Para ensinar a nora, a sogra silenciosamente puxou a neta da cadeira de rodas

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Dez anos. Dez longos e exaustivos anos, cheios de esperanças, lágrimas, fracassos e provas difíceis, passaram para Uliana e Evguêni Dmitriev até o momento em que ouviram o primeiro choro do filho. Esse som foi para eles como uma revelação — ele preencheu o vazio de seus corações, reviveu as paredes do seu modesto apartamento em um antigo prédio de cinco andares, onde antes era silencioso demais, vazio demais e solitário demais. O quarto, que parecia enorme e estranho sem a criança, agora respirava de um jeito novo — a cada suspiro, a cada chorinho, a cada balbucio desconexo. Não era apenas um bebê. Era uma vitória. A pequena, mas tão significativa vitória deles sobre a dor, a infertilidade e o tempo, que parecia não lhes dar chance de serem pais.

Após a alta do hospital, eles se sentiram no sétimo céu — como se o mundo ao redor tivesse ficado mais brilhante e o ar mais gostoso. Eles estavam felizes. Mas junto com essa felicidade veio a preocupação: quem os ajudaria a lidar com essa nova vida? Como ser os verdadeiros pais que deveriam ser? Foi então, como se sentisse o momento, que Natalia Romanovna — mãe de Evguêni, uma mulher para quem “estar por perto” sempre significava “tomar tudo sob controle” — invadiu a casa deles.

– Bem, mostrem meu príncipe! — exclamou ela mal entrando pela porta. Nas mãos, uma bolsa com coisas do bebê, nos olhos, a certeza de que só ela sabia como criar crianças da maneira correta. — A vovó veio cuidar do netinho!

Uliana, pálida, exausta após o parto, mas brilhando por dentro de felicidade, bloqueou seu caminho suavemente, mas com firmeza. Ela sabia o que viria depois — conselhos, observações, críticas. E agora ela precisava estar com Alyosha. Só com ele.

– Natalia Romanovna, obrigada, claro, mas… eu preciso fazer sozinha. Agora isso é importante. Por favor, nos dê um tempo para nos acostumar.

No rosto da sogra apareceu um desagrado. Não que ela esperasse outra coisa — desde o começo, a nora lhe parecia muito sensível, muito emocional. Mas esse afastamento tão claro? Isso já era desrespeito.

– O que significa “sozinha”? — Natalia Romanovna riu sarcasticamente. — Você está toda tremendo, Uliana. Você não tem forças. Eu sou experiente, criei Evguêni! Me dê o neto, eu balanço, canto uma musiquinha…

– Não — a voz de Uliana vacilou, mas permaneceu firme. A intuição materna, aguçada por anos de espera, gritava para ela: “Só você. Só você pode estar por perto.” Instintivamente, ela cobriu o berço onde dormia seu filho.

Evguêni, que estava um pouco afastado, observava a cena com a expressão de alguém que queria fugir. Ele entendia a esposa, mas também lembrava como a mãe sempre decidia tudo sozinha, e enfrentá-la era uma tarefa quase impossível.

– Mãe, deixa a Uliana se acostumar. Ela acabou de chegar. Quando estiver mais forte, aí… Olha, as fraldas, talvez você possa ajudar a separar?

Natalia Romanovna bufou com desdém, lançou um olhar ao marido cheio de perplexidade e se virou. O ressentimento pairou no ar como uma névoa densa. Ela ajudava, sim — lavava a louça, estendia as roupas, preparava caldo. Mas fazia isso de forma fria, seca, com a expressão de uma vítima não valorizada. Cada olhar dela para Alyosha provocava em Uliana uma crise de ansiedade. Seu instinto maternal era afiado como uma lâmina. “Esse é meu filho. Só meu.”

Passou um mês. Nesse tempo, Uliana recuperou um pouco as forças, embora as noites sem dormir e a tensão constante não a deixassem. Ela decidiu ir ao médico, Marina Sergeevna — a mulher que devolveu a ela a esperança quando outros médicos apenas balançavam a cabeça. Uliana queria agradecê-la pessoalmente. Pegou um buquê de rosas brancas, uma caixa de bombons, conferiu como Alyosha estava vestido e disse ao marido:

– Vou rapidinho. Levo Alyosha comigo — para ele tomar um pouco de ar fresco.

Natalia Romanovna, que tomava chá na cozinha, imediatamente disse:

– Pra que levar o bebê no frio? Deixa aqui. Eu cuido.

– Não, não! — respondeu Uliana de forma firme, já colocando o gorro. — Estamos juntas. Vou só um pouco.

Ela não conseguia explicar logicamente por que justamente hoje precisava estar com Alyosha, por que até um minuto longe dele parecia perigoso. Mas sentia: ele precisava estar ao seu lado. Sentia que aquele dia seria importante.

A clínica ficava a apenas dez minutos a pé. O sol brilhante do inverno ofuscava os olhos, a neve cintilava como diamantes. Uliana levou o carrinho até a entrada. Alyosha dormia pacificamente, envolto num cobertor macio. Seu rosto estava tão calmo que o coração de Uliana se encheu de gratidão. Ela hesitou: entrar com o carrinho ou deixá-lo ali?

Lá dentro estava abafado, com muita gente, filas. Ela não iria demorar — apenas cinco minutos. Arrumou a mantinha, beijou o filho na testa e sussurrou:

– Alyoshka, meu querido, mamãe já volta. Você está dormindo, anjinho…

Ela deixou o carrinho na entrada, colocando uma pedra sob uma roda para que não saísse rolando. Pegou as flores e os bombons e entrou rapidamente na clínica.

