**Poucas pessoas correm atrás de seus sonhos com o mesmo abandono imprudente de Maggie.** Desde pequena, ela acreditava que tudo o que quisesse era dela por direito. Com um simples gesto de mão, garotos do colégio carregavam sua mochila, e admiradores apaixonados cruzavam a cidade correndo para pegar seu sorvete favorito na Dairy Queen local. Maggie, pequena e deslumbrante, tinha o dom de dobrar o mundo à sua vontade.
**Ela se casou com um magnata rico e idoso – só esperando ele bater as botas… Mas o último movimento dele a deixou em choque!**
Sua mãe, Nancy Thompson, não conseguia entender de onde vinha aquela atitude de superioridade. Nancy era uma mulher com os pés no chão, que trabalhava longas horas numa fábrica de processamento de frango em Springdale, uma cidadezinha rural do Arkansas. O trabalho exaustivo a deixava esgotada, e muitas vezes ela desabava na cama ainda com a roupa do serviço, cansada demais para se trocar. Criar Maggie sozinha era difícil — tempo e energia eram luxos que ela não tinha.
O pai de Maggie havia morrido de ataque cardíaco quando ela ainda era pequena, deixando como presença constante apenas sua avó, Dorothy Jean. Dorothy, cuja família alegava ter laços distantes com a antiga aristocracia do sul dos EUA, se achava um pouco como Scarlett O’Hara. Apesar da idade e da confusão ocasional, devorava romances e passou essa paixão para Maggie. A menina mergulhou nas histórias de grandes damas, imaginando-se uma socialite glamourosa. Com o tempo, essas fantasias a moldaram em alguém exigente, com uma bússola moral meio torta.
Já na casa dos vinte, Maggie tinha os homens na palma da mão, mas o leque de pretendentes em Springdale era decepcionante. Metade dos caras eram beberrões, a outra metade simplesmente não estava à sua altura.
— “Você precisa parar com essa bobagem, Maggie!” Nancy implorava. “Vai acabar sozinha se continuar correndo atrás de ilusões. A beleza passa rápido, querida.”
— “E onde eu vou encontrar um cara decente por aqui?” Maggie retrucava. “Só vejo fracassados!”
— “E o Tommy?” sugeria Nancy. “Ele te segue feito um cachorrinho há anos. Tem um bom coração, Maggie. Ele te ama.”
Maggie torceu o nariz e jogou o cabelo para trás.
— “Tommy? Aquele limpador de fossa? Mãe, eu não nasci pra viver no aperto. Prefiro fisgar uns ricaços e viver no luxo.”
— “Se cuida, menina,” advertiu Nancy, com a voz pesada. “Se meter com homem casado só por roupas caras vai te trazer problema.”
— “Casado, solteiro – qual a diferença?” Maggie deu um sorrisinho. “Pega o Owen, por exemplo. É mais velho, sim, mas tem três brechós e umas oficinas na estrada. É esse tipo de homem que eu quero, não o Tommy.”
Nancy suspirou, sabendo que a filha estava determinada a seguir um caminho perigoso, correndo atrás de sonhos que poderiam destruí-la no final.
Maggie sonhava grande, maior do que Springdale podia oferecer. Enquanto Nancy implorava para ela arrumar um emprego estável e criar raízes, Maggie já tinha outros planos. Estava obcecada por Owen, o empresário casado com lojas e oficinas. Prometeu à mãe que ia dar um jeito na vida, mas era só papo para deixá-la em paz.
— “Vou ser alguém, mãe,” disse Maggie, com a voz cheia de confiança. “Você vai ver.”
Na manhã seguinte, Maggie fez as malas, abraçou Nancy e disse que estava indo começar uma nova vida em Fayetteville, a cidade grande mais próxima. Nancy, com os olhos marejados, entregou um maço de notas e um lanche embrulhado.
— “Vá atrás dos seus sonhos, querida,” sussurrou Nancy, fazendo o sinal da cruz na testa de Maggie. “Só não deixe que eles cortem suas asas cedo demais.”
Maggie não olhou para trás ao subir no ônibus. Trabalho? Nem pensar. Ela foi direto procurar Owen. Ele estava nervoso, olhando por cima do ombro como se alguém pudesse vê-los. Brincar em Springdale era uma coisa, mas Fayetteville era perto demais de sua esposa, Linda. Ainda assim, Maggie sabia como derreter as defesas de um homem. Logo, Owen estava fisgado, alugando para ela um apartamento chique no centro e cobrindo todas as suas despesas.
O caso virou romance de verdade. As noites eram cheias de paixão, e Maggie, que via Owen inicialmente como um bilhete premiado, começou a sentir algo mais profundo. Owen, por sua vez, não se cansava da jovem e vibrante namorada.
— “Linda nem vai notar se eu me divertir um pouco com uma garota como você,” murmurava Owen, tentando se convencer de que não fazia mal.
Mas Maggie largou uma bomba — estava grávida. Owen ficou pálido.
— “O que você estava pensando, Maggie?” esbravejou, enxugando o suor da testa. “Estou abrindo uma nova loja, cada centavo está comprometido. A Linda controla o talão de cheques, e vive me vigiando. Um filho é a última coisa que preciso. Vamos dar um jeito de juntar grana pro aborto. Fica tranquila.”
