Eu deixei o recém-nascido com o meu marido durante uma viagem de negócios e ele começou a agir de forma estranha quando eu voltei-sua explicação me chocou

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Deixei meu recém-nascido com meu marido durante uma conferência médica, mas quando voltei, o comportamento dele estava estranho — ele estava retraído e sobrecarregado. Quando a tensão entre nós aumentou, comecei a temer que nosso casamento pudesse ruir sob o peso de promessas não cumpridas e da pressão do novo papel de pais.

Tornei-me neurologista porque o meu trabalho me dava sentido. Fui uma adolescente problemática, e dedicar a minha vida a algo maior do que eu parecia um ato de redenção.

E encontrei realização ajudando pacientes. Mas não era só o trabalho; era a vida que construí ao redor dele — a vida com o James. Estávamos casados há quatro anos. Ele trabalhava em marketing e ganhava significativamente menos do que eu, mas isso nunca importou.

James e eu sempre concordámos numa coisa — filhos não eram prioridade. Eu preferiria adotar, se algum dia seguíssemos por esse caminho. Filhos biológicos? Eu era, na melhor das hipóteses, indiferente.

Mas então o melhor amigo de James teve um filho, e tudo mudou. James começou a falar sobre termos um bebê. Eu não estava convencida, mas a vida decidiu por nós quando, pouco depois, descobri que estava grávida.

— O que vamos fazer? — perguntei, olhando para James.

— Vamos ficar com ele. Vamos dar conta — disse ele, apertando minha mão.

Combinámos que ele deixaria o emprego para ficar em casa com a nossa filha, Lily, até ela ter idade para ir ao jardim de infância. O meu trabalho era a minha vida, e eu não tinha desejo de me tornar dona de casa.

Lily nasceu e, logo, minha licença de maternidade chegou ao fim. Tinha uma conferência médica noutro estado e deixei James com a Lily por um fim de semana. Ele me garantiu que se sairia bem.

— Liga se precisares de alguma coisa — disse antes de sair.

— Não te preocupes, Rachel. Vamos dar conta — respondeu ele, sorrindo com a Lily nos braços.

Quando voltei, algo estava errado. James estava fechado, diferente.

— Como foi a conferência? — perguntou ele, mas os seus olhos não encontraram os meus.

— Bem. O que está a acontecer aqui? Estás… estranho.

Ele encolheu os ombros, olhando fixamente para a Lily em seus braços. — Nada. Só estou cansado.

— Cansado? — insisti. — James, o que se passa?

Ele olhou para mim, os olhos cheios de algo que eu não conseguia decifrar. — Eu… não sei se consigo fazer isto.

— Fazer o quê? — perguntei, embora já temesse a resposta.

— Isto. Ficar em casa com a Lily. Sinto-me preso, Rachel. Sobrecarregado.

As palavras dele bateram como um soco no estômago. — Disseste que conseguias. Concordaste com isto!

— Eu sei, mas é mais difícil do que pensei. Não tenho jeito para isto.

— Então o que sugeres? Que eu largue a minha carreira? Que prolongue a licença?

— Talvez devêssemos considerar uma creche — disse ele em voz baixa.

— Creche? Nós tínhamos um acordo! — não podia acreditar no que ouvia. — Fiz sacrifícios, James. A minha carreira —

— E os meus sacrifícios? Eu deixei o emprego por isto. Estou a pedir ajuda, Rachel.

— Ajuda? Isso não era o combinado. Tínhamos um acordo! — a minha voz aumentou, o aborrecimento tomou conta de mim. Nesse momento, Lily começou a chorar, e James parecia prestes a desmoronar.

— Desculpa — sussurrou ele, os olhos cheios de lágrimas. — Só preciso de ajuda.

Olhei para ele, sentindo-me traída. O homem em quem confiava estava a ruir, e o nosso acordo parecia desmoronar. Eu precisava de tempo para pensar, para processar.

Mas o choro de Lily exigia atenção, e naquele momento, tudo o que eu podia fazer era segurá-la bem perto, sentindo o peso dos sacrifícios que ambos tínhamos feito.

Os dias seguintes foram tensos. James evitava falar sobre o assunto, escondendo-se nas tarefas domésticas e nos cuidados com a bebé. Eu mergulhei no trabalho, saindo cedo e voltando tarde. Morávamos na mesma casa, mas estávamos distantes.

Uma noite, depois de deitar a Lily, sentei-me ao lado de James no sofá. — Precisamos de conversar.

Ele suspirou, sem desviar os olhos da televisão. — Eu sei.

— Isto não está a funcionar, James. Estamos os dois infelizes.

— Eu estou a tentar, Rachel — respondeu ele, irritado. — Nunca disse que seria fácil.

— Mas tu prometeste. Disseste que ficarias em casa com a Lily. E agora estás a recuar?

— Não estou a recuar! Eu só… — passou a mão pelos cabelos, claramente frustrado. — Não percebi como isto seria difícil. Sinto-me preso.

