A primeira reclamação da minha vizinha—que chamaremos apropriadamente de Karen—veio em poucos dias. Meus filhos, Tucker e Wyatt, estavam correndo de bicicleta para cima e para baixo na entrada da garagem, enquanto Jace corria atrás, rindo descontroladamente.
Era uma típica noite de verão—crianças sendo crianças. Eu estava grelhando hambúrgueres quando ouvi sua voz cortar o ar.
«Eles precisam ser tão barulhentos?» ela latiu da varanda, braços cruzados. «Alguns de nós valorizam a serenidade!»
Virei-me, espátula na mão. «São apenas crianças brincando», respondi, forçando um sorriso. «Logo eles entram.»
Ela bufou. «Espero que sim!»
Dei de ombros, pensando que ela só tinha tido um dia ruim. Mas isso foi apenas o começo!
Nas semanas seguintes, as queixas continuaram chegando.
Os meninos entravam em casa cabisbaixos porque a nova vizinha dizia que seus gritos de alegria durante as brincadeiras com balões de água eram inaceitáveis. O leve tum-tum de uma bola de basquete na nossa entrada da garagem? «Enlouquecedor», segundo Karen.
Até mesmo o som de suas risadas enquanto pulavam no trampolim era, em suas palavras, «o suficiente para levar uma pessoa à loucura!»
Por meses, tentei de tudo para ser um bom vizinho e manter a paz. Reduzi o tempo que meus filhos brincavam ao ar livre, troquei brinquedos barulhentos e até ensinei eles a «usar a voz de dentro» do lado de fora. Mas nada satisfazia Karen!
Então, uma tarde, as coisas tomaram um rumo desagradável.
Era um sábado, e eu estava ajudando Emily dentro de casa quando ouvi uma confusão lá fora. Os meninos estavam brincando de pega-pega perto da cerca que nos separava da casa de Karen quando ela veio furiosa.
«Vocês estão aterrorizando esta vizinhança!» ela gritou.
Meus filhos me contaram depois que ela pegou a mangueira do jardim e os molhou! Jace, o mais novo, começou a chorar, e todos correram para dentro completamente encharcados, reclamando da vizinha!
Reagi imediatamente, saindo furioso! «Pare com isso agora! Você enlouqueceu?! Eles são só crianças!»
Ao invés de me escutar, ela me olhou com um sorriso desafiador e respondeu: «Esses pestinhas estavam brincando muito perto do meu quintal, e eu também não gosto da sua proximidade!» Então ela virou a mangueira para mim!
Encharcado, encarei-a em choque. Isso não era apenas uma vizinha irritada—era uma verdadeira valentona!
Cerrei o maxilar e limpei a água dos olhos. Naquele momento, tomei uma decisão. Eu precisava fazer algo para detê-la antes que ela prejudicasse meus filhos—mental ou fisicamente. Isso não era mais só sobre reclamações irritantes.
Eu tinha que pará-la de vez, mas não fazia ideia do que mais viria daquela vizinha desequilibrada. Antes que eu pudesse reagir, ela foi ainda mais longe.
Certa noite, um vizinho, Lawson, se aproximou enquanto eu colocava o lixo para fora.
«Ei, Steven, não quero me intrometer», ele disse hesitante, «mas sua nova vizinha tem dito algumas… coisas preocupantes sobre você e sua família.»
Meu estômago afundou. «Tipo o quê?»
Ele suspirou. «Ela está dizendo para as pessoas que suspeita que você… está vendendo algo. Substâncias ilegais.»
Soltei uma risada sem humor. «Você tá brincando?!»
«Quem me dera!» Ele balançou a cabeça. «Ela diz que aquelas pessoas que visitam sua esposa o tempo todo? São seus ‘clientes’.»
Senti meu sangue ferver! Emily estava acamada—os cuidadores eram essenciais, pelo amor de Deus!
Soltei um longo suspiro. «Obrigado por me contar.»
Lawson hesitou. «Para ser sincero, a maioria de nós sabe que ela está inventando. Mas… talvez você devesse fazer algo a respeito.»
