Um jovem rico empunhava um martelo para esmagar a minha Harley de 47 anos-apenas para acumular dois milhões de visualizações no YouTube.

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Um jovem rico usou um martelo para destruir minha Harley de 47 anos – só para conseguir dois milhões de visualizações no YouTube.

Vendi minha Harley Shovelhead 1972 para salvar a vida da minha esposa, mas depois a encontrei no YouTube, sendo destruída com uma marreta por um moleque mimado, só por visualizações. “Veja eu DESTRUINDO essa velharia!” gritava o título. Dois milhões de visualizações. Quarenta e sete anos de memórias reduzidas a sucata por fama na internet.

Minhas mãos tremiam enquanto assistia aquele youtuber milionário de vinte e poucos anos rir enquanto despejava ácido na pintura original — a mesma que meu falecido pai me ajudou a aplicar em 1975. “Um velhote me vendeu baratinho”, ele ria para a câmera. “Disse que era especial, sei lá. Mas conteúdo é REI, bebê!” Aquela moto deveria pagar o tratamento de quimioterapia da Martha. Em vez disso, pagou a parcela da Ferrari de um mimado enquanto minha esposa agonizava porque o seguro não cobria o tratamento experimental.

Eu estava no estacionamento do hospital, vendo aquele vídeo em loop, cada martelada batendo no mesmo ritmo que meu coração se partia. O garoto tinha comprado minha Shovelhead por meio de um intermediário por US$ 18.000. Dinheiro rápido que eu precisava desesperadamente quando o oncologista da Martha mencionou um novo tratamento. Não coberto pelo seguro. Não coberto pelo Medicare. Apenas um número no papel — que poderia muito bem ter sido um milhão.

Mas ver minha moto destruída por entretenimento? Foi uma violação pior do que roubo. Foi uma profanação. Então decidi…

Martha não sabia que eu tinha vendido a Shovelhead. Mesmo sob a névoa da morfina e da dor, ela teria lutado contra isso. “Não é só a moto do seu pai,” ela teria dito. “Vamos encontrar outro jeito.”

Mas não havia outro jeito. Já tinha hipotecado a casa, sacado a aposentadoria, vendido tudo de valor — exceto meu colete de couro. E até ele eu teria vendido, se alguém quisesse comprar um colete velho cheio de remendos de uma vida inteira sobre duas rodas.

Sou Earl Henderson, 72 anos, ando de moto desde os quinze. Aquela Shovelhead não era só uma motocicleta — era o alicerce da minha existência. Meu pai e eu a montamos a partir de um monte de peças em 1975, um ano antes dele morrer. Cada parafuso, cada rolamento, cada centímetro cromado tinha nosso suor e sangue. Quando o câncer o levou em 1976, aquela moto virou minha conexão com ele.

Fui com ela ao casamento com a Martha, em 1978. Fui com ela para o hospital quando nosso filho Danny nasceu, em 1981. Fui com ela ao enterro do Danny, quando um motorista bêbado o matou aos 19. Aquela moto tinha absorvido cada quilômetro de alegria e dor da minha vida.

E agora era sucata no chão da garagem de um garoto mimado.

Forcei-me a desligar o celular e voltar para o hospital. Martha estava acordada, os olhos ainda brilhantes apesar do rosto emagrecido.

“Onde você estava, Earl?” ela perguntou, com a voz fraca.

“Só precisei tomar um ar,” menti, segurando sua mão. Seus dedos pareciam ossos de passarinho envolvidos em papel fino.

“Você é um péssimo mentiroso,” ela sorriu fracamente. “Quarenta e quatro anos de casamento e ainda não consegue me enganar.”

Quis contar tudo — sobre vender a moto, sobre o vídeo, sobre a raiva queimando dentro de mim. Mas de que adiantaria? Ela precisava de esperança, não da minha fúria.

“Só estou preocupado com você, meu bem,” foi o que respondi.

Ela apertou minha mão com a pouca força que tinha. “Eu vou vencer isso, Earl. Já passamos por coisa pior.”

Assenti, embora ambos soubéssemos que desta vez era diferente. O tratamento experimental havia mostrado promessa por duas semanas, antes do corpo dela começar a rejeitá-lo. Agora estávamos de volta à quimio tradicional, assistindo a mulher que eu amava se apagar enquanto as contas médicas se acumulavam como neve numa tempestade.

Naquela noite, depois que Martha finalmente adormeceu, fui até a cafeteria do hospital com meu notebook e comecei a pesquisar aquele garoto. Vinte e três anos. Filho de pais ricos, virou “influencer”. Seu canal tinha oito milhões de inscritos que assistiam ele destruir itens caros por diversão.

Barcos. Carros. Guitarras. E agora, minha Shovelhead.