Senti uma onda de raiva. — E achas que eu não me sinto presa às vezes? Achas que queria voltar ao trabalho tão cedo?

— Tu tens escolha, Rachel. Poderias ter ficado em casa.

— E deitar fora tudo o que construí? Não. Fizemos um plano.

Ele levantou-se e começou a andar de um lado para o outro. — Talvez o plano fosse um erro. Talvez tenhamos sido precipitados.

— Precipitados? — repeti, surpresa. — Foste tu quem quis um filho, lembras-te? Eu nunca teria aceitado ter a Lily se soubesse que ias mudar de ideias.

O rosto dele empalideceu e parecia genuinamente magoado. — Arrependes-te de a ter tido?

Hesitei, surpresa. — Não, não me arrependo. Mas arrependo-me de estarmos a falhar com ela, porque não conseguimos organizar a nossa vida.

— Então, o que propões? Divórcio? — a voz dele mal se ouvia.

— Não sei, James. Mas algo tem de mudar.

No dia seguinte, tomei as rédeas da situação. Antes que ele pudesse dizer algo, saí da cozinha com um copo de água. — Esta é a Claire — disse com calma. — A nossa nova ama.

O rosto dele contorceu-se em confusão e raiva. — O quê? Uma ama? Não podemos pagar isso!

Entreguei o copo a Claire e apontei-lhe uma cadeira. — Na verdade, podemos. Vais voltar a trabalhar em casa. Todo o teu rendimento será para pagar a Claire. Ela vai ajudar durante o dia, para que possas concentrar-te no trabalho.

O rosto dele ficou vermelho de raiva. — Isto é loucura! Não podes tomar essa decisão sem falar comigo!

Aproximei-me, a minha voz firme, mas calma. — Nós falámos disso no início. Fizeste uma promessa. Concordaste em ficar em casa e cuidar da nossa filha. Se não consegues, precisamos discutir outras opções.

Ele olhou para mim, atordoado. — Outras opções? O que queres dizer?

— Quero dizer que podemos divorciar-nos — disse diretamente. — Tu ficarás com a guarda e eu pagarei pensão. Mas não podes obrigar-me a assumir uma responsabilidade que tu aceitaste. Trabalhei demasiado para chegar onde estou e não vou deixar que destruas a minha carreira.

Ele sentou-se no sofá, a cabeça entre as mãos. — Eu não quero divorciar-me. Eu só… não sabia que seria tão difícil.

Suavizei um pouco o tom. — Eu sei que é difícil. Por isso a Claire está aqui, para ajudar. Mas precisas de te recompor. A nossa filha precisa que sejamos fortes por ela.

Claire começou na segunda-feira. Ela foi uma verdadeira salvação. James resistiu no início, mas a cada dia ele começou a valorizar a ajuda dela. A casa ficou mais calma, e pela primeira vez em semanas, James parecia mais tranquilo.

Numa noite, enquanto observava James alimentar a Lily com um sorriso, senti uma centelha de esperança. Talvez conseguíssemos lidar com isto.

— Desculpa — disse ele uma noite, enquanto estávamos deitados. — Devia ter-te apoiado mais.

— Também peço desculpa — respondi. — Devia ter-te escutado melhor.

— A Claire dá-se bem com a Lily — admitiu. — Isso faz diferença.

— Fico feliz por isso — disse eu, apertando a mão dele. — Vamos conseguir, querido. Temos de conseguir.

Devagar, mas com firmeza, tudo começou a melhorar. Com a ajuda da Claire, James adaptou-se ao novo papel. Começou a criar laços com a Lily, ganhando confiança, lidando com os desafios da paternidade. Começou também a fazer trabalhos freelance em marketing a partir de casa, o que aliviou o peso financeiro.

E eu voltei a dedicar-me totalmente à prática médica, equilibrando a carreira exigente com as responsabilidades familiares. Não era fácil, mas saber que James tinha o apoio de que precisava tornava tudo possível.

Uma noite, depois de pôr a Lily a dormir, James e eu sentámo-nos na varanda, aproveitando um raro momento de paz. — Estamos a conseguir — disse ele, abraçando-me.

— Sim, estamos — concordei, encostando-me a ele.

— Nunca imaginei como isto seria difícil — admitiu ele. — Mas fico feliz por estarmos a fazer isto juntos.

— Eu também — disse eu. — Amo-te, James.

— Também te amo. E amo a Lily. Vamos conseguir.

Sentámo-nos em silêncio, olhando as estrelas, sentindo um renovado sentimento de compromisso. Ainda tínhamos um longo caminho pela frente, mas agora estávamos mais fortes juntos. E finalmente, eu acreditava que podíamos enfrentar qualquer coisa, desde que tivéssemos um ao outro.

Para aqueles que sentem que o relacionamento está à beira do fim, às vezes tudo o que é preciso é um pouco de confiança — e muito amor — para encontrar um caminho em frente.

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