Meu namorado Rico alugou um apartamento barato falso para testar minha lealdade

Histórias interessantes

Ele riu, seus olhos se enrugando nos cantos.
— Então é melhor eu tirar esses outros papéis daqui antes que você decida dar um banho de café neles também.

Rimos, e eu gostei dele instantaneamente.

Acabamos sentando juntos e conversando por horas. Ele era engraçado, charmoso e surpreendentemente pé no chão. Contou que trabalhava com logística para uma pequena empresa, e eu falei sobre meu trabalho em marketing. Nada de joguinhos ou fingimentos. Apenas uma conversa leve que me fez sentir como se o conhecesse há anos.

— Sabe — ele disse, mexendo seu segundo café —, normalmente eu odeio quando alguém derrama bebida em mim, mas talvez eu faça uma exceção desta vez.

Ergui uma sobrancelha.
— Só desta vez?

— Bem, depende de quantas outras vezes você planeja me atacar com bebidas.

E foi assim que tudo começou.

Desde o início, Jack sempre insistiu que nos encontrássemos no apartamento dele. Achei que fosse porque minha colega de quarto era uma maníaca por limpeza e odiava visitas, então não questionei. Mas o apartamento dele? Bom… digamos que tinha personalidade.

Era um minúsculo estúdio mal iluminado num prédio antigo do lado ruim da cidade. O aquecedor tinha vontade própria — só funcionava quando queria.

O sofá era mais velho que nós dois juntos, sustentado por pura força de vontade, retalhos e fita adesiva. E a cozinha? Um espetáculo. Ele tinha um único fogareiro porque o fogão “gostava de tirar folga”.

— Esse sofá é, sem dúvida, a melhor coisa neste apartamento — ele disse orgulhoso certa noite. — Basicamente um colchão de luxo disfarçado.

Sentei e imediatamente senti uma mola cutucar minha coluna.
— Jack, essa coisa está tentando me assassinar.

Ele apenas riu.
— Dá uma chance. Ele cresce em você.

— Tipo mofo? — provoquei, me mexendo para escapar de outro ataque da mola.

— Ei, seja legal com a Martha.

Fiquei olhando para ele.
— Você deu nome para o seu sofá assassino?

— Claro! Ela faz parte da família — disse, dando um tapinha no apoio de braço com carinho. — Além disso, já me acompanhou em momentos difíceis. Jantares de miojo, maratonas de filmes de madrugada…

— Falando em jantar — olhei para o fogareiro com desconfiança —, como você sobrevive só com isso?

Ele deu de ombros, com um sorriso envergonhado.
— Você ficaria surpresa com o que dá para cozinhar com um único queimador e determinação. Quer ver minha especialidade? Faço um miojo maravilhoso com um ovo por cima.

— Chique — ri, mas meu coração derreteu um pouco com a forma como ele conseguia tornar até as coisas mais simples especiais.

Eu não estava nesse relacionamento por luxo. Não me importava com jantares caros ou apartamentos sofisticados. Eu gostava do Jack por quem ele realmente era. E, apesar das condições questionáveis do apartamento dele, eu era feliz.

Avançando para nosso primeiro aniversário…

Eu estava radiante de animação. Jack tinha planejado uma surpresa, e eu esperava algo fofo… talvez um jantar caseiro, umas velas de loja de um dólar e uma comédia romântica para zoarmos juntos.

— Fecha os olhos quando abrir a porta — ele chamou do lado de fora. — Sem espiar!

— Se você trouxer outra planta daquele vendedor suspeito da rua, eu juro que —

O que eu não esperava era abrir a porta e ver Jack casualmente encostado em um carro elegante, absurdamente caro. Do tipo que só se vê em filmes ou na garagem de CEOs com jatos particulares.

Ele sorriu, segurando um buquê de rosas vermelhas.
— Feliz aniversário, amor.

Pisquei para ele. Depois para o carro. Depois de volta para ele.
— De quem é esse carro?

Ele riu, coçando a nuca.
— Meu.

Eu ri.
— Não, sério.

Ele não riu de volta.

Foi aí que ele soltou a bomba.

Durante o último ano, Jack estava “me testando”. Ele não era apenas um cara da logística lutando para pagar as contas. Era herdeiro de um império milionário. O apartamento era falso. Ele alugou um lugar barato de propósito para garantir que eu não estava namorando ele pelo dinheiro.

Fiquei apenas olhando para ele.
— Desculpa… O QUÊ?

— Eu sei que parece loucura — ele disse, passando a mão pelo cabelo. — Mas você tem que entender… Todo relacionamento que tive antes mudou quando descobriram sobre o dinheiro. De repente, eu não era só o Jack. Eu era o Jack-com-um-trust-fund.

— Então você achou que fingir ser pobre era a solução? — Cruzei os braços, tentando processar aquela informação.

— Quando você coloca desse jeito, parece um pouco…

— Insano? Manipulador? Algo saído de um romance ruim?

Jack suspirou, parecendo quase nervoso.
— Eu precisava ter certeza de que você me amava por… MIM. — Ele tirou algo do bolso — uma caixinha de veludo. — E agora eu tenho.

Bem ali, na calçada, ele se ajoelhou.

— Giselle — disse, olhando para mim com aqueles olhos azuis ridiculamente lindos —, quer se casar comigo?

Muita gente teria gritado “SIM” e pulado nos braços dele. Mas eu tinha meu próprio segredo.

Sorri, peguei as chaves do carro da mão dele e disse:
— Me deixa dirigir. Se o que eu te mostrar agora não te assustar, então minha resposta é sim.

Jack franziu a testa, confuso, mas me entregou as chaves.
— Ok…?

— Confia em mim — falei com um sorriso. — Você não é o único com segredos.

Dirigi para fora da cidade, passando pelos subúrbios, até parar diante de um portão de ferro tão alto que parecia tocar o céu.

Jack franziu o cenho.
— Hum… para onde estamos indo?

— Lembra que eu disse que cresci em uma casa ‘modesta’?

— Sim?

— Talvez eu tenha esticado um pouquinho a definição de ‘modesta’.

Digitei um código, e os portões se abriram silenciosamente, revelando uma mansão colossal com jardins impecáveis, fontes gigantescas e até um labirinto de arbustos.

A boca de Jack CAIU.

Ele me olhou, atordoado.
— Giselle… QUE DIABOS?

Parei o carro em frente à mansão, me virei para ele e sorri.
— Bem-vindo à minha casa de infância.

Ele piscou. Depois piscou de novo.
— Você é rica?

— Muito.

A boca dele abriu, fechou, depois abriu de novo, parecendo um peixe processando o colapso da própria realidade.
— Então… você me testou enquanto eu te testava?

Assenti.
— Parece que sim.

Jack olhou para a mansão, depois para mim.
— Isso é ridículo.

— Mas pelo menos sabemos que nos amamos de verdade.

Ele riu.
— Então isso significa que sua resposta é sim?

Fingi pensar.
— Hmmm… Acho que vou casar com você!

Ele me puxou para um beijo.
— Você é impossível.

— E você ama isso.

E assim, dois malucos que fingiram ser pobres encontraram o amor da maneira mais absurda possível. 💕

Visited 1 201 times, 1 visit(s) today
Rate the article
( 1 оценка, среднее 2 из 5 )