**O Doutor Spellman adotou e criou os trigêmeos de sua irmã depois que ela faleceu durante o parto. Mas cinco anos depois, sua vida foi virada de cabeça para baixo quando o pai biológico das crianças apareceu para reivindicá-las.**
“Respira, respira. Vai dar tudo certo,” Thomas disse suavemente à sua irmã, caminhando ao lado dela enquanto era levada para a sala de cirurgia em uma maca.
As sobrancelhas suadas de Leah se franziram enquanto ela tentava respirar fundo. “Você é… você é o melhor irmão mais velho que eu poderia pedir a Deus, Thomas,” ela sussurrou ao entrarem na sala de cirurgia.
Leah entrou em trabalho de parto com apenas 36 semanas de gestação, e os médicos sugeriram realizar uma cesariana. Mas logo após o nascimento do primeiro bebê, o pulso de Leah começou a cair, e sua condição piorou…
“Leah, por favor, fica comigo! Enfermeira, o que está acontecendo? Olha pra mim, Leah! Olha pra mim,” Thomas gritou, com as mãos segurando firmemente a da irmã.
“Doutor Spellman, o senhor precisa sair, por favor,” disse o Dr. Nichols, conduzindo-o para fora. Então as portas da sala de cirurgia se fecharam com força.
Thomas afundou em uma das cadeiras da sala de espera, suas lágrimas não paravam de cair. Ele ainda podia sentir o cheiro da irmã em suas mãos. Enterrou o rosto nelas, esperando que tudo ficasse bem logo.
Mas quando uma voz de médico o tirou de seus pensamentos, ele percebeu que algo não estava certo. “Doutor… como… como está a Leah?” perguntou, levantando-se de repente.
“Sinto muito, Thomas,” Dr. Nichols disse pesarosamente. “Fizemos o possível, mas não conseguimos conter a hemorragia. As crianças estão bem e foram levadas para a UTI neonatal.”
Thomas desabou na cadeira, sem conseguir processar a notícia da morte da irmã. Leah estava tão animada para segurar seus anjinhos, embalá-los, e dar o melhor para eles. Como Deus podia ser tão cruel e levá-la tão cedo?
**“O que vou fazer agora?”** Thomas pensou, decepcionado, quando uma voz ecoou no corredor.
“Cadê ela?! Ela achou que podia dar à luz e eu não saberia?”
A raiva de Thomas não teve limites ao ver o ex-namorado da irmã, Joe, invadindo o hospital. “Cadê sua irmã?” Joe rosnou.
Thomas agarrou o colarinho do homem e o empurrou contra a parede. “Agora você se importa com onde ela está, é? Onde você estava quando ela passou uma noite na rua por causa de um lixo como você? E onde estava, Joe, quando ela desmaiou quatro horas atrás? Ela morreu! Minha irmã… nem sobreviveu pra ver os filhos!”
“Cadê meus filhos? Eu quero vê-los!” Joe gritou, se soltando das mãos de Thomas.
“Nem ouse falar sobre eles, Joe! Saia do meu hospital, ou chamo a segurança!” Thomas o ameaçou. “Fora!”
“Eu vou embora agora, mas vou recuperar meus filhos, Thomas! Você não pode tirá-los de mim,” Joe respondeu antes de desaparecer pelo corredor.
Pelo bem de seus três pequenos sobrinhos, Thomas decidiu que não podia apenas sentar e lamentar a perda da irmã. Ele era tudo o que os meninos tinham, e faria qualquer coisa para garantir que não crescessem sob os cuidados do pai alcoólatra. Então decidiu adotá-los e lutou pela guarda no tribunal.
“Isso é injusto, meritíssimo!” Joe gritou no banco das testemunhas, derramando lágrimas falsas. “Sou o pai das crianças. Como eu viveria sem essas vidas? Eles são sangue da Leah, sangue MEU, e são tudo o que tenho agora!”
“Vamos esclarecer uma coisa,” disse o juiz. “Você não era casado com Leah, mãe das crianças, nem a apoiou financeiramente durante a gravidez. Certo?”
“Bom, o senhor não está errado, meritíssimo,” Joe suspirou, abaixando a cabeça. “Sou faz-tudo e pego uns bicos. Não podia bancar as despesas, e por isso não nos casamos.”
“Com licença, meritíssimo, mas meu cliente tem mensagens e áudios da irmã, onde ela afirma claramente que o Sr. Dawson é alcoólatra,” disse o advogado de Thomas. “E que se recusou a casar com ele a menos que entrasse em reabilitação.” O advogado apresentou as provas em juízo, convencendo o juiz de que Joe não era apto para criar as crianças, e o tribunal deu a guarda a Thomas.
Ao sair do tribunal, Thomas olhou para o céu claro, lembrando da irmã. “Prometi que faria o melhor por você. Espero não ter te decepcionado, Leah,” sussurrou com os olhos cheios de lágrimas.
Logo depois, Joe saiu furioso do tribunal e agarrou o braço de Thomas. “Eu sou o verdadeiro pai das crianças e vou lutar por elas, Thomas. Não fique tão orgulhoso por ter vencido por enquanto.”
Thomas se desvencilhou e o encarou. “É exatamente por isso que você não é apto a ser pai deles, Joe! Não se luta pelas crianças, mas pelo bem delas!”
Quando Thomas voltou para casa, aliviado por saber que os filhos da irmã estavam seguros com ele, viu sua esposa arrumando as malas.
“O que está acontecendo, Susannah?” ele perguntou, confuso. “Por que essa arrumação toda a essa hora?”
