Vinte anos depois que minha mãe desapareceu, me deparei com meu suéter de infância-completo com seus detalhes bordados-em uma lavanderia

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Eu nunca imaginei encontrar meu suéter de infância em uma lavanderia – 20 anos depois que minha mãe desapareceu. Mas no momento em que vi o bordado dela, soube que a verdade que minha avó me contou era uma mentira. E eu precisava de respostas.

Nunca fui de sentir nostalgia. Minha vida era muito agitada para isso. Entre cuidar do meu filho de três anos, Liam, e cuidar da minha avó, mal tinha tempo para respirar.

«Ellie, você tomou suas vitaminas hoje?» perguntou a vovó, olhando por cima dos óculos.

«Sim, vovó,» respondi, mesmo que eu não tivesse tomado.

«Mães solteiras precisam se manter fortes,» ela me lembrou, como se eu não tivesse já percebido isso.

Ela me criou depois que minha mãe me abandonou. E, mesmo eu tendo um filho, ela ainda me tratava como se eu fosse quem precisasse de cuidados.

«Me traga meu chá, querida,» ela chamava da poltrona.

«Vovó, você pode pegar sozinha.»

Um suspiro dramático.

«É assim que você fala com a mulher que te criou?»

Eu a amava, amava mesmo. Mas era cansativo. Naquele dia, eu só queria uma pausa. Um momento simples e tranquilo enquanto lavava roupa.

Em meia hora, joguei as roupas na máquina de lavar da lavanderia, apertei o botão de ligar e peguei uma xícara de café na máquina de vendas. Rotina.

Enquanto esperava, fui até a cesta de roupas perdidas. E então vi. Um pequeno suéter azul. O tecido estava gasto e esticado por anos de uso.

Algo me puxou. Peguei-o e virei o colarinho para fora.

Lá, bordado com linha delicada e quase desbotada, estava meu nome.

A lavanderia ao meu redor ficou embaçada, meu coração disparou.

Isso era impossível. Tracei as pequenas letras bordadas com o polegar. As memórias invadiram minha mente.

Eu tinha cinco anos, deitada no sofá, enrolada em uma manta. Minha mãe estava sentada perto da janela, bordando com cuidado no tecido.

«Minha estrelinha, eu sempre estarei aqui…»

Mas ela não estava.

Meu pai havia morrido. Eu estava doente. Minha mãe lutava para encontrar trabalho, e a única pessoa que nos ajudava era minha avó.

Então, um dia…

Lembrei-me de como minha mãe me abraçou por mais tempo que o normal. Como ela alisou meu cabelo e sussurrou:

«Seja forte, minha estrelinha. Você vai ficar bem.»

E então, ela foi embora. A vovó disse que ela nos deixou. Que ela não se importava. Nós nos mudamos para outro estado.

Finalmente, vinte anos depois, eu estava em uma lavanderia, segurando a única coisa que ela fez para mim.

Engoli em seco e olhei ao redor.

Perto dos secadores, uma mulher magra e cansada estava sentada, envolta em um casaco velho. Dois pequenos filhos brincavam aos seus pés. Me aproximei dela.

«Com licença… Esse é seu suéter?»

Ela olhou para ele, depois para mim, depois para o suéter novamente.

«Sim. Minha filha usa.»

«Onde você o conseguiu?»

Ela soltou um suspiro lento.

«De um centro de caridade perto da antiga igreja. Havia uma mulher lá…»

Minha respiração parou.

«Que mulher?»

«Uma alma bondosa,» ela murmurou. «Ela sempre ajudava os necessitados. Bordava pequenos bordados nas roupas das crianças. Uma vez, quando entrei, ela me contou uma história…»

Meus dedos apertaram o suéter.

«Que história?»

«Ela disse que perdeu a filha,» continuou a mulher. «Que procurou por ela por vinte anos.»

Eu não conseguia respirar. A mulher me olhou mais de perto.

«Ela disse que, depois de vinte anos de busca, finalmente desistiu e doou o suéter para o abrigo.»

Forcei uma respiração, tentando me acalmar.

«Você lembra o nome dela?»

«Ela nunca me disse.»

«Posso…» Minha voz falhou. «Posso pegar emprestado esse suéter? Só por um dia.»

A mulher me observou por um longo momento, então assentiu.

«Claro.»

Eu não sabia o que faria em seguida. Mas sabia por onde começar. Eu precisava falar com minha avó.

