A escapadela de acampamento de fim de semana de um pai se transformou em um pesadelo vivo quando seu filho desapareceu na floresta sombria

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Daniel esperava que um fim de semana na floresta ajudasse a consertar seu relacionamento conturbado com seu filho, Caleb. Mas, depois de uma discussão acalorada, Caleb sai furioso — e não volta. Quando a noite cai, Daniel procura na floresta escura, apenas para encontrar pegadas que terminam sem deixar rastros…

Eu não via meu filho Caleb há mais de um mês. Tempo demais. Mas ele e Megan agora moravam em outra cidade, do outro lado do estado.

Cada quilômetro que eu dirigia em direção à casa da minha ex-esposa parecia um lembrete de como nos distanciamos. Meu peito apertou ao vê-la.

“Certo. Uh… como você está?”

Megan mordeu o lábio inferior, como se pesasse sua resposta. Então Evan apareceu, limpando a farinha das mãos com um pano de prato.

“Ei! Você deve ser o Daniel. Prazer em te conhecer. Quer um biscoito? A primeira fornada acabou de sair do forno.”

Ele não era particularmente bonito ou intimidador, apenas parecia um cara estável. O tipo de pessoa que lembra de comprar leite e, aparentemente, assa biscoitos em uma tarde de sábado.

Ele estendeu a mão, e eu hesitei antes de apertá-la. Ele era tão simpático, mas eu o desprezava mesmo assim.

“Ah, tenho certeza de que Daniel quer ir embora o mais rápido possível”, Megan interrompeu. Ela se afastou da porta, se afastando de mim, e chamou o nome de Caleb.

Quando Caleb apareceu, estava mais alto do que eu lembrava. Seus ombros estavam rígidos, sua expressão fechada.

“Oi, pai”, murmurou, sem calor na voz.

Megan me entregou sua mochila já pronta, como se estivesse contando os minutos para que eu fosse embora.

“Tem meias extras no bolso lateral”, disse ela. “E o remédio para alergia dele, só por precaução.”

Como se eu não lembrasse das alergias do meu próprio filho.

“Obrigado.” Peguei a mochila. “Acho que podemos ir então.”

Megan puxou Caleb para um abraço e seguimos para o carro. Quando nos afastamos, vi Evan parado atrás de Megan pelo retrovisor, sua mão pousada na parte inferior das costas dela.

Minha mandíbula se apertou. Parte de mim ainda não conseguia acreditar que ela havia seguido em frente. Claro, o divórcio foi finalizado meses atrás, e ela se mudou com Caleb para o outro lado do estado em busca de uma oportunidade de trabalho logo depois, mas… parecia que tudo tinha acontecido rápido demais.

Não conseguia evitar pensar que talvez pudéssemos ter consertado as coisas e sido uma família novamente, se ela simplesmente tivesse ficado parada por cinco minutos comigo.

A viagem até o acampamento foi excruciante. Cada tentativa de conversa batia em uma parede.

“Como está a escola?”

“Bem.”

“E o futebol?”

“Bem.”

“Seus amigos?”

“Bem.”

Eu o observava pelo canto do olho, esse estranho vestindo o rosto do meu filho. Ele havia crescido tanto no último ano. Seu maxilar estava mais definido, perdendo a suavidade infantil. Ele tinha meu nariz, os olhos de Megan. Quando foi que ele começou a parecer tão mais velho?

“Certo, então. Bom saber que tudo está ‘bem’.” Tentei manter a voz casual. “Como, uh, estão as coisas com Evan?”

Caleb enrijeceu ao meu lado. “Ele é legal. Me ajuda com matemática.”

Meu estômago se revirou, mas mantive o tom neutro. “Isso é bom.”

Ele me lançou um olhar, como se pudesse ler cada pensamento passando pela minha cabeça. “Ele não é tão ruim assim.”

Forçei uma risada. “Isso foi um grande elogio.”

“Pelo menos ele está lá”, Caleb murmurou, tão baixo que eu quase não ouvi.

“Você sabe que estou fazendo o meu melhor, filho. A distância, o trabalho… ajudaria se você passasse mais do que alguns minutos no telefone quando eu ligo ou respondesse minhas mensagens.”

Ele revirou os olhos e colocou os fones de ouvido. Conversa encerrada. Meus dedos apertaram o volante e continuei dirigindo.

A estrada já havia se transformado em terra há alguns quilômetros, serpenteando cada vez mais para dentro da floresta, onde as árvores se fechavam ao nosso redor. O ar ficou espesso com o cheiro de terra e musgo — cheirava a algo antigo, um lugar esquecido pelo tempo.

As sombras se alongavam no painel conforme o sol baixava. Estacionei perto de uma trilha que havia pesquisado online. Sem anéis de fogo. Sem instalações. Apenas natureza selvagem.

“É aqui?” Caleb perguntou, parecendo visivelmente desapontado.

“É aqui. Acampamento de verdade, como costumávamos fazer. Você sabia que essa é uma das partes mais antigas do mundo?”

Caleb grunhiu. “A gente costumava acampar em parques estaduais. Com banheiros.”

Ignorei a provocação e comecei a descarregar o carro. A barraca era nova. Me dei esse luxo para esta viagem. A velha Coleman ficou com Megan no divórcio, junto com a maior parte do nosso equipamento de acampamento. Junto com quase tudo.

Enquanto eu montava o acampamento, Caleb chutava pedras, sem interesse algum. Os postes da barraca se encaixavam com estalos satisfatórios, minha memória muscular assumindo o controle, apesar dos anos desde a última vez que fiz isso. Tentei relembrar antigas viagens em família, na esperança de despertar alguma nostalgia.

“Lembra daquela vez que vimos aqueles filhotes de guaxinim? Deve ter sido há quatro, cinco anos?”

Caleb deu de ombros. “Mais ou menos.”

“Sua mãe ficou preocupada achando que eles iam entrar no nosso cooler, mas você queria deixar salsichas para eles.”

“É.”

“Você já acampou por aqui com sua mãe?” Hesitei. “Com o Evan?”

Ele deu de ombros de novo. “Não. Uns garotos da escola falaram que tem gente que desaparece aqui. Tipo, some pra sempre.”

Ri. “Deixa adivinhar, o Pé Grande os pega?”

Um meio sorriso surgiu em seu rosto. “Mais como coisas que parecem pessoas, mas não são.” Então, ele acenou com a mão, despreocupado. “Sei lá. Eles só estavam zoando.”

“Parece isso mesmo. Bom, você vai me ajudar com isso ou não?”

Caleb suspirou e começou a ajudar da maneira menos eficiente possível, como só um garoto de 13 anos consegue ser. No fim, a barraca estava montada, um domo azul contra o céu escurecendo.

“Segura.” Joguei os sacos de dormir para ele. Em vez de pegá-los, eles bateram em seu peito, um após o outro.

“Qual é, pai?” Caleb reclamou.

“Ei, sem palavrão!” Repreendi. “Arruma os sacos de dormir e eu acendo a fogueira.”

Caleb resmungou algo que me fez ferver por dentro.

“…nem se importa comigo, só me arrastou pra cá pra mandar em mim.”

“O que você disse?” Girei para encará-lo. “Te trouxe aqui para passarmos um tempo juntos. Por que você está agindo assim?”

“Você não entenderia”, murmurou.

“Você podia tentar me explicar.” Minha voz saiu mais áspera do que eu queria. “Eu sou seu pai—”

Ele riu, sarcástico. “É. Quando é conveniente.”

Isso doeu.

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