Eu estava dirigindo para casa quando vi uma garotinha em um ônibus escolar, batendo na janela de trás, em pânico. Meu mundo parou. Algo estava terrivelmente errado. Mas que perigo uma criança poderia enfrentar em um ônibus escolar aparentemente seguro? Eu persegui o ônibus para descobrir, e meu coração quase parou de bater.
A chuva batia contra o para-brisa enquanto eu dirigia, cada gota ecoando o peso no meu coração. Hoje tinha que ser o pior dia da minha vida. Primeiro, meu noivo cancelou o casamento na semana passada, e agora, eu tinha acabado de perder o emprego. Minha mente era um emaranhado de pensamentos e emoções. «Fique calma, Mollie», sussurrei para mim mesma, as mãos apertadas no volante.
«Tem que haver outra maneira. Se uma porta se fecha, outra se abre, certo?» Mas as palavras soavam vazias. Como eu poderia chegar em casa e contar à minha mãe que fui demitida? Ela ficaria doente de preocupação. Desde que meu pai faleceu, ela tem sido meu pilar, e a última coisa que eu queria era decepcioná-la.
Meu telefone vibrou pela quinta vez. Era a minha mãe novamente. Encostei o carro na calçada e atendi. «Sim, mãe, estarei aí em dez minutos. Estou dirigindo…»
«Mollie, querida, você viu a previsão do tempo? Uma grande tempestade está chegando. Por favor, tome cuidado.»
Engoli em seco. Essa tempestade não era nada comparada à que estava dentro de mim. «Sim, sim, não se preocupe. Estarei aí logo.»
«Está tudo bem? Você parece diferente.»
«Estou bem, mãe. Só… cansada. Tenho que dirigir, tá? Te amo.» Desliguei, com a garganta apertada. Como eu poderia contar a ela que perdi o emprego só por falar a verdade para os superiores? Eles usaram a desculpa de «não atingir as metas trimestrais», mas eu sabia o verdadeiro motivo.
«O que mais pode dar errado agora?» Murmurei, engatando o carro novamente. Mal sabia eu o que estava prestes a descobrir.
Ao voltar para o trânsito, um ônibus escolar amarelo passou por mim. Algo chamou minha atenção na janela de trás: uma garotinha, com o rosto pressionado contra o vidro, batendo freneticamente com os punhos. Ela estava chorando por ajuda.
«O que… Meu Deus, será que ela está bem?» Gritei. Sem pensar, acelerei, correndo atrás do ônibus. A criança claramente estava em perigo, mas por quê? Que tipo de perigo ela poderia enfrentar em um ônibus escolar aparentemente seguro?
«Estou indo, aguente firme, querida», murmurei, buzinando repetidamente. O motorista parecia alheio, continuando seu caminho como se nada estivesse errado. O pânico crescia em meu peito, e tomei uma decisão rápida. Desviei em frente ao ônibus e o forcei a parar no meio da estrada movimentada.
O motorista, um homem corpulento com um bigode espesso, saiu furioso. «Que tipo de manobra é essa, moça? Você podia ter causado um acidente!»
Eu o ignorei, empurrando-o e correndo para dentro do ônibus. O barulho me atingiu como uma parede. As crianças rodeavam a menina, gritando e rindo. Corri para o fundo, onde a garotinha estava sentada sozinha, o rosto agora vermelho e molhado de lágrimas. Quando cheguei até ela, congelei. Isso não era o que eu esperava.
«Meu Deus! Você está tendo uma crise de asma?» A garotinha assentiu freneticamente, o peito arfando enquanto lutava para respirar. Ajoelhei-me ao lado de seu assento, com o coração acelerado.
«Qual é o seu nome, querida?» Perguntei, tentando manter a calma na voz. Ela apontou para o crachá pendurado no pescoço. O nome dela era Chelsea. «Ok, Chelsea, vamos conseguir ajuda. Onde está seu inalador?»
Chelsea balançou a cabeça, incapaz de falar. Olhei para o motorista, que havia me seguido, com o rosto pálido. «Você sabe onde está o inalador dela?» Ele balançou a cabeça. «Eu… Eu nem sabia que ela estava com dificuldades. É muito barulhento aqui atrás, não consegui ouvir nada.»
Engoli minha raiva e comecei a procurar na mochila de Chelsea. Nada. O pânico crescia em mim enquanto via os lábios da menina começarem a ficar azuis.
«Me ajude a procurar!» Gritei para o motorista. Procuramos embaixo dos assentos, no corredor, em todos os lugares possíveis. Para meu horror, percebi que as outras crianças estavam rindo, algumas até apontando para Chelsea. «Isso não é engraçado!» Gritei para eles. «Ela precisa de ajuda!»
Foi então que me ocorreu uma ideia. Comecei a pegar as mochilas das outras crianças, ignorando suas reclamações. «Ei, você não pode fazer isso!» Gritou um menino sardento.
Encontrei o inalador na terceira mochila que chequei: um inalador azul com o nome de Chelsea. Virei-me para o menino dono da mochila. «Por que você tem isso?» Ele desviou o olhar, murmurando: «Foi só uma brincadeira.»
«Uma brincadeira? Ela poderia ter morrido!»
Corri de volta para Chelsea, ajudando-a a usar o inalador. Aos poucos, sua respiração se estabilizou e a cor voltou ao seu rosto. Segurei sua mão, murmurando palavras tranquilizadoras enquanto ela se recuperava. O motorista ficou parado, retorcendo as mãos. «Sinto muito. Eu não fazia ideia…»
Virei-me para ele, furiosa. «Essas crianças são sua responsabilidade! Você deveria ter verificado o que estava acontecendo quando ouviu a confusão!»
