Uma mulher de 78 anos volta da casa de repouso para sua propriedade — mas em vez de sua casa, ela encontra uma mansão com novas fechaduras

Histórias interessantes

Margaret deixou sua casa para trás há anos, acreditando que ela sempre estaria lá esperando por ela. Mas quando, aos 78 anos, finalmente voltou, sua pequena casa havia desaparecido, substituída por uma mansão imponente com portas trancadas e um segredo chocante dentro.

Eu estava sentada à janela, observando o jardim lá fora. As roseiras estavam floridas, balançando suavemente com a brisa. Eu gostava de vê-las.

Eu já não saía muito — alguns dias estavam frios demais, outros, quentes demais. Mas o jardim me lembrava de algo. De casa. Da casa que deixei para trás.

Eu tinha um jardim lá uma vez. Um pequeno, apenas um canteiro de flores ao lado da varanda. Não sabia por que pensava tanto nisso ultimamente. Talvez porque não houvesse muito mais em que pensar.

O asilo era silencioso. Silencioso demais. As enfermeiras iam e vinham, sempre sorridentes, sempre educadas. Os outros residentes passavam cambaleando pela minha porta, alguns falando sozinhos, outros encarando o chão.

Meus filhos me deixaram há muito tempo. Primeiro minha filha, que se mudou para o outro lado do país. Mandava cartas no início, depois cartões de feriado, depois… mais nada.

Meu filho, David, foi o próximo. Casou-se, formou uma família e nunca mais olhou para trás. Eu costumava me perguntar o que tinha feito de errado. Já não me perguntava mais.

Fiz minha escolha anos atrás de deixar a casa e vir morar aqui. Era mais fácil do que viver sozinha. Ainda tinha a chave, no entanto. Ela ficava na gaveta ao lado da cama. Às vezes, eu a segurava na palma da mão, sentindo seu peso. Ela estava quente, mesmo quando não deveria estar.

Numa tarde, enquanto eu encarava a janela, uma enfermeira tocou meu ombro.

— Margaret, você tem uma visita.

Pisquei. — Uma visita?

Ela assentiu, sorrindo. Eu não recebia visitas. Não mais. Minhas mãos tremiam enquanto eu me levantava da cadeira.

E então eu o vi.

David.

Ele estava na porta, com as mãos nos bolsos, parecendo mais velho do que eu me lembrava. Os cabelos grisalhos nas lateras, o rosto marcado de formas que antes não estavam lá. Mas era ele. Depois de 30 anos, era ele.

— Mãe — disse suavemente.

Eu não sabia o que dizer.

— Eu… espero que tudo bem eu ter vindo — continuou. — Eu só… queria te ver.

Apertei os braços da cadeira. Meu coração disparava, mas minha voz saiu firme.

— Por que agora?

Ele suspirou, olhando para baixo. — Minha esposa me deixou. Levou as crianças. Eu… — passou a mão pelo rosto. — Passei anos construindo uma vida com ela, e agora se foi. E isso me fez pensar em você. Em como te deixei.

Engoli em seco. — Isso foi há muito tempo.

— Eu sei — disse ele. — E sinto muito, mãe. Eu deveria ter voltado antes.

O silêncio se estendeu entre nós. Eu não sabia o que sentir. Raiva? Tristeza? Alívio?

— Não sei o que dizer pra você — admiti.

— Não espero que diga nada — respondeu rapidamente. — Só… quero consertar as coisas.

Não respondi.

Depois de um momento, ele tirou algo de trás das costas — um buquê de margaridas. Minhas favoritas.

— Eu me lembrei — disse, oferecendo um sorriso tímido.

Peguei as flores, passando os dedos pelas pétalas.

— Obrigada — sussurrei.

Ele começou a me visitar depois disso. Não todos os dias, mas com frequência. Às vezes trazia flores. Outras vezes, livros que achava que eu gostaria. Sentávamos e conversávamos um pouco. No início, nossas palavras eram cuidadosas, como se andássemos sobre cacos de vidro. Mas com o tempo, ficou mais fácil.

Um dia, ele me levou ao parque. Sentamos num banco e observamos os patos no lago.

— Você se lembra da casa antiga? — perguntei, olhando para ele.

Ele hesitou. — Sim. Eu me lembro.

— Gostaria de vê-la de novo — disse. — Só uma vez.

Ele balançou a cabeça. — Não, mãe.

Franzi a testa. — Por quê?

— É que… não é mais a mesma.

Foi tudo o que disse. E por mais vezes que eu perguntasse, a resposta era sempre a mesma.

Não, mãe.

Eu não entendia. Mas de um jeito ou de outro, eu pretendia descobrir.

Uma tarde, depois que David foi embora, decidi que não esperaria mais. Vesti meu melhor casaco, coloquei a velha chave da casa no bolso e saí do asilo sem avisar ninguém.

No ponto de ônibus, contei minhas moedas com cuidado. Não pegava um ônibus havia anos. A viagem pareceu mais longa do que eu lembrava, cada parada esticando o tempo. Minhas mãos seguravam a bolsa com força enquanto eu observava as ruas familiares passando. Casas que eu conhecia pareciam diferentes — algumas pintadas de cores novas, outras com jardins reformados, outras completamente irreconhecíveis.