O consultório de Marina Sergeevna era acolhedor, quente, perfumado de ervas e café. Uliana agradeceu à médica, contou sobre as dificuldades, os anos de espera, cada passo da jornada. Seus olhos brilhavam. Ela estava feliz.

Dez minutos depois saiu para o corredor, ainda sorrindo, e se dirigiu à saída. O sorriso congelou quando viu o carrinho vazio no lugar onde o deixara há poucos minutos.

– Alyosha?! — um grito selvagem e doloroso saiu do peito, fazendo as pessoas ao redor pararem. — Onde está meu filho?! Onde está meu bebê?!

Ela correu para um lado, depois para o outro, agarrava as mangas dos transeuntes, chorava, pedia ajuda. O pânico gelado travava sua garganta. O mundo escureceu. Ela caiu de joelhos no meio da calçada e começou a soluçar, repetindo:

– Roubaram… Desapareceu… Morreu…

Sem sentir frio, sem ouvir perguntas, ela ficou sentada na neve até alguém ajudar a levantar. Alguém chamou a polícia. A levaram para a clínica. Lá, ela se sentou num banco, apertou os punhos tão forte que as unhas entraram na pele. Seu cabelo castanho escuro parecia embranquecer diante dos olhos. O rosto ficou cinza, os olhos vazios. Ela não chorava. Estava apenas perdendo a razão.

Foi então que o telefone tocou. Na tela — o nome: Evguêni.

– Uliana? — a voz do marido estava abafada e tensa. — Ele… Alyosha… está em casa.

– O quê?! Como?! Quem?! Onde?! — ela gritou, sem acreditar nos próprios ouvidos.

– Mamãe. Ela trouxe ele. Diz que… — Evguêni ficou em silêncio, engoliu em seco — …que queria te dar uma lição. Que você não deixa ninguém chegar perto do bebê. Pegou ele enquanto você estava na clínica. Acabou de trazer.

O silêncio na linha era ensurdecedor. Depois, veio um gemido baixo e selvagem que virou um rosnado. Uliana deixou o telefone cair. Não se lembrava de como saiu correndo da clínica, atravessou a cidade, bateu na porta do prédio, subiu correndo as escadas. Era movida pela raiva, medo, dor — uma mistura de sentimentos indescritíveis.

Quando entrou no apartamento, a primeira pessoa que viu foi Natalia Romanovna. Ela estava no hall, segurando Alyosha, que dormia pacificamente nos braços. No rosto da sogra, uma mistura de autojustificação e triunfo quase escondido.

– Olha só, Uliana — começou ela, como dizendo “eu estava certa”. — Agora você entende que não pode desconfiar tanto da família? Eu só queria…

Ela não terminou a frase. Uliana, como uma fera selvagem, arrancou o filho dos braços da sogra e o entregou ao marido.

– Você é louca! — gritou, a voz quase num grito agudo. — Você roubou o bebê do carrinho?! Por seu orgulho doente?! Você tem ideia do que eu passei?!

Antes que Natalia Romanovna pudesse dizer qualquer coisa, Uliana a acertou uma bofetada. Forte. Barulhenta. A sogra recuou, levando a mão ao rosto.

– Fora! — Uliana sussurrou tremendo de raiva e medo. — Fora da minha casa! E que você nunca mais ponha os pés aqui! Esqueça nosso endereço!

A sogra olhou para ela com horror genuíno. Não esperava aquilo. Não achava que tinha feito algo errado.

– Evguêni! — ela chamou o filho, a voz trêmula. — Você está vendo! Ela enlouqueceu de vez!

– Mãe… — a voz de Evguêni era baixa e mortalmente calma. — Vá embora. Por favor. Agora. Vá embora.

Ele não a olhou. Olhava para a esposa, para o filho. E entendia: a mãe havia cruzado uma linha que não poderia ser perdoada.

Natalia Romanovna calçou o casaco em silêncio e saiu. Não levantou os olhos. Não se despediu. Só a porta batendo atrás dela ficou.

– Uliana… — começou Evguêni, dando um passo para a esposa.

– Não chegue perto! — ela se afastou, como de um estranho. — Você… sua mãe… como ela pôde… ele poderia… ele poderia…

A voz falhou. Ela começou a chorar de novo, depois soltou um grito estranho que fez o homem tapar os ouvidos. Mas ele não a julgava. Sabia que ela precisava liberar aquela dor, aquela raiva, aquele medo.

Depois daquele dia, a casa deles ficou fechada para Natalia Romanovna para sempre. Ela apareceu algumas vezes, ligou, tentou explicar que só queria “ensinar” a nora a confiar na família. Mas a porta permaneceu fechada.

– O que está acontecendo, filho? — perguntava ela pelo telefone, sinceramente confusa. — Sua esposa precisa se desculpar comigo, mas você me culpa! De que lado você está?

Mas Evguêni, que antes sempre apoiava a mãe, respondeu agora com frieza e firmeza:

– Do lado da minha esposa. Você não tinha direito de agir assim. Foi cruel e desumano.

Ele desligou. Não se falaram mais. Natalia Romanovna, ferida e magoada, bloqueou o filho em todas as redes sociais.

Ela nunca entendeu o que fez de errado. Para ela foi uma “lição”, uma “forma de ensinar”. Para Uliana, foi o pior pesadelo que já viveu.

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