Assenti. E isso foi o empurrão final de que eu precisava. Eu estava pronto para agir—e agi.
Não sou do tipo que começa uma guerra, mas não ia deixar minha família ser pisoteada por uma valentona! Primeiro, instalei câmeras de vigilância no quintal da frente, no fundo e na garagem. Passei a registrar cada explosão de raiva, cada invasão, cada interação hostil entre nós e Karen!
Mantive registros detalhados: datas, horários, incidentes. Compilei tudo em uma pasta bem organizada com o título Reclamação para a Associação de Moradores (HOA).
Então, fiz minha jogada.
Registrei uma queixa formal na HOA, anexando todas as provas! Ao selar o envelope, sorri ao imaginar a cara de Karen ao receber a notificação. Para a grande final, instalei uma cerca alta para bloquear sua visão do nosso quintal.
Isso fez minha vizinha surtar!
Na manhã seguinte, ela saiu furiosa. «Isso é um absurdo! Você está tentando me bloquear?!»
Dei um sorriso de lado. «Essa é a ideia.»
Ela voltou para dentro bufando—mas não tinha terminado, e nem eu!
Karen entrou com uma reclamação na HOA sobre a cerca nova, mas sua queixa não foi atendida porque eu havia garantido todas as permissões necessárias! Ela não tinha como contestar, e a HOA informou que sua reclamação ainda estava sob análise.
A decisão da HOA a deixou tão furiosa que, uma noite, assisti pelas câmeras esperando que ela fizesse algo—e ela fez! Vi quando tentou jogar seu lixo por cima da cerca, mas ela era alta demais, e a maior parte caiu de volta no quintal dela!
Perfeito, pensei. Mais provas! No dia seguinte, registrei outra queixa!
Karen estava furiosa—mas completamente impotente! Suas birras diminuíram quando percebeu que eu tinha a vantagem, mas ela ainda tentava nos incomodar.
Então, dois meses depois, uma jovem desconhecida bateu à minha porta e mudou tudo para melhor.
«Oi», disse ela, desconfortável quando abri a porta. «Sou Sarah, filha da sua vizinha.»
Pisquei, surpreso. Sarah era doce e calma—só um pouco nervosa com a situação. «Ela tem uma filha?» murmurei, mais para mim mesmo.
Sarah assentiu, parecendo envergonhada. «Sim, tem. Desculpe por não estar por perto para ajudá-la. Eu… eu sei que minha mãe pode ser… difícil.»
Esperei, cruzando os braços.
«Estive fora a trabalho, participando de conferências internacionais e tal. Ela me contou sobre as reclamações. As multas… Não tive tempo de resolver isso direito.» Suspirou. «E também, não tenho dinheiro para ajudá-la. Ela me pediu para vir aqui e… sei lá, tentar conversar com você.»
Eu a estudei. Ela era o completo oposto da mãe—tinha olhos gentis, uma voz suave. Não conseguia acreditar que aquela mulher tinha gerado uma filha tão decente que claramente se importava com ela, apesar do seu comportamento horrível.
«Ela vai vender a casa», Sarah admitiu quando fiquei em silêncio. «Vai se mudar para perto de mim. Só… só queria pedir desculpas. Por tudo. Espero que possa deixar isso para lá e deixá-la sair da sua vida de vez.»
Pela primeira vez, senti um lampejo de pena.
Soltei um suspiro, coçando a nuca. «Você não precisa se desculpar. Ela fez isso consigo mesma.»
Sarah assentiu. «É. Só queria… explicar.»
Não respondi.
Um mês depois, Karen se foi!
Naquela noite, Emily, frágil mas determinada, saiu para o alpendre pela primeira vez em meses.
Ela sorriu enquanto os meninos mostravam seus truques.
Ela me olhou, os olhos brilhando. «Então, você finalmente revidou.»
Sorri. «Eu tinha que fazer isso.»
Ela apertou minha mão. «Obrigada.»
Karen se foi. E, pela primeira vez em meses, nossa casa finalmente parecia nossa de novo.