Meu padrasto Jack sempre esteve ao meu lado, mas no dia do meu casamento, ele soltou uma bomba: «Você NÃO é minha filha.» Achei que meu mundo estava desmoronando, até que ele tirou um documento que mudaria tudo.
Eu tinha dez anos quando meu pai faleceu. Foi um golpe duro, e eu não estava pronta para que minha mãe seguisse em frente. Mas ela seguiu, com Jack. No começo, eu o odiava. Como ele ousava tentar substituir meu pai?
Mas Jack não estava tentando substituir ninguém. Ele estava apenas… lá. Sempre lá.
«Amélia, precisa de ajuda com a lição de casa?» ele perguntava, enfiando a cabeça no meu quarto. Eu franzi a testa e dizia: «Não», mesmo quando eu realmente precisava. Mas ele sentava mesmo assim e explicava pacientemente até eu entender.
Com o passar dos anos, Jack se tornou uma presença constante na minha vida. Ele pagou meus tutores quando eu tive dificuldades na escola. Ele me ajudou a me inscrever na faculdade e sorria orgulhoso na minha formatura.
«Eu sempre soube que você conseguiria, filha,» ele disse, me abraçando apertado.
E agora, quinze anos depois de ele ter entrado na minha vida, Jack estava pagando o meu casamento. Eu deveria estar nas nuvens, mas algo estava errado.
Na última semana, Jack estava distante. Sempre que eu tentava falar com ele, dizia que estava ocupado ou precisava sair para resolver alguma coisa.
«Mãe, o que está acontecendo com o Jack?» perguntei no dia anterior ao casamento.
Ela fez um gesto de desdém com a mão. «Ah, é nada, querida. Ele está só estressado com o trabalho.»
Mas eu sabia que era mais do que isso. Eu sentia no meu estômago.
O dia do casamento chegou e eu estava um pacote de nervos. O vestido branco estava apertado, minhas mãos estavam suadas, e Jack não estava em lugar nenhum.
Finalmente, eu o encontrei em uma pequena sala afastada no corredor principal. Quando entrei, ele se virou para mim com uma expressão que eu nunca tinha visto antes. Fria. Distante.
«Pai?» falei, minha voz pequena. «Está tudo bem? A gente vai começar em três minutos.»
Ele me olhou, com o maxilar tenso. «Eu não consigo fazer isso, Amélia. Não consigo te levar até o altar.»
Meu estômago afundou. «O quê? Por que não?»
«Porque,» ele disse, a voz tensa, «você não é minha filha. Esse é o problema.»
Eu me senti como se tivesse levado um tapa. Lágrimas encheram meus olhos enquanto eu tentava respirar. «Do que você está falando? Depois de todos esses anos, como você pode dizer isso?»
Jack virou-se, os ombros tensos. Eu podia ouvir os convidados ficando impacientes do lado de fora. A cerimônia deveria começar a qualquer minuto, e aqui estava eu, prestes a desabar.
«Por favor, pai,» implorei. «Eu não entendo. O que está acontecendo?»
Ele respirou fundo e lentamente se virou para me encarar. Sua expressão estava um pouco mais suave, mas eu podia ver o conflito nos olhos dele.
«Amélia, eu…»
Ele hesitou, então enfiou a mão no bolso do paletó. Minha mente corria tentando entender o que estava acontecendo. Por que ele estava fazendo isso agora, de todos os momentos?
O rosto de Jack estava impassível. Então, lentamente, ele pegou um pedaço de papel do bolso. Ele me entregou o documento. Eram os papéis de adoção. Meus olhos se abriram enquanto eu percebia o que estava vendo.
«Eu queria ter certeza de que hoje eu te levasse até o altar com minha filha oficial,» Jack explicou, a voz embargada de emoção. «Eu já assinei. Só falta a sua assinatura, e eu serei seu pai legal.»
Lágrimas encheram meus olhos. «Pai, eu… não sei o que dizer.»
Ele estendeu uma caneta. «Diga que vai me deixar ser seu pai, oficialmente. Diga que vai me deixar te levar até o altar.»
Minha mão tremia enquanto eu pegava a caneta. Assinei meu nome, mal conseguindo ver pelas lágrimas.
Jack me puxou para um abraço. «Eu te amo, filha. Sempre amei, sempre vou amar.»
«Eu também te amo, pai,» eu disse, soluçando.
Nós caminhamos até a entrada do corredor juntos, ambos enxugando os olhos.
«Pronta?» Jack perguntou.
Eu acenei com a cabeça, apertando o braço dele. «Pronta.»
Enquanto começávamos a caminhar até o altar, eu podia ouvir os sussurros dos convidados. Eu sabia que provavelmente estava uma bagunça, com as bochechas manchadas de rímel e os olhos vermelhos.
No final do corredor estava Gabriel, meu futuro marido. Sua testa se franziu com preocupação quando viu meu rosto.
Quando chegamos ao altar, Jack me abraçou apertado antes de se afastar.
«Cuide bem dela,» ele disse a Gabriel.
Gabriel acenou solemnemente. «Eu vou, senhor. Sempre.»