O vídeo tinha sido postado três dias antes. Nos comentários, alguns veteranos tentaram explicar o que ele havia destruído:

“Aquilo é uma Shovel com números originais, seu idiota. Só restam poucas em funcionamento.”

“Meu avô tinha uma dessas. Você acabou de destruir história.”

“Isto é nojento. Aquela moto era a vida de alguém.”

Mas os comentários foram afogados num mar de emojis rindo e posts de “PRIMEIRO!” de adolescentes que achavam destruição o auge do entretenimento.

Fui mais fundo. Ele morava numa mansão a 60 quilômetros dali. Seu Instagram mostrava uma garagem cheia de carros exóticos, viagens para Dubai, festas que custavam mais do que o salário anual da maioria das pessoas. Os US$ 18.000 que pagou pela minha Shovelhead eram troco para ele — menos do que gastava num relógio.

O intermediário que cuidou da venda me garantiu que o comprador era “colecionador sério”. Eu até escrevi uma carta explicando a história da moto, na esperança de que quem a comprasse valorizasse o que estava recebendo. Aparentemente, ele usou a carta como lenha para queimar as alforjes de couro do meu pai.

Dois dias depois, não aguentei mais. Deixei Martha dormindo e fui até o endereço dele com minha velha Honda — único transporte que me restava. O que planejava fazer, sinceramente não sabia. Falar com ele? Implorar para que entendesse o que tinha feito? Arrebentar a cara dele? Tudo parecia igualmente inútil e possível.

A mansão ficava atrás de portões que provavelmente custavam mais que minha casa. Estacionei do outro lado da rua, observando jardineiros cuidarem dos jardins perfeitos enquanto fontes brilhavam ao sol da manhã. Aquele garoto vivia em outro universo — onde destruir a herança de alguém era só mais uma “terça-feira de conteúdo”.

Enquanto eu estava ali, com o motor ligado, um som familiar me fez virar. Um grupo de motos se aproximava — motos de verdade, não essas esportivas de plástico que os jovens usam hoje em dia. Pararam ao meu lado, os motores desligando um por um.

“Earl? É você?” O líder tirou o capacete, revelando o rosto enrugado de Tommy Castellano, presidente do clube Vintage Riders local.

“Tommy,” acenei, subitamente envergonhado de ser pego espionando a casa de um youtuber em cima de uma Honda.

“Soube da Martha,” disse Tommy. “E soube da sua Shovel. Vi o vídeo.” O rosto dele escureceu. “Me deu nojo.”

Atrás dele, outros cinco tiraram os capacetes. Reconheci quase todos — veteranos da comunidade de motos antigas, caras que entendem que certas coisas são sagradas.

“O que você está fazendo aqui, Earl?” perguntou Memphis Mike, um gigante que restaurava Harleys antigas para viver.

“Eu não sei,” admiti. “Só precisava… eu não sei.”

Tommy olhou para a mansão, depois voltou para mim. “Você sabe o que esse moleque fez com as peças depois que destruiu a moto?”

Balancei a cabeça.

“Jogou tudo no lixo. Se gabou no Twitter. Disse que foi ‘terapêutico’ destruir ‘lixo de boomer’.”

Minhas mãos apertaram com força o guidão da Honda. Lixo de boomer. Quarenta e sete anos de memórias. As mãos do meu pai. Os braços da Martha na minha cintura. A primeira volta do Danny. Lixo de boomer.

“Alguns dos caras vasculharam o lixo ontem à noite,” disse Memphis Mike calmamente. “Achamos o que deu.”

Ele pegou um embrulho da sua bolsa lateral. Dentro estava a tampa do tempo da minha Shovelhead — agora amassada, marcada pelas marretadas, mas inconfundível. Meu pai e eu a tínhamos polido até brilhar como um espelho. Nossas iniciais ainda estavam visíveis, mal: “EH & DH 1975.”

Peguei com as mãos trêmulas, sem conseguir dizer nada.

“Isso não tá certo,” disse Tommy. “O que esse garoto fez. Não tá nada certo.”

“O que podemos fazer?” perguntei, odiando o tom derrotado da minha voz. “Ele comprou legalmente. É propriedade dele.”

“O que é legal não é sempre o que é certo,” rosnou Memphis Mike. “Esse garoto precisa aprender o que é respeito.”

Tommy levantou a mão. “Nada de fazer besteira. A última coisa que o Earl precisa é a gente preso.” Ele se virou para mim. “Mas talvez haja outra maneira. Você ainda tem aquela carta que escreveu? Sobre a história da moto?”

Assenti. “Uma cópia, sim.”

“Ótimo. Memphis, você ainda tem contato com aquela repórter da American Iron?”

“A Sarah? Ela adoraria essa história. Odeia esse tipo de influencer.”

Tommy sorriu — mas não foi um sorriso simpático. “Então vamos tornar o Sr. Morrison famoso por algo além de destruir coisas.”

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