Janet sempre havia sido uma filha problemática e uma neta distante. Ela não valorizava a família e sempre colocava seus próprios desejos e necessidades em primeiro lugar. Mesmo quando se tornou adulta, continuou a se comportar como uma adolescente ingrata. Mas estava prestes a aprender a lição mais difícil de sua vida até então.
Janet, uma mulher de 24 anos com um senso de direito, estava estendida preguiçosamente no sofá, com os olhos grudados no celular enquanto rolava pelas redes sociais. A sala de estar estava silenciosa, exceto pelo ocasional barulho de pratos vindos da cozinha, onde sua mãe, Helen, estava ocupada com as tarefas domésticas.
O clima entre elas estava carregado de tensão desde que a avó de Janet, Judith, faleceu há alguns meses. Enquanto Helen estava profundamente triste com a perda de sua mãe, Janet mostrou pouca ou nenhuma emoção. Ela sempre foi distante, raramente visitava Judith e até mesmo pulou o seu funeral. Foi uma escolha que deixou Helen de coração partido e furiosa.
Quando Helen entrou na sala de estar, enxugando as mãos com um pano de prato, ela não conseguiu mais conter sua frustração. “Janet, você já pensou no que vai fazer com a unidade de armazenamento que sua avó deixou para você?” ela perguntou, com a voz tingida de uma mistura de impaciência e tristeza. Janet mal levantou os olhos do celular, com os dedos ainda digitando.
“O que há para pensar? Deve ser só um monte de velharias. Nem sei por que ela me deixou isso,” respondeu ela, com um tom indiferente. A expressão de Helen se aprofundou, sua frustração fervendo logo abaixo da superfície. “Essas ‘velharias’ pertenciam à sua avó,” ela disse, tentando manter a voz calma. “Pode ter algum valor sentimental, ou pode haver algo que valha a pena guardar. Você deveria pelo menos ir lá ver o que tem dentro.”
Janet revirou os olhos, claramente desinteressada. “Duvido que haja algo de bom. Simon ficou com a casa, e eu só fiquei com uma unidade de armazenamento empoeirada. Não é justo,” ela reclamou, com a voz cheia de amargura.
Helen respirou fundo, lutando para manter a compostura. “A vida não é sobre o que é justo, Janet. Você deveria pelo menos respeitar sua avó o suficiente para conferir. Se você não for, eu pedirei ao Simon que veja isso.” Ao mencionar seu irmão mais velho, a expressão de Janet escureceu. Ela não suportava a ideia de Simon conseguir mais alguma coisa de sua avó. Só de pensar nisso, seu sangue fervia. “Tudo bem, eu vou amanhã,” ela disse, com a voz cheia de aborrecimento.
A única razão pela qual ela concordou foi para evitar que Simon pegasse mais alguma coisa, não porque tivesse algum interesse real na unidade de armazenamento ou em seu conteúdo. Helen observou sua filha com uma mistura de decepção e preocupação, sabendo que a atitude egoísta de Janet nublava seu julgamento. Mas, por agora, ela só podia esperar que uma visita à unidade de armazenamento pudesse despertar algum senso de responsabilidade ou, pelo menos, um pingo de sentimentalismo no coração de Janet.
No dia seguinte, Janet dirigiu-se para o depósito com uma expressão azeda no rosto. Ela havia temido essa tarefa desde que sua mãe insistiu para que ela conferisse o que havia dentro da unidade. O pensamento de vasculhar pertences velhos e empoeirados não a atraía nem um pouco. Ela se sentia irritada com o transtorno, convencida de que seu tempo poderia ser melhor gasto em outro lugar—fazendo qualquer coisa, menos isso.
Quando finalmente chegou e abriu a unidade de armazenamento, uma nuvem de poeira a saudou, fazendo-a tossir e agitar a mão na frente do rosto. À medida que a poeira assentava, seus olhos percorreram o espaço apertado e mal iluminado. O que ela viu não fez nada para animá-la. A unidade estava cheia de móveis antigos, prateleiras trêmulas com caixas empoeiradas e uma mistura aleatória de coisas que pareciam trinkets inúteis.
Sua frustração aumentou à medida que ela começava a vasculhar os itens, um por um. Cada caixa que abria parecia conter as mesmas coisas mundanas e sem graça: roupas desbotadas com cheiro de naftalina, pratos lascados, garfos desalinhados e xícaras que pareciam não ter visto a luz do dia em décadas. “Isso é um desperdício de tempo,” Janet murmurou para si mesma, jogando de lado uma pilha de papéis amarelados que pareciam nada mais do que recibos antigos.
Após apenas alguns minutos de mexerica, ela já estava farta. Não conseguia acreditar que sua avó havia deixado essa bagunça para ela. Ela estava pronta para ir embora, convencida de que a unidade de armazenamento não era nada além de uma coleção de tralhas sem valor—sentimental ou de qualquer outra forma. Justo quando estava prestes a dar meia-volta e sair, um homem idoso apareceu na entrada da unidade.
Sua presença a assustou um pouco, mas ele tinha um sorriso gentil no rosto que a tranquilizou. “Você parece chateada,” disse o homem com uma voz suave. “O que aconteceu?” Janet suspirou, aliviada por ter alguém com quem desabafar.