***

Quando voltei para casa, a vovó estava exatamente onde eu a deixei pela manhã—sentada em sua poltrona, com uma xícara de chá ao lado, um jornal aberto no colo.

Fiquei ali por um momento, segurando o pequeno suéter azul nas mãos, meu coração batendo forte contra as costelas. Então, sem dizer uma palavra, coloquei-o na mesa na frente dela.

Ela nem olhou para cima.

«Coincidência,» ela murmurou, virando a página do jornal como se eu tivesse acabado de deixar um recibo de supermercado em vez de um pedaço da minha infância.

«Isso não é uma coincidência, vovó. Por que você mentiu para mim?»

Ela finalmente levantou a cabeça, seus olhos cinzentos penetrantes fixando-se nos meus.

«Mentiu?» ela zombou. «Que bobagem você está falando agora?»

Eu dei um passo mais perto.

«Você me disse que minha mãe me abandonou. Mas eu acabei de conhecer uma mulher que pegou esse suéter de uma caridade, onde minha mãe o deu. Depois de me procurar. Por vinte anos.»

«Ela nos deixou, Ellie. Essa é a verdade.»

«Não,» respondi, minha voz aumentando.

«E daí?» ela suspirou, pegando sua xícara de chá. «Se ela realmente quisesse você, teria te encontrado.»

«Você me levou embora. Você me escondeu dela!»

As mãos da vovó tremeram levemente quando ela colocou a xícara de chá de volta.

«Eu fiz o que tinha que fazer.»

«Eu vou encontrá-la. Goste você ou não.»

A vovó suspirou dramaticamente, balançando a cabeça como se eu fosse uma criança indisciplinada.

«Faça o que quiser,» disse ela, acenando com a mão de forma displicente. «Mas se você sair para procurá-la, não volte.»

Eu a encarei, meu corpo todo anestesiado.

Por anos, tentei tanto ser uma boa neta. Cuidava dela, ouvia-a, e deixava ela moldar a forma como eu via o mundo. Mas finalmente, ela mostrou seu verdadeiro rosto.

Eu não sabia por onde começar. Mas sabia de uma coisa—era minha vez de lutar pela minha mãe.

***

Na manhã seguinte, peguei minha bolsa, o suéter nas mãos, pronta para sair. Peguei minhas chaves do carro. Elas não estavam lá.

Revisei minha bolsa. Minha carteira também estava desaparecida. Então ouvi a voz dela atrás de mim.

«Você não precisa ir, Ellie.»

Eu me virei lentamente. A vovó estava na porta, completamente calma.

«Onde estão minhas chaves?»

Ela inclinou a cabeça.

«Você tem um filho para pensar. Você realmente quer arrastá-lo para essa bobagem?»

«Devolva elas.»

«Eu não vou deixar você fazer isso. Não com você mesma. Não com seu filho.»

«O que você está dizendo?»

«Se você sair, Lucas fica comigo.»

Senti o chão mudar sob meus pés.

«O quê?»

«Você me ouviu. Eu não vou deixar você arrastar esse menino para essa loucura. Você está correndo atrás de uma mulher que te deixou uma vez. Ela fará isso de novo. E quando ela fizer, o que você terá? Vai voltar aqui com nada, mas eu não vou deixar você atravessar aquela porta novamente.»

«Você está dizendo que vai me expulsar?»

«Você está fazendo sua escolha, Ellie. E eu estou fazendo a minha.»

Eu soltei uma risada seca, embora nada disso fosse engraçado.

«Você não pode tirar meu filho de mim.»

«Eu não preciso. Você está deixando ele para trás.»

«Você não consegue nem dar um passo sem a minha ajuda,» retruquei, minha voz tremendo. «Você precisa de mim. Mal consegue fazer seu chá, quanto mais cuidar de uma criança de três anos.»

«Eu vou contratar uma babá. Uma boa babá.»

As lágrimas queimaram meus olhos. Eu queria gritar com ela, dizer que ela estava errada.

Mas e se ela não estiver? E se eu estiver correndo atrás de um fantasma?

Olhei para meu filho brincando com seus carrinhos de brinquedo, feliz e alheio à tempestade ao seu redor. Eu não podia arriscar perdê-lo.

«Tá bom. Eu vou ficar.»

A vovó achou que tinha vencido. Mas ela não sabia a verdade. Meu plano não tinha mudado.

***

Mais tarde naquele dia, levei Lucas ao parque. Era o que eu dizia para a vovó, de qualquer forma. Na realidade, tudo já estava planejado.

