Eu murmurei, engatando o carro novamente. Mal sabia eu que estava prestes a descobrir. Quando entrei no tráfego, um ônibus escolar amarelo passou roncando ao meu lado. Algo chamou minha atenção na janela de trás: uma garotinha, com o rosto pressionado contra o vidro, suas pequenas mãos batendo freneticamente. Ela estava chorando por ajuda. «O que… Meu Deus… Será que ela está bem?» Eu engasguei. Sem pensar, acelerei o motor, correndo atrás do ônibus. A criança claramente estava em apuros, mas por quê? Que tipo de perigo ela poderia estar enfrentando em um ônibus escolar aparentemente seguro?
«Estou chegando, aguente firme, querida,» murmurei, buzinando repetidamente. O motorista do ônibus parecia alheio, continuando pela estrada como se nada estivesse errado. Com o pânico subindo no meu peito, tomei uma decisão instantânea. Virei na frente do ônibus e o fiz parar no meio da estrada movimentada. O motorista, um homem corpulento com um grosso bigode preto, saiu furioso. «Que tipo de manobra é essa, moça? Você podia ter causado um acidente!» Eu o ignorei, empurrando-o e correndo para dentro do ônibus. O barulho me atingiu como uma parede. As crianças estavam ao redor da menina, gritando e rindo. Corri para o fundo, onde a garotinha estava sentada sozinha, seu rosto agora vermelho e cheio de lágrimas. Quando cheguei até ela, congelei. Isso não era o que eu esperava.
«Meu Deus! Você está tendo um ataque de asma?» A garotinha acenou freneticamente com a cabeça, seu peito arfando enquanto ela lutava para respirar. Ajoelhei-me ao lado do assento, com o coração disparado. «Qual é o seu nome, querida?» perguntei, tentando manter a voz calma. Ela apontou para o cartão de identificação pendurado em seu pescoço. Seu nome era Chelsea. «Ok, Chelsea, vamos te ajudar. Onde está o seu inalador?» Chelsea balançou a cabeça, incapaz de falar. Olhei para o motorista, que me seguira, com o rosto pálido. «Você sabe onde está o inalador dela?» Ele balançou a cabeça. «Eu… Eu nem sabia que ela estava com problemas. É tão barulhento aqui atrás que não ouvi nada.» Engoli em seco uma resposta zangada e comecei a procurar na mochila de Chelsea. Nada. O pânico começou a tomar conta enquanto eu observava os lábios da menina começarem a ficar azuis.
«Me ajude a procurar!» gritei para o motorista. Nós procuramos debaixo dos assentos, no corredor, em todos os lugares que podíamos imaginar. Para meu horror, percebi que as outras crianças estavam rindo, algumas até apontando para Chelsea. «Isso não é engraçado!» gritei com eles. «Ela precisa de ajuda!» Foi então que me ocorreu. Comecei a pegar as mochilas deles, ignorando os protestos. «Ei, você não pode fazer isso!» gritou um garoto sardento. Encontrei o inalador na terceira mochila que revirei: um inalador azul com o nome de Chelsea. Virei-me para o garoto dono da mochila. «Por que você tem isso?» Ele olhou para o chão, murmurando: «Era só uma brincadeira.» «Uma brincadeira? Ela poderia ter morrido!»
Corri de volta para Chelsea, ajudando-a a usar o inalador. Aos poucos, sua respiração foi se estabilizando e a cor voltou ao seu rosto. Segurei sua mão, murmurando palavras de conforto enquanto ela se recuperava. O motorista ficou parado, torcendo as mãos. «Eu sinto muito. Eu não fazia ideia…» Virei-me para ele, com raiva. «Essas crianças são sua responsabilidade! Você deveria ter verificado o que estava acontecendo quando ouviu a comoção!» Ele acenou com a cabeça, envergonhado. «Você está certa. Sinto muito.» Chelsea puxou a minha manga, sua voz quase um sussurro. «Obrigada.» Essas duas palavras me atingiram mais forte do que qualquer outra coisa que havia acontecido naquele dia. Eu não podia deixá-la sozinha depois disso. «Vou ficar com você até chegarmos à sua casa, ok?» Chelsea acenou com a cabeça, esboçando um pequeno sorriso no rosto ainda manchado de lágrimas. Virei-me para o motorista. «Vou mover meu carro e vou com ela. Tudo bem?» Ele acenou rapidamente com a cabeça. «Claro. É o mínimo que podemos fazer depois de… bem, de tudo isso.»