Finalmente, o ônibus parou perto do meu antigo bairro. Desci, com o coração acelerado.

Enquanto caminhava pela rua, memórias invadiram minha mente — crianças brincando, cachorros latindo, o som de um cortador de grama ao longe. Meus pés sabiam o caminho, levando-me ao lugar que deixei para trás.

Mas quando cheguei, congelei.

Minha casa havia desaparecido.

No lugar dela, havia uma mansão imponente — alta, bela, nada parecida com o que eu havia deixado. A varanda era maior, as janelas brilhavam, e um jardim florido e exuberante cercava toda a propriedade.

Eu fiquei olhando, sem fôlego.

Isso não podia estar certo.

Com os dedos trêmulos, tirei a chave e subi na varanda. Minhas mãos tremiam enquanto tentava colocá-la na fechadura. Não encaixava. Girei, tentei de novo. Nada.

Alguém havia trocado as fechaduras.

O pânico subiu no meu peito.

Bati na porta. — Olá? — minha voz era fraca, engolida pela rua silenciosa. — Quem está aí? Esta é a minha casa!

Nenhuma resposta.

Cambaleei para trás, com o coração disparado. Alguém havia roubado minha casa. Peguei o celular da bolsa e disquei 190.

— Emergência. Qual sua ocorrência?

— Minha casa — ofeguei. — Alguém pegou minha casa. Eu… eu voltei para casa, e ela sumiu. Está diferente. As fechaduras foram trocadas. Tem alguém lá dentro.

A atendente fez perguntas que eu mal registrei. Minhas mãos tremiam enquanto explicava, repetidamente, que aquela era minha casa, que algo estava errado.

Minutos depois, uma viatura chegou. Dois policiais desceram do carro, com expressões calmas, cuidadosas.

— Qual o problema, senhora?

Antes que eu pudesse responder, a porta da mansão se abriu.

David saiu.

Eu o encarei, com o peito apertado.

Ele parecia surpreso, depois suspirou, passando a mão na testa.

— Mãe?

Os policiais se voltaram para ele. — Senhor, o senhor mora aqui?

Ele assentiu. — Sim. Esta é minha casa.

Eu ofeguei, dando um passo para trás. — O que isso significa? Você… você pegou minha casa? — minha voz falhou, trêmula de raiva e confusão. — Você a roubou de mim! Mudou tudo! Vendeu?

O rosto de David se desfez. — Mãe, não, eu não a vendi. — Ele soltou um longo suspiro. — Você… estragou a surpresa.

Pisquei. — O quê?

Ele caminhou até mim, com as mãos estendidas. — Eu não ia te contar até estar tudo pronto. Eu… reconstruí a casa, mãe. Mantive a fundação, mas ampliei. Tornei-a maior, mais forte. Restaurei. E o jardim — — gesticulou para as flores — plantei todas as suas favoritas. As mesmas que você tinha.

Eu não conseguia falar. Meu peito doía, cheio de emoções sem nome.

— Eu queria te trazer de volta quando tudo estivesse perfeito — disse ele. — Queria que fosse um presente.

Olhei para a casa — minha casa, mudada, mas ainda de pé — e as lágrimas embaçaram minha visão.

David deu um passo à frente. Seu rosto estava cheio de arrependimento.

— Desculpa, mãe — disse suavemente. — Por ter te deixado. Por ter demorado tanto pra voltar. Por não ter contado antes. — Sua voz falhou. — Eu nunca deveria ter ficado longe.

Engoli em seco. A raiva dentro de mim se dissipou, substituída por algo mais pesado.

— Achei que você tivesse me esquecido — sussurrei.

Ele balançou a cabeça. — Eu nunca esqueci. Só não sabia como voltar. — Olhou para a casa. — Mas eu quis te dar isso. Um lar. Nosso lar. — Hesitou, depois acrescentou: — Volta, mãe. Mora aqui. Você não precisa mais ficar naquele asilo.

Olhei para a casa, de verdade dessa vez. As paredes eram novas, mas a estrutura era a mesma. A varanda onde eu costumava sentar, as janelas que um dia tiveram minhas cortinas, os degraus que levavam à porta da frente — era diferente, mas ainda era minha. E o jardim… ah, o jardim. Rosas, margaridas, lavanda e lilases. Tudo o que eu sempre amei, florescendo ao sol.

Lágrimas escorreram pelas minhas bochechas. — Você fez tudo isso por mim?

David assentiu. — Eu queria que você tivesse tudo com que sempre sonhou.

Soltei um suspiro trêmulo. — Então acho que devo ver como é por dentro.

O rosto dele se iluminou. — Vou fazer um chá pra nós.

Um tempo depois, sentamos juntos na varanda, com xícaras fumegantes nas mãos. O cheiro das flores enchia o ar, e pela primeira vez em anos, senti que estava em casa.

David sorriu para mim. — Está feliz, mãe?

Olhei para ele, para meu filho, minha casa, meu jardim.

— Sim — disse. — Estou.

Visited 365 times, 1 visit(s) today
Rate the article
( Пока оценок нет )