Meu MIL transformou meu banheiro em um Spa usando todas as minhas coisas, então eu planejei a história de vingança perfeita do dia

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Cheguei em casa e encontrei minha sogra de molho na minha banheira, usando minha luz de velas, meu gel de banho e minha toalha. Foi nesse momento que percebi — ela não estava apenas hospedada. Ela tinha tomado conta. Então eu sorri… e fui criativa.

De verdade. Muito mesmo.

Havia algo profundamente satisfatório no jeito como o nosso apartamento cheirava a baunilha e ordem. Como o sol batia na bancada da cozinha exatamente às 16h.

O silêncio gentil depois do trabalho — ninguém falando, nenhuma TV ligada, só eu e o som reconfortante da minha cafeteira. Nosso espaço era calmo. Previsível. Meu.

Até que o Daniel, meu marido, entrou na lavanderia com aquele olhar cauteloso que maridos fazem quando sabem que vão arruinar seu dia.

Eu estava tirando meias da secadora, me sentindo orgulhosa da minha técnica de dobrar, quando ele pigarreou.

— Amor… Precisamos acolher minha mãe por alguns dias.

Parei, segurando uma das meias dele.

— Ela está bem?

— Está. Mas estourou um cano no prédio dela. O apartamento ficou todo alagado. Só uma semana. Talvez menos.

Uma semana.

Assenti. O que mais eu poderia fazer? Não sou sem coração.

— Eu sobrevivo — murmurei.

Ele beijou minha bochecha.

— Você é demais.

Acontece que me superestimei.

No segundo dia, o apartamento estava irreconhecível. E não de um jeito fofo tipo “reforma de reality show”.

Minhas fotos emolduradas — sumiram. Simplesmente sumiram. Substituídas por retratos em sépia da Linda.

Com o primeiro marido dela (pai do Daniel, que Deus o tenha). E a amiga Carol do hospital.

E uma foto de um Chihuahua que tenho 90% de certeza que morreu na época do governo Clinton.

E o cheiro. Batia em você sempre que entrava em um cômodo.

Achei difusores no banheiro, bolinhas de perfume na minha penteadeira e até um sachê de potpourri na minha gaveta de calcinhas. Na minha gaveta de calcinhas.

Ainda assim, não disse nada.

Linda era uma convidada. Até aquela noite.

Entrei no banheiro e a vi ali, passando algo no decote.

Era o MEU creme precioso, absurdamente caro, só-uso-em-ocasiões-especiais, importado de Nova York como se fosse realeza.

— Emily! Esse creme! É divino. Onde você comprou?

Minha mandíbula fez um barulho, mas nenhuma palavra saiu.

— É como seda! — ela continuou, apertando mais. — Você tem um gosto incrível.

Ela não pediu. Não hesitou. Simplesmente se serviu.

Sorri. Assenti. Não disse nada.

Ainda dá pra tolerar. Por um fio. Desde que ela não ultrapasse o limite.

***

O dia seguinte foi brutal. E-mails, ligações, duas reuniões seguidas e um almoço passivo-agressivo com minha gerente.

Tudo o que eu queria era paz em casa. Um banho. Dez minutos sozinha na minha pele. Tirei os sapatos, liguei a chaleira e… congelei.

Canto. Agudo, alegre, e vindo claramente da direção do nosso quarto. Segui o som. A porta do banheiro da suíte estava entreaberta. Uma nuvem grossa de vapor escapava pelo corredor.

O cheiro me atingiu na hora — doce, exuberante, inconfundível. MEU gel de banho de maracujá. Abri a porta e lá estava ela.

Linda. Na MINHA banheira!

Reclinada como se estivesse num comercial. Cercada por velas, MINHAS velas. Vapor subindo de forma dramática, como se o universo estivesse zombando de mim. Ela tinha MEU escovão de banho, MEU esfoliante, e MINHA toalha roxa dobrada ao lado como se tivesse um mordomo pessoal.

— Emily! — ela gritou, totalmente despreocupada. — Achei que você já estivesse dormindo!

Eu só fiquei parada.

— Linda… esse é nosso banheiro privativo.

Ela acenou na fumaça como se espantasse uma mosca.

— Ah, qual é. Somos mulheres. Você não estava usando, e essa banheira é perfeita. Muito melhor que a de hóspedes.

Ela pegou MEU esfoliante de rosas como se fôssemos fazer uma noite de spa juntas.

— Achei que você não se importaria. Entre garotas, a gente compartilha tudo, né?

Virei as costas e saí.

Naquela noite, contei ao Daniel — calmamente. Ele sorveu a sopa e deu de ombros.

— Ela só deve ter precisado de um momento sozinha. Você sabe como ela é. E, sei lá… Mulheres não compartilham essas coisas?