“Desculpa, Thomas,” ela disse, fechando o último zíper. “Nem sei se quero ter filhos, e agora você tem três de uma vez. Você ganhou o caso, né? Pois é, pensei muito, mas acho que não quero passar os próximos anos trocando fralda. Eu não me inscrevi nisso quando me casei com você. Desculpa.”
E então Susannah se foi. Thomas olhou ao redor da casa, sem acreditar que agora estava sozinho para cuidar dos sobrinhos. Pegou uma garrafa de vinho, frustrado, mas ao tirar a rolha, viu o protetor de tela do celular.
Seus três pequenos sobrinhos o esperavam. Ele não podia simplesmente afundar na tristeza e deixá-los à própria sorte.
“Prometi à Leah que daria uma boa vida a eles. Eu consigo!” Devolveu a garrafa à prateleira e se afastou.
O tempo passou, e os trigêmeos, Jayden, Noah e Andy, foram criados com muito amor e cuidado por Thomas. Seja trocando fraldas sujas ou ninando-os com sua voz desafinada, Thomas amava cada momento com os sobrinhos.
Mas o cuidado com os meninos também afetou sua saúde física e mental, e um dia, Thomas desmaiou no trabalho. Achando que era apenas falta de sono, foi buscar os meninos na escola.
Mas ao chegar em casa, o homem parado do outro lado da rua gelou sua espinha. Joe estava lá, em frente à casa de Thomas, depois de cinco anos.
“Meninos, entrem. Já vou,” Thomas sorriu ao ver os meninos entrando.
Então se aproximou de Joe. “O que diabos você tá fazendo aqui? Tá nos seguindo todo esse tempo?!”
“Vim buscar o que é meu, Thomas. Vim buscar meus filhos!” ele disse sem vergonha.
“Seus filhos?” Thomas zombou. “Onde você estava nesses cinco anos enquanto eu os criava? Eles nunca foram seus. Você os abandonou antes de nascerem, e agora volta pra reivindicá-los? Eles não são mais seus. Cai fora!”
“Você está enganado, Thomas,” Joe respondeu confiante. “Trabalhei duro nesses cinco anos pra me estabilizar e cuidar deles. Eu disse que não desistiria, e agora é hora de voltarem pro pai biológico!”
“Ah, é?” Thomas retrucou. “Aposto que o carrão que você tá dirigindo vai convencer o juiz do contrário. Não perca seu tempo!”
Thomas estava certo de que Joe não conseguiria a guarda, mas meses depois, recebeu uma intimação judicial. Seu coração afundou ao ler, mas reuniu coragem e foi ao tribunal.
Durante a audiência, o advogado de Joe chamou Thomas à testemunha.
“Descobrimos recentemente que o Dr. Spellman está sob um regime específico de medicamentos prescritos,” disse o advogado. “Após consultar um especialista, concluí que—”
“Protesto, meritíssimo!” gritou o advogado de Thomas.
“Permitirei, pois a saúde do guardião afeta diretamente este caso,” disse o juiz.
“Obrigado, meritíssimo,” continuou o advogado, voltando-se para Thomas. “É verdade, Dr. Spellman, que o senhor foi diagnosticado com um tumor cerebral, e que os médicos não garantem quanto tempo lhe resta? E que essa combinação de medicamentos é usada para tratar tumores cerebrais?”
Thomas baixou a cabeça. “Sim.” De fato, havia sido diagnosticado com um tumor inoperável meses atrás e tomava medicamentos para reduzir o tamanho e evitar convulsões.
Depois de ouvir ambos os lados, o juiz olhou para Thomas com olhos tristes e deu o veredito:
“Diante das novas circunstâncias, o tribunal acredita que o melhor para as crianças é estarem com o pai biológico. Dr. Spellman, desejo-lhe força e saúde, mas se realmente ama essas crianças, deve entender que isso é o melhor para elas. Assim, concedo a guarda ao pai biológico. O senhor tem duas semanas para prepará-las.”
Thomas já esperava por isso desde que recebeu a intimação, mas lutou pelos sobrinhos, cumprindo a promessa que fez à Leah.
Enquanto arrumava as malas, com o coração despedaçado, os meninos choravam.
“Tio Thomas, queremos viver com você! Por favor, tio Thomas,” suplicaram.
“Meninos,” disse ele, “se vocês amam o tio Thomas, sabem que ele nunca escolheria o pior pra vocês. Quero que sejam felizes, e o Joe vai cuidar bem de vocês. Vão colocar as coisas no carro, sim?”
Os três colocaram as malas no carro sem olhar para Joe. Em vez disso, correram de volta e abraçaram as pernas de Thomas.
“Eu te amo, tio Thomas,” Jayden disse, chorando. “Eu… não quero ir embora!”
“Também queremos morar com você!” Noah e Andy disseram juntos.
“Ei, ei, meninos,” Thomas se agachou. “A gente fez um trato, lembram? Eu vou visitar vocês aos fins de semana, e vamos ser bons com o papai Joe.”
Thomas os abraçou com força, engolindo as lágrimas. “Agora vão lá; o Joe está esperando,” disse, tentando se afastar, mas os meninos se agarraram a ele com ainda mais força.
Joe nunca gostou de Thomas. Teria feito qualquer coisa para ter os filhos de volta. Mas naquele momento, algo mudou em seu coração. Ele olhou para Thomas e os meninos, e não conseguiu se conter.
“Você sempre teve razão, Thomas,” ele disse, se juntando ao abraço. “Não devemos lutar pelas crianças, mas por elas.” Depois disso, Joe ajudou Thomas a levar as malas de volta para dentro de casa.