À medida que Peyton caminhava pelo corredor, tudo parecia perfeito até que o padre olhou nos seus olhos, empalideceu e sussurrou: «Eu não vou casar vocês.» O que deveria ser o dia mais feliz da sua vida se desfez diante de uma plateia atônita, deixando-a cara a cara com um passado. Tudo estava acontecendo. Depois de nove anos juntos, Jeremiah e eu finalmente íamos nos casar. Mal podia acreditar que o dia tinha chegado. Um ano inteiro de planejamento, cada detalhe conferido e conferido novamente, e agora era hora de caminhar pelo corredor.
Meus pais se casaram nessa mesma igreja, o que tornava tudo ainda mais especial. A cerimônia seria simples, mas significativa. Havíamos nos encontrado com o Padre Peter, nosso padre de família, tantas vezes, revisando as leituras e os votos. Ele tinha sido paciente e gentil, nos guiando em cada passo. Eu confiava completamente nele.
Mas então, justo quando eu estava prestes a sair do vestiário, tudo começou a dar errado.
Mia, minha dama de honra e melhor amiga, entrou correndo, segurando seu celular. Seu rosto estava pálido, e ela parecia quase assustada para me contar.
“Mia,” eu disse, meu coração já acelerando, “o que aconteceu?”
Ela hesitou. “O padre… Padre Peter… Ele está no hospital. Ele não vem.”
Eu fiquei olhando para ela, piscando. “O quê?”
“Eu acho que é sério,” Mia disse, mordendo o lábio inferior. “Mas ele mandou um substituto. Algum colega dele. Disse que podemos confiar nele.”
Meu estômago se revirou. “Substituto? A gente nem conhece esse cara.”
“Eu sei,” Mia disse suavemente. “Mas o que mais podemos fazer? Não tem tempo para achar outra pessoa.”
Ela estava certa. Todo mundo já estava sentado na igreja, esperando. Jeremiah estava na frente do altar. Tudo estava pronto.
Eu apertei os olhos e tentei não chorar. Não era assim que as coisas deveriam acontecer.
Quando as portas da igreja se abriram, a música começou. Meu coração batia forte no peito. Eu segurei meu buquê com tanta força que meus nós dos dedos ficaram brancos. Era isso. Eu precisava me recompor.
O corredor se estendia longo à minha frente. Olhei para Jeremiah que estava de pé ao lado do altar. Ele sorriu quando nossos olhos se encontraram, seu rosto iluminado do jeito que sempre ficava quando me via. Ele era a razão pela qual eu continuava.
Mas então algo estranho aconteceu.
O novo padre estava ao lado de Jeremiah no altar. Ele parecia estranho de alguma forma. Quando me aproximei, vi que ele enxugava a testa, as mãos tremendo um pouco. Seus olhos se fixaram em mim, arregalados e assustados, como se eu fosse alguém que ele não esperava ver.
O que está acontecendo com ele? Eu me perguntei, diminuindo o passo. O rosto dele ficou pálido, e o suor escorria pela têmpora.
Quando eu estava a poucos passos dele, ele de repente se inclinou para mim e sussurrou: «Eu não vou casar vocês.»
Eu pisquei, atônita. “O quê… Por quê?” sussurrei de volta, mal conseguindo processar o que acabara de ouvir.
Jeremiah olhou entre nós, confuso, mas antes que ele pudesse dizer algo, o padre levantou a voz um pouco, olhando para algum ponto além de mim. «Eu não vou casar eles!»
Um suspiro percorreu a multidão. Sussurros se espalharam como fogo.
“O que você quer dizer?” sussurrei, meu coração batendo forte. “Por que não vai casar com a gente?”
A voz de Jeremiah estava calma, mas eu podia ouvir a tensão nela. “Padre, qual é o problema? Está tudo bem?”
Mas ele apenas me olhou, seu rosto pálido e os olhos vidrados, como se tivesse visto um fantasma. Olhou para trás de mim, para as portas pelas quais eu acabara de passar, e então voltou a me olhar. Havia algo assombrado em seu olhar.
“Eu—” ele começou a dizer, mas então parou, engolindo em seco. Ele parecia prestes a vomitar.
Jeremiah tocou meu braço suavemente. “Peyton, você conhece o Padre Luka?”
Por um momento, eu fiquei ali parada, congelada, tentando entender tudo. Por que esse homem parecia tão familiar? O cabelo dele estava mais curto agora, e os anos suavizaram seu rosto, mas eram os olhos que o entregaram.
Luka.
O nome me atingiu como uma onda. Memórias se abateram—noites passadas conversando sobre sonhos e futuros que nunca vieram, promessas que nunca cumprimos, e uma despedida que chegou cedo demais. Luka, o primeiro homem que eu amei.
Ele olhou de volta para mim, o pânico ainda estampado no rosto. Então, com um leve balanço de cabeça, ele se virou e se apressou em direção à porta lateral da igreja.
Sem pensar, eu o segui. Meus saltos ecoavam no chão de mármore, mas eu não me importava. Eu precisava de respostas. Eu o alcancei bem fora da igreja, onde ele estava com as mãos nos joelhos, respirando pesadamente como se tivesse corrido uma maratona.
