Quando meu filho mencionou casualmente o evento do Dia dos Pais da escola, eu sorri através da dor—seu pai se foi há três anos. Mas nada me preparou para a ligação da professora no dia seguinte, agradecendo pela «apresentação incrível» do meu marido. Eu congelei. Do que ela estava falando?
O sol mal havia se esticado sobre os campos dourados, suaves e sonolentos, enquanto eu tirava o velho caminhão da garagem.
O céu estava pálido e quieto, como se ainda não tivesse tomado uma decisão. Minhas mãos apertaram o volante com tanta força que minhas articulações ficaram brancas.
Eu sentia que, se soltasse, tudo poderia desmoronar—eu, o caminhão, o dia.
Tyler estava ao meu lado no banco do passageiro, pequeno, mas sentado de forma ereta, orgulhoso do banco no qual finalmente estava grande o suficiente para sentar.
A camiseta dele estava amassada, como se tivesse sido amontoada no canto a noite toda, e as calças jeans tinham um remendo em um dos joelhos. Ele não se importava.
Ele segurava a fatia de torrada meio comida como se fosse a coisa mais importante do mundo. Como se isso lhe desse poder.
«Tem algo divertido planejado para hoje, meu bem?» Perguntei, olhando para ele, tentando colocar um sorriso no meu rosto que não soasse como uma mentira.
Aquela dor no meu peito—profunda, velha, familiar—se apertou. Três anos se passaram, e o nome de Tom ainda ecoava como uma canção sem fim.
Tyler deu uma grande mordida na torrada e mastigou por um segundo antes de responder. «Sim. É o Dia dos Pais na escola. Vamos fazer apresentações.»
As palavras atingiram como um tapa. A torrada na minha mão escorregou para o meu colo, esquecida. Concentrei-me tanto na minha própria dor que esqueci como Tyler se sentia em relação ao seu pai falecido em alguns momentos.
«Ah,» disse eu, mal mais alta que um suspiro. «Isso… parece legal. O que você vai fazer?»
Ele deu um pequeno encolher de ombros, como se não fosse grande coisa. «Já pensei em tudo, mãe!» ele disse, sorrindo como se tivesse um segredo.
Eu o olhei. Realmente olhei. Seus olhos brilhavam, cheios de algo que eu ainda não entendia. Não medo, não tristeza. Algo mais. Algo silencioso e forte.
Era tudo o que ele me deu. Nenhum detalhe. Só aquela frase. Ele parecia calmo. Até empolgado.
Como se esse dia não pesasse nele da mesma forma que pesava em mim. Como se a ideia de comemorar o Dia dos Pais sem um pai não o machucasse e não o torcesse até doer.
Eu pisquei para afastar as lágrimas antes que elas se formassem. A estrada se embaçou um pouco de qualquer forma.
«Você está bem, mãe?» ele perguntou suavemente, olhando para mim com aqueles grandes e sinceros olhos.
«Sim, querido,» disse eu, engolindo em seco. «Estou muito orgulhosa de você.»
E eu realmente estava. Qualquer tempestade que ainda estivesse dentro dele, ele carregava com um sorriso.
Mas aquela dor—a que nunca se foi—se apertou mais no meu peito, sussurrando perguntas para as quais eu não estava pronta.
Foi na manhã seguinte. O sol tinha acabado de começar a aquecer as janelas da cozinha, e o cheiro de sopa de galinha se espalhava pela casa.
Eu estava com um cesto de roupas debaixo de um braço, toalhas dobradas por cima, meias enfiadas nos cantos. O tipo de manhã ocupada que me fazia sentir útil.
Então o telefone tocou.
Eu olhei para a tela e parei de me mover. «Sherman Elementary» piscava para mim como uma luz de alerta.
Meu coração saltou. Coloquei o cesto sobre a bancada e peguei o telefone. «Alô?»
«Oi, Sra. Carter!» A voz do outro lado estava brilhante e alegre, quase demais para a hora ainda cedo.
«Sou a Srta. Bell, a professora do Tyler. Só queria agradecer pela presença do seu marido ontem. A apresentação dele foi um destaque. As crianças adoraram ele. Elas ainda estão falando o quanto ele foi incrível!»
Meu corpo congelou. Uma mão apertou a borda da bancada. Eu não respirava. Minha mente tentava entender as palavras que acabara de ouvir. Seu marido… ontem… apresentação.
Minha boca se abriu. Nada saiu. Forcei um som baixinho, quase nada. «Eu… de nada.»
A Srta. Bell continuou, ainda sorrindo pelo telefone.
«Queria agradecer mais uma vez. Isso significou muito para o Tyler. Você tem um homem maravilhoso.»
Meus olhos se desviaram lentamente para a janela acima da pia. O vento soprou as roupas estendidas, lençóis brancos e jeans azuis dançando como se tivessem algo a comemorar.
Mas não havia nada a comemorar.
Meu marido, Tom, se foi há três anos. Eu ainda lembrava do som da terra batendo na tampa do caixão dele.
Ainda via a maneira como Tyler segurava minha mão com força demais no funeral.
Tom fora sepultado sob as árvores de carvalho na beira da cidade, onde o sol mal tocava o chão e o silêncio estava cheio de memórias.
Então quem…?
Quem estava naquela sala de aula fingindo ser o pai do meu filho?
Eu nem ouvi o resto da ligação. Desliguei devagar. A sopa no fogão transbordou, chiando enquanto se derramava. Eu não me movi. Não conseguia.
Tyler pulou do ônibus escolar como sempre fazia, rápido e leve. A mochila dele balançava atrás dele, balançando como um rabo a cada passo.
As rodas do ônibus rangiam e se afastavam, levantando poeira pela estrada.
Eu estava na varanda, limpando as mãos no avental, tentando parecer relaxada. Mas meu peito estava apertado, como se alguém tivesse amarrado uma corda ao redor das minhas costelas.
«Oi, filho,» eu disse com um sorriso que eu precisei forçar. «Como foi a escola hoje?»
Ele olhou para mim, apertando os olhos contra o sol da tarde. «Bem. Por quê?» A voz dele estava cautelosa, como se ele já soubesse que algo estava vindo.
Eu me inclinei contra a moldura da porta, tentando não soar muito séria. «A Srta. Bell ligou,» disse eu suavemente. «Ela disse que seu pai fez uma ótima palestra ontem.»
Foi isso.
Ele parou na hora.
A cor sumiu do rosto dele como se alguém tivesse apagado a luz dentro dele.
Sua boquinha se abriu, depois se fechou, como se fosse explicar algo, mas não conseguisse encontrar as palavras. Finalmente, seus lábios se apertaram em uma linha firme.
«Eu… não quero falar sobre isso,» ele murmurou. A voz dele estava baixa, não brava, apenas cheia de algo pesado.
Então ele passou por mim, a varanda rangendo sob seus pés, a porta de tela fazendo o barulho usual enquanto se fechava atrás dele.
Eu não o segui. Eu apenas fiquei lá, na luz suave da varanda, olhando para a poeira onde os pés dele haviam estado.
O silêncio que ele deixou para trás não era alto, mas preencheu tudo. Enrolou-se ao redor do meu coração e apertou.
E, de alguma forma, quando eu pensei que não poderia doer mais, doeu.