Por 10 anos, Eugene carregou um envelope lacrado de seu falecido pai, honrando a promessa de nunca abri-lo antes do tempo. Quando o dia finalmente chegou, ele descobriu uma mensagem que o levou a uma revelação que mudaria sua vida.
Enxuguei o suor da testa e ajustei minha pegada nos tijolos. Meus braços doíam, e minhas costas pareciam que iam partir ao meio, mas continuei trabalhando. O sol estava impiedoso hoje, pairando alto no céu, cozinhando tudo abaixo dele. Mas eu já estava acostumado.
Trabalhava na construção civil havia seis anos, para ser exato. Levantando, empilhando, martelando. Longas horas, pouco dinheiro. Era um trabalho duro, mas eu não reclamava. Não tinha diploma universitário, nem um emprego chique me esperando. Só isso. E, honestamente, eu não me importava.
Mas hoje era diferente.
Hoje, eu tinha algo no bolso. Algo que carregava havia 10 anos.
Levei a mão ao bolso e toquei o envelope, sentindo as bordas gastas entre os dedos. As últimas palavras do meu pai ecoaram na minha cabeça.
**»Não abra por dez anos. Exatamente dez anos. Me prometa!»**
Eu prometi. E mantive minha promessa.
Eu tinha 15 anos quando perdi meu pai. Ele era tudo o que eu tinha. Minha mãe tinha ido embora quando eu era muito pequeno para lembrar de seu rosto. Sempre fomos só nós dois.
Ele era um homem duro. Trabalhava longas horas, voltava para casa com os ossos doloridos e as mãos cobertas de sujeira. Não falava muito, mas quando falava, eu ouvia. Porque tudo o que ele dizia importava.
Na noite em que morreu, sentei ao lado de sua cama no hospital, segurando sua mão frágil. As máquinas apitavam suavemente, e o quarto cheirava a antisséptico. Seu rosto estava pálido, seus olhos sem brilho, mas quando ele olhou para mim, ainda havia algo poderoso neles.
**»Prometa-me que será forte»**, ele disse, a voz quase um sussurro.
Engoli em seco. **»Eu prometo, pai.»**
**»Prometa-me mais uma coisa.»** Ele virou levemente a cabeça, olhando para a pequena mesa de madeira ao lado da cama.
Segui seu olhar. Havia um envelope ali, lacrado e intocado.
**»Isso é para você,»** ele disse. **»Mas não abra por dez anos. Exatamente dez anos.»**
Fiz uma careta. **»Por quê?»**
Seus dedos apertaram os meus, fracos, mas firmes. **»Me prometa.»**
Hesitei, mas só por um segundo. **»Eu prometo.»**
Seu aperto afrouxou. Sua respiração ficou rasa. Eu queria dizer algo, pedir para ele ficar, mas sabia que não adiantava. Não havia como impedir isso.
Aproximei-me e o abracei. **»Eu te amo, pai.»**
Sua mão deu tapinhas lentos e trêmulos nas minhas costas. **»Eu também te amo, filho.»**
Essa foi a última coisa que ele me disse. Quando saí daquele quarto de hospital, não era apenas um garoto que perdeu o pai. Eu estava sozinho.
Os anos depois da morte do meu pai foram os mais difíceis da minha vida.
Aos 15 anos, fui colocado em um orfanato. Era lotado, barulhento, cheio de garotos com seus próprios problemas. Eu não me encaixava. Não queria. Enquanto os outros se revoltavam, brigavam ou fugiam, eu mantinha a cabeça baixa.
Eu tinha feito uma promessa.
Aos 18 anos, saí de lá com nada além de uma bolsa e o envelope no bolso. Não tinha planos para a faculdade, nem um fundo de reserva, nem uma rede de segurança. Só tinha minhas mãos. E então, trabalhei.
