Quando Lori e Chris voltam da sua lua de mel dos sonhos, eles estão ansiosos para acolher a vida como um casal casado. Mas, ao entrarem em sua casa, encontram uma grande caixa preta no corredor. O que seria um presente de casamento se transforma na própria coisa que destrói seu relacionamento…
No momento em que chegamos em casa, tudo parecia perfeito. A viagem foi maravilhosa, com águas turquesa e praias de areia, e Chris e eu não tínhamos preocupações no mundo. Tudo o que queríamos era desfrutar da felicidade do nosso casamento e da antecipação da nossa vida juntos.
Ao atravessarmos a porta da frente, tudo parecia exatamente como havíamos deixado, até mesmo as almofadas do sofá perfeitamente arrumadas. Exceto pela enorme caixa preta no corredor.
Eu parei de repente.
“O que é isso?” Perguntei, as palavras flutuando no ar entre nós.
Eu até pensei que talvez fosse um presente de boas-vindas de Chris, mas a expressão no rosto dele me disse que não era.
Chris deu de ombros, franzindo a testa.
“Isso não estava aqui quando saímos,” disse ele.
Havia um bilhete sobre a mesa do corredor ao lado da caixa, com a escrita irregular e desconhecida. Peguei-o, sentindo um arrepio no ar.
«Lori, abra isso sozinha.»
Passei o bilhete para Chris. Ficamos olhando para o bilhete, depois para a caixa, o peso da situação me fazendo sentir um presságio ruim no estômago.
“Tem certeza de que não é de você?” Perguntei.
“Não, querida,” ele disse, com a expressão ainda mais preocupada.
“Eu não gosto nada disso,” disse eu.
“Bom, vamos abrir juntos,” sugeriu Chris, com um tom calmo, mas os olhos cautelosos. “Só para o caso de ser algo perigoso, sabe?”
Eu assenti. Eu confiava completamente nele. Seja o que fosse aquilo, enfrentaríamos juntos. Era assim que deveria ser quando você é casada, certo?
Chris pegou uma faca na cozinha e cortou cuidadosamente a fita. Segurei a respiração enquanto ele abria as abas. Dentro, havia algo macio—um enorme urso de pelúcia, maior do que qualquer coisa que eu já tivesse visto, com um gigantesco coração vermelho costurado no peito.
Ambos piscamos.
“Sério?” Chris murmurou, a tensão dele se dissipando.
Eu ri.
“Alguém deve estar brincando com a gente,” ele riu.
“É meio assustador, se eu for sincera,” disse eu.
“É, vamos jogar isso no porão até decidirmos o que fazer com ele. Talvez devêssemos doar.”
Mas eu não tinha tanta certeza. Algo sobre o urso parecia estranho. Me aproximei, observando o coração no peito dele, onde estavam as palavras “Pressione-me” bordadas em uma letra miúda.
“Não sei…” Hesitei, esticando a mão em direção ao brinquedo.
“Vai em frente,” Chris disse ao ver a escrita. “É só um brinquedo. Vamos ver o que ele tem a dizer.”
Eu apertei o coração, sem saber que todo o nosso mundo estava prestes a desmoronar.
A voz de uma menina ecoou do urso.
“Papai? Papai, você está aí?”
Chris congelou ao meu lado. Eu me virei para ele, querendo entender a mudança na postura dele. O rosto dele estava pálido, os olhos arregalados.
A voz continuou.
“Papai, quando você vai me ver? Estou com saudades.”
Senti meu pulso batendo forte na garganta, me deixando enjoada. O ambiente de repente parecia pequeno demais. Chris nem sequer olhava para mim.
“Papai, você vai vir hoje? Vai me visitar? Eu ainda estou no hospital…”
Então, outra voz. Uma voz mais profunda e familiar cortou o silêncio.
“Estou ocupado, querida. Vou visitar logo.”
Era Chris.
Eu senti como se tivesse levado um soco no estômago.
“Chris?” Sussurrei. “Isso é você? Sério?”
A gravação continuou.
“Por favor, papai? Aqui está frio e solitário. A mamãe está trabalhando…”
“Eu não posso, Kira,” Chris disse. “Tenho coisas para fazer.”
Houve um bipe e a gravação parou. Mas a conversa ficou no ar, como fumaça, sufocando os dois. Eu não conseguia respirar.
“Isso… isso é real ou uma brincadeira horrível?” Perguntei, com a voz sem emoção.
Chris olhou para o chão, as mãos tremendo.
Quem era esse homem? Eu realmente me casei com um homem que tinha um passado inteiro que eu não sabia?
