Meu vizinho mandou meu filho lavar o carro por um mês e depois se recusou a pagar—então me certifiquei de que ele aprendesse a lição.

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Quando o filho de Irene, Ben, entrou em casa com uma expressão frustrada, ela exigiu saber o motivo. Assim que o menino começou a falar, ela percebeu que o vizinho convencido havia se recusado a pagar a Ben pelo mês de lavagens de carro que ele vinha fazendo para o homem. Será que essa mãe vai tomar as rédeas da situação?

Percebi que algo estava errado quando Ben entrou pela porta naquela sexta-feira à noite. Ele arrastava os pés e o brilho habitual nos olhos simplesmente não estava lá.

Suas mãos ainda estavam molhadas, provavelmente de torcer os panos após lavar mais um carro, e ele evitava contato visual enquanto se jogava no sofá.

— Oi, filho, o que houve? — chamei da cozinha.

Eu tinha planejado preparar seu jantar favorito: frango grelhado com purê de batatas. Queria deixar o prato pronto para quando ele chegasse.

Mas, olhando para ele agora, fiquei preocupada. Ben tinha apenas 14 anos, mas recentemente experimentou a sensação de ganhar seu próprio dinheiro e queria ser independente.

— Vamos lá — disse eu, enxugando as mãos. — Você pode me contar qualquer coisa!

Por um segundo, ele não respondeu, apenas encarou o chão. Meu coração apertou ao ver a frustração estampada em seu rosto.

Era como se ele estivesse tentando encontrar as palavras, mas não soubesse como soltá-las.

— Ele… ele não me pagou — murmurou Ben, por fim.

— Como assim? O senhor Peterson não havia combinado de te pagar 50 dólares cada vez que você lavasse o carro? — perguntei, já sentindo minha testa franzir.

Ben soltou um suspiro pesado demais para um garoto de 14 anos.

— Sim, mas hoje, depois que terminei de lavar o carro pela quarta vez no mês, ele disse que não estava ‘impecável’ e que eu não receberia. Nada! Disse que eu devia ter feito um trabalho melhor se quisesse receber.

Senti minhas mãos se fecharem em punhos. Senhor Peterson, aquele vizinho convencido que sempre tinha uma frase pretensiosa na ponta da língua. Ele desfilava com seus ternos, fazendo questão de exibir o brilho do seu precioso Jeep preto.

— É um carro lindo, não é? — ele perguntava, pendurado na janela do carro. — Espetacular!

Há alguns meses, ele demonstrou interesse pelo Ben, especialmente depois de vê-lo lavando meu carro.

— Uau! Você fez um ótimo trabalho no carro da sua mãe, Ben! Que tal lavar o meu carro toda sexta? Eu te pago, é claro!

A princípio, achei que fosse um elogio, mas agora via exatamente o que era:

Um jeito de explorar mão de obra barata.

— Você lavou aquele carro toda semana neste mês, não foi? — perguntei, mesmo já sabendo a resposta.

Ben assentiu, afundando ainda mais no sofá.

— Sim, passei cerca de três horas por semana nas últimas quatro semanas, garantindo que estivesse limpo. Até usei o aspirador de mão embaixo dos bancos e tudo. Mas ele disse que eu não merecia ser pago.

Um calor de raiva tomou conta do meu peito.

Eu sabia que Ben fazia um ótimo trabalho. Sempre que ele lavava nosso carro, eu ficava impressionada. E além disso, o carro do senhor Peterson brilhava como modelo de exposição quando meu filho terminava.

Isso não tinha nada a ver com o carro estar limpo. Não, senhor. Tinha a ver com o senhor Peterson sendo um idiota.

E agora?

Agora, Ben estava se sentindo como se seu esforço não valesse nada.

— Quanto ele te deve? — perguntei.

Ben pensou por um momento.

— Quatro lavagens, mãe. Então, 200 dólares.

Peguei minha carteira e contei 200 dólares em notas novinhas. Entreguei para ele, observando seus olhos se arregalarem de surpresa.

— Aqui, você merece isso, querido.

— Mãe, você não precisa. Era obrigação do senhor Peterson me pagar! — ele protestou.

Balancei a cabeça, interrompendo-o.

— Eu ainda não terminei com o senhor Peterson, querido. Ele não vai te tratar assim e sair impune.

Ben pareceu incerto, seus olhos indo do dinheiro em suas mãos até mim.

— Mas, mãe!

