**Quando Sloane finalmente deixa o namorado conhecer sua luxuosa cobertura, ele a pede em casamento no dia seguinte. Mas quando um “desastre” repentino acontece, sua lealdade desmorona. O que ele não sabe? Tudo foi um teste… e ela estava observando de perto. Esta é uma história sobre poder, amor e o momento em que uma mulher escolhe a si mesma.**
Eu normalmente não brinco com os sentimentos das pessoas.
Mas havia algo no timing do Ryan que parecia bom demais para ser verdade, rápido demais… como se ele tivesse pulado algumas páginas da nossa história e ido direto para a parte em que eu digo “sim” com estrelas nos olhos.
Spoiler: Eu disse sim. Só que não pelos motivos que ele imaginava.
Nos conhecemos há oito meses, num barzinho decadente no centro, daqueles lugares mal iluminados onde todos os drinks têm base de uísque e os bartenders usam suspensórios como se fosse uma religião.
Ryan tinha um sorriso fácil, um aperto de mão firme e olhos que demoravam tempo suficiente para ser encantadores, não estranhos. Conversamos sobre tudo naquela noite — esgotamento aos 20 e poucos anos, sonhos de startups, arrependimentos da infância.
Ele era inteligente. Carismático. Ambicioso, mas de um jeito inquieto e superficial. E quando ele me beijou lá fora, sob uma placa de néon quebrada que piscava como se não soubesse em que humor estava, pensei: talvez isso seja algo.
E foi. Por um tempo.
Mas aqui vai o problema com o charme: ele pode começar a soar como um roteiro.
No nosso terceiro mês juntos, comecei a perceber os padrões. A gente sempre ia para o apartamento dele. Um apertado de um quarto só, num prédio que cheirava vagamente a incenso e desespero.
Ele o chamava de “charmoso”. Eu o chamava de “sem água quente depois das 10”.
Ryan sempre pagava o jantar, mas só se fosse num lugar barato. Falava de “caçadoras de ouro cansadas” e “mulheres materialistas” como se fosse um discurso ensaiado. Comecei a perceber que ele gastava muito tempo falando do que não queria numa parceira — e quase nenhum tentando saber o que eu queria.
O que Ryan não sabia?
Dois anos atrás, vendi minha startup de bem-estar com IA para uma gigante da tecnologia por sete dígitos. Passei meus vinte e poucos anos vivendo de miojo e escrevendo código entre turnos num espaço de coworking que cheirava a ambição e café queimado.
A venda foi tranquila, e reinvesti a maior parte. Entre isso, cargos de consultoria e alguns investimentos em cripto dos quais saí a tempo, estava mais do que bem. Agora, trabalhava em outra empresa de tecnologia, ajudando a construí-la e mantendo-me ocupada.
Mas nunca me vesti como alguém rica. Dirigia meu carro velho porque era do meu pai, que o passou para mim. Usava roupas sem grife, mas que me vestiam bem. E não tinha levado Ryan para casa porque precisava saber quem ele era antes de mostrar o que eu tinha.
No sexto mês, convidei-o para o meu lugar.
“Finalmente, Sloane”, Ryan sorriu ao sair do carro. “Já estava achando que você escondia uma família secreta ou algo assim.”
O porteiro, Joe, me cumprimentou pelo nome com um sorriso caloroso.
“Sloane, bem-vinda de volta”, ele disse, tirando o chapéu.
Ryan olhou para ele, depois para mim, levantando as sobrancelhas. Eu não disse nada. Apenas apertei o botão do elevador privativo e entrei. As portas se fecharam com um sussurro.
Quando abriram de novo, estávamos no meu apartamento. Meu santuário. A luz entrava pelas janelas do chão ao teto. O horizonte brilhava como se tivesse se arrumado para a ocasião. Minha sala estava limpa e silenciosa — aquele tipo de silêncio que vem com vidro duplamente isolado e a paz que o dinheiro pode comprar.
Ele não entrou de imediato. Ficou parado, olhando.
“Isso é… uau, Sloane”, ele disse finalmente. “Você mora aqui?!”
“Sim”, respondi, tirando meus saltos e colocando-os sobre um tapete que importei de Tóquio. “Nada mal, né? Confortável.”
Ele entrou devagar, como se tivesse medo de tocar em qualquer coisa, mas sem conseguir evitar. Passou os dedos pelo mármore da cozinha. Abriu a adega — Sub-Zero, instalada sob medida — e assentiu.
“Nada mal”, disse.
Ryan continuou andando, parando diante de uma das telas abstratas sobre a lareira.
“Quanto vale essa?” perguntou.
Dei de ombros, mas agora eu o observava atentamente.
Ele não pediu para se sentar. Só continuou andando. Seus olhos passaram pela poltrona Eames no canto, pela geladeira que se conectava ao meu aplicativo de sommelier para sugerir harmonizações com base no que estava gelado.
Ele não me beijou naquela noite. Mal tocou meu braço ou minha perna — coisa que fazia o tempo todo. Apenas continuou sorrindo, aquele sorriso bobo e encantado… como se tivesse tropeçado num conto de fadas e não quisesse acordar.
E uma semana depois, ele pediu minha mão.
Ryan e eu nunca tínhamos falado sério sobre casamento. Não da maneira que se fala quando se está construindo um futuro. Nada sobre filhos, relógio biológico, cronogramas, nem devaneios sobre “e se” regados a vinho.
Só menções vagas ao “algum dia” e comentários soltos sobre “construir algo juntos”.