Ele assentiu, envergonhado. «Você tem razão. Desculpe.»
Chelsea puxou minha manga, sua voz quase um sussurro. «Obrigada.» Aquelas duas palavras me impactaram mais do que tudo o que tinha acontecido naquele dia. Eu não podia deixá-la sozinha depois disso. «Vou ficar com você até chegarmos à sua casa, ok?» Chelsea assentiu, com um pequeno sorriso no rosto molhado de lágrimas.
Voltei ao meu carro para movê-lo para um estacionamento próximo, percebendo que minhas mãos tremiam. Que dia esse tinha se tornado. De volta ao ônibus, sentei-me ao lado de Chelsea, passando meu braço de forma protetora sobre seus ombros. As outras crianças estavam incomumente quietas agora, a gravidade do que havia acontecido finalmente as atingindo. «Por que as outras crianças não te ajudaram?» Perguntei suavemente.
O lábio inferior de Chelsea tremeu. «Eles acham engraçado quando eu não consigo respirar. Às vezes escondem meu inalador.»
Meu coração se partiu por ela. «Isso não é certo, Chelsea. Você sabe disso, né?»
Ela assentiu, olhando para as mãos. «Eu tento ser corajosa, mas às vezes fico com muito medo.»
Apertei seu ombro. «Você foi incrivelmente corajosa hoje. Você chamou minha atenção quando precisava de ajuda. Isso exige muita coragem.»
Um pequeno sorriso surgiu em seus lábios. «Sério?»
«Sério. Você é uma das pessoas mais corajosas que já conheci.»
Duas paradas depois, Chelsea apontou pela janela. «Aqueles são minha mãe e meu pai!»
Quando saímos do ônibus, os pais de Chelsea correram até ela, com a confusão estampada em seus rostos. «Chelsea, quem é essa?» Sua mãe perguntou, me olhando desconfiada. A voz de Chelsea estava mais forte agora quando disse: «Essa é a Mollie. Ela salvou minha vida.»
Depois que Chelsea explicou o que aconteceu, as expressões de seus pais mudaram de confusão para gratidão e depois para raiva — do motorista, das outras crianças, e de toda a situação.
«Não sei como agradecer», disse o pai de Chelsea, com lágrimas nos olhos.
«Fico feliz por ter podido ajudar.»
A mãe de Chelsea, a Sra. Stewart, insistiu em me levar de volta ao meu carro. Quando chegamos ao estacionamento do shopping, o céu se abriu e a chuva começou a cair em torrentes. «Então, Mollie», disse a Sra. Stewart, me olhando pelo para-brisa encharcado, «o que você faz?»
Dei uma risada amarga. «Engraçado você perguntar. Na verdade, perdi meu emprego hoje.»
As sobrancelhas da Sra. Stewart se ergueram. «Ah, sinto muito por ouvir isso. Posso perguntar o que aconteceu?»
Suspirei, os eventos do dia voltando à minha mente. «Falei sobre algumas práticas antiéticas. Eles não gostaram disso, então encontraram uma desculpa para me demitir.»
A Sra. Stewart ficou em silêncio por um momento. Então ela disse: «Sabe, meu marido e eu temos uma pequena empresa. Talvez tenhamos uma vaga. Você se interessaria por uma entrevista?»
Pisquei, sem acreditar no que ouvi. «Você está falando sério?»
Ela sorriu. «Com certeza. Qualquer pessoa que vá tão longe para ajudar uma criança em necessidade é alguém que eu gostaria de ter na minha equipe.»
Quando paramos ao
lado do meu carro, a chuva havia diminuído para um chuvisco. A Sra. Stewart me entregou seu cartão de visita. «Me ligue amanhã», disse ela. «Vamos marcar algo.»
Segurei o cartão, sentindo uma faísca de esperança acender em meu peito. «Obrigada. Eu vou ligar.»
Na manhã seguinte, acordei me sentindo mais leve do que nas últimas semanas. Contei à minha mãe tudo o que aconteceu. Sobre perder o emprego, salvar Chelsea, a nova oportunidade… tudo. Ela me abraçou forte, com orgulho brilhando em seus olhos. «Sempre soube que você estava destinada a grandes coisas, querida!»
Agora, enquanto discava o número no cartão da Sra. Stewart, meu coração acelerava novamente, mas desta vez com empolgação, não com medo.
«Olá, Mollie», a voz calorosa da Sra. Stewart veio pelo telefone. «Estou tão feliz que você ligou. Como se sentiria em vir para uma entrevista esta tarde?»
Não pude evitar o sorriso que se espalhou pelo meu rosto. «Adoraria. Muito obrigada por esta oportunidade.»
«Não, Mollie», disse ela, e eu podia praticamente ouvir o sorriso em sua voz. «Obrigada. Você salvou nossa filha. Isso é o mínimo que podemos fazer.»
Quando desliguei o telefone, senti lágrimas brotarem nos meus olhos. Mas, pela primeira vez em muito tempo, eram lágrimas de alegria, não de tristeza. Eu estava tão feliz e percebi que é verdade: Quando Deus fecha uma porta, Ele sempre abre outra. E, às vezes, essa nova porta leva a lugares que você nunca poderia ter imaginado.