Construção civil foi o primeiro emprego que consegui. Era um trabalho árduo e brutal. O pagamento não era grande coisa, mas era honesto. Eu chegava cedo, saía tarde e aceitava qualquer turno extra que conseguisse. Não fazia festas nem desperdiçava dinheiro. Não tinha tempo para distrações.
Algumas noites, quando me deitava cansado demais para dormir, pegava o envelope na gaveta e o encarava. O que havia dentro? Uma carta? Um testamento? Algumas últimas palavras do meu pai?
Eu não fazia ideia. Mas nunca o abri.
Porque uma promessa é uma promessa.
A manhã do décimo aniversário da morte do meu pai começou como qualquer outra. Levantei antes do amanhecer, calcei as botas e peguei meu almoço. Mas desta vez, o envelope estava no meu bolso.
O peso dele parecia maior do que o normal. No canteiro de obras, as horas se arrastaram. Minhas mãos se moviam automaticamente, mas minha mente estava em outro lugar.
Quando meu turno terminou, meu estômago estava revirado. Caminhei para casa, meu coração batendo mais forte a cada passo.
Dentro do meu pequeno apartamento, sentei-me à mesa. O envelope estava à minha frente. Meus dedos pairaram sobre a aba, a hesitação surgindo.
E se fosse nada? E se eu tivesse criado essa expectativa à toa?
Afastei o pensamento. Uma promessa é uma promessa.
Rasguei o envelope. Dentro, havia um único pedaço de papel. Quatro palavras.
**»Procure meu advogado. —Pai»**
Fiquei olhando para aquilo, lendo repetidamente. Era só isso? Nenhuma mensagem? Nenhuma explicação? Soltei uma risada nervosa. **»Você ainda está me fazendo esperar, né?»**
Peguei meu casaco e saí.
O prédio era mais elegante do que eu esperava. Eu me sentia deslocado nas minhas roupas empoeiradas de trabalho.
A recepcionista olhou para mim. **»Você tem horário marcado?»**
**»Eu… acho que sim?»** Levantei o papel. **»Meu pai me disse para vir aqui.»**
Seus olhos se arregalaram levemente. **»Você deve ser Eugene.»**
Franzi a testa. **»Sim.»**
Poucos minutos depois, um homem mais velho apareceu. Traje cinza impecável, cabelo prateado penteado para trás. Me avaliou por um momento antes de sorrir.
**»Esperei muito tempo por você.»**
Sentei-me diante de sua mesa imponente, mãos no joelho.
**»Seu pai veio até mim antes de falecer,»** disse ele. **»Ele preparou algo especial para você. Um teste, de certa forma.»**
Engoli em seco. **»Que tipo de teste?»**
Ele deslizou uma pasta pelo tampo da mesa. **»Ele guardou tudo que pôde economizar para você. Com o tempo e os juros, esse valor cresceu.»**
Abri a pasta. Minha respiração travou.
**$400.000.**
Minha boca ficou seca. **»Isso… isso é meu?»**
Ele assentiu. **»Com uma condição. Seu pai disse que você só poderia receber esse dinheiro se trabalhasse duro por dez anos. Se se tornasse um homem que entendesse o valor dele.»**
Soltei um suspiro trêmulo. **»Então… se eu tivesse aberto o envelope antes?»**
**»Não teria recebido nada.»**
Meu pai estava me testando. Me ensinando a não pegar o caminho fácil.
O advogado pegou outro envelope.
**»Há mais uma carta do seu pai.»**
Minhas mãos tremiam ao abri-la. As palavras fizeram meu estômago revirar.
**»Você me decepcionou. Não pode gastar dinheiro cujo valor não conhece.»**
Olhei confuso para o advogado. **»O quê…?»**
Ele sorriu levemente. **»Essa carta não é para você.»**
Ele me entregou outro envelope.
**»Esta sim, é a sua carta.»**
Eu a abri devagar.
**»Tenho orgulho de você. Agora você conhece o valor deste dinheiro.»**
Fechei os olhos, segurando a carta com força.
Sorri. **»Obrigado, pai.»**
E eu honraria essa lição.