EU NÃO SABIA QUE O DIA DOS NOSSOS RAPAZES SERIA A ÚLTIMA VEZ QUE O VERIA

Histórias interessantes

**Era só para ser bolo e diversão. Nada chique.** Só eu e meu garoto, passando um tempo juntos como sempre fazíamos quando eu conseguia uma folga do trabalho e ele tinha um intervalo da escola. Fui buscá-lo mais cedo naquela sexta-feira e disse que seria um “dia só dos caras”, e o rosto dele se iluminou como se eu tivesse acabado de lhe entregar um bilhete premiado de loteria.

Pegamos hambúrgueres no lugar favorito dele, depois fomos ao fliperama e, por fim, paramos naquela padaria de esquina onde ele sempre implorava por um bolo de veludo vermelho. Ele usava seu moletom azul-marinho e o boné virado para trás, como uma miniatura minha, e ríamos do jeito que o glacê grudava no céu da boca.

Tirei essa foto porque ele estava tão sério, concentrado em cortar o bolo perfeitamente. Achei que seria uma daquelas fotos descartáveis que um dia eu veria por acaso e sorriria.

Mas agora, toda vez que chego nela, eu paro.

**Porque algumas horas depois de deixá-lo em casa… ela o levou embora.**

Minha esposa—ex, acho que é assim que devo chamá-la agora—fez as malas e foi embora. Eu sabia que as coisas estavam tensas entre nós, sim, mas nunca pensei que ela realmente iria embora. Não daquele jeito. Sem aviso, sem conversa. Só um bilhete, uma mensagem de voz, e silêncio.

**Não o vi desde então.** Não o abracei. Não contamos piadas bobas ou levei uma cotovelada porque ele achava algo “cafona demais”.

E o que mais dói é que nem pude dizer adeus. Sem último abraço, sem promessa de vê-lo no fim de semana seguinte. Só uma casa vazia, uma mensagem de voz dizendo que ela estava levando ele embora—sem endereço, sem número novo, nada.

**A casa parecia grande demais sem ele.** Os brinquedos ainda espalhados pela sala, os tênis ao lado da porta. O silêncio era sufocante, e eu não conseguia me livrar da sensação de que tinha falhado com ele de alguma forma. Pensei naquele dia, o bolo de veludo vermelho, o sorriso bobo. Eu não fazia ideia de que seria a última vez que estaríamos juntos daquele jeito.

**Os dias seguintes foram um borrão.** Passei horas tentando falar com ela, ligando, mandando mensagens—qualquer coisa para entrar em contato. Mas quanto mais eu tentava, mais ela me afastava. Eventualmente percebi que não conseguiria nenhuma resposta dela. Isso era algo que eu teria que enfrentar sozinho.

Tentei ser forte, mas toda vez que via algo que me lembrava dele, era como levar um soco no estômago. O quarto dele, intocado, parecia uma lembrança cruel do que estava faltando. Cumpria minhas obrigações no trabalho, mas minha mente nunca estava ali. Repassava aquele último dia sem parar na minha cabeça, tentando entender.

Então, uma tarde, decidi voltar ao fliperama onde tínhamos passado aquele dia juntos. Não sei por quê. Talvez porque eu precisasse me agarrar a algo, algo que me lembrasse de como ele foi feliz. Parecia que, se eu apenas voltasse lá, poderia me sentir mais perto dele.

**Ao entrar no fliperama**, o som familiar de risadas e moedas tilintando preenchia o ar. Eu quase podia vê-lo correndo até a mesa de air hockey, pedindo para jogar Street Fighter comigo. Mas o lugar agora parecia vazio, e meu coração doía enquanto eu sentava na mesma cabine que compartilhamos, encarando as mesmas telas de videogame que antes o entusiasmavam tanto.

**Foi então que eu o vi.**

No começo, pensei que era imaginação. Mas não—era ele. Meu filho. Sentado em um jogo no canto, sozinho. O rosto sério, como na foto, mas o olhar distante, como se não estivesse realmente ali. Meu fôlego parou, quase me levantei para ir até ele, mas algo me segurou.

Fazia semanas que não o via. E se ele não quisesse me ver? E se estivesse com raiva de mim por não tê-la impedido, por não ter ficado com ele?

