Um homem descontou sua raiva na esposa no Dia dos Namorados, acusando-a de ser uma péssima dona de casa e jogando fora o presente dela em um acesso de fúria. Mas ele se arrependeu de sua decisão quando um estranho apareceu à porta mais tarde naquele dia.
Cora passou a manhã envolta em uma bolha de felicidade, surpresa com o quão animada se sentia. Sentada na sala de estar, ela marcava as tarefas da lista de afazeres para a noite, corando ao imaginar como Eric ficaria encantado com a surpresa do Dia dos Namorados que ela havia preparado para ele.
Felizmente, eles não demoraram muito para se casar depois de alguns encontros e, dois anos depois, receberam trigêmeos.
No entanto, as coisas começaram a ficar um pouco tensas quando Cora precisou cuidar das crianças e Eric se tornou o principal provedor da família.
Eric deu tudo de si para sustentar uma família de cinco pessoas, o que lhe causou estresse e uma sensação de culpa por nunca conseguir passar tempo suficiente com a família. Para piorar, ele quase não tinha descanso nos fins de semana e, no final do mês, ainda não conseguia economizar dinheiro.
Como resultado, não viajavam nem jantavam em restaurantes luxuosos havia anos, nem mesmo em ocasiões especiais. Eric estava determinado a economizar cada centavo, e Cora entendia isso muito bem, por isso nunca desperdiçava o pouco dinheiro que tinham e o administrava com sabedoria.
Mesmo no Dia dos Namorados, ela vestiu um antigo vestido vermelho que Eric lhe dera no primeiro aniversário de casamento. Era um pouco ultrapassado, mas especial para ela e ajudava a evitar gastos extras, então não se importou em usá-lo naquela ocasião especial.
Quando percebeu que já estava quase na hora de Eric chegar, rapidamente arrumou a mesa para dois com o cheesecake de veludo vermelho favorito dele — que ela cuidadosamente assara em formato de coração —, uma garrafa de vinho, alguns outros pratos que preparara e colocou uma caixa de presente ao lado do prato dele – era o que mais a animava.
«Perfeito!», pensou, ao espalhar velas perfumadas pela sala e acender as luzes decorativas. A campainha tocou quase meia hora depois e Eric chegou em casa.
«Feliz Dia dos Namorados, querido!» — disse ela, beijando-o na bochecha e levando-o para dentro.
Ao entrar na sala, Eric ficou perplexo ao ver a mesa farta, a sala iluminada por velas e as pétalas de rosa espalhadas do corredor até a mesa. «O que diabos você fez, Cora? Somos adolescentes idiotas agora?» — ele explodiu, tomado pela raiva.
O sorriso de Cora desapareceu instantaneamente quando Eric acendeu todas as luzes da sala e lançou um olhar furioso para ela. «Querido! O que houve? Você está chateado com alguma coisa? Aconteceu algo no trabalho?»
Quando estamos furiosos, perdemos a capacidade de pensar com clareza.
«Você está falando sério?» — ele gritou. «É para isso que eu trabalho tanto? Para você desperdiçar tudo com essa bobagem?!»
«Oh, Eric! Calma! Eu não exagerei! Os ingredientes custaram um pouco mais, mas não foi nada demais» — disse ela, gentilmente, conduzindo-o até a mesa. «Por favor, sente-se e me diga o que acha da comida?»
Eric estava furioso. Na verdade, ele estava fora de si. Deu uma mordida no Aglio e Olio e cuspiu na mesa. «Que diabos há de errado com esse espaguete? E por que o molho tem um gosto horrível?» — gritou, alto o suficiente para assustar os trigêmeos, que dormiam profundamente no quarto.
«Eric!» — Cora chorou. «O que há de errado com você? Os bebês… eu os coloquei para dormir há meia hora, e você os acordou!»
«E daí? Isso também é culpa minha? Cora, eu trabalho o dia todo enquanto você fica em casa brincando com as crianças! E o que é isso?» — ele rosnou, pegando a caixa de presente. «Um presente?» Ele a jogou no chão e a encarou. «Eu não sou uma criança que se impressiona com essas coisas, ok? Você já viu a cozinha? Sabe por que está cheia de louça suja? Vou te explicar por quê. Porque você estava ocupada demais preparando essa porcaria para cuidar da casa!»
«Você é impossível, Eric! Não acredito que você é o mesmo homem por quem me apaixonei e com quem me casei! Você não pode… argh, me deixa…» — ela resmungou, indo para o quarto das crianças. No entanto, o choro dos bebês continuou, o que irritou Eric ainda mais.
«Por que as crianças ainda estão chorando? Você não é a dona de casa perfeita? Aprenda a fazer pelo menos alguma coisa direito, Cora!» — ele gritou da sala.
Ouvindo seus insultos, Cora saiu furiosa do quarto. «Elas estão chorando porque preciso trocar as fraldas, mas não temos nenhuma em casa! Então cale a boca e cuide delas até eu voltar. A loja fica longe, vai demorar!» — gritou, saindo de casa e batendo a porta.
«É, e depois você diz que é dona de casa e que fica em casa…» — Eric continuou reclamando e zombando de Cora enquanto ia para o quarto das crianças.
Quase uma hora se passou. As crianças continuavam chorando e Cora não voltava. «O que há com você, Cora?» — ele resmungou, pegando o telefone para ligar para ela. «Não acredito que está demorando tanto para comprar um pacote de fraldas!»
De repente, a campainha tocou. «Aí está ela! Cora, quanto tempo você demorou só para…» — começou a dizer, mas parou ao ver um policial na varanda. «Cora mora aqui?»
«Sim?»
«Você é o marido dela?» — O policial pigarreou antes de continuar.
Eric assentiu.
«Sinto muito, mas sua esposa morreu em um acidente de carro. Você precisa vir conosco identificar o corpo. Encontramos o endereço dela na carteira de motorista.»
Eric ficou em choque, seu rosto empalideceu. O policial espiou para dentro da casa e viu a mesa posta. Por um momento, culpou-se por ter que dar uma notícia tão terrível, mas não havia escolha.
Tremendo, Eric ligou para a vizinha, a Sra. Nelson, pedindo que cuidasse dos trigêmeos enquanto ele saía. Ao chegar ao necrotério, não conseguiu acreditar que o corpo pálido e sem vida era o de Cora. Ele desabou em lágrimas, sentindo-se péssimo por ter gritado com ela.
Depois do funeral, trancou-se em casa. Não queria pensar em nada.
A mesa que Cora havia preparado ainda estava lá. Ao olhar para ela, todas as lembranças da noite anterior vieram à tona. De repente, lembrou-se do presente de Cora. «O presente… eu nem sequer o abri.»
Com as mãos trêmulas, rasgou o embrulho e encontrou um bilhete junto com duas passagens para o Havaí. Ele enxugou as lágrimas e leu a carta.
*»Para o amor da minha vida, Eric,*
*Feliz Dia dos Namorados, querido!!! Adivinha quem conseguiu um emprego este mês? Percebi o quanto você estava cansado, então comecei a procurar trabalho e ontem me ligaram para dizer que fui contratada!!*
*E não é só isso! Veja essas passagens? É para nossa viagem ao Havaí, só nós dois!!*
Eric chorou como uma criança. Mas já era tarde demais. Cora se foi, e ele teria que viver com isso para sempre.
Desde então, sua vida nunca mais foi a mesma. Ele nunca mais se apaixonou, dedicando-se apenas a criar seus filhos. Agora, todo Dia dos Namorados, ele visita o túmulo de Cora e passa horas conversando com ela, desejando poder pedir perdão.