Sempre pareceu um marcador de página, não um plano.
Então, quando ele apareceu uma semana depois, parado na minha sala com uma caixinha de anel numa mão e energia nervosa vazando por todos os poros, eu pisquei.
Surpresa? Não exatamente.
Ryan começou um discurso. Falou sobre saber quando se encontra “a pessoa certa”. Sobre como a vida é curta demais para esperar. Algo sobre aproveitar o momento quando o universo dá um sinal.
Eu sorri. Fingi surpresa. Disse sim. Até o beijei.
Mas por dentro, permaneci imóvel.
Porque o que ele não sabia era que Jules, minha melhor amiga, o viu no dia seguinte que ele babou pela cobertura.
Ela me ligou do shopping.
“Ele está no balcão de joias”, ela sussurrou. “Sloane, ele tá literalmente apontando pros anéis como se estivesse atrasado! Nem está olhando direito! Amiga, você tem certeza? Ele vai te pedir em casamento. Eu sinto pela energia dele.”
Não soube o que responder. Eu gostava do Ryan, sim. Mas o amava?
Sabendo o que eu sabia, aquele pedido não foi romântico.
Foi estratégico. Então sim, eu disse sim. Mas não por amor. Porque eu precisava saber se ele me amava.
Ryan queria uma vida comigo? Ou queria o estilo de vida que vinha com uma cozinha de mármore e uma geladeira mais inteligente que muita gente?
Eu precisava ter certeza.
Então eu sorri, coloquei o anel… e comecei a planejar a armadilha.
Uma semana depois, liguei para ele chorando.
“Ryan?” funguei, deixando só um pouco de pânico escorregar na voz. “Fui demitida. Disseram que foi reestruturação, mas eu não sei… Está tudo desmoronando.”
Houve uma pausa. Um segundo a mais do que o aceitável.
“Uau… isso é… inesperado,” ele disse devagar, como se as palavras estivessem atoladas no cérebro.
“E pra piorar… o apartamento? Um cano estourou. Tá tudo alagado. O piso de madeira do quarto de hóspedes está arruinado. Tá inabitável.”
Mais silêncio. Pesado. Então um pigarro.
“Inabitável?” ele repetiu. “O que quer dizer?”
“Exatamente isso, Ryan. Estou ficando com a Jules por enquanto. Até resolver as coisas.”
Dessa vez, o silêncio se alongou.
Eu estava sentada no meu sofá de couro, completamente seca, claro, torcendo o cabelo num coque ansioso. Imaginei ele do outro lado, piscando, recalculando.
O anel.
O discurso do “pra sempre”.
O horizonte que ele já tinha mentalmente se mudado para dentro.
“Eu… não esperava isso, Sloane,” ele disse, sem brilho na voz. “Talvez devêssemos… dar um tempo. Reconstruir. Sabe, nos estabilizar antes de seguir adiante.”
“Certo,” murmurei, quase num sussurro, deixando a respiração falhar como se estivesse tentando não chorar.
Era isso… Ryan deixando claro que não se importava.
“Eu entendo”, disse.
Na manhã seguinte, ele me mandou mensagem:
“Acho que fomos rápido demais. Vamos dar um tempo, Sloane.”
Sem ligações. Sem oferta de ajuda. Simplesmente… desapareceu.
Esperei três dias.
Então liguei. Videochamada — algumas verdades merecem plateia.
Ryan atendeu, com aparência de quem não dormia nem se barbeava há dias. Moletom amarrotado. Voz rouca.
“Sloane, oi…”
Eu estava na sacada, de pijama de seda, descalça sobre o piso de pedra aquecido. Taça de champanhe ao lado. Pronta para pausar meu luto.
E dar uma lição no Ryan.
Não sorri. Apenas inclinei o celular levemente.
“Você voltou pra casa?” ele perguntou, com esperança nos olhos.
“Voltei,” respondi simplesmente. “Mas é engraçado, né?”
“O quê, Sloane?” ele suspirou, cansado.
“Você sumiu mais rápido que o suposto alagamento no meu apartamento. Está tudo bem. Nunca houve problema nenhum. Só queria saber se você realmente se importava comigo… mas acho que não, né?”
A boca dele abriu, depois fechou.
“Ah, e fui promovida,” acrescentei. A voz firme, mas o coração disparado.
Era o fim.
“Aliás,” continuei. “O CEO me ofereceu a expansão europeia. Paris na minha porta. Grande conquista pra mim, Ryan.”
Um lampejo de vergonha cruzou o rosto dele. Ou talvez culpa. Às vezes parecem a mesma coisa, não é?
“Mas obrigada,” continuei, levando a taça aos lábios. “Por me mostrar o que ‘pra sempre’ significa pra você. Claramente, temos definições diferentes.”
“Sloane, espera… eu…”
“Não,” disse, com a voz falhando. Não escondi. Deixei ele ouvir a dor. “Você não pode mais falar comigo. Nem agora. Nem nunca.”
Ele piscou.
“Você teve sua chance, Ryan. Você me teve. Antes da vista, antes das histórias, antes do pedido apressado… E largou no segundo em que deixou de ser fácil.”
Sustentei o olhar. Só o suficiente para doer.
Então encerrei a ligação.
Bloqueado. Deletado. Sumido.
Jules veio naquela noite com comida tailandesa e zero julgamentos.
Ela não fez perguntas. Só tirou os sapatos, me entregou rolinhos primavera, e fl…