Fiquei esperando, sem saber o que fazer. Meu coração disparado enquanto o observava jogar, os dedos se movendo mecanicamente pelos botões. Dava para ver que ele estava perdido em pensamentos, como eu.

Depois de alguns minutos, ele levantou os olhos, e por um breve momento, nossos olhares se encontraram. Seu rosto suavizou, e sem dizer uma palavra, ele se levantou e caminhou até mim.

— **Pai,** —disse baixinho, a voz embargada.

Eu não sabia o que dizer. Não sabia se podia abraçá-lo ou se tinha esse direito. Mas então, ele fez o que eu não sabia se conseguiria fazer. Ele me abraçou apertado, como se a vida dependesse daquilo.

— **Senti sua falta, pai,** —ele sussurrou.

As lágrimas arderam nos meus olhos enquanto eu o abraçava de volta. Nunca achei que esse momento fosse acontecer. Imaginei esse reencontro tantas vezes, mas nunca assim. Não foi perfeito, não foi como planejei, mas foi real.

— **Também senti sua falta, campeão,** —respondi, a voz embargada. — **Estive tentando entrar em contato. Não sei por que ela foi embora sem me contar nada. Mas estou aqui, ok? Sempre estarei aqui por você.**

Nos separamos, e ele deu um pequeno sorriso. — **Eu sei. Só não sabia como falar sobre isso. Tem sido difícil, pai. Eu também não entendo o que está acontecendo.**

Foi a primeira vez que ele se abriu sobre o que estava sentindo. Partiu meu coração saber que ele estava carregando esse peso sozinho. Eu não fazia ideia de quanto isso o estava afetando, de como ele devia estar confuso e assustado.

— **Eu sei que tem sido difícil,** —disse eu, tentando manter a voz firme. — **Mas você não precisa passar por isso sozinho. Estou aqui por você, sempre.**

Sentamos ali por um tempo, só conversando—sobre a escola, sobre as coisas que fazíamos, sobre como a vida mudou de repente. Não foi o reencontro que imaginei, mas de certo modo, foi ainda mais significativo. Foi cru, honesto e real.

**Ao sairmos do fliperama**, eu sabia que as coisas não seriam fáceis. Ainda havia muitas perguntas sem resposta, muitas feridas para curar. Mas pela primeira vez em semanas, senti esperança. Esperança de que talvez, só talvez, pudéssemos reconstruir o que havia sido quebrado.

Algumas semanas depois, descobri algo que mudou tudo. Minha ex-esposa vinha enfrentando problemas sérios há muito tempo. Eu nunca soube a extensão disso, mas agora estava claro que sua decisão de ir embora não era só sobre mim. Era sobre suas próprias lutas internas, coisas que ela não conseguia controlar.

Não digo isso para justificar o que ela fez, mas me deu uma nova perspectiva. Percebi que não era apenas sobre eu ter perdido meu filho. Era sobre ela se sentir presa, tomando decisões que achava serem as melhores para todos—mesmo que não fossem.

Quanto a mim, decidi continuar lutando pelo meu filho. Não importava o que fosse necessário, eu faria de tudo para mostrar a ele que ele não estava sozinho. Eu não deixaria que os erros do passado nos definissem.

**E a reviravolta kármica?** Veio quando recebi uma ligação da minha ex numa noite. Ela estava pronta para conversar. Finalmente disposta a enfrentar os problemas que a assombravam, e começamos a trabalhar em um plano de coparentalidade. Não concordávamos em tudo, mas pelo bem do nosso filho, estávamos dispostos a tentar.

**A lição aqui?** Às vezes, a vida nos obriga a enfrentar situações difíceis. Mas o que importa é como reagimos. Podemos nos fechar, guardar mágoas—ou podemos abrir o coração, reconstruir e aprender com a dor.

Se você passou por um momento difícil ou por um término que te deixou perdido, lembre-se: a cura é um processo, e está tudo bem dar um passo de cada vez. Continue aparecendo para aqueles que você ama, e eles estarão lá por você quando mais precisar.

Se esta história tocou você, compartilhe com alguém que talvez precise de um lembrete de que a esperança pode vir de maneiras inesperadas.

Visited 147 times, 1 visit(s) today
Rate the article
( Пока оценок нет )