“Luka…” eu sussurrei, o nome soando estranho na minha língua depois de todos esses anos.
Ele se endireitou, ainda pálido, os olhos evitando os meus. “Peyton…” Ele pausou, passando a mão pelo cabelo. “Eu… Eu não esperava… isso.”
“Luka… quer dizer, Padre…” Eu tropecei nas palavras, me sentindo estranha e insegura. “Eu… eu não sei nem como te chamar. Eu… estou sem palavras. Nunca imaginei que você se tornaria padre.”
Ele deu uma risada amarga, desviando o olhar. “Quando você me deixou dez anos atrás, isso me quebrou, Peyton. Eu não sabia como seguir em frente. Eu estava perdido. E de alguma forma… me encontrei aqui.” Ele apontou para a igreja atrás de nós. “Eu pensei que me tornar padre iria me ajudar a entender tudo.”
Luka me deu um pequeno sorriso triste. “Te ver de novo… assim… está trazendo de volta tudo o que tentei enterrar.”
O peso de suas palavras pairou entre nós. Eu podia ver o quanto isso era difícil para ele. Ele parecia prestes a desmoronar sob a pressão de tudo isso.
“Eu não sei se consigo fazer isso,” ele admitiu, a voz baixa. “Eu vou entender se você quiser outra pessoa para casar com vocês. Eu só—” Ele parou e balançou a cabeça. “Parece errado.”
Eu respirei fundo e voltei para dentro para encontrar Jeremiah. Ele estava perto do altar, parecendo preocupado, mas calmo, esperando por mim.
“Jeremiah,” eu disse suavemente, puxando-o para o lado. “Há… algo que você precisa saber.”
Ele ouviu enquanto eu explicava tudo—como Luka e eu estivemos juntos uma década atrás, como terminou, e por que ele estava tendo dificuldades para realizar a cerimônia.
A expressão de Jeremiah não mudou muito. Ele apenas me olhou em silêncio por um longo momento, processando tudo. Finalmente, ele deu um pequeno aceno.
“Você está bem?” ele perguntou, a voz firme.
“Eu acho que sim,” eu disse, embora meu coração ainda estivesse disparado. “Mas se você quiser outra pessoa para fazer a cerimônia—”
Ele balançou a cabeça. “Não. Se você está bem com isso, eu também estou. Eu só quero casar com você.” Seus olhos suavizaram, e ele sorriu aquele sorriso fácil e familiar. “Deixe-me falar com ele.”
Um alívio me tomou, e eu me inclinei para ele por um segundo, grata pela sua calma.
Jeremiah encontrou Luka novamente perto da porta, ainda parecendo incerto, como se estivesse prestes a sair correndo.
“Padre,” ele disse gentilmente, “Você é o primeiro homem que minha futura esposa já amou. Seria uma honra para mim receber sua bênção.”
Luka procurou o rosto de Jeremiah, como se estivesse tentando decidir se ele era forte o suficiente. Então, com um suspiro lento, ele acenou com a cabeça. “Ok,” ele disse baixinho. “Eu farei.”
Quando voltamos ao altar, o comportamento de Luka havia mudado. Ele estava ereto, com as mãos firmes, e a expressão calma, como se tivesse encontrado um pequeno pedaço de paz dentro de si.
A cerimônia começou, e eu podia sentir o peso de cada palavra que ele dizia. Havia uma elegância na maneira como ele conduzia cada parte, como se ele estivesse totalmente presente no momento, não apenas como padre, mas como um homem que finalmente estava deixando o passado ir.
Eu olhei para Jeremiah ao meu lado, e ele sorriu, sua mão apertando a minha suavemente. Naquele momento, eu soube que estava exatamente onde deveria estar.
A voz de Luka estava clara e firme quando ele nos declarou marido e mulher. Quando ele disse, “Pode beijar a noiva,” Jeremiah se inclinou, seus lábios quentes e seguros contra os meus. A igreja explodiu em aplausos, e pela primeira vez no dia, eu me senti completamente em paz.
Após a cerimônia, Luka se aproximou de nós com um pequeno sorriso, parecendo mais à vontade do que antes.
“Obrigado,” eu disse suavemente, encontrando seu olhar. “Por tudo.”
Ele assentiu, a expressão dele agridoce, mas calma. “Eu desejo a vocês dois a felicidade que um dia sonhei para mim,” ele disse baixinho.
Os convidados começaram a se dirigir para a recepção, preenchendo o ar com conversas animadas. Jeremiah segurou minha mão, e eu senti um turbilhão de amor pelo homem que havia ficado ao meu lado em cada curva.
“Vamos?” ele perguntou, seu sorriso caloroso e reconfortante.
Eu acenei com a cabeça, apertando sua mão. “Sim. Vamos.”
Enquanto nos dirigíamos para as portas, olhei para trás pela última vez. Luka estava quieto perto do altar, nos observando com uma expressão suave e indecifrável.
Então, assim como apareceu, ele saiu por uma porta lateral e desapareceu na luz da tarde.
Eu soube em meu coração que ele havia encontrado a paz, assim como eu encontrei a minha. Finalmente éramos livres.
E com Jeremiah ao meu lado, entrei no futuro, sentindo-me grata pelo caminho que escolhi e pela vida que estávamos prestes a começar juntos.