Uma escapada de fim de semana se transformou em um pesadelo para Scarlett quando o ciúme do marido saiu do controle, deixando-a abandonada a 50 quilômetros de casa. Mal sabia ela que o karma estava prestes a lhe entregar uma reviravolta surpreendente, virando o jogo e restaurando seu senso de justiça.
Oi, sou Scarlett. Meu marido, Sheldon, e eu acabamos de voltar do que deveria ter sido um maravilhoso fim de semana. Estamos casados há dez anos. Na maior parte do tempo, nos damos muito bem. Mas às vezes, as coisas ficam tensas. E neste fim de semana, tudo piorou.
Estávamos voltando de uma cidadezinha encantadora onde passamos dois dias. O sol brilhava, visitamos lugares lindos, aproveitamos cafés charmosos, parques deslumbrantes e até um passeio de barco. Foi um perfeito refúgio da nossa rotina agitada. Sheldon parecia feliz, e eu estava radiante ao vê-lo relaxar pela primeira vez em muito tempo. Tivemos um ótimo momento—até o último dia.
Almoçamos em um restaurante aconchegante. Nosso garçom foi simpático, talvez um pouco demais, segundo Sheldon. Ele começou a fazer comentários sarcásticos sobre a atenção do garçom. Eu ri, tentando minimizar a situação, mas o humor de Sheldon mudou.
Depois de cerca de uma hora na estrada, Sheldon finalmente falou. Sua voz era fria:
“Eu vi como você olhou para ele.”
Suspirei, sentindo um nó se formar no estômago.
“Sheldon, eu não olhei para ele de nenhum jeito especial.”
Ele apertou o volante com mais força.
“Duvido que você teria se contido se eu não estivesse por perto!”
Aquele comentário doeu. Virei-me para encará-lo.
“Como pode dizer isso? Eu nunca trairia você!”
“Bem, você teve uma maneira bem engraçada de demonstrar isso,” ele retrucou.
Meu coração disparou.
“Você está sendo ridículo. Ele era apenas um garçom, fazendo o trabalho dele.”
A discussão escalou rapidamente. Em minutos, passamos do silêncio tenso para gritos. Cada palavra de Sheldon doía mais do que a anterior. Seu ciúme era infundado, mas ele não conseguia superar.
“Você não entende como me sinto,” Sheldon continuou, sua voz aumentando. “Ver você sorrindo para outro homem.”
“Não acredito nisso,” falei, balançando a cabeça. “Eu te amo, Sheldon. Por que você não pode confiar em mim?”
Ele encostou o carro de repente, fazendo meu coração saltar.
“Saia,” ele disse entre dentes.
“O quê?” perguntei, chocada.
“Saia e vá andando para casa!” ele repetiu, gritando desta vez, com os olhos ardendo de raiva.
Não podia acreditar que ele estava falando sério, mas o olhar em seu rosto não deixava dúvidas. Abri a porta, sentindo as lágrimas arderem nos meus olhos.
“Ótimo,” disse, batendo a porta com força.
Fiquei parada à beira da estrada, assistindo Sheldon acelerar e me deixar ali, sozinha. Comecei a caminhar, sentindo uma mistura de raiva e tristeza. Não conseguia entender como nosso fim de semana perfeito tinha se transformado nesse pesadelo. Sheldon e eu tínhamos nossos problemas, mas isso era algo que nunca imaginei.
O sol estava se pondo, e o ar ficava cada vez mais frio. Tremi, não apenas pelo frio, mas pelo choque do que havia acontecido.
Estendi o polegar, esperando que alguém parasse para me dar carona. Os carros passavam, seus motoristas me olhando com curiosidade ou indiferença.
Minha mente girava, repetindo a discussão com Sheldon sem parar. Como ele podia pensar que eu o trairia? Seu ciúme sempre foi um problema, mas dessa vez ele havia passado dos limites.
Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade, um carro reduziu a velocidade e parou. O motorista, um homem de meia-idade com olhos gentis, abaixou o vidro.
“Precisa de uma carona?” ele perguntou.
“Sim, por favor,” respondi, sentindo o alívio me inundar. “Muito obrigada.”
Entrei no carro, grata por não precisar mais andar no frio. O motorista sorriu para mim.
“Sou Tom,” ele disse. “Para onde você vai?”
“Para casa,” respondi. “Fica a uns 50 quilômetros daqui.”
Tom assentiu e começou a dirigir.
“Dia difícil, hein?”
“Você não faz ideia,” suspirei. “Meu marido e eu brigamos feio, e ele me deixou na beira da estrada.”
Tom me lançou um olhar simpático.
“Sinto muito por isso. Quer conversar sobre o que aconteceu?”
Enquanto dirigíamos, contei a Tom sobre o fim de semana, o garçom e a discussão que saiu do controle. Foi bom desabafar. Tom ouviu pacientemente, balançando a cabeça ocasionalmente.
“Parece que seu marido tem sérios problemas de confiança,” ele comentou quando terminei.
“Sim,” concordei. “Não entendo por que ele não consegue confiar em mim.”
Ficamos em silêncio por um tempo, enquanto eu olhava pela janela, refletindo sobre tudo. Eu amava Sheldon, mas seu ciúme estava nos destruindo. Como seguir em frente se ele não confiasse em mim?
De repente, vi um carro familiar parado no acostamento. Meu coração deu um salto. Era o carro de Sheldon, e havia luzes de polícia piscando atrás dele.
“Aquele é o carro do meu marido!” falei para Tom. “Pode encostar?”
Tom assentiu e estacionou atrás da viatura policial. Saí do carro e caminhei em direção a Sheldon, que conversava com um policial. Ele parecia surpreso e um pouco envergonhado ao me ver.
“O que está acontecendo?” perguntei ao me aproximar.
O policial se virou para mim.
“Esse é seu marido, senhora?”
“Sim,” respondi. “O que aconteceu?”
“Ele foi parado por excesso de velocidade e direção imprudente,” explicou o policial. “Esta é a terceira infração dele, então teremos que rebocar o carro e possivelmente suspender sua carteira.”
Sheldon me olhou, seu rosto uma mistura de raiva e desespero.
“Scarlett, por favor, pode me ajudar?”
Respirei fundo, tentando manter a calma.
“Policial,” falei, “posso dirigir o carro para casa? Tenho carteira válida.”
O oficial me observou por um momento e então assentiu.
“Tudo bem. Se você dirigir, não precisamos rebocar. Mas ele ainda vai levar uma multa.”
Peguei as chaves de Sheldon, sentindo um misto de poder e justiça. Esse era o problema dele, e agora eu estava no controle. Entrei no carro, sentindo uma onda de satisfação.
Sheldon ficou sentado à beira da estrada, derrotado.
“Obrigado,” ele murmurou quando liguei o carro.
Não respondi. Apenas foquei na estrada à frente, sentindo alívio e triunfo ao mesmo tempo. Agora, eu estava no controle. Sheldon precisava entender que suas ações tinham consequências.
Enquanto dirigia para casa, deixando Sheldon lidar com a polícia, senti uma estranha sensação de encerramento. Nossos problemas não tinham acabado, mas esse era um passo para recuperar minha força e independência. Sheldon teria que enfrentar seus próprios demônios, e eu estaria lá para apoiá-lo—mas somente se ele aprendesse a confiar em mim.
Por enquanto, estava satisfeita em seguir meu caminho, sabendo que o karma realmente teve a última risada.