A mãe é a única pessoa próxima que me restou. O pai faleceu há muito tempo, ele morreu em um acidente de carro. Eu quase não o lembro, a não ser por algumas fotos raras.
Vivíamos de forma muito modesta, pode-se dizer, na linha da pobreza. Minha mãe trabalhava no mercado, vendendo legumes, e à noite limpava supermercados. Eu via como suas mãos tremiam, como suas costas doíam, e seus olhos estavam vermelhos de tanto cansaço. Por isso, aos 10 anos, comecei a trabalhar. Nosso vizinho, tio Petro, fazia reformas, e eu ajudava de vez em quando. Às vezes levava cimento para o andar de cima, às vezes tirava o lixo, ou ajudava a tapar alguma coisa. Por isso, eu ganhava cem grivnas. Esse dinheiro não era para mim, eu ia ao mercado e comprava alimentos.
– Você é tão crescido, um verdadeiro ajudante – dizia minha mãe, me abraçando. Naquele momento, eu sentia o coração dela bater forte.
Não vou me alongar muito sobre minha infância. Direi apenas uma coisa: foi difícil, mas eu não desisti por causa da minha mãe. E então, apareceu Anna na minha vida.
Ela era a mais bonita da nossa turma, e todos os rapazes corriam atrás dela em bandos. Anna até ganhou o concurso «Miss Universidade». Um dia, ela se sentou ao meu lado na prova:
– Essa questão está muito difícil, não consigo responder…
– Aqui é a opção «A», e aqui é «B».
– Uau, como você é inteligente.
Graças a mim, Anna passou em todas as provas, pois eu a ajudava. Uma noite, ela decidiu me «agradecer» e me convidou para ir ao cinema. Depois, houve beijos suaves, abraços. Na manhã seguinte, acordei na cama dela e percebi: ela era minha.
Não adiamos o casamento. Logo após o quarto ano, fiz o pedido de casamento. Eu gostava da ideia de que uma rainha como ela tivesse me escolhido. Confesso que isso aumentava muito minha autoestima.
Mas surgiu a questão: onde moraríamos? Os pais de Anna não gostavam muito de mim, achando que eu era «pobre» e não conseguiria dar à filha deles uma vida digna. Então, decidi conversar com minha mãe. Afinal, ela é a pessoa mais próxima de mim e deveria me entender.
– Tudo bem, filho, eu vou te dar este apartamento. Mas precisa ser reformado. Acho que, na minha velhice, vou viver bem na casa de campo. Ar fresco, jardim…
Mas eu percebi uma tristeza na sua voz. No entanto, eu era filho dela e ela não tinha outra opção.
Depois do casamento, nos mudamos para o apartamento. Felizmente, os pais de Anna nos deram (na verdade, a ela) um carro novinho. Mas eu não podia dirigir.
– Este é o meu carro! Você vai arranhar ele ou bater em alguma árvore. Vá de bonde e não gaste minha gasolina – reclamava minha esposa.
Por isso, eu usava mais táxi ou transporte público. Embora o dinheiro para a gasolina do carro dela fosse tirado do meu bolso.
– Você quer ir à casa de campo da mãe? Então, pegue o trem. Por que eu tenho que ir com você para esse fim do mundo? – reclamava Anna.
Eu tentava visitar minha mãe uma vez por semana, mas Anna era completamente contra isso. Sempre que eu mencionava a «casa de campo», ela logo encontrava desculpas: «compromissos», «manicure», «pedicure». Eu sabia que ela nunca pegaria uma enxada ou uma pá, então não podia contar com sua ajuda.
Ela também não gostava que eu fosse visitar minha mãe. Sempre encontrava motivos para me impedir. Às vezes, era para visitar os pais dela, outras vezes, era para o aniversário de uma amiga. Eu não podia recusar, senão teria uma briga e seria obrigado a dormir no colchão.
Agora, já não sei o que esperar dela. Anna não entende que minha mãe é uma pessoa idosa, que vive da aposentadoria e mal consegue pagar as contas. Minha esposa pensa apenas nela mesma.
O que essa história me ensinou?
A mãe é a pessoa mais preciosa que Deus nos deu. Ninguém jamais poderá substituí-la. Ela sempre vai nos apoiar e nos amar, não importa nossa aparência ou condição financeira.
Eu me arrependo profundamente de ter expulso minha mãe de seu apartamento. Espero ainda ter tempo para corrigir isso…
O que vocês acham? Esse rapaz tem uma segunda chance?