O sangue de Maggie ferveu. Queria gritar, mas apenas sorriu com frieza, já tramando tudo. Decidiu que a vingança seria servida bem gelada. Fingindo que aceitaria ser a mulher mantida de Owen, começou a gravar escondido ele falando mal de Linda e reclamando do casamento. O áudio era dinamite, e Maggie sabia disso.
Mostrou um trecho da gravação a Owen. Seus olhos se arregalaram em pânico.
— “Sua cobra,” ele sussurrou, mas pagou uma bolada para ela ficar quieta.
Mas Maggie ainda não tinha terminado. Entrou desfilando no escritório de Linda, na sede da rede de brechós, e jogou um pen drive sobre a mesa.
— “O que é isso?” perguntou Linda, os olhos afiados se estreitando. Estava na casa dos sessenta, o rosto marcado como couro envelhecido.
— “Uma coisinha sobre seu marido,” disse Maggie com um sorrisinho. “Metade da gravação tá aí. O filé mignon tá em outro. Diga quanto vale.”
Linda ouviu tudo, com o maxilar travado, e deslizou um bloco de notas sobre a mesa.
— “Escreve o valor,” disse friamente.
Maggie rabiscou um número com cinco zeros. Linda riscou um, oferecendo um valor menor, mas ainda assim enorme. Maggie aceitou o acordo, entregou o outro pen drive e saiu com um cheque gordo. Dias depois, correu a notícia de que Owen estava fora dos negócios, vendendo geleia artesanal numa barraca de beira de estrada.
Os esquemas de Maggie tinham dado certo, mas até ela tinha seus limites. Apesar do golpe frio contra Owen, não conseguiu abortar. Após um parto tranquilo, teve um menino saudável, chamado Noah. Mas ser mãe não fazia parte dos planos. Voltou para Springdale, entregou Noah para Nancy, e passou um maço de dinheiro do suborno.
— “Aqui, mãe, pra fraldas e essas coisas de bebê,” disse Maggie, com a voz neutra, sem olhar nos olhos da mãe.
— “Você já vai embora?” Nancy perguntou, segurando Noah nos braços. “Fica um pouco, Maggie. Toma um café, me conta sobre o pai dele.”
— “Sem pai, mãe. Só eu. Tenho umas coisas pra resolver, mas volto logo,” respondeu Maggie, já quase na porta.
O coração de Nancy afundou. Sabia que a filha era um espírito livre, sempre atrás da próxima grande coisa. Com um suspiro, embalou Noah nos braços, prometendo dar a ele o amor que Maggie não podia.
Maggie não olhou para trás. Pegou um ônibus para Little Rock, a capital agitada do Arkansas, decidida a subir ainda mais. Conseguiu emprego como garçonete numa churrascaria de luxo no centro, o tipo de lugar onde homens de terno exibem cartões de platina. Maggie conhecia seu alvo — homens ricos, mais velhos, com bolsos fundos. Circulava entre as mesas com sorrisos e olhares insinuantes, esperando o momento certo.
Numa noite, um homem distinto na casa dos sessenta, cabelo grisalho e terno impecável, pediu uma garrafa de Cabernet de Napa Valley. Maggie o avaliou — relógio caro, sapatos engraxados. Era a chance dela. Levando o vinho até a mesa, ela “acidentalmente” derramou um pouco na camisa branca dele.
— “Ai meu Deus, me desculpa!” Maggie ofegou, com os olhos arregalados de pânico falso. “Sou tão desastrada!”
— “Não tem problema,” o homem riu, secando a camisa. “Vai sair na lavagem. Jogo na máquina hoje à noite.”
— “Você não tem empregada?” Maggie perguntou, inclinando a cabeça. “Eu limpava casas no meu emprego anterior. Sou meio neurótica com limpeza.”
Os olhos do homem brilharam.
— “E que tal trabalhar pra mim? Me chamo Edward Sullivan. Pago melhor do que aqui, e sou bom de gorjeta,” disse ele, piscando.
— “Fechado!” Maggie sorriu. “Quando começo, Edward?”
— “Que tal agora mesmo?” Edward riu, com a voz calorosa.
Maggie sentiu a emoção de uma nova conquista. O motorista de Edward, Jake, alto, atlético, com queixo quadrado, abriu a porta de um BMW reluzente. Os olhos de Maggie demoraram-se em Jake — bem o tipo dela, charme bruto. No caminho, Edward citava Hemingway e fazia piadas, claramente encantado com a companhia. Maggie ria de tudo, jogando charme para cima.
Pararam diante de uma mansão imensa, cercada por pinheiros nos arredores de Little Rock. Dentro, pisos de mármore brilhavam, e quadros abstratos forravam as paredes. O queixo de Maggie caiu — aquilo era riqueza em outro nível.
— “Chegou, querido?” chamou uma voz fraca do corredor.
— “Sim, Clara,” respondeu Edward. “Esta é a Maggie, nossa nova empregada.”
Clara, a esposa enferma de Edward, assentiu fracamente. Maggie sorriu, já traçando mentalmente seu próximo movimento dentro daquela gaiola dourada.