— Sem “mas”, Ben — falei, guardando a carteira. — Confie em mim, vou ensinar ao senhor Peterson o que acontece quando alguém tenta se aproveitar do trabalho duro de outra pessoa. Agora, vamos comer. Estou morrendo de fome!

Ben sorriu e se sentou à mesa.

— Obrigado, mãe — disse ele, sorrindo.

Na manhã seguinte, acordei com um plano. O senhor Peterson não fazia ideia do que o esperava. Olhei pela janela e, como esperado, lá estava ele, de pijama de seda, lustrando meticulosamente o Jeep como um homem obcecado.

Sorri e fui para fora, andando casualmente até ele com minhas roupas de yoga.

— Bom dia, senhor Peterson! — chamei animadamente.

Ele levantou os olhos do carro, já com sua expressão convencida de sempre.

— Bom dia, Irene — respondeu. — Em que posso te ajudar? Mas seja rápida, tenho um brunch com a família em breve.

Eu poderia ter revirado os olhos.

— Ah, nada demais. Só queria conversar sobre o pagamento do Ben pelas lavagens do seu carro — disse. — Ele comentou que o senhor não ficou satisfeito com o serviço ontem.

O senhor Peterson endireitou as costas e cruzou os braços.

— Sim, é verdade, Irene. O carro não estava impecável, então não vi necessidade de pagá-lo. É uma lição, sabe? De qualquer forma, ele é só um garoto. O mundo precisa colocá-lo no lugar.

A raiva da noite anterior voltou com força, mas mantive o rosto neutro, até sorri um pouco.

— Uma lição, é? — falei. — Interessante. Ben me disse que o senhor é um homem de palavra… e comentou que o senhor prometeu pagar 50 dólares por lavagem, independentemente de quão impecável estivesse. E veja só! Ele tirou fotos do carro depois de cada lavagem.

A expressão convencida dele deu uma leve rachada.

— Fotos? — perguntou.

— Sim, fotos. Ele gosta de mandá-las para o avô depois de cada lavagem. Ele tem muito orgulho do que faz.

O senhor Peterson resmungou.

— E além disso, parece que houve um acordo verbal. E quebrar isso? Bem, é quebra de contrato, não é? Devo falar com meu advogado sobre isso?

A cor sumiu do rosto dele.

— Não há necessidade disso tudo! — exclamou.

Levantei uma mão.

— Ah, acho que há, sim. Veja, Ben trabalhou duro, e o senhor está tentando enganá-lo. Então, aqui está o acordo. O senhor paga os 200 dólares hoje, ou eu vou garantir que todo mundo neste bairro saiba como o senhor trata crianças que trabalham para você.

Ele apenas me encarou.

— E se isso não bastar, estou mais do que disposta a tomar medidas legais — continuei.

Vi o pânico tomar conta do rosto dele. O vizinho do gramado perfeito e do Jeep impecável agora estava suando em bicas no pijama de seda.

Ele abriu a porta do carro e procurou a carteira, rapidamente contando o dinheiro.

— Aqui está — murmurou, entregando 200 dólares em notas amassadas.

— Ótimo. Foi um prazer fazer negócios com você — falei com um sorriso. — Mas entenda: meu filho nunca mais vai tocar no seu carro.

Ele assentiu, carrancudo.

Dentro de casa, Ben levantou os olhos do sofá quando entrei. Ele segurava uma tigela de cereal e arregalou os olhos quando lhe entreguei o dinheiro.

— Você conseguiu mesmo! — exclamou.

Sorri, sentindo um orgulho feroz.

— Ninguém mexe com meu filho — disse. — Especialmente quem acha que pode sair impune sem pagar o que deve. Da próxima vez que alguém tentar algo assim, você já vai saber como lidar.

— Isso quer dizer que tenho que te devolver os 200 dólares? — ele brincou.

— Não — ri. — Mas acho que você pode me levar para um almoço mãe e filho hoje?

— Combinado, mãe — respondeu.

Mais tarde, enquanto estávamos sentados em um bistrô charmoso, Ben se inclinou na cadeira e estreitou os olhos para uma placa na sorveteria do outro lado da rua.

— “Procura-se ajuda”, — leu. — O que acha, mãe? Um trabalho de fim de semana numa sorveteria?

— Vai em frente — ri, mordendo meu hambúrguer. — Mas se o chefe for ruim, você sabe pra quem ligar.

Meu filho sorriu para mim e assentiu devagar antes de pegar uma batata frita.

**E você? O que teria feito no meu lugar?**

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