A obsessão da minha sogra em provar que meu filho não fazia parte da família a levou a fazer um teste de DNA em segredo. O que ela descobriu naquele dia não apenas abalou nossa família — destruiu completamente tudo o que ela pensava saber sobre si mesma.
Eu queria poder dizer que fiquei surpresa quando encontrei a caixa vazia do kit de teste de DNA escondida no quarto do meu filho. Afinal, Linda vinha insinuando sobre minha “fidelidade questionável” desde que Noah nasceu.
Mas nem eu poderia prever como sua tentativa desesperada de me desmentir acabaria expondo um segredo de décadas que mudaria tudo.
— Sabe, Amy, simplesmente não consigo ver nada do Eric nele — disse Linda certa tarde, olhando para o berço de Noah com aquele olhar avaliador que eu aprendi a odiar. — Ele não tem os olhos da nossa família. Nem o nariz. Nem… nada, na verdade.
Respirei fundo, contando até dez na minha cabeça, como minha terapeuta sugeriu.
— Ele tem três meses, Linda. Bebês mudam muito conforme crescem.
— Hmm — ela murmurou. — Suponho que alguns bebês puxem para o lado materno. Embora, neste caso…
Ocupei-me dobrando os minúsculos macacões de Noah, tentando ignorar o modo como minhas mãos tremiam de raiva. Meu marido, Eric, estava em algum lugar da Antártica, liderando uma expedição de pesquisa que o manteria longe por meses.
De certa forma, sua ausência tornou Linda ainda mais ousada com suas acusações.
— Já te contei sobre o filho da minha amiga Sharon? — Linda continuou, acomodando-se na cadeira de balanço como se fosse dela. — Coitado, descobriu depois de vinte anos que sua esposa mentia sobre os filhos. Os testes de DNA provaram que eles nem eram dele. Você consegue imaginar?
— Não, Linda, não consigo imaginar — respondi friamente. — Assim como não consigo imaginar por que você continua trazendo histórias assim.
— Oh, querida, só estou fazendo conversa — disse ela. — Mas é interessante como você fica na defensiva.
Naquela noite, depois que ela finalmente foi embora, senti um desconforto.
Algo estava errado. Chame de instinto materno ou apenas anos lidando com as artimanhas de Linda, mas eu sabia que ela havia feito algo.
Revirei as gavetas, olhei debaixo do berço e, por fim, decidi esvaziar o lixo.
Foi quando encontrei algo que me fez estremecer.
Uma caixa vazia de um kit de teste de DNA.
Minhas mãos tremeram ao pegá-la. Eu não podia acreditar que Linda realmente havia feito isso. Ela pegou uma amostra de DNA do meu filho sem meu conhecimento ou consentimento. Como ela teve coragem?
Poderia tê-la confrontado imediatamente. Poderia ter ligado para Eric na Antártica. Mas não fiz isso. Porque, ao contrário de Linda, eu sabia exatamente quem era o pai de Noah. E, mais importante, queria que Eric lidasse com isso pessoalmente.
Então, esperei.
Uma semana depois, Linda organizou o que chamou de «pequena reunião de família» para coincidir com o retorno de Eric. Eu sabia exatamente por que ela fez isso.
— Bem-vindo de volta, querido! — Linda praticamente correu pela sala quando Eric entrou, ainda parecendo cansado do longo voo. — Temos tanto para conversar.
— Mãe, posso pelo menos colocar minhas malas no chão primeiro? — Eric riu, dando-me um beijo rápido ao passar. — Oi, amor. Onde está Noah?
— Dormindo lá em cima — respondi, apertando sua mão. — Ele vai acordar logo.
Linda pigarreou.
— Na verdade, Eric, antes que Noah acorde, tem algo muito importante que precisamos conversar.
Ela gesticulou para a sala de estar, onde Richard, meu sogro, estava sentado, incomumente quieto, em sua poltrona favorita.
Vi enquanto ela guiava Eric até o sofá, sentando-se ao lado dele como um predador. Suas mãos tremiam levemente ao puxar um envelope da bolsa.
— Eric — começou ela — querido, sinto muito, nunca quis te machucar, mas você merece saber a verdade.
Eric olhou para mim e depois para sua mãe.
— Do que você está falando?
Linda respirou fundo, teatralmente.
— Fiz um teste de DNA. No Noah. — Ela fez uma pausa para causar impacto. — Eric, querido… ele não é seu filho.
A sala ficou em silêncio.
Apoiei-me no batente da porta e esperei Eric dizer algo.
— Eu sei, mãe — ele disse. — Eu sei que Noah não é seu neto.
Linda arregalou os olhos.
— Bem, é claro! Porque ele não é seu filho!
— Não, mãe. Ele É meu filho — Eric respondeu. — O teste não estava errado. Noah realmente não é parente seu. Mas não por minha causa.
Observei o rosto de Linda perder a cor. No canto, Richard fez um som engasgado.
— Isso é impossível — Linda balbuciou. — Se ele é seu filho, então…
— Então ele seria parente seu? — Eric completou. Ele se virou para o pai. — Pai? Quer explicar ou eu explico?
As mãos de Richard apertaram a poltrona com tanta força que seus nós dos dedos ficaram brancos.
— Filho, por favor…
— O QUE está acontecendo? — Linda exigiu, a voz subindo para um tom que eu nunca tinha ouvido antes.
Eric passou a mão pelo cabelo.
— Fiz um teste de DNA no ano passado, mãe. E descobri alguns… resultados interessantes. O pai finalmente me contou a verdade depois que o confrontei.
Linda olhou para o marido.
— Você não é minha mãe biológica — Eric disse baixinho. — Nunca foi.
Pela primeira vez, desde que a conhecia, Linda ficou completamente sem palavras.
— Isso é ridículo — Linda sussurrou, mas sua voz não tinha a convicção de sempre. — Richard, diga a ele que isso é ridículo.
Meu sogro parecia ter envelhecido dez anos nos últimos dez minutos.
— Linda — ele disse suavemente — é hora de você saber a verdade.
Linda apenas sentou-se enquanto as lágrimas desciam pelo seu rosto.
— Quis te contar tantas vezes — Richard sussurrou. — Mas, com o passar dos anos, parecia impossível. Você amava tanto Eric e tinha tanto orgulho de ser mãe dele…
Semanas se passaram antes que Linda estivesse pronta para nos encarar novamente. Quando finalmente o fez, Richard nos levou a um pequeno canto escondido do cemitério local.
Lá, sob um velho carvalho, havia uma lápide minúscula sem nome.
— Venho aqui todo ano — Richard admitiu. — Deixo flores para o filho que perdemos.
Linda caiu de joelhos diante do túmulo, tocando a pedra com dedos trêmulos.
— Eu nem pude dar um nome a ele — sussurrou.
Depois daquele dia, tudo mudou.
Os traços afiados da personalidade de Linda amoleceram.
Ela parou de questionar a paternidade de Noah e de tentar encontrar falhas em tudo o que eu fazia.
Certa tarde, meses depois, a encontrei no quarto de Noah, observando-o brincar. Mas, desta vez, não havia suspeita em seus olhos.
— Obrigada — disse ela baixinho — por não desistir da nossa família, mesmo quando dei todos os motivos para isso.
Sentei-me ao lado dela, vendo meu filho empilhar seus bloquinhos com concentração.
— Família não é só DNA — respondi. — Você, mais do que ninguém, sabe disso agora.
Ela assentiu, enxugando uma lágrima.
— Sei. Sei mesmo.
E, pela primeira vez desde que me casei com Eric, senti que finalmente tinha uma verdadeira sogra.