“Essa unidade de armazenamento pertencia à minha avó, mas está cheia de tralhas. Não tenho tempo para lidar com isso,” ela respondeu, cruzando os braços com exasperação. O homem idoso se aproximou, olhando para a unidade de armazenamento com uma expressão pensativa. “Parece que há bastante coisa aqui,” ele disse, acenando lentamente. “Que tal eu ficar com ela? Eu compro toda a unidade de você, e você não terá que se preocupar mais com isso.”
Os olhos de Janet brilharam com a sugestão. Ela não esperava ganhar dinheiro com essa visita, e a ideia de ganhar um dinheiro rápido era atraente. Quanto mais rápido ela pudesse se livrar desse fardo, melhor. “Quanto você está oferecendo?” ela perguntou, tentando esconder sua ansiedade. O homem idoso sorriu calorosamente. “Que tal $1.000? Isso deve cobrir tudo.”
Janet não precisou pensar duas vezes. Mil dólares era mais do que ela esperava por algo que considerava um monte de tralhas inúteis. “Fechado!” exclamou ela, sua frustração rapidamente se transformando em satisfação. Eles apertaram as mãos, e Janet entregou a chave da unidade de armazenamento, sentindo uma onda de alívio. Ao sair do depósito, um sorriso se espalhou em seu rosto. Em sua mente, ela acabara de fazer um lucro fácil, e toda a situação agora estava atrás dela.
Ela mal podia esperar para chegar em casa e desfrutar do dinheiro que ganhou, sem pensar duas vezes no que havia deixado para trás. Mais tarde naquele dia, Janet voltou para casa, com os braços carregados de sacolas de compras, um sorriso satisfeito nos lábios. Ela havia gasto a maior parte do dinheiro que ganhou em um passeio de compras que incluía uma manicure nova, um corte de cabelo moderno e um celular novo e elegante.
Quando entrou pela porta da frente, Helen, que estava ocupada arrumando a sala de estar, levantou os olhos e imediatamente notou a aparência alterada de sua filha. A testa de Helen franziu-se de preocupação ao observar o comportamento despreocupado de Janet. “De onde você conseguiu o dinheiro para tudo isso?” Helen perguntou, com a voz tingida de suspeita. Ela conhecia muito bem os hábitos de gasto da filha, e esse gasto repentino levantou sinais de alerta.
Janet deu de ombros despretensiosamente, como se fosse a coisa mais natural do mundo. “Eu vendi a unidade de armazenamento,” ela respondeu, deixando as sacolas no chão. “Algum velho me ofereceu $1.000 por isso, então eu aceitei. Não fazia sentido ficar com toda aquela tralha inútil.” Os olhos de Helen se arregalaram em incredulidade. “Você vendeu as coisas da sua avó? Você sequer se deu ao trabalho de ver se havia algo valioso ou significativo lá?” perguntou ela, com um tom cada vez mais incrédulo.
Janet revirou os olhos. “Mãe, eram só caixas empoeiradas,” disse ela com desdém. “Não havia nada que valesse a pena guardar.” A frustração de Helen, que vinha fervendo desde a morte de Judith, finalmente transbordou. “Aquele era o legado da sua avó, Janet!” exclamou ela, com a voz tremendo de raiva e decepção. “Você nem se deu ao trabalho de olhar direito. E se havia algo importante lá, algo que pertencia à nossa família?”
Mas Janet, muito absorvida no seu próprio mundo, afastou as preocupações da mãe como se fossem nada mais do que um zumbido irritante. Ela se jogou no sofá e pegou o controle remoto, ligando a TV. Então começou a mudar de canal, efetivamente ignorando as palavras de sua mãe.
Justo quando estava prestes a se acomodar em um programa, algo nas notícias chamou sua atenção. Janet congelou de repente, com a mão ainda parada sobre o controle remoto. Na tela estava o mesmo homem idoso que ela havia encontrado no depósito mais cedo naquele dia. Ele estava
dando uma entrevista para um repórter, com a manchete na parte inferior da tela dizendo: “Caçador de Tesouros Local Acerta Novamente.”
O coração de Janet começou a acelerar enquanto ela ouvia o homem explicar como a unidade de armazenamento que ele havia comprado naquela manhã estava cheia de antiguidades valiosas. Ele falava entusiasticamente sobre a coleção extremamente rara de pratos, pinturas e móveis, que, segundo ele, valiam milhões.
O homem sorriu para a câmera, e suas palavras ecoaram nos ouvidos de Janet: “Algumas pessoas não valorizam o que têm. Elas não veem o tesouro bem na frente delas.” Janet sentiu como se o chão tivesse desmoronado sob seus pés. As sacolas com suas compras recentes de repente pareceram um fardo pesado, um lembrete de sua decisão imprudente. Seu rosto empalideceu enquanto a realidade do que havia feito começava a se concretizar. Da cozinha, Helen havia ouvido a transmissão e se aproximou para ver o que causou a súbita mudança de comportamento da filha. Quando viu as notícias, sua expressão tornou-se severa. “Isso será uma lição para você, Janet,” disse Helen com firmeza, sua voz não dando espaço para discussão. “Você precisa começar a valorizar as coisas que importam. E falando nisso,” ela acrescentou, com um tom suavizado apenas um pouco. “É hora de você sair desta casa. É hora de você começar a viver por conta própria.”
Janet olhou para a mãe, sem palavras, o peso total de suas ações pressionando-a como nunca antes. Ela percebeu que não apenas havia perdido uma fortuna, mas também desapontado a única pessoa que sempre estivera ao seu lado. Pela primeira vez em sua vida, ela foi forçada a confrontar as consequências de sua imprudência.