Eu Abrigei uma adolescente indefesa durante uma tempestade de neve – fiquei com calafrios quando acidentalmente olhei para o cartão de identificação dela

Histórias interessantes

Naquela noite, a neve caía forte. Jenna estava encolhida no sofá, esfregando a barriga distraidamente enquanto rolava o telefone. Eu estava na cozinha, fazendo chocolate quente: Jenna estava desejando isso loucamente desde que engravidou.

O suave zumbido do aquecedor preenchia o ambiente, um contraste aconchegante com o vento uivante lá fora.

«Amor, você acha que deveríamos escolher azul ou verde para o quartinho do bebê?» Jenna chamou, sua voz leve, mas um pouco cansada.

«Ainda acho amarelo», respondi, despejando o chocolate quente em duas canecas. «É neutro, brilhante… e não vai mostrar o leite derramado tanto.»

Jenna riu. «Você e sua lógica prática.»

Eu estava prestes a levar as canecas quando houve uma batida forte na porta. Era incomum, especialmente com o tempo tão ruim. Jenna olhou para cima, uma linha de preocupação se formando em sua testa.

«Ian, quem será a esta hora?» ela perguntou.

«Não faço ideia», murmurei, deixando as canecas e indo até a porta.

Quando abri, um golpe de vento gelado quase me derrubou. Lá estava uma garota, tremendo de frio, parecendo ter uns 15 anos.

O cabelo dela estava úmido, grudado na testa, e os lábios estavam ficando azuis. Ela não usava casaco, apenas um suéter fino e rasgado, e os dedos estavam vermelhos e machucados pelo frio.

«Posso pegar algo para me cobrir? Um casaco, um cobertor, qualquer coisa?» ela gaguejou, sua voz quase um sussurro.

Havia algo estranhamente familiar no rosto dela, mas eu não conseguia identificar. Seus olhos se moviam nervosamente, como um cervo encurralado.

«Claro», disse, sem pensar. «Entre, entre — você está congelando.»

Ela entrou, hesitando, como se esperasse que eu fechasse a porta na cara dela. Peguei um cobertor do sofá e entreguei a ela. Jenna se levantou, os olhos arregalados de preocupação.

«O que está acontecendo, Ian?» ela sussurrou, mas eu apenas balancei a cabeça levemente. Ainda não tinha uma resposta.

A garota se enrolou no cobertor, mas ainda parecia aterrorizada. Ela evitava contato visual, olhando para os pés, as mãos tremendo. Eu tentei acalmá-la.

«Qual é o seu nome?» perguntei suavemente.

«Eu… não quero falar sobre isso», ela murmurou, sua voz quase sendo abafada pelo estalo da lareira. «Por favor, só não chame a polícia. Eu não tenho documento, nem celular.»

Isso soou um alarme na minha cabeça. Por que ela não queria ajuda da polícia? Olhei para Jenna. Ela me deu um leve aceno, como se dissesse, «Fica tranquilo por enquanto.»

«Tá bom, sem polícia», disse lentamente. «Mas você está em algum tipo de problema? Tem alguém que possamos chamar para você?»

Ela balançou a cabeça vigorosamente, apertando o cobertor ao redor do corpo. «Não… ninguém.»

A voz de Jenna suavizou. «Querida, não estamos aqui para julgar. Só queremos ajudar. Mas você precisa nos contar alguma coisa. Você está fugindo?»

O rosto da garota se contorceu por um segundo. Era como se ela estivesse tentando segurar as lágrimas. «Por favor, eu só… preciso descansar. Vou embora assim que puder.»

Algo nela estava mexendo na parte de trás da minha mente. Esse rosto… eu já vi antes, mas onde?

Quando ela se afastou para usar o banheiro, percebi a jaqueta dela pendurada perto da porta, meio enterrada em uma pilha de neve. Era velha, desfiada nas bordas, e eu sabia que não deveria, mas minha curiosidade falou mais alto.

Pus a mão no bolso, sentindo ao redor, e meus dedos tocaram um pequeno cartão plástico. Puxei-o devagar, olhando para a porta do banheiro para me certificar de que ela não me pegaria bisbilhotando. Era um documento de identidade, gasto e um pouco amassado.

Quando vi o nome, um arrepio percorreu minha espinha, mais frio do que a tempestade de neve lá fora.

Jenna percebeu a expressão no meu rosto. «Ian, o que foi?»

Eu fiquei olhando para o cartão na minha mão, os dedos tremendo um pouco. Kenzie Jane Rutherford. Jane… esse era o nome do meio de Dorothy. Eu senti como se tivesse levado um soco no estômago. O mesmo rosto, o mesmo nome do meio… e aquele sobrenome, Rutherford. O sobrenome do homem que Dorothy me trocou todos aqueles anos atrás.

Olhei para cima e vi Jenna me observando com preocupação. «Ian, o que foi?» ela perguntou novamente, a voz mais suave agora.

Engoli em seco, ainda tentando processar o que estava diante de mim. «Essa garota… Kenzie… ela é filha da Dorothy», finalmente consegui dizer, minha voz mal saindo como um sussurro.

Os olhos de Jenna se arregalaram. «Dorothy? Você quer dizer… a sua namorada da escola? A que…»

«Sim», interrompi, assentindo. «A que me deixou pelo Wesley. Essa… essa garota… Kenzie… ela é filha deles.»

Kenzie apareceu do banheiro, com o rosto pálido, os olhos desconfiados. Ela percebeu o cartão de identidade na minha mão, e a expressão dela mudou de medo para algo quase como resignação.

«Você… você encontrou», disse em voz baixa.

«Sim, encontrei», respondi, minha voz mais firme do que eu me sentia. «Kenzie, você precisa me dizer a verdade. Por que você está aqui?»