Ao sair do ônibus para mover meu carro para o estacionamento próximo, percebi que minhas mãos estavam tremendo. Que dia este havia se tornado. De volta ao ônibus, sentei-me ao lado de Chelsea, com meu braço confortante ao redor de seus ombros. As outras crianças estavam incomumente quietas agora, a gravidade do que havia acontecido finalmente caindo sobre elas. «Por que as outras crianças não te ajudaram?» perguntei suavemente. O lábio inferior de Chelsea tremia. «Eles acham engraçado quando eu não consigo respirar. Eles escondem meu inalador às vezes.» Meu coração se partiu por ela. «Isso não é certo, Chelsea. Você sabe disso, né?» Ela acenou com a cabeça, olhando para as mãos. «Eu tento ser corajosa, mas às vezes fico com tanto medo.» Apertei seu ombro. «Você foi incrivelmente corajosa hoje. Você conseguiu chamar minha atenção quando precisava de ajuda. Isso requer muita coragem.» Um pequeno sorriso surgiu em seus lábios. «Sério?» «Sério. Você é uma das pessoas mais corajosas que já conheci.»
Duas paradas depois, Chelsea apontou para a janela. «Aqueles são minha mamãe e meu papai!» Quando descemos do ônibus, os pais de Chelsea correram até nós, com confusão estampada em seus rostos. «Chelsea, quem é essa?» sua mãe perguntou, me olhando desconfiada. A voz de Chelsea estava mais forte agora, enquanto dizia: «Esta é a Mollie. Ela salvou minha vida.» Depois que Chelsea explicou o que aconteceu, as expressões de seus pais mudaram de confusão para gratidão, e depois para raiva com o motorista, as outras crianças e toda a situação.
«Eu não sei como te agradecer,» disse o pai de Chelsea, com lágrimas nos olhos. «Estou só feliz por ter estado lá para ajudar.» A mãe de Chelsea, a Sra. Stewart, insistiu em me levar de volta ao meu carro. Quando chegamos ao estacionamento do shopping, o céu se abriu, e a chuva começou a cair em torrentes. «Então, Mollie,» disse a Sra. Stewart, me observando através do para-brisa molhado, «o que você faz?» Soltei uma risada amarga. «Engraçado você perguntar. Na verdade, perdi meu emprego hoje.» As sobrancelhas da Sra. Stewart se ergueram. «Oh, sinto muito por ouvir isso. Posso perguntar o que aconteceu?» Suspirei, enquanto os acontecimentos do dia voltavam à tona. «Eu falei sobre algumas práticas antiéticas. Eles não gostaram disso, então encontraram uma desculpa para me demitir.»
A Sra. Stewart ficou em silêncio por um momento. Então, ela disse: «Sabe, meu marido e eu temos uma pequena empresa. Talvez tenhamos uma vaga. Você estaria interessada em fazer uma entrevista?» Pisquei, sem acreditar no que acabara de ouvir. «Você está falando sério?» Ela sorriu. «Absolutamente. Qualquer pessoa que faria tanto para ajudar uma criança em necessidade é alguém que eu gostaria de ter na minha equipe.»
Quando estacionamos ao lado do meu carro, a chuva havia diminuído para um chuvisco. A Sra. Stewart me entregou seu cartão de visita. «Me ligue amanhã,» ela disse. «Vamos agendar algo.» Agarrei o cartão, com uma centelha de esperança se acendendo em meu peito. «Obrigada. Eu vou ligar.» Na manhã seguinte, acordei me sentindo mais leve do que havia me sentido em semanas. Contei à minha mãe tudo o que havia acontecido. Sobre perder o emprego, salvar Chelsea, a oportunidade potencial… tudo. Ela me abraçou apertado, com orgulho brilhando em seus olhos. «Eu sempre soube que você estava destinada a grandes coisas, querida!»
Agora, enquanto discava o número no cartão da Sra. Stewart, meu coração estava disparado novamente, mas dessa vez de empolgação, não de medo. «Olá, Mollie,» a voz calorosa da Sra. Stewart veio pelo telefone. «Estou tão feliz que você ligou. Como se sentiria em vir para uma entrevista esta tarde?» Não consegui evitar o sorriso que se espalhou pelo meu rosto. «Eu adoraria. Muito obrigada por essa oportunidade.» «Não, Mollie,» ela disse, e eu quase podia ouvir o sorriso em sua voz. «Obrigada a você. Você salvou nossa filha. Isso é o mínimo que podemos fazer.» Quando desliguei o telefone, senti lágrimas brotarem nos meus olhos. Mas pela primeira vez em muito tempo, eram lágrimas de alegria, não de tristeza.