e as histórias foram contadas, sentamos na sala. Lisa dormia no andar de cima, tranquila e alheia ao fato de que sua resposta inocente mudou tudo.

— Então — eu disse, olhando pra Emily — e agora?

Ela sorriu — um sorriso de verdade dessa vez, não um deboche. — Bom, eu estava pensando… se você permitir… talvez eu possa conhecer minha sobrinha? De verdade agora?

A mão de Mark encontrou a minha, apertando com carinho. Apertei de volta.

— Acho que — eu disse devagar — a Lisa adoraria.

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