Ela hesitou, olhando de um para o outro, seus olhos cheios de medo e desespero. «Eu… não sei se devo…»

Jenna deu um passo à frente, a voz suave. «Querida, não vamos te machucar. Só precisamos entender o que está acontecendo. Por favor, nos conte.»

Kenzie respirou fundo, como se estivesse se preparando para o que estava por vir.

«Ok…» começou, a voz tremendo. «Minha mãe… Dorothy… ela faleceu há um ano, em um acidente de carro. Foi horrível. Depois que ela morreu, meu… meu pai, Wesley, ele… ele descobriu que eu não era filha dele. Fez um teste de DNA… e quando viu o resultado, ele simplesmente… me abandonou. Disse que não conseguia mais olhar para mim.»

Eu senti um nó se formando no estômago. «Ele te deixou? Assim, do nada?»

Kenzie assentiu, os olhos cheios de lágrimas.

«Sim. Ele não me queria mais. Me mandou para um orfanato… e eu não tinha para onde ir. Mas descobri sobre a antiga amiga da minha mãe, Avril… ela me disse que minha mãe teve outro namorado, quando era jovem. Ela me disse que era você, Ian. E eu… eu não sabia aonde mais ir, então eu… fugi e vim até aqui.»

Eu respirei fundo, tentando processar tudo o que ela estava dizendo. «Então você acha… que eu posso ser seu pai?»

Kenzie assentiu devagar, os olhos procurando os meus. «Eu não sabia o que mais fazer. Achei que se eu viesse até aqui e pedisse ajuda… talvez você me ajudasse, mesmo que eu não fosse sua filha. Mas eu estava com medo de dizer isso claramente. Tinha medo de você me virar as costas.»

Jenna estendeu a mão, tocando suavemente o meu braço. «Ian, precisamos ajudá-la. Seja qual for a verdade, ela é só uma criança.»

Eu assenti, sentindo o peso da situação sobre mim. «Kenzie, se houver uma chance… se houver qualquer chance de você ser minha filha, precisamos ter certeza. Vamos ao hospital e fazer um teste de DNA. Vamos descobrir isso, ok?»

O rosto de Kenzie suavizou, e ela pareceu relaxar um pouco. «Ok», sussurrou. «Obrigado.»

A viagem até o hospital foi silenciosa. Eu ficava olhando para Kenzie no retrovisor, tentando entender como tudo havia mudado em tão pouco tempo.

Dorothy se foi. A garota com quem eu pensava que passaria minha vida estava morta, e agora, essa adolescente sentada no banco de trás poderia ser minha filha.

Jenna estendeu a mão e apertou a minha. «Você está bem?»

Eu assenti, mas não tinha certeza. «Eu não sei, Jenna. Eu… não posso acreditar nisso. Eu nem sabia que ela tinha uma filha.»

«Ela não te contou?» Jenna perguntou, olhando para Kenzie.

Kenzie balançou a cabeça. «Não… Mamãe nunca falava de você. Ela… parecia triste às vezes, como se tivesse algo para dizer, mas não conseguia.»

Chegamos ao hospital, e o teste de DNA foi um borrão de salas estéreis e papéis. Kenzie estava nervosa, e eu também, mas Jenna permaneceu calma, nos guiando pelo processo. Finalmente, eles pegaram as amostras, e nos disseram que levaria algumas horas para termos o resultado. Decidimos esperar no café do hospital.

Kenzie mexia em um muffin, os dedos ainda tremendo um pouco. «Então… como ela era? Minha mãe, quando você a conheceu?»

Eu sorri, as lembranças invadindo minha mente. «A Dorothy era… ela era algo. Tinha uma risada que preenchia a sala, e adorava dançar, mesmo quando não havia música. A gente era jovem, mas eu achava que ia casar com ela.»

Kenzie olhou para baixo, um sorriso tímido surgindo nos lábios. «Ela me ensinou a dançar quando eu era pequena.»

Jenna se inclinou. «Parece que ela era uma pessoa maravilhosa.»

Kenzie assentiu. «Era. Mas… ela cometeu erros. Erros grandes. Como confiar no Wesley… ele está planejando vender nossa casa velha agora que ela se foi, como se ela nunca tivesse existido.»

Eu apertei os punhos, a raiva crescendo dentro de mim. «Eu queria ter sabido. Eu teria feito algo.»

A enfermeira entrou, segurando um envelope. «Sr. Abrams? Temos os resultados.»

Meu coração disparou quando eu abri. Li as palavras lentamente, duas vezes, para ter certeza de que não estava imaginando. «Positivo. 99,9% de probabilidade de paternidade.»

Minha respiração falhou, e as lágrimas turvaram minha visão. «Kenzie… você é minha filha», sussurrei.

O rosto de Kenzie se iluminou, e então ela estava nos meus braços, me apertando forte. Eu senti o peso de 15 anos perdidos desabando sobre mim, mas também uma estranha sensação de alívio.

«Desculpe», eu engasguei. «Desculpe por não ter estado lá.»

Kenzie se afastou, balançando a cabeça. «Não, você não sabia. Você não poderia saber. Não precisa pedir desculpas.»

Jenna enxugou uma lágrima da bochecha. «E agora?»

Olhei para Kenzie, e pela primeira vez, um sorriso se formou em meu rosto. «Kenzie… o que acha de pizza?»

Kenzie riu, e foi como se uma luz tivesse se aceso na sala. «Acho que isso é perfeito, pai.»

E, assim, saímos para o frio, mas pela primeira vez, me senti aquecido.

Visited 139 times, 1 visit(s) today
Rate the article
( Пока оценок нет )