Olhei para ele. Firme.

— Você acha isso normal?

— Não é anormal.

Levantei, fui até a gaveta e peguei a chave velha do nosso quarto. Nunca tinha usado — mas parecia a hora certa. Ou assim pensei.

Porque na manhã seguinte, percebi…

Trancas não significam nada quando a intrusa já decidiu que o lugar é dela.

***

Era pra ser meu sábado. Meu único dia. Sem e-mails, sem reuniões, sem conversa fiada.

Só eu, um tapetinho de yoga, água com limão e minha playlist favorita com sininhos tibetanos suaves. E finalmente — finalmente — senti que podia respirar.

Até que ouvi. Risadas altas. Música. Algo tilintando lá embaixo. Depois passos — vários — de salto.

Não. Não, não, não. Hoje não.

Coloquei meu moletom e desci, descalça e ainda meio zen. Mas no instante em que virei para a sala, todo alinhamento de chakra evaporou.

Parecia um baile da terceira idade com uma pitada de bingo.

Tinha pelo menos seis pessoas — quatro mulheres mais velhas com blusas brilhantes e batom ousado demais, dois senhores de cabelos prateados de suspensório tomando vinho, e no centro de tudo…

Linda! Dançando.

Com uma bandeja de cubos de queijo e mini torradas.

E o que ela estava vestindo? MINHA blusa.

Aquela que comprei três semanas antes para o aniversário da minha melhor amiga — sedosa, azul escuro, decotada mas elegante.

Nem tinha tirado a etiqueta até o dia anterior, quando cuidadosamente passei a vapor e pendurei no armário do corredor pra não amassar. Senti minha alma deixar meu corpo por um instante.

— Emily, querida! — Linda sorriu, girando. — Começamos sem você! Vem, conheça o pessoal!

Fiquei parada. Cabelo bagunçado, descalça, com top de yoga. Um dos senhores se aproximou com um reverência charmosa.

— Aceita uma dança, minha dama?

Antes que eu pudesse responder, ele pegou minha mão e me girou uma, duas vezes, e eu tropecei direto num decote coberto de lantejoulas.

A mulher que veio com ele me lançou um olhar que poderia talhar leite.

— Linda, querida… E essa moça? O que ela está fazendo na sua casa?

Na casa dela?

Me afastei devagar e arrastei Linda para a cozinha, ainda segurando minha garrafinha de água com limão como se fosse uma arma.

— O que é isso? — sibilei.

— Uma festinha! Só algo pra levantar o astral. Você nem estava usando a sala!

— Com a minha blusa? Na minha casa?

Ela me lançou um olhar — doce, quase maternal.

— Eu disse que era minha casa. Só pra… sabe, evitar perguntas. Eles não viriam se soubessem que estou na casa do meu filho e da esposa. Só queria me sentir anfitriã de novo.

— E a blusa?

— Estava pendurada lá. Pensei: por que não?

— Todo mundo fora. Agora.

Ela inclinou a cabeça.

— Ah Emily, não seja dramática. O que o Daniel vai dizer? Expulsar a pobrezinha da mãe depois de tudo que ela passou?

A voz dela virou mel.

— Ele vai ficar tão decepcionado.

Olhei para ela. E sorri.

— Tudo bem. Eles podem ficar.

— Sério?

— Claro — disse, quase divertida. — Fiquem à vontade.

O rosto dela se iluminou com confusão e algo que parecia muito com triunfo.

Mas dentro de mim, outra coisa acendeu.

Porque se Linda achava que sabia ser mesquinha… é porque ainda não viu o tour que eu estava prestes a dar aos senhores grisalhos pelo escritório do Daniel.

Digamos apenas que…

Tem gente que visita museus. Eu deixei eles visitarem nossa casa.

Com sugestões sutis e portas abertas.

E a Linda?

Estava prestes a descobrir como é quando alguém mexe no que é meu.

***

A manhã seguinte começou com uma tensão deliciosa no ar. Como o último ato de uma peça em que só eu li o roteiro. A voz do Daniel cortou o silêncio:

— Emily! Por que meu frasco de colônia está vazio?!

Mexi meu café suavemente, sem nem virar.

— O marrom? — perguntei docemente.

Ele apareceu na porta da cozinha, segurando o frasco como se o perfume tivesse traído pessoalmente.

— Estava quase cheio! Agora está seco. O que aconteceu?

Franzi os olhos, pensativa.

— Ah. Pode ter sido o Thomas?

— Thomas?

— Um dos amigos da sua mãe. Disse que o cheiro o lembrou dos dias selvagens em Paris. Pode ter… se empolgado.

Daniel apenas ficou ali, piscando.