Quando a cerimônia começou, eu não conseguia parar de sorrir. Eu estava casando com o amor da minha vida e acabara de ganhar um pai no verdadeiro sentido da palavra.
Mais tarde, na recepção, Jack me puxou de lado. «Desculpe por estar tão distante essa última semana,» ele disse. «Eu estava tentando finalizar toda a papelada, e não queria estragar a surpresa.»
Eu o abracei com força. «Foi a melhor surpresa que eu poderia pedir.»
Ele riu. «Bem, espero que o Gabriel esteja bem em dividir o palco no seu grande dia.»
«Você está brincando?» eu ri. «Ele está feliz. Está chamando você de ‘Pai’ a noite toda.»
Os olhos de Jack se apertaram com felicidade. «Eu gosto de ouvir isso.»
Enquanto voltávamos para a festa, eu peguei Gabriel com o olhar do outro lado da sala. Ele piscou para mim, e eu senti um calor no coração por ambos os homens da minha vida.
Minha mãe veio e beijou Jack na bochecha. «Você é um velho moleque,» ela provocou. «Eu te disse que a Amélia ia adorar.»
«Você sabia?» eu perguntei, surpresa.
Ela sorriu. «Claro que sabia. Quem você acha que ajudou ele com toda a papelada?»
Eu sacudi a cabeça, rindo. «Vocês dois são demais.»
A noite passou voando em uma mistura de dança, risos e alegria. Quando Gabriel e eu nos preparamos para partir para a lua de mel, Jack me puxou para um último abraço.
«Estou tão orgulhoso de você, Amélia,» ele sussurrou. «Você se tornou uma mulher incrível.»
Eu senti as lágrimas voltarem aos olhos. «Obrigada por tudo, pai. Não sei onde estaria sem você.»
Ele beijou minha testa. «Você estaria bem aqui, filha. Você é forte, igual a sua mãe. Eu só espero ter tornado a jornada um pouco mais fácil.»
Enquanto Gabriel e eu dirigíamos para casa, eu não conseguia parar de sorrir. Eu comecei o dia como uma noiva, mas terminei como esposa e filha. E eu não teria feito de outra forma.
A lua de mel foi um borrão de sol, praias de areia e beijos roubados. Mas, mesmo no paraíso, eu me peguei pensando em pai e na adoção.
«Está tudo bem?» Gabriel perguntou, certa noite, enquanto caminhávamos pela orla.
Eu acenei, apertando sua mão. «Só estava pensando no pai. Em tudo o que ele fez por mim.»
Gabriel sorriu. «Ele é um grande homem. Fico feliz que ele agora seja oficialmente seu pai.»
«Eu também,» eu disse suavemente. «Sabe, quando eu era mais nova, eu ficava tão brava por ele estar em nossas vidas. Achava que ele estava tentando substituir meu pai verdadeiro.»
«O que mudou?» Gabriel perguntou.
Eu pensei por um momento. «Acho que percebi que o amor não é um recurso finito. O Jack — quer dizer, o pai — me amar não significava que eu tinha que amar menos meu pai biológico. Só significava que eu tinha mais amor na minha vida.»
Quando voltamos da lua de mel, pai e mãe nos receberam com um jantar de boas-vindas. Enquanto sentávamos à mesa, rindo e compartilhando histórias, senti uma sensação de completude que nunca tinha experimentado antes.
«Então, quando podemos esperar netos?» minha mãe perguntou, sorrindo travessa.
Eu quase engasguei com o vinho. «Mãe! Acabamos de nos casar!»
Jack riu. «Deixa eles, Nora. Eles têm muito tempo para isso.»
Gabriel apertou minha mão sob a mesa. «Mas quando decidirmos ter filhos,» ele disse, «eles vão ter os melhores avós do mundo.»
Os olhos de Jack se encheram de lágrimas. «Vovô Jack,» ele disse baixinho. «Eu gosto de ouvir isso.»
Quando a noite chegou ao fim, me encontrei sozinha com Jack na cozinha, ajudando-o com a louça.
«Sabe,» eu disse, «eu nunca te agradeci direito por tudo o que você fez.»
Jack balançou a cabeça. «Você não precisa me agradecer, Amélia. Isso é o que os pais fazem.»
«Mas você não precisava,» insisti. «Você escolheu me amar, estar lá para mim. Isso significa tudo.»
Jack colocou o prato que estava secando e se virou para me encarar. «Amélia, desde o momento em que te conheci, eu soube que você era especial. Te amar, ser seu pai… tem sido o maior privilégio da minha vida.»
Eu o abracei apertado, sem me importar que minhas lágrimas estavam encharcando sua camisa. «Eu te amo, pai,» eu sussurrei.
«Eu também te amo, filha,» ele disse, a voz rouca de emoção. «Sempre amei, sempre vou amar.»
Enquanto Gabriel e eu dirigíamos para casa naquela noite, eu senti uma sensação de paz me envolver. Minha família pode não ser convencional, mas era minha. E eu não a trocaria por nada neste mundo.
O que você teria feito?