“Lori, eu não sei o que dizer,” Chris começou.
Mas eu mal o ouvi. Ao lado do urso, algo me chamou a atenção. Um envelope branco escondido na caixa. Peguei-o, rasguei-o e desdobrei a carta dentro.
Respirei fundo antes de ler a carta:
Lori,
Há três anos, seu marido abandonou a filha doente e a mim. Nossa pequena tinha câncer. Chris prometeu ajudar, mas um dia ele desapareceu. Apenas se mudou para outro estado, nos deixando para trás sem uma palavra. Eu trabalhei em vários empregos, tentando pagar o tratamento dela, o que me custou momentos preciosos com minha filha.
No final, nada foi suficiente. A cirurgia não funcionou. O tratamento não funcionou. Ela morreu, Lori. Minha filha morreu com 5 anos. E tudo o que ela tinha era esse brinquedo que ele mandou antes de sumir de nossas vidas. Aposto que ele nem lembra.
Senti como se meu coração tivesse sido arrancado do peito. Minha visão embaçou, e o quarto girou, como se o chão estivesse cedendo sob meus pés.
Continuei lendo, permitindo que as palavras me cortassem por dentro.
Eu não estou escrevendo esta carta por vingança. Eu só quero que você saiba o tipo de homem com quem está. Se ele pôde deixar uma criança morrendo—sua própria filha morrendo—imagine o que ele fará com você quando a vida ficar difícil. Ele vai te deixar e deixar seu filho também? Em anexo estão os documentos do tribunal. Estou pedindo pensão alimentícia pelos anos que ele nos abandonou. Não estou fazendo isso para te machucar. Mas eu queria te avisar, mulher para mulher—esse homem não é quem ele diz ser.
Minha mente girou, e a náusea aumentou, mas me forcei a olhar os papéis dentro do envelope. Eram documentos do tribunal, como a carta dizia.
“Chris, isso é verdade?” Perguntei.
Mas ele já estava se afastando.
“Fique e fale comigo!” Gritei.
“Eu pensei… pensei que poderia deixar tudo para trás, Lori,” ele disse. “Eu juro, não queria que você descobrisse assim.”
“Deixar para trás?” Eu disse as palavras com desprezo, a descrença se abalando em mim. “Você tinha uma filha. Uma filha doente! E simplesmente a deixou!”
Ele balançou a cabeça, como se tentasse afastar a verdade.
“Eu pensei que poderia recomeçar, Lori,” ele disse.
“Você pensou que poderia apagar tudo? Ficar como se nada tivesse acontecido? Apenas seguir em frente, como se nada tivesse acontecido?”
Imagens de uma criança doente invadiram minha mente.
O silêncio de Chris respondeu à minha pergunta. Eu senti nojo revirando meu estômago. O homem com quem eu acabara de me casar, o homem que eu pensava conhecer tão bem…
Agora, ele era nada mais que um estranho.
“Eu não posso fazer isso,” disse eu. “Eu não posso ficar casada com você. Não posso ficar casada com um homem que poderia abandonar a própria filha. Pelo amor de Deus, Chris. Eu não consigo nem olhar para você.”
“Lori, por favor,” ele implorou. “Eu posso explicar tudo.”
“Só pegue suas coisas e vá embora,” disse eu.
“Lori, você não quer isso. Acabamos de nos casar. Podemos consertar isso. Podemos conversar sobre isso.”
“Não,” eu disse. “Você mentiu para mim. Você mentiu para ela. Você deixou aquela garotinha morrer pensando que você não se importava com ela. Eu não posso ficar com alguém assim… Eu não consigo imaginar ter uma família com alguém assim.”
Chris abriu a boca para argumentar, mas nenhuma palavra saiu. Ele se virou, e eu assisti enquanto ele pegava suas coisas em silêncio.
Quando ele finalmente saiu pela porta, a casa ficou estranhamente silenciosa. Fiquei sozinha no corredor, com a caixa preta ainda aberta, o urso de pelúcia ali, como um lembrete distorcido de tudo o que havia acontecido.
Preparei uma xícara de chá e fui sentar fora, na varanda. Eu não conseguia imaginar que estava ali, sentada, pensando em pedir o divórcio no dia seguinte.
Eu tinha sido casada por 17 dias sólidos. Uma parte de mim se perguntava se Chris e eu poderíamos ter superado isso…
Mas o que isso diria sobre mim? Que eu não vi nada de errado com um homem que deixou sua família só porque as coisas estavam escuras e difíceis?
Não. Eu não poderia fazer isso.
E você, o que teria feito?