— Ele usou minha colônia?

— Pareceu bem entusiasmado.

Daniel virou sem dizer nada e foi para o quarto. Dei outro gole no café. Calma. Serena. Focada.

Trinta segundos depois, o grito ecoou pelo corredor.

— Minha coleção de gravatas! Um dos prendedores está torto! Quem mexeu na minha gaveta?!

— Ai não — disse suavemente. — Talvez os cavalheiros tenham se interessado. Sua coleção impressionou eles.

Ele me olhou como se eu tivesse micro-ondas no toca-discos dele.

E então, pontualmente, Linda entrou na cozinha de robe de cetim, segurando meio grapefruit e sorrindo.

— Bom dia, queridos! O ar está delicioso hoje, não está?

Daniel se virou pra ela.

— Mãe. Seus convidados mexeram nas minhas coisas?

— Ah, querido, claro que não. Eles são super respeitosos!

— Estou indo pro trabalho. A gente resolve isso hoje à noite.

— Ah, eu te acompanho até a porta — disse docemente. — Você parece… abalado.

Ao colocar o casaco, ele se virou lentamente.

— Você não saiu com o carro ontem, né?

Arregalei os olhos.

— Eu? Não. Pensei em levar pra lavar, mas fiquei cansada. Deixei a chave na prateleira do corredor.

Pausa.

— Ai não. Ai não. Eles estavam admirando o carro ontem. Os amigos da sua mãe…

Daniel saiu em silêncio. Dois segundos depois, ouvi um grito vindo da garagem. Nem me mexi.

— O que houve, amor? — chamei, doce, da porta.

— Você… você dirigiu?

— Claro que não, querido! Como te disse. As chaves estavam ali. Eu estava no andar de cima. Fazendo yoga.

Daniel olhou além de mim, mandíbula tensa. Depois se virou pra Linda.

— Mãe?

Ela parecia encurralada pela primeira vez em dias.

— Bem… eles estavam admirando o carro e… sua esposa deixou a gente…

— Emily? — Daniel interrompeu.

Encontrei os olhos dele.

— Eu não saí do andar de cima, amor. A postura do cachorro olhando pra baixo foi exigente.

Silêncio. Daniel balançou a cabeça e saiu correndo.

***

Ao meio-dia, meu marido estava dobrando os cardigans da Linda como se estivesse oferecendo sacrifício a um deus vulcânico. Levou ela pro apartamento e até deu gorjeta extra pros empreiteiros terminarem logo.

Enquanto isso, tive uma conversa com a Linda.

— Ah, Linda — chamei docemente. — A propósito… enquanto você e as meninas estavam tomando sol ontem, dei aos cavalheiros um tour completo da casa. Você me inspirou — é bom deixar os outros experimentarem coisas que não são tecnicamente deles.

Ela abriu a boca, mas nada saiu.

Quando Daniel voltou, caiu no sofá com o olhar perdido, como um homem que sobreviveu a uma guerra e a um chá de senhoras com rivalidade passivo-agressiva.

Deixei ele descansar. Só depois que ele subiu é que permiti a mim mesma um sorriso.

Ainda via tudo na minha cabeça — os exploradores grisalhos. Tocando o peso de mármore da mesa do Daniel. Abrindo gavetas que achavam que eram só decorativas. Um até perguntou, “Isso é Armani vintage?” segurando uma gravata como se fosse num leilão.

Não respondi. Só sorri.

Linda estava de robe à beira da piscina, tomando vinho e se gabando da coleção de arte imaginária dela. E eu? Estava espalhando migalhas pela casa. Deixando os amigos dela vagarem. Deixando eles imaginarem.

Claro que não foi o Thomas que usou a colônia.

Eu mesma borrifei meio frasco e deixei sem tampa.

Ninguém riscou o carro — quer dizer, não *ninguém*. Pode ser que eu tenha “acidentalmente artístico” encostado no correio.

E o prendedor de gravata torto? Usei luvas. Muito respeitosamente.

Naquela noite, preparei o banho perfeito com meu gel de maracujá, acendi minha vela de baunilha e deixei meu robe cair sobre o azulejo quente como uma rainha largando sua armadura.

A casa estava em silêncio.

E em algum lugar, imaginei Linda encarando as paredes bege do apartamento dela, se perguntando o que, exatamente, tinha acabado de acontecer.

Porque quando uma mulher toca no seu creme, na sua banheira — não é sobre os objetos. É sobre o limite que ela ultrapassou.

E querida, uma vez que ela cruza esse limite — você não discute. Você não grita. Você vence.

E finalmente, com cada suspiro de paz, eu podia ouvir a casa sussurrando de volta pra mim:

Bem-vinda de volta.

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