Eu tinha o endereço do centro de caridade e peguei o carro de uma amiga.

«Vamos em uma pequena aventura, querido.»

«Aventura?»

«Sim, amor. Vamos conhecer alguém muito especial.»

Eu o levantei nos braços, suas mãos pequenas envolvendo meu pescoço, e caminhei até o carro. Enquanto dirigia, meu pulso batia forte nos meus ouvidos.

Será que ela vai me reconhecer? Será que ela vai querer me ver? Será que ela vai amar o Lucas?

Então, sacudi as dúvidas.

***

O centro comunitário não estava longe. Entrei. Lucas se agarrou a mim.

O cheiro de pão fresco e amaciante de roupas preenchia o ar. Em algum lugar, ao longe, crianças estavam rindo.

Uma mulher na recepção olhou para cima e sorriu.

«Posso ajudar?»

«Eu… Estou procurando por alguém. Uma mulher chamada Anna.»

O rosto dela suavizou. «A Anna está lá atrás, no jardim.»

Assenti, forçando meus pés a se moverem. O jardim estava tranquilo, banhado pela luz dourada do sol poente. No começo, não a vi. Então vi.

Ela estava sentada à mesa de madeira, costurando um vestidinho rosa. Seu cabelo estava preso em um coque frouxo. Sua postura era familiar, suas mãos trabalhando com a agulha com foco silencioso.

Eu parei. Era ela. Minha mãe. Apertei o pequeno suéter em minhas mãos. E então, como se me sentisse, ela olhou para cima. Tudo parou. Seus dedos congelaram.

«Ellie…?»

De repente, eu não precisava de palavras. Dei um passo à frente. Então outro. E então, ela estava ali. Os braços de minha mãe me envolveram, apertados e trêmulos.

Enterrei meu rosto em seu ombro, respirando o cheiro do amaciante, do calor e de algo familiar. Ela estava chorando. Eu também. Mamãe se afastou um pouco, suas mãos tremendo enquanto ela segurava meu rosto.

«Minha filha… minha estrelinha… eu pensei que tinha te perdido para sempre…»

Lucas se mexeu entre nós. Os olhos de minha mãe olharam para baixo e ela gaspingou.

«Oh… oh meu Deus. Quem é ele?»

Limpei minhas lágrimas. «Esse é o Lucas. Meu filho.»

Ela estendeu uma mão trêmula, hesitando.

«Posso…?»

Lucas olhou para ela com curiosidade, depois para mim. Eu assenti, colocando-o gentilmente no chão. Ele deu um passo hesitante para frente. Minha mãe se ajoelhou, colocando uma mão sobre o coração enquanto o estudava.

«Você é igualzinha à sua mãe quando era pequena…»

Lucas inclinou a cabeça.

«Você é minha avó?»

«Sim, querido. Sim, eu sou.»

Lucas sorriu e fez o que sempre fazia quando se sentia seguro—tocou a bochecha dela com sua mãozinha.

Minha mãe olhou para cima, para mim.

«Eu nunca pensei que teria outra chance.»

«Por que, mãe? Por que você foi embora?»

«Sua avó… ela me deu uma escolha. Ela me disse que eu tinha que sair e arrumar minha vida. Ela prometeu que poderia te levar para casa quando eu voltasse.»

«Mas quando você voltou…»

Os lábios dela tremiam.

«Você tinha sumido. A casa tinha sido vendida. Não havia vestígios de vocês. Eu procurei em todo lugar, mas eu não tinha dinheiro e nem recursos. Eu tinha perdido tudo.»

«Ela mentiu para nós duas.»

As lágrimas turvaram minha visão. Tantos anos. Tanta dor.

«Não precisamos mais deixar ela vencer. Você vai vir conosco?»

«Com ela?»

«Ela precisa deixar o passado para trás, mãe. Ela precisa parar de te culpar pela morte do papai.»

Minha mãe soltou uma risada amarga, desviando o olhar.

«Ela precisava de alguém para culpar. E eu fui o alvo mais fácil.»

«Talvez ela não esteja pronta para ouvir a verdade. Mas ela precisa. E você precisa parar de se punir por algo que não foi sua culpa.»

Minha mãe limpou o rosto, depois respirou profundamente. Então olhou para Lucas, para mim.

«Vamos para casa.»

Pela primeira vez na minha vida, eu não estava perseguindo um fantasma. Minha mãe estava ali. Ela era real